Aluga-se Um Namorado escrita por Fleur dHiver


Capítulo 6
Conhecendo a Matriarca Uchiha


Notas iniciais do capítulo

Surgi rapidinho dessa vez, podem falar. Mas não se empolguem, agora só volto no final de novembro. *-*'
Um beijo lindo a todos que acompanham, comentam e favoritam essa história, quem ta aqui comigo desde o primeiro caps um beijo no coração e quem chegou no caps passado, um abraço apertado e que continue por aqui. ;D

Enfim ,chega de mimimi... estou doce hoje qqq
Espero que gostem do capítulo, eu gosto dele, aparece as mamis e a Karin. ;x
Uma boa leitura a todos, enjoy. ♥



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Conhecendo a Matriarca Uchiha

Sasuke escorou a cabeça no vidro da janela do carro, estava cansado e não se sentia nada bem. O dia não tinha sido tão puxado quanto o anterior, só que ele não tinha conseguido dormir bem por conta do frio que fazia na sala de sua casa. A madrugada tinha sido tão gelado que ele pensou que morreria antes do dia amanhecer, como se isso já não fosse o suficiente já passava das duas da tarde e não tinha feito uma refeição descente.

Quer dizer, ele até tinha “almoçado” com o Orochimaru e o amigo dele. Um almoço de negócios, mais conversaram do que comeram já que a comida no lugar vinha uma porção diminuta, quase nada. Ele conhecia esse tipo de estabelecimento pelo seu trabalho como garçom, sabia que era a quantidade normal, padrão do local, porem nem de longe era o padrão para ele.

Resultado: estava com fome, sono e levemente embriagado, depois de diversas rodadas de uísque, gim-tônica e vinho. Sua cabeça explodia pelo sono, fome, bebida de barriga vazia, mais caminhada e posar para as fotos sem descanso, com diversas pessoas falando amenidades a sua volta.

Sim, aquele dia tinha se superado em coisas erradas. Nada de bom, na verdade, nada de bom vinha acontecendo. Suspirou, olhando para o lado, Sakura estava sentada bem perto de si, mas não falava nada. De óculos escuros ela observava a rua, volta e meia dirigia a atenção para o celular, resmungava e o largava outra vez. Era estranho vê-la tão quieta, principalmente depois de ter passado duas sessões de fotos inteiras falando sem parar.

— Você está com fome também? — decidiu perguntar, de alguma forma o silêncio não parecia combinar com a Haruno e ele não se sentia à vontade com ele.  

— Não. Eu comi uma salada italiana bem saborosa no almoço. — Ele fez uma breve careta, mas nada disse. Sakura fitava a rua e Sasuke observava o aparelho que ela balançava entre os dedos.

— Sakura...

— Hum...

Sasuke se remexeu no assento, ficando de frente para ela, que não se dignou a olha-lo:

— Ontem, aquela ligação que você recebeu... — assim que Sasuke falou sobre o ocorrido ela se mexeu virando-se para ele, a expressão fechada. —...quer... conversar sobre?

— Srta. Sakura chegamos. — Disse o motorista. Por um tempo Sakura não se mexeu, continuou a fita-lo, então se virou e abriu a porta do carro.

— Não. Não quero conversar. — Respondeu-o antes que saísse de vez do veículo — Aquela ligação não significou nada. — Bateu a porta do carro, caminhando até a calçada do prédio em que ele morava sobre o olhar atento do Uchiha.

Sasuke deu de ombros, não era problema dele, só queria ajudar. Se ela ia agir dessa forma ele facilmente podia fingir que não tinha ouvido. Seguiu Sakura para dentro do local, pensando que seguir Sakura tinha se tornado quase um hábito.  

As passadas dela eram ágeis, estava quase correndo pelos lances de escada, fazendo de um tudo para ficar longe dele e de sua intromissão. A vontade que tinha era de realmente sair correndo e se trancar no quarto de Sasuke, odiava que as pessoas se metessem em sua vida e em suas decisões. Odiava ainda mais as mensagens de Tsunade, um lembrete eterno de como sua vida realmente era e que não a deixariam fazer o que bem entendesse. Como se elas realmente se importassem com o que ocorria em sua vida.

Soltou um longo suspiro, caminhando a passos duros pelo corredor estreito. – Mais um passo e estaria bem, mais um passo e poderia se trancar, mais um passo e colocaria tudo para fora. –, mas ao abrir a porta da casa o mantra de Sakura cessou. Ficou parada em frente a porta observando, espantada, as três mulheres sentadas na sala do pequeno apartamento.

As mulheres pararam no que parecia ser o meio de um amistoso café, as xícaras e uma caneca ainda em mãos, a fitavam com a mesma surpresa e espanto dela, tirando uma, a mais jovem, ela a observava com um leve toque de irritação. Antes que falasse ou fizesse qualquer coisa Sasuke chegou e parou a porta também.

— O que vocês fazem aqui? — Questionou, surpreso ao encontra-las reunidas em sua casa sem antes terem avisado que fariam uma visita.

O sobressalto dele era apenas a falta de aviso, o choque inicial não demorou a passar e o ar dele tinha se tornado mais suave, assim como o seu semblante. Sakura ainda achava aquilo bizarro, ainda mais depois de observa-lo. Tudo bem, ele as conhecia, mas que invasão era essa? Com um toque leve ele a fez ir para o lado fechando a porta a suas costas.  

— Sasuke Uchiha! — a mais jovem das mulheres pôs sua caneca sobre a mesinha de centro, erguendo-se em um pulo. — Você pode me explicar o que é essa foto aqui no jornal? — Ela era ruiva, usava óculos de armação grossa, deveria ter a idade deles. Sakura retirou os óculos escuros para poder fita-la melhor.

A garota apontava para uma foto no jornal em que Sasuke e Sakura apareciam fugindo juntos no Ano Novo e apesar de toda a áurea ameaçadora que emanava em direção a Haruno, desde que abriu a boca seu olhar tinha um alvo certeiro e não saiu de cima de Sasuke nem um minuto sequer.

Antes que ela chegasse em seu alvo e esfregasse a matéria na cara dele, Sakura deu o bote e arrancou o jornal das mãos dela. Karin ficou possessa com o atrevimento da ninguém, porque Sasuke a segurou pelo braço e a puxou para trás, enquanto a estranha folheava o encadernado.

— Que porcaria é essa, hein? — soltou-se do agarre dele, cruzando os braços. — Por que você está no jornal com essazinha? Você a trouxe para sua casa, Uchiha? Como pode fazer isso comigo? — Sasuke levou ambas as mãos às têmporas. Afastando-se de Karin. Por que todos os seus dias tinham que ter uma tormenta? Que castigo era esse que ele estava pagando?

Sua mãe e Kushina ora olhavam para ele, ora para Sakura que lia atentamente cada linha da matéria sobre eles. Ao menos seu apartamento não tinha mais sacolas de compras pelos cantos, ou teria ainda mais coisas a explicar.

— Sasuke!

— Karin! — respirou fundo voltando sua atenção para a Uzumaki, que o fuzilava com seu olhos castanhos quase rubros. — Para começo de conversa eu não estou fazendo absolutamente nada com você. Nenhuma das minhas escolhas e decisões podem afeta-la, que eu me lembre... — Karin estava estupefata e nem ao menos permitiu que ele terminasse aquela frase, correndo para frente dele, o dedo indicador em riste:

— Não fez nada comigo? Não fez nada co-mi-go? — a voz estridente fazendo com que Sasuke encolhesse os ombros — Não pode me afetar? Isso só pode ser uma piada. — Ela estava gritando e ele se irritando. O circo estava montado bem no meio de sua sala e ele estava detestando. — E todo o amor que eu dedique e dedico a você? — Até Sakura largou o jornal para prestar atenção no desenrolar da conversa. Um sorrisinho cínico surgindo nos lábios rosados. — Hein? E tudo que eu fiz por você? Na primeira oportunidade você coloca outra na sua vida. — Qualquer relação a uma tragédia grega não era mera coincidência, ele podia vê-la se jogando no chão a qualquer momento.

— Que tudo? Que coisas? E outra? Tinha que existir uma “antes” para a Sakura ser a outra. — Karin abriu a boca para voltar ao seu drama, mas ele a parou com um movimento de mão. — Nós não temos nada!

— Mas eu vou ser a sua esposa! — Naruto, que ainda não tinha sido notado a porta do quarto, riu recebendo um olhar voraz de sua prima que o fez virar a cabeça. Conhecia muito bem o gênio das mulheres da sua família, não era algo a se brincar.

— Ora, Karin, não estamos deixando Sasuke se explicar, não é mesmo, querido? — Mikoto disse em seu tom afável, tomando uma xicara de seu chá com um sorriso doce em seus lábios. — Vamos meu filho, me diga: o que significa essa matéria boba no jornal? — Sakura fechou o encadernado e se virou para ele com um sorriso presunçoso, Karin batia o pé ao lado dele e sua mãe sorria com ternura, mas ele sabia que se titubeasse ela o pegaria.

— Bem, então... não é o que está parecendo. — O resmungo de Karin fez com que sua expressão endurecesse, ele a deixou para trás, voltando-se para sua mãe — Ela estava bêbada... e... eu, bem, eu fui leva-la para tomar um... ar e ai... — Engoliu em seco, tentava arranjar desculpas que não envolvessem o acordo firmado entre eles, ou namoro, ou qualquer outra coisa. Tinha desistido de encarar sua mãe, fazia com que se sentisse ainda pior, e Sakura com suas gracinhas não era a melhor escolha, ele decidiu observava a parede branca.

— E para leva-la para tomar um ar você largou o seu serviço no meio do expediente de um dia importante — as palavras de Kushina eram afiadas e cortantes e ele podia sentir suas bochechas esquentando —, sem dar satisfações sumiu por dois dias inteiros e ela veio parar como mágica na sua casa e continua aqui até agora. É essa sua história, querido? Tem certeza? — Sasuke sabia que aquela era a mulher que ele deveria temer naquela sala. Karin só o incomodaria, Mikoto poderia ficar desgostosa, o que era ruim, mas Kushina, Kushina poderia mata-lo, facilmente e isso era, definitivamente, a pior coisa a acontecer.

— Não. Essa não é a história. — O pânico de Sasuke foi total ao ouvir a voz de Sakura. As explicações dela não! Eram as piores, sempre que ela abria a boca a coisa desandava na vida dele.

Todos os olhares se voltaram para ela, curiosos e indagativos, menos o de Sasuke, se recusava a olhar para ela. Ele era o pavor em pessoa, estava suando frio à espera do que poderia sair da boca dessa maluca.   

— Bem, não queria ser eu a contar essa grande notícia — Sakura rodeou uma das poltronas sorrindo, se sentou com o jornal sobre o colo e as pernas esguias cruzadas —, mas já que vocês precisam saber da verdade lá vai: o Sasuke tem um sonho. — Sasuke gemeu, Naruto soltou uma risada abafada e Karin se empertigou, virando em direção a Sakura que ela tinha, a dois minutos atrás, decidido ignorar completamente.

— É claro que ele tem! O de ser fotog...

— Ele quer ser modelo. — Sakura deu uma breve olhada em Karin, jogando seus cabelos rosados para o lado, Mikoto ergueu uma das sobrancelhas. — Mas ele estava com vergonha porque seu contratante é gay e geralmente só trabalha com garotas e outros gays, então ele não quis assumir. Que é modelo, claro. — Para desespero de Sasuke ela ainda teve a audácia de se virar e dar uma piscadinha para ele. — Por isso ele escondeu. Eu sei que vocês estão se perguntando: Onde você entra nessa história? Nós nos conhecemos em um desfile muito importante e exclusivo — Sakura se levantou, caminhou até Sasuke, abraçando-o pela cintura, enquanto continuava a contar sua história —, que, a propósito, o seu Buffet serviu os convidados. Foi assim que ele entrou e eu não acredito que vocês não o virão! Maravilhoso sem camisa, em cima de uma passarela, com um jeans colado que ressaltava até a alma dele. — Se tivesse um buraco no chão da sala, ou ele enfiaria a cabeça ou jogaria a Sakura dentro. — Quando o vi daquele jeito não pude evitar, foi amor à primeira passada. A cada volta que ele dava na passarela meu coração batia mais forte.

Naruto já não estava mais achando graça da história. Por que no final sua Sakura sempre terminava gamada naquele idiota? Não podia ter uma opção onde eles davam um misero beijo? Ele ficaria feliz com isso, muito feliz.

Mikoto analisava seu filho e a jovem agarrada ao braço dele. Era bonita, aparentemente encantadora, não podia negar, mas o que a deixava intrigada era as razões para Sasuke ter permitido que ela contasse toda aquela história. Não tinha acreditado em uma virgula, o sonho de seu filho era outro, não conseguia imagina-lo posando e por ai vai. Nunca viu seu filho apaixonado, mas tinha certeza absoluta que ele também não o estava agora e que toda essa invencionice não era em nome do amor.

— Mas isso ainda não justifica a escapada na virada do ano.

— Em partes, foi lá naquele desfile que nos conhecemos e foi instantâneo — Sakura se virou para Sasuke dando um leve suspiro enamorado —, não conseguimos nos desgrudar desde então. Só tinha um probleminha, eu namorava, pois é, lastima. E ele estava em uma viagem de trabalho então nós tivemos que manter nossos encontros na surdina, assim como a nova carreira dele. É como dizer, escondido é mais gostoso. — A risada dela não foi o suficiente para desanuviar o ambiente, a mãe de Sasuke não pareceu ter recebido essa informação muito bem. — Mas assim que Neji pisou em Nova York eu esclareci tudo e corri para os braços do meu amor, pronta para viver nossa história. — Ele recebeu um abraço apertado, a fitou erguer a cabeça e dizer um “me beija” entredentes, fez um esforço tremendo para não revirar os olhos, roçando bem de leve os lábios nos dela.

Karin bufou perante a cena, a vontade que tinha era de arrancar, a tapas, aquela magrela sem sal do lado do seu Sasuke e expulsar do apartamento para nunca mais voltar. O pior de tudo é que agora não seria só uma magrela chata, Sasuke modelo iria chamar atenção ele teria diversas garota aos seus pés. Ela o perderia de vez, se nas atuais circunstâncias já era difícil conter a euforia das meninas, imagina com ele nas capas de revista. Anuiu baixinho, andando de um lado para o outro as costas do casal.

Kushina saboreava seu café achando toda aquela situação bastante cômica e como Mikoto não acreditava em nada daquela historinha. Todavia a vida de Sasuke não era do seu interesse, nem as mentiras que ele inventava ou suas razões. O que era da conta dela era a falta de um bom funcionário e era por essa razão que ela tinha decidido acompanhar sua amiga na visita aos filhos.

— Ok. Sasuke descobriu o talento dele para desfilar, eu fico contente por isso, mas não posso deixar de perguntar: e o meu Buffet? Como fica? Você vai sair, não vai? — Sasuke se soltou de Sakura tomando a frente, sua atenção total na senhora Uzumaki.

— Kushina, me desculpa ter saído daquela maneira, sem avisar, deixando meu serviço pela metade. — A respondeu em um folego só. — Eu posso compensar em outro evento, se houve algum problema e você teve gastos eu dou o meu jeito de te reembolsar. Ainda quero manter o meu emprego. 

— O que? Sasuke!? — o berro de Sakura foi estridente, ela não estava dando a mínima para as justificativas dele até ouvir aquela frase final. Karin era só sorriso as costas dela. — Você é um modelo agora, não precisa mais ser um garçom. Não faz sentido você continuar servindo mesas.

— Sakura, eu ainda tenho contas a pagar. — A Haruno deu um longo suspiro, puxando-o pelo braço para junto de si. — Você vai receber sabe disso, não pode continuar como garçom. — Disse entredentes e baixo, para que ninguém mais percebesse o intercâmbio entre eles. — É humilhante!

— Isso não é para sempre! É só uma farsa, lembra? Sua farsa. Ainda vou precisar do meu emprego depois que essa palhaçada acabar. — Desvencilhou-se dos braços dela virando-se para Kushina, mas antes que dissesse qualquer outra coisa, Sakura se enfiou na frente dele.  

— Kushina, eu sinto muito pela noite de ano novo! É minha culpa, eu assumo a responsabilidade, e você não precisa se preocupar que eu vou recomendar seu Buffet para os meus amigos, só vai dar vocês nas festas mais comentadas da temporada. — Jogou os cabelos rosados para o lado, empurrando Sasuke para trás com uma mão em seu rosto, dando leves tapinhas na bochecha dele, o impedindo de falar. — Não precisa se preocupar em guardar um emprego, é brincadeira desse bobinho.

— Então você tinha um namorado quando conheceu meu filho? — Sakura se endireitou ao perceber o olhar da mãe de Sasuke sobre si, estranhamente ficou acanhada. A mãe dele era diferente de como imaginou e muito diferente da dela. E apesar do tom ser afável e gentil, podia sentir a reprimenda velada nas palavras.

— Bem, sim, mas não era sério... nós não nos gostávamos mais... — Sorriu amarelo, juntando as mãos atrás do corpo. Mikoto se virou para o filho que parecia entre a cruz e a espada, sem saber o que dizer.

— Não é como você está imaginando. — Sasuke tomou a frente, antes que Sakura contasse outra de suas histórias.

— Eu tenho certeza que não — Sasuke se aproximou da mãe, sentando-se no braço da poltrona em que ela estava. Mikoto tocou os fios negros dele em um afago carinhoso, que o fez dar um dos seus charmosos sorrisos de canto. — Faça o que achar melhor, sabe que eu sempre irei apoia-lo em suas escolhas. — O sorriso dela foi largo e quente e Sakura desviou o olhar, parecia errado estar observando aquele momento tão carinhoso e intimo entre eles. — Agora que já estão todos devidamente apresentados podemos lanchar. Você está muito magro — Mikoto cutucou a costela do filho, acariciando o rosto dele logo em seguida —, nem pense que por estar entrando nessa vida de modelo vou permiti que fique só pele e osso. Não, meu filho não.

Naruto que estava amuado no sofá, deu um salto ao ouvir que iriam comer, tratou de afastar as poltronas, ajudado por Sasuke, enquanto Kushina, Mikoto e Karin foram até a cozinha pegar as guloseimas. As almofadas foram jogadas em frente à mesinha de centro que tinha sido puxada para frente, os pratos de doces e salgados foram colocados sobre a mesa principal. Tudo feito em uma sincronia familiar, um ritual frequente que Sakura se se sentiu deslocada.

Olhava perdida, sem saber se deveria se enfiar entre Naruto e Sasuke que agora também levavam coisas a mesa ou simplesmente se sentar para comer ou fingir conhecer as mulheres e entrar em uma conversa animada – o que normalmente faria; mas parecia estranho e errado ela participar desse momento. Pela primeira vez ela estava realmente sentido que não deveria estar ali.

Quando pôs os pés ali na fatídica noite de Ano Novo o local não condizia com o que estava acostumada, mas ela nem por isso se sentiu a parte. Sem problema se sentiu à vontade, a cama era macia e confortável, era bagunçado e provavelmente nunca compraria uma casa como aquela, mas sendo temporário tudo estava certo. Sem grande sobressalto ela se adaptou e não se incomodou em estar invadindo a rotina dos dois moradores. No entanto agora vendo todo aquela família reunida, com seus próprios costumes, brincadeiras e piadas que ela não entendia, a situação mudava de figura.

Ela era uma intrusa e a isso a perturbou como nunca antes, a vontade que tinha era de pegar a bolsa e sair, talvez nem a notassem caso fizesse isso, todos estavam muito à vontade montando suas refeições para notar a garota maravilhosa meio de lado no canto da sala. A bolsa estava em cima da bancada, ao lado da porta. Virou-se, pensando seriamente em tirar os sapatos para não fazer barulho.

— Sakura, venha. — O chamado da mãe de Sasuke a sobressaltou — Venha comer conosco, quero conhecer a menina por quem meu filho se apaixonou. — Sakura olhou de Mikoto a Sasuke, sem saber o que dizer ou como reagir ao chamado afetuoso.

— Mãe, ela provavelmente não está com... — Começou a dizer Sasuke enquanto fazia o seu próprio prato, mas foi interrompido pelo tom ligeiramente agitado de Sakura.

— Não! Eu, eu, eu estou sim com fome. — Sasuke ergueu a cabeça a fitando, estranhamente acanhada, com as bochechas rosadas de verdade, sem fingimento. Nem Sakura sabia o que tinha lhe dado para dizer aquilo, as palavras saíram.

Com um sorriso terno Mikoto estendeu os braços para a Haruno, a brindando com um sorriso doce. Perante a demonstração de afeto foi quase impossível Sakura negar e mais uma vez ela fez algo impensado e tomou a frente, aceitando de bom grado o pedaço de bolo que lhe foi oferecido. Era fresca para comidas, mas dessa vez não reclamou de nada, nem questionou sobre o que era. Deu a primeira garfada sobre o olhar atento de ambos os Uchiha.

O bolo era de coco, delicioso, macio, dissolvia em sua boca. Sentou em uma das almofadas, junto com os outros, colocando seu prato sobre a mesinha de centro. No final Sakura acabou repetindo e ainda pegou outros três doces viu pela frente.

— Então, Sakura, seus pais ainda vivem juntos? — Ela respondeu com um meneou de cabeça.

— Não, eles se divorciaram quando eu tinha 10 anos, meu pai vive na Inglaterra agora. — Mikoto serviu um pouco de chá gelado de limão para Haruno.

— Pobrezinha, deve ser muito ruim morar longe do pai.

— Pois é, eu e ele éramos bem próximos, mas... acontece — deu de ombros, não gostava de falar de seus pais — Meu deus, essa torta também tá muito boa.

— Ao menos você ainda tem sua mãe por perto. — Sakura não respondeu dando um longo gole de sua bebida.

Sasuke estava achando graça daquilo. Aquela era provavelmente a maior refeição que assistiu Sakura comer e era bizarro e engraçado vê-la ficar acanhada ao lado de sua mãe e aceitar tudo que ela lhe oferecia. Tinha outro ser humano sentado à frente dele. O lanche prosseguiu com broncas de Kushina em Naruto, risadas, alfinetadas de Karin e gracejos de Mikoto.

— Ora, pare Karin. Sempre disse que se você continuasse se comportando dessa forma meu filho não iria querê-la. — Mikoto disse se levantando, deixando Sakura e Naruto em meio a risos e Karin emburrada pela reprimenda. — Senhor Sasuke, espero que ainda tenha um espacinho porque eu tenho uma coisinha especial para você. — Ela deu uma piscadinha para o filho sobre o olhar atento dos jovens. Retirou da geladeira uma travessa tampada.

A intenção de Naruto era de se levantar e correr para ver o que mais ele poderia comer, mas o olhar de sua mãe já o alertava de que aquela era uma péssima decisão. Sakura espichou o pescoço, apoiou os cotovelos na mesinha erguendo parte do tronco, mas nada disso lhe adiantou. Karin sabia o que era e Sasuke desconfiava por isso não moveu um musculo sequer, apenas esperou que Mikoto trouxesse o que prometia.

— Tomates recheados, do jeito que você gosta. — Naruto ficou ligeiramente desapontado e Sakura observou curiosa a iguaria.

— Eu já vi tomates recheados em alguns restaurantes, mas era diferente desse.

— Hum, você quer um? — estupefata Karin largou os talheres que segurava, soltando um muxoxo audível que chamou a atenção do casal, a fitaram sem entender o que estava acontecendo, até Kushina e Naruto pareciam surpresos. O espanto de todos foi tanto que Sakura ficou até com medo de pegar, mas Sasuke puxou a mão dela colocando o prato com um outro tomate recheado nela, revirando os olhos para a surpresa dos outros.

— Nunca pensei que assistiria o dia que Sasuke dividiria com alguém seus tão amados tomates recheados. — O comentário de Naruto foi ignorado pelo Uchiha e Karin se levantou fula da vida, correndo em direção ao banheiro, batendo a porta no processo.

Apesar do prato Sasuke comia com as mãos e ela decidiu fazer a mesma coisa, pegou o tomate avermelhado entre os dedos, provando a iguaria toda contida. O sabor explodiu em sua boca, era picante e suave ao mesmo tempo, ela logo estava dando outra mordida e outra.

— Nossa! Isso é muito gostoso. — Levou o guardanapo a boca, ela estava falando de boca cheia que vergonha. — Sério! É uma delícia, tudo que a senhora preparou estava maravilhoso, mas isso aqui está demais! Poderia patentear a receita e vende-la, ou melhor, podia abrir seu próprio restaurante. Eu comeria isso todo dia, se deixassem.

— Eu poderia...

O tom de Mikoto ficou vago, pensativo e seu semblante se tornou distante. Sakura parou de comer, observando Sasuke puxar a mãe para um abraço e Kushina dando leves tapinhas afetuosos na mão da amiga.  

— Desculpa, eu não, eu não sei, eu não quis... — não fazia ideia de como se desculpar, porque ela não sabia exatamente o que tinha falado de errado. Mas como a sua própria família parecia que os Uchiha também tinham sua cota de problemas e segredos.

— Tudo bem, querida, não precisa se desculpar. Quando Sasuke era criança quase não comia. Um sofrimento diário faze-lo comer, porém adorava tomates era a única coisa que ele comia sem dar dor de cabeça. Então eu inventava mil pratos com tomates para ele poder comer outras coisas, esse sempre foi o favorito dele, eu fazia uma vez por semana, as vezes até mais. — Sorriu voltando a acariciar os cabelos do filho e Sakura sorriu, no fundo sentindo uma pontinha de inveja, por Sasuke ter uma mãe tão amorosa e preocupada. — E você? O que sua mãe fazia para você quando era criança?

— Aah... bem — apertou o guardanapo entre os dedos, desviando o olhar —, nada... minha mãe nunca soube cozinhar e ela também não ficava muito tempo em casa. — Ergueu a cabeça sem deixar o sorriso morrer, dando de ombro logo em seguida. — Quem cozinhava era a empregada eu sempre gostei muito de peixe. — Sasuke parou de comer e até Mikoto parecia olha-la de uma forma mais apiedada, odiava que tivessem pena dela. — Eu não sei se fiz mal em dizer, mas eu ainda acho que você deveria comercializa-los.

— Obrigada!

Mikoto a abraçou, afagando os cabelos de Sakura que se sentiu nas nuvens com a caricia, se pudesse contratava Mikoto também, como mãe temporária. Não cairia mal.

Apesar do dia estar maravilhoso, todos ali tinham algo a fazer e logo os pratos foram levados a cozinha, as poltronas postas em seu devido lugar, a comida guardada e louça lavada.

— Vamos, Karin, sai logo desse banheiro. Temos que ir! — gritou Kushina. Karin saiu com os olhos vermelhos e parou em frente ao Uchiha.

— Você vai se arrepender amargamente por eu não ter sido a primeira a comer um tomate seu. — Sakura largou a caneca de café que segurava para prestar atenção no intercâmbio entre eles. — Olha para mim! Minhas cores são da sua fruta favorita, ela é rosa! Você está me trocando por algo falso. — Esbravejou, cruzando os braços e jogando os cabelos avermelhados na cara dele.

— Eu não estou te trocando por nada. Porque nós não temos nada, Karin! — todos riram quando a Uzumaki deu mais um piti, até mesmo Sasuke.

— Antes de vocês irem, eu queria pedir um favor... — pararam a porta, olhos atentos em Sakura que desceu do banco em que estava sentada — é que... bem, vocês sabem, minha vida é um livro aberto, queira eu ou não. E logo vão criar muitas especulações sobre nós. Só peço que vocês não comentem nada com ninguém por enquanto. É muito importante, até porque o apartamento dele é um pequeno refúgio nosso.

Mikoto e Kushina concordaram sem pestanejar, mas Karin tinha ameaçado destruir a carreira de Sakura na internet até ser informada tanto por Sasuke quanto por Naruto que se o fizesse nunca mais ia pôr os pés no apartamento deles, além do Uchiha corta relação de vez com ela. Ambas as ameaças fizeram com que ela mudasse de ideia, saiu do recinto resmungando: “O que eu não faço pelo meu homem!”.

— Tchau, querido! Eu e Kushina deixamos algumas coisas para vocês comerem no forno e na geladeira. Se alimentem direitinho — Disse Mikoto beijando a bochecha do filho e ao chegar em Sakura a abraçou e sussurrou em seu ouvido. – Cuide bem do meu menino! — a Haruno corou, concordando com um aceno breve de cabeça.

— E você, Sasuke, cuide bem dela, ok? — piscou para Sasuke que acenava junto com Naruto da entrada do pequeno conjugado. Assim que fecharam a porta ambos se jogaram no sofá, enquanto Sakura cortava outro pedaço de bolo, junto com o celular, mais sua caneca de café ela caminhou em direção ao quarto de Sasuke.

— Não suje minha cama com migalhas de bolo! — Gritou o Uchiha, mas ela não se deu ao trabalho de responde-lo, muito menos olha-lo. Assim que a porta se fechou Sasuke se virou para o amigo que mexia no seu próprio aparelho telefônico. — Naruto.

— Que?

Questionou o Uzumaki, o fitando de soslaio, ainda ressentido pela relação de Sasuke e Sakura que deveria ser uma farsa, mas andava real demais para o seu gosto, até para a mãe a tinha apresentado e pelos anos de convivência entre eles Naruto sabia que Sasuke só chegava a fazer isso quando o assunto era sério e durante o tempo que se conheciam ele só tinha feito isso uma vez.

— Você sabe se o nome da mãe da Sakura é Tsunade? — Naruto estranhou o interesse de Sasuke, ficando ainda mais amuado.

— Que namorado de merda você é, hein? Nem o nome da mãe da sua garota você sabe. Eu seria muito melhor para ela. — Sasuke pigarreou a espera de uma resposta melhor elaborada, por fim Naruto suspirou. — Não, não é. O nome da mãe dela é Mebuki.

— Mebuki...

Como um estalo voltou na cabeça de Sasuke a discussão ao telefone que Sakura teve. - “Ela deveria tá cuidando da agenda de Mebuki”; foram essas as palavras exatas.  Quem era essa Tsunade para estar tão interessada no que Sakura fazia ou deixava de fazer?

Página: Fleur D'Hiver

 

 


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam? Mikoto, Karin. Mistérios no ar, mamis da Sakura, o passado dos Uchiha.

Me falem a opinião de vocês, comentem, elogiem e critiquem.

Beijos e até o próximo mês.;*

E sobre HinaxNaru muita calma, eles ainda vão surgir na história.