Aluga-se Um Namorado escrita por Fleur dHiver


Capítulo 25
Um acordo com o diabo


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal, atualização quentinha, pequenas polêmicas que ainda podem vir a dar um assunto e tanto.
Espero que gostem, uma boa leitura a todos;*



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"Eu sei que você provavelmente não está interessado em ler isso e eu sinceramente entendo, mas ainda assim acho que preciso me explicar mais um pouco.

Eu te contei sobre o dia na neve com o meu pai, um ritual nosso, particular que ocorria todos anos. Ali você deve ter percebido que minha relação com ele é estreita, ou que pelo menos eu tenho uma grande afeição por ele. Se dependesse de mim nós realmente seríamos bem próximos, colados. Desde nova eu sempre me relacionei muito bem com meu pai, ele me ouvia, me dava carinho, atenção, mas minha infância sempre foi compartilhada com o escritório, reuniões, muitas viagens, muitos jantares. Por volta dos meus seis, sete anos, onde a escola também tomava o meu tempos, nós estabelecemos o nosso dia. Todo mês tinha um fim de semana só nosso para fazer o que a gente bem entendesse, além é claro dos feriados, primeiros dias de neve e outras datas X, que eram minhas. Meu pai não atendia chamadas, não falava com executivos importantes, ignorava quem o procurasse. 

Eu gostava tanto dessas datas que as vezes passava o mês inteiro pensando no que fazer em um único fim de semana. Pode parecer bobo, mas era muito importante. Nem minha mãe era permitida nesses dias, não que fizesse falta, mas enfim, as coisas mudaram depois do divórcio dos meus pais.

Quando o infernal divórcio deles aconteceu minha vida virou de cabeça para baixo, não sei por qual razão meu pai abriu mão da minha guarda. E a minha mãe usava dos nossos fins de semana juntos para fazer inferno. O que era um encontro mensal se tornou mês sim, mês não. Até se tornar duas vezes ao semestre, uma vez ao ano, quando podia e uma ligação de vez em nunca.

Não justifica a forma como eu te tratei, mas você pode entender? Pode me entender um pouco? Minha mãe tirou ele de mim, me acusando de ter sido eu a culpada de arruinar o casamento dela e talvez tenha sido por causa dela que eu não viva com ele, que não viva bem. Não sei o que ela pode ter feito para ele não ter minha guardar, ela não queria o divórcio. Meu pai é tudo para mim.

Desculpa novamente, Sasuke." 

Hinata mordiscou um pãozinho enquanto esperava Sakura chegar, fitava a entrada do restaurante, agitando-se todas as vezes que o maître aparecia para levar um cliente a mesa, torcendo para que fosse sua amiga, mas nunca era. Olhou o celular pela milésima vez, nenhuma mensagem, nenhuma ligação, nenhum sinal. Tinha decidido não pedir nada até ela chegar, mas sua fome era tanta que já estava quase mudando de ideia. Ao menos se pedisse um suco não faria mal, um suco verde se eles servirem algum, abriu a carta de bebidas analisando as opções com atenção, ignorando o fato do seu olhar escorregar para o menu principal a sua direita.

— Hinata! 

A Hyuuga ergueu a cabeça, ligeira, ao ouvir a voz da amiga, levantando animada estendendo os braços para Sakura. 

— Sakura! Não acredito! — trocaram um abraço e dois beijinhos rápidos, antes de Sakura se acomodar a frente dela. — Já estava achando que não vinha mais. 

— Nunca. — disse retirando os óculos escuros que usava e sorrindo em seguida — Mas como você está?

— Eu estou bem e — Hinata se agitou na cadeira, umedecendo os lábios. O nervosismo dela despertando a curiosidade de Sakura — queria pedir desculpa pelo Neji. O que ele fez com você não foi nada certo, ainda mais exigir que saísse do apartamento do nada. Cheguei a pensar que não queria me ver por conta dele — Sakura se apressou em negar com um aceno de cabeça, dando um tapinha no ar, torcendo para que parecesse despreocupada. 

— Não precisa se desculpar. Eu não me afastaria de você porque o seu primo é um idiota. — revirou os olhos, pegando o menu em cima da mesa — Eu só tive um final de ano e começo bem agitados.

— Deu para perceber, só falam de você e de seu novo boy magia, que, a propósito, é maravilhoso — Sakura sorriu concordando com um aceno de cabeça bem menos esfuziante do que Hinata esperava. 

— Ele é uma coisa mesmo — ela se abanou com a mão, suspirando em seguida. Mas ainda assim Hinata sentiu que algo estava errado, mas preferiu ignorar, se Sakura quisesse compartilhar já teria falado. — Como vai o seu pai? 

— Mais louco do que nunca! — Hinata revirou os olhos, fazendo o seu pedido por uma limonada suíça acompanhada de uma salada italiana, Sakura ficou no chá gelado e uma salada marinada com salmão. — Está decidido a me casar, ainda mais porque agora a Ino está lá em casa e ele acha que é uma "má influência" muito próxima. — Sakura franziu o cenho ao ouvir aquilo. 

— Ino está na casa de vocês? Por que?

— Porque ela não gosta do apartamento do Neji. Diz que é pequeno, que não tem empregados, que sente você — Hinata deu uma risada após a última frase, revirando os olhos em seguida. — Da para acreditar?

— E o Neji aceitou isso? — Hinata deu de ombros, tomando um gole de sua água gelada.

— Acho que ele preferiu não discutir. A Ino é um porre, fica de madame o dia inteiro, nem os empregados a aguentam. Eles até a ignoravam — Hina deu outra risadinha perante a lembrança —, mas a diaba loira arranjou um maldito sininho estridente e agora fica balançando ele pela casa. Papai está uma pilha de nervos por conta dela. De qualquer forma, eu acho... — ela se silenciou assim que o garçom veio servir os pratos delas. Ficaram as duas bem quietinhas, apesar de Sakura estar morta de curiosidade. 

— Vai fala... você acha?

— Eu acho que o reinado dela está com os dias contados. — Sakura arregalou os olhos, parando com o garfo a caminho da boca. 

— Mesmo? 

— Sim, acho que meu primo está tendo um caso com a personal trainer. — Sakura tomou um grande gole de seu chá gelado, perplexa.

Uau! Será que é a mesma personal da minha época? Se bem que eu não duvidaria que a coisa seja mais antiga do que a gente pensa — disse dando uma risada anasalada e se voltando para a sua salada com o olhar indagativo de Hina sobre si.

— Achei que não ligava. Você ainda se importa com ele? — Sakura manteve o olhar baixo, dando de ombros e tentando parecer despreocupada: 

— Não, claro que não. Neji está no meu passado. Foi só uma curiosidade, mesmo. — a expressão de Hinata ainda demonstrava incredulidade e Sakura tratou logo de desconversar — Você falou que seu pai está mais decidido que nunca a te casar. Não me diga que você tem um novo noivo caquético? — O desvio deu certo, a expressão de Hinata mudou na hora e ela revirou os olhos ao lembrar do pai e de todas as loucuras que ele fazia e a colocava também. 

— Até que não. Ele agora tem um alvo fixo: Itachi Uchiha — Sakura fitou a amiga atentamente, que abanava a cabeça desgostosa. É verdade, Hinata tinha sido de mãos dadas da cozinha, com o senhor Uchiha e basicamente era por isso que estavam ali hoje.

— Itachi?

— Sim, ele só tem falado disso. Estava doido para nos apresentar, acabou acontecendo no seu desfile. Até que ele, o senhor Uchiha, não é uma má pessoa, a companhia dele não é ruim, mas eu não quero casar. Bem, ao menos não com ele... — Hinata corou, dando um longo gole em seu suco e as bochechas rubras não passaram despercebidas por Sakura. 

— Hinata Hyuuga, a senhorita conheceu alguém? — Hina ficou ainda mais vermelha, arrancando uma gargalhada de Sakura. — Quem? Quando? Onde e como? — ela já tinha acabado sua salada e virou a cabeça em direção ao centro do salão tentando fugir das perguntas da amiga. 

— Eu acho que já estou pronta para pedir o prato principal. — Sakura se agitou, inclinando o corpo para frente. 

— Não! Você não vai mudar de assunto, quero dados, quero informações. 

— Sakura! 

— Vamos, Hina, estou esperando — Sem escolha ela suspirou, fitando o arranjo de centro, ignorando a amiga que quase pulava na cadeira de empolgação.

— Eu o conheci na feira e depois o reencontrei no desfile de Orochimaru. 

Uau, badalado — Hinata corou ainda mais, mexendo no guardanapo de linho em seu colo. 

— Bem, ele estava trabalhando nos dois eventos. Ele é garçom — Sakura trocou de posição na cadeira, ligeiramente desconfortável, a empolgação se esvaindo. Hinata mantinha seu olhar no colo e por isso não viu a tensão no rosto da amiga. Afinal Sakura sabia que Buffet tinha trabalhado nos dois eventos. 

— Garçom? 

— É, mas ele é bem legal! E não é oportunista nem nada disso. — ela tratou logo de defende-lo afim de não deixar nenhum mal entendido — Na feira o meu pai estava me enchendo e a Ino também, eu tive que fugir deles, acabei indo para o bar e bebendo mais do que deveria. O Naruto — Sakura quase cuspiu o chá gelado ao ouvir o nome — me ajudou, ele foi super atencioso e eu o beijei. — ela encolheu os ombros constrangida e Sakura estava perplexa — Foi uma conversa legal, beijo bom e eu fiquei com isso na cabeça. E aí nós nos reencontramos no desfile do Oro e você não vai acreditar — ela não estava acreditando mesmo — eu tive que ignora-lo por conta do meu pai.

— Não? 

— Sim! Ele veio em minha direção enquanto meu pai me arrastava. E você sabe que se ele desconfiar que eu beijei duas vezes um garçom e que ainda fui atrás dele, meu pai me mata, ou mata ele. — Hinata disse infeliz, terminando sua limonada.

— Mas, assim, quer dizer, depois de tudo isso ele não quer mais te ver, né? — Sakura torcia para que a resposta fosse sim.

— Não, claro que não! Quer dizer — ela parou, ponderando a questão — não sei. Eu fui atrás dele, nós nos beijamos e tudo mais, só que aí teve aquela confusão com o seu namorado. Entre ele o Itachi, e foi o Itachi que me ajudou a ir até o Naruto, eu tive que sair com ele e não sei como as coisas estão agora. Até pensei em procurar o Buffet para arranjar o contato dele...

— Não! — Hinata se espantou com o tom imperativo e Sakura tentou suavizar a situação. — Hina, se esse Naruto quisesse mesmo algo com você, ele tinha arranjado um jeito de você ter o número dele. Se não arranjou então... — comprimiu os ombros e os lábios deixando a frase no ar, mas Hinata não estava convencida. 

— Não, ele não teve oportunidade. Na primeira vez eu estava muito alta e na segunda não deu tempo. 

— Hinata, os caras arranjam tempo quando querem. Eu se fosse você investia no Itachi, nós seríamos cunhadas — Sakura tentava parecer animada, mas Hina mal a notava. Balançava a cabeça freneticamente. 

— Não. Eu sei que ele gostou de ficar comigo tanto quanto eu gostei de ficar com ele — Sakura afundou na cadeira, aquilo estava indo de mal a pior, teria que fazer uma intervenção com o Naruto. Ela precisava de algo mais forte que chá gelado. Chamou o garçom com um aceno. 

— Por favor, um tinto, o mais encorpado que vocês possuírem. 

— Ah, eu vou fazer meu pedido. Eu quero... — Sakura puxou o celular da bolsa, mandando uma mensagem desesperada para Sasuke. 

"Manda o Naruto ficar longe de Hinata Hyuuga! Se ela o procurar, ele deve rechaça-la."

— O que vocês colocam no molho? — o celular vibrou na mão de Sakura e ela visualizou a mensagem malcriada de Sasuke. 

"Por que eu faria isso?" 

Porque ela estava mandando seria um ótimo começo, mas ela não disse isso, os ânimos entre eles não andavam dos melhores.

"Prestou atenção no sobrenome? Uma pessoa muito próxima ao Neji, eu confio na Hinata, ela é minha amiga, mas a casa dela ultimamente está um antro de cobras e eu não sei se o seu amigo é digno de confiança."

Mal enviou e Sasuke já estava respondendo: 

"Por esse seu plano você destruiria a felicidade da sua amiga? E eu ponho a mão no fogo pelo Naruto"

Ela revirou os olhos, felicidade, Hinata conheceu ele ontem. Uma ficada esporádica que facilmente seria esquecida e afinal era o Naruto. Quem ligava? Sakura ainda não entendia o que sua amiga tinha visto nele. Talvez devesse apresentar alguns amigos modelos para Hinata, como fez com Karin, um problema resolvido em uma tacada. Ela superaria. 

— Sakura? — ergueu a cabeça olhando de Hinata para o garçom. — Não vai pedir? 

— Não. Amanhã eu tenho uma sessão de fotos. 

— Amanhã é outro dia, pede algo leve, se conheço você não deve nem ter tomado café — Sakura abriu o cardápio rapidamente, revirando os olhos pela insistência. 

— Um ravióli de frutos do mar com molho branco. — O garçom saiu às pressas e Sakura voltou a fitar a amiga. — Sabe, talvez você devesse ouvir o seu pai.

— O que? 

— É, eu sei que parece um absurdo, mas pensa comigo. Esse... Naruto, não tem nada a te oferecer...

— Mas Sakura...

— Deixa eu terminar. — ergueu uma das mãos, impedindo Hinata de continuar a falar — Nada contra ele ser garçom, mas ele vai te indispor com toda a sua família e você não tem uma renda própria, ainda depende de seu pai, são só perdas. E se ele chegar ao ponto de te por para fora? Um garçom não vai conseguir te dar o conforto que você está acostumada.

— Mas eu posso trabalhar...

— Claro que pode, mas ainda assim... dois beijos? O que isso prova? Que ele beija bem apenas. Você não o conhece, não sabe nada sobre ele, nem se ele abriria as portas da casa dele para você. — Hinata ficou quieta, pesando aquelas palavras. — Você disse que o Itachi é legal, ou foi legal — ela aquiesceu —, então ele já tem o agrado do seu pai, que apesar dos pesares é alguém que te ama e só quer o seu melhor. Talvez com ele você consiga as coisas que deseja. Se o seu pai não permitir o lance da revista de moda, o Itachi pode criar uma do zero para você. Ele é rico, sua vida continuaria igual e ele é lindo, vamos combinar. 

Os pratos principais foram servidos e enquanto comia Hinata teve a justificativa perfeita para ficar em silêncio. Na ânsia e na agitação dos acontecimentos ela não tinha ponderado nada daquilo que Sakura tinha dito. E deveria mesmo levar em consideração as palavras da amiga, que só estava pensando no melhor para ela. Mas ainda assim desistir de Naruto causava uma ligeira pontada e algo dizia que ela não se arrependeria jamais em investir nele. 

Após os pratos principais, Hinata pediu uma sobremesa, mas Sakura ficou apenas com o seu vinho. Um doce já seria muita extravagância. A conversa não voltou para o tópico garçom e elas a mantiveram em um tom ameno e neutro. Hinata comentou que realmente recebeu uma negativa do pai quanto a revista e mesmo sem ela ter falado podia sentir que o olhar de Sakura dizia: Tá vendo, Itachi pode te ajudar com relação a isso. 

Saíram juntas do restaurante, mas antes de cada uma seguir seu rumo, Sakura segurou a amiga pelo braço. 

— Hinata, por algum acaso o senhor Uchiha falou algo de mim para você? Perguntou, comentou, qualquer coisa. — o semblante da Hyuuga vincou, mas ela logo meneou a cabeça.

Hum, não, ele não falou. Eu quem falei, mas foi bem pouco, bem rápido. Ele é bem reservado e aparentemente não tem uma boa relação com o irmão, né? — Sakura suspirou, cruzando os braços em frente ao corpo

— Não, não tem.

— Eu vou jantar com ele essa noite — Sakura ficou surpresa ao ouvir aquilo —, se quiser eu posso ver o que rola entre eles. 

Hum, melhor não. Deixa essa história, quieta. Bom, tenho que ir, foi muito bom almoçar com você. Qualquer dia desses, vamos as compras. — Hinata concordou com um aceno de cabeça. 

— Eu vou amar. — se despediram com um abraço e cada uma seguiu para seu respectivo carro. Sakura pegou o celular outra vez antes de entrar no veículo. 

 

"Pode pelo menos me passar o número dele? Por favor?"

"Não! Esquece!"

 

— Para onde vamos, senhorita? — Sakura fitou o motorista pelo retrovisor, largando a bolsa e o celular no banco.

— Para o prédio Uchiha. — o motorista aquiesceu seguindo caminho pela rua tranquila.

“Shizune, me arranja o número do Naruto, melhor amigo de Sasuke, mas não peça a ele.”

Sakura desceu em frente ao arranha-céu que demarcava o imenso patrimônio do Senhor Itachi Uchiha, em frente ao prédio tinha o símbolo do leque vermelho e branco, a marca do magnata. A toca de Itachi no meio do fervor de Manhattan. Ela se dirigiu a recepção informando quem era e quem veio ver. Diferente do que ela fez com ele, sua espera não foi longa ou infrutífera. A recepcionista só precisou fazer uma ligação e sua passagem foi liberada. E assim que as portas do elevador se abriram no vigésimo oitavo andar uma secretária surgiu, apenas para guia-la até o escritório de seu chefe.

Itachi estava sentado em sua pose de executivo importante, folheando alguns documentos. Bastante intimidador, mas Sakura tentou não se deixar abalar. Caminhou altiva até a cadeira de frente a mesa dele, fingindo não temer aquele homem.

— Deseja tomar algo, senhorita Haruno? — perguntou a secretária.

— Não, obrigada. — a gentil moça acenou e se retirou. Agora restavam apenas os dois, Sakura se voltou para Itachi sorrindo — Olá, você desejava me ver e cá estou. 

— Sim, depois de mandar dizer não que estava para ninguém — ela deu uma risada nervosa passando as mãos pelos cabelos. 

— Veja bem, eu estava indo ao encontro de seu irmão. Não podia deixa-lo esperar. 

— Claro, me deixar esperando era muito mais fácil — ela queria dizer que não sabia que era ele, mas isso só pioraria as coisas e de qualquer forma ele já tinha conhecimento disso. 

— Olha, eu só queria dizer que sim, você tem todos os motivos para não gostar de mim. E eu entendo, aquele ocorrido na Itália — ela fez uma careta rindo de nervosismo, estava ficando ainda mais por ele não esboçar nenhuma reação. — foi bem desconcertante. Eu nunca tive oportunidade de dizer o quanto eu sinto é que eu não queria ter invadido o seu quarto, nem pego o seu terno e nem deitado na sua cama usando apenas ele. — ela encolheu os ombros, um sorriso sem jeito no rosto bonito. — Eu achava que era o quarto de outra pessoa — Mas Itachi parecia ter sido talhado, duro e inflexível.

— Bem, senhorita Haruno, não vamos entrar nos méritos, invadir quartos, independente de quem esteja nele, não é uma pratica que eu aprove, mas é passado, não quero falar sobre isso. — ele passou a mão pela gravata, a acariciando bem lentamente — Eu de fato tenho todos os motivos para não gostar da senhorita e de me desagradar com o seu envolvimento com o meu irmão — ele fez uma pausa, os olhos negros cravados nela, Sakura nem respirava — e de fato me desagrada, adoraria que estivesse bem longe dele. — ela abriu a boca, mas Itachi não permitiu que continuasse — No entanto tendo em vista o que ocorreu no desfile e que você parece ter uma influência sobre meu irmão, eu posso estar disposto a não mais me indispor com essa união. — Sakura piscou algumas vezes, aturdido com a reviravolta.

— Sério? 

— Sim, eu a procurei porque desejo fazer uma aliança com você. 

— Uma aliança? Comigo? — Itachi concordou com um aceno — Que tipo de aliança? — ela se mexeu no acento desconfortável e ele girou a cadeira, mexendo nos botões de seu terno.

— Sasuke não deve ter lhe contato, mas existe um atrito entre nós dois. 

— Bem, ele não precisava contar. — Itachi aquiesceu, erguendo-se e fitando a vista de sua sala.

— São mágoas passadas, um desentendimento muito antigo que não vale a pena, nem eu, nem ele continuar a guardar. — Sakura queria dizer que não era bem isso que parecia, mas ela tinha um pouco de medo dele e preferiu chegar logo ao ponto que interessava a ela.

— Ok e onde eu entro nisso? 

— Você notou que ele não quer me ouvir — ela concordou com um aceno, qualquer um notaria isso —, então eu quero que com a sua influência você o convença a esquecer o passado e aceitar a nossa reaproximação. 

— E o que exatamente tem no passado? — Itachi sorriu, o mesmo sorriso de canto que Sasuke dava, mas ligeiramente cínico não tão sensual. Ela preferia o de Sasuke — Certo, não é da minha conta, mas como estamos aqui estabelecendo laços e entendimentos eu acho que tenho uma contraproposta. — Itachi a fitou atentamente, medindo a jovem a sua frente.

— O quanto sua ajuda vai me custar? — Sakura sorriu, jogando os belos cabelos para o lado.

— Não preciso de dinheiro, mas de um favor também — Itachi fez um movimento para que ela prosseguisse, Sakura umedeceu os lábios odiando-se pelo que ia falar, mas era o melhor. — Hinata precisa esquecer aquele garçom, o que você ajudou ela a encontrar no desfile. — Itachi ficou surpreso pelo comentário, não era aquilo que ele esperava — Eu ajudo você com Sasuke e você me ajuda com a Hinata e nem é um sacrifício ela é linda, você vai adora-la.

— Tudo bem, eu posso fazer isso. Temos um acordo? — Sakura se sentiu negociando com o diabo, ciente de que ela tinha mais a perder que ele, mas ainda assim apertou a mão do senhor Uchiha selando aquela conversa que não deveria ser mais mencionada

(...)

Hinata estava terminando de se vestir quando Ino entrou como um furacão em seu quarto, sem bater, sem pedir permissão. 

— Eu acabei de ler em um site que você almoçou com aquela sonsa — disse Ino espumando de raiva, Hina só se deu ao trabalho de soltar um suspiro, observando no espelho como ficou em seu novo vestido.

— E? Nunca escondi que Sakura e eu somos amigas — estava totalmente desinteressada no show que a Yamanaka dava. 

— Claro, duas sonsas juntas, mas o melhor é o que vem a seguir, uma fonte segura afirma que o assunto de vocês em determinado momento foi o Neji. — Hinata soltou um muxoxo, ainda bem que ela se segurou para não dizer do possível caso na frente do garçom ou agora seria esse o assunto do tabloide e a casa estaria um pandemônio. — O que você tinha para falar do seu primo com aquela lá?

— Sobre a briga que ele se meteu por causa dela. Você não soube? — perguntou inocentemente, sabendo que a resposta era sim, pois foi o tópico da última briga deles antes que Neji saísse para o spinning, que ele fazia todos os dias agora. — Saiu em todos os lugares. Brigou com o atual namorado dela. Um bafafá só — Ino estava ficando roxa de ódio.

— Isso é uma mentira! — A Hyuuga deu de ombros vendo se seu cabelo ficava melhor solto ou preso.

— Uhum, ok.

— Sabe se ele a procurou, outra vez? — Hinata pode ver pelo espelho a insegurança dela.

— Não faço ideia —Ino estreitou o olhar, querendo bater com a cabeça de Hina na cômoda que ela mexia.

— Se soubesse me contaria?

— Com certeza não. — Ino deu um gritinho estridente e saiu ainda mais irada do que tinha entrado por conta dessa resposta.

Hinata não deu a mínima, até poderia se apiedar se Ino não fosse absolutamente insuportável. Terminou de se arrumar em paz e assim que ela estava passando a última camada de iluminador foi informada que o senhor Uchiha a aguardava no térreo. Ela saiu sobre os resmungos do pai, inconformado de não poder nem ao menos ter um cafezinho com Itachi.

— Peço desculpas por não ter subido, mas não estava interessado em encontrar com o seu pai — ela não o culpava por isso. Sorriu, mexendo a cabeça

— Tudo bem, eu entendo. Até preferi que fosse assim, era capaz dele te segurar e dizer para jantarmos em casa com ele. — Hinata sorriu e Itachi a acompanhou com um aceno de cabeça.

— Eu não duvidaria e que noite infeliz seria a nossa. — Itachi abriu a porta para ela e dirigiu até o restaurante, perguntando como tinha sido o seu dia e se as aulas na faculdade já tinham voltado.

— Então como iremos fazer? — ele perguntou assim que eles se acomodaram em sua mesa.

Hum, você quer escolher? Por mim tudo bem. — ele sorriu, negando com a cabeça.

— Não, não. Fique a vontade, eu digo com relação ao garçom do desfile. — Hinata mordeu o lábio inferior, desviando o olhar — Sair com você vai me ajudar a manter pessoas indesejáveis longe, diminuir o burburinho, mas não mudei de ideia quanto a lhe ajudar também. 

— Eu não sei, eu... estive conversando com uma amiga hoje e ela acha que eu não deveria investir, que isso não é nada e nem é bom para mim. — Itachi pediu um vinho branco agridoce, Hinata gostou do aroma e do gosto, tomou um bom gole. 

— E o que você acha? 

— Acho que mesmo com os pontos negativos eu quero investir, quero conhece-lo melhor, mas não posso negar tudo que ela disse — ela ruborizou, encolhendo os ombros e Itachi apenas concordou com um aceno.

— Então não há o que discutir.

— Mas não tenho o número dele, nem endereço. — ela umedeceu os lábios nervosa, remexendo-se na cadeira.

— Isso não é problema, eu arranjo para você, arranjo até mesmo um encontro entre vocês. — ela o fitou surpresa demais para conter o arquejo.

— Sério? Eu não teria como agradecer. — ele sorriu, abrindo o cardápio e meneando a cabeça de leve

— Não precisa, você já está me fazendo um favor, mas talvez eu lhe peça mais um. 

— Qualquer coisa que eu puder ajudar, é só falar.

— Acha que consegue providenciar um jantar entre eu, você, meu irmão e a namorada? — Hinata inclinou a cabeça, incerta, seu pai não gostava de escândalos, mas Itachi também não. — Sei que não nos damos bem e que teve toda aquela situação, mas acredito que na presença de vocês ele não vai ser hostil. — ela concordou, era uma boa ideia ter ela e Sakura como mediadora do clima do jantar.

— Acho que posso fazer isso, para quando seria? 

— Ainda não tenho a data, algumas questões precisam ser resolvidas, mas te informarei com antecedência. — ela concordou sorrindo, quando ligasse para Sakura, ela voltaria com aquele assunto de que seriam cunhadas. — Agora com relação ao jantar o pato parece uma ótima pedida.

Página: Fleur D'Hiver

 


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Notas finais do capítulo

E aí? Sakura fazendo negócios com Itachi, tentando barrar a relação NaruHina. Itachi aparentando colaborar com ela, mas com Hinata já teve um outro caminho. Qual será a do senhor Uchiha? Sasuke não vai gostar nada, nada de saber desse acordo, nem a Hina. ;X

Gente, eu ando postando pelo celular porque estou sem note, por easa razão não estou respondendo aos comentários. O nyah não tem um aplicativo decente para autores. Que é muito complicado, a versão mobile é horrível, consome muita bateria e internet e entre escrever os caps e responder to dando preferência a escrever. Me perdoem qualquer coisa e espero que entendam.
Não deixem de me dizer o que acharam e até a próxima;*