Aluga-se Um Namorado escrita por Fleur dHiver


Capítulo 15
Nervosismo, Drogas & Fiasco


Notas iniciais do capítulo

SasuSaku é cannon. O choro é livre. Uhul! Um mês para eu aparecer e dizer isso. kkkk
Um aviso: a classificação mudou, agora é +16 porque esse capítulo contem uso de drogas, mas detalhes na nota final, explicações do meu sumiço também.
Desejo a todos uma boa leitura;*



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Nervosismo, Drogas & Fiasco

Seus dedos apressados passavam de um frasco para o outro sem se importar com a bagunça que estava fazendo. Vasculhava as prateleiras do banheiro para visitas, derrubando tudo que se encontrava em seu caminho. Estava cega e necessitada.

Onde estavam? Onde poderiam tê-los colocado?

Saiu de dentro do banheiro às pressas, com uma ânsia desenfreada apoderando-se dela. Seus passos incertos cruzaram os degraus para o andar superior em dois tempos. Precisava daquilo, precisava de alivio, eu iria surtar. Levou as mãos à cabeça desejando de uma vez por todas que tudo sumisse, que tudo se apagasse. 

“Eu não acho estranho o fato de nem mesmo seus pais se importarem com você.”

Apoiou o corpo contra a porta do quarto. Cada palavra, cada silaba a cortava. Uma dor pungente, uma dor real que chegava a lhe tirar o ar. Repassava aquela conversa com Neji em sua cabeça sem parar. Não conseguia, nem por um momento sequer, parar de chorar, parar de sentir como se mil facas tivessem perfurado o seu corpo. Há muito tempo tinha descoberto que a sensação de um coração partido era real, não apenas figurativo, e como odiava sentir-se assim.

Ela era uma pessoa fraca, pequena e má. Por que iriam gostar dela afinal? O que de bom ela já tinha feito? Nada.

A vida inteira tirou proveito das pessoas e das situações; Neji estava certo, ela era um ser humano horrível. Levou uma das mãos ao rosto secando, inutilmente, as lágrimas incessantes. O gesto a fez virar a cabeça e vislumbrar uma pequena fresta. No final do corredor, o carpete creme se destacava e mais acima o pedaço de um móvel com detalhes em dourado e o branco ofuscante da colcha de cama. Não conseguia ver nada por inteiro, apenas um pedaço de cada coisa, cada objeto pertencente a sua mãe.

Seus dedos coçaram, a garganta secou. Sabia que parte do que queria, do que necessitava poderia ser encontrado naquele aposento. Mesmo que escondessem remédios dela, se mãe sempre os teria. Cruzou os braços, apertando-os com força contra o corpo, sentindo um pequeno tremor dominá-la.

Não, não podia!

Relutou o máximo que pode. Tentou pensar em coisas diferentes, outras ideias, focar em suas obrigações, mas sua mente parecia ter dado um branco. Virou-se para entrar em seu próprio quarto, mas quando deu por si já estava caminhando em direção a porta entreaberta. Suas pernas tinham ganhado vida própria e Sakura não tinha vontade alguma de ir contra.

Ao entrar no cômodo soltou o ar que nem tinha notado estar prendendo. Não entrava naquele aposento desde o divórcio dos seus pais. Pôr os pés ali a fez, involuntariamente, lembrar daquela época e de tudo que se seguiu depois disso. As brigas incessantes, os ataques de sua mãe, se bem lembrava perto daí que decidiu se tornar modelo e as primeiras crises começaram.

Mordeu o lábio inferior e deu dois passos para trás. O quarto parecia imaculado e frio como a dona dele. Sakura não pertencia àquele lugar. Era uma peça assimétrica perante toda a perfeição. Tentando fazer uso de um pouco de autocontrole se virou pronta para sair dali e fingir que nunca tinha entrado. No entanto seu movimento trouxe outro lampejo, um lampejo alaranjado que a travou no lugar em que estava. Ainda podia vê-lo pela sua visão periférica, a cor forte se destacava. Fechou os olhos, nada passava em sua garganta, a ansiedade crescia desenfreada.

Só um, só precisava de um. Só relaxar e ficar bem.

Deu a volta no quarto, pegando o vidrinho de remédios em cima do criado-mudo da mãe. Sua agitação era tanta que ao abrir o potinho quase deixou cair alguns comprimidos no chão. Seu corpo inteiro vibrou ao tê-los em suas mãos. Não havia mais pensamento coerente ou sensatez, só precisava daquilo e nada mais.

Estava sedenta.

Pegou três comprimidos, na ânsia tomou o primeiro a seco mesmo. Largou o recipiente sem se preocupar em fecha-lo. Voltou às pressas para o hall de entrada, um espaço vazio e austero de sua casa. Apesar de extenso possuía apenas um armário para casacos e capas, um móvel de mogno lustroso para pendurar chapéus com um espelho majestoso e, em um canto solitário, um carrinho com diversos tipos de bebidas alcoólicas.

Nas noites de reunião social, jantares era levado até a sala de estar. Em alguma ocasião mais sofisticada era deixado de lado já que em um outro cômodo, Mebuki possuía um minibar vintage. Naquele momento sofisticação não tinha necessidade, nem espaço.

Parou em frente ao carrinho e tirou a rolha de uma das garrafas de uísque, servindo-se até a metade do copo. Tomou-a de uma vez junto com os outros dois comprimidos. Sentiu a queimação em sua garganta, mas não se importou. Escorou-se a parede e escorregou por ela. Em poucos minutos teria o efeito desejado, em poucos minutos Neji seria apagado da sua cabeça.

Queria que o esquecimento batesse, que entrasse em uma onda de eterna felicidade onde ninguém mais importasse. Onde ela não fosse o problema de todo mundo e se fosse não faria diferença. Sim, ela precisava disso, precisava não ligar.

Patética, eternamente patética. Porém livre, sem cobranças, sem consequências. 

O celular vibrou no bolso de sua calça e mesmo sem vontade alguma de saber o que estava acontecendo fora de seu próprio universo, o puxou. Uma nova mensagem de Shizune piscava no visor. Sua vista embaçou e as lágrimas contidas por um curto espaço de tempo voltaram a cair.  Não precisou ler para saber o conteúdo. E por mais que quisesse esquecer de tudo e voltar para dentro de sua bolha, o mundo a pressionava, o mundo não queria deixa-la.

Não conseguia ignorar a pequena luz azul que piscava no canto superior de seu celular. Desbloqueou a tela e digitou uma resposta, sem nem ao menos ler o conteúdo da mensagem, Afinal não precisava, já sábia o que ela queria:

 

Não precisa vir me buscar. Vou com o Sasuke para o desfile.

 

Sua convicção quase falhou ao digitar o nome do Uchiha. Ela o deixaria na mão, o deixaria no meio do furacão que ela própria o tinha colocado. Fechou os olhos, sentindo a agonia serpentear pelo seu interior. Esperava que um dia Sasuke a perdoasse, que todos a perdoassem.

Não tinha como ir, não tinha como vê-lo.

Desvio a atenção desses pensamentos que não a levariam a lugar algum e voltou-se para o aparelho em suas mãos, procurando um número esquecido há bastante tempo. Chegou a pensar que não o tinha mais, até o nome surgir em sua tela. Respirou fundo apertando o botão de ligar. No momento em que uma voz rouca e arrastada soou soube que não tinha mais volta.

— Sai? — Sua voz falhou e um pequeno pedaço dela torcia que não fosse ele.

Sakurinha, quanto tempo — o tom animado, a fez estremecer, ele estava chapado, tinha certeza disso. — Senti sua falta nesse longo período que passou sem dar as caras.

Apesar de linda você é irritantemente insuportável, minha cara.”

— Pois é.... — seus lábios estavam secos, levou uma das mãos a boca, voltando com um velho e deslembrado hábito de roer as unhas — eu preciso de algo, Sai... algo forte.

— Ouvi falar, ou li em algum lugar que você tinha parado — abriu a boca pronta para reafirmar a sua mudança, mas lá estava ela, fraquejando, repetindo os mesmos erros de outros tempos. A risada baixa dele a manteve calada. — Já deveria saber que isso era uma piada. Você nunca vai mudar, não é mesmo? — Não o respondeu, porque nem ela queria saber a resposta para aquela pergunta. — Bem, de qualquer forma eu tenho várias paradas aqui hoje. Quando você pode vir?

— Agora! Estou a caminho daí — desligou o celular, pondo-o no bolso mais uma vez. Sem se importar com mais nada saiu de casa fechando a porta com força.

Entrou no elevador em um salto e ficou segurando o botão para que a porta se fechasse, não queria ter que dividir aquele espaço. Por sorte ele não parou em mais nenhum andar e chegou logo ao térreo. Assim que as portas voltaram a se abrir praticamente correu para fora do prédio.

— Senhorita Haruno!  Hoje tem o seu desfile, não é mesmo? Desejo... — o gentil Kaito, começou a falar assim que a viu passar pela abertura da cabine metálica, mas não teve resposta, nem atenção. Sakura já tinha saído antes mesmo que ele chegasse a sua terceira sentença.

O porteiro a observou pela porta de vidro até que ela entrasse em um taxi. O homem franziu o cenho, aquele era um comportamento atípico. Quando começou a trabalhar naquele lugar, lhe alertaram que a garota era meio surtada, antipática, adorava uma boa farra e não respeitava quase ninguém, mas durante os seis meses de serviço nada do tipo tinha acontecido.

Sakura era o oposto do que tinham falado, chegou até mesmo a pensar que era um boato, haviam tantos entorno dela. No entanto no decorrer do tempo muitos moradores tinham comentado sobre a mudança positiva e reafirmado que a conduta dela era outra, depois do tão falado divórcio dos Haruno. A atitude grosseira dela o preocupou, a adorável Sakura Haruno que ele conhecia não passaria por ele daquela forma. 

(...)

Apertou a alça da mochila em seus ombros, jogou o peso do corpo de uma perna para outra. Sabia que não tinha mais como adiar a sua entrada e ficar parado no meio do corredor não adiantava muita coisa, mas àquela altura dos acontecimentos abrir a porta significava tanto que não tinha nem ao menos como exprimir a confusão que estava em sua cabeça.

Suspirou e como quem tira um band-aid empurrou-a de uma vez. Fosse o que fosse ele encararia de frente. Já tinha chegado até aqui, não dava mais para retroceder. Assim que cruzou a entrada todo o medo que sentia sumiu, por enquanto, ninguém parecia se importar com a chegada dele. Todos estavam ocupados com as suas próprias obrigações. Pessoas transitavam para todos os lados, levando araras de roupas, sapatos, acessórios, arranjos, toalhas e pequenas delicatessen.

O burburinho era alto e como Temari tinha previsto, haviam várias modelos surtando por causa das roupas e acessórios escolhidos pela equipe. Rostos emburrados e garotas fazendo birra por todos os lados, pôde finalmente ver Kabuto, longe dele, ocupado com uma das modelos que com toda a certeza era a responsável pelo maior chilique da trupe. Não tinha dúvidas que esse seu dia tinha tudo para ser perfeito. Ironia? Não, claro que não!

Afastou-se da massa que passava e dos escândalos sobre tom de pele e o bronzeamento especial, tomou o caminho para as cadeiras reservadas. Avistou Temari falando com um homem que colocava algo em seus cabelos loiro escuro, logo os dois sumiram por um dos corredores restritos para a maioria das pessoas que estavam por ali. 

A procura de seu próprio acento, encontrou alguns nomes desconhecidos por ele, notou que Temari não estava ao seu lado dessa vez, mas no extremo oposto. Não que tivesse gostado da presença dela, mas preferia a garota do que uma conversa sem sentido sobre o tom ideal de pele e a nova dieta que tinha emplacado.

Quase surtou ao ver que o tal do Gaara continuava ao seu lado. Duas cadeiras a sua esquerda estava o nome de Sakura, o lugar dela ainda estava vazio, preferiu não refletir muito sobre o que aquilo significava. A maioria ali estava vazio. Não deveria ser nada, mas enquanto fitava seu próprio reflexo não conseguia parar de pensar no porquê do atraso, o porquê dela não ter dado nenhum sinal de vida até agora. Retirou o celular da mochila, ligaria para a Haruno e descobriria logo onde ela estava. Seria mais fácil perguntar do que ficar igual a um idiota presumindo as coisas.

— Modelos sempre se atrasam, não se preocupe — virou-se para Kabuto que tinha surgido as suas costas e sorria para ele. Concordou com um aceno, mas sua atenção voltou para o aparelho e o número que aparecia no visor.

— Sakura é preguiçosa, pode ter voltado a dormir — Sasuke tentou seguir essa linha de pensamento, ela ainda estava cheia de sono quando a deixou em frente ao prédio dela. O Yakuchi ajeitou os óculos ray-ban de grau, que usava, balançando a cabeça de um lado para o outro. 

— Shizune não permitiria uma coisa dessas, meu assistente já está entrando em contato com ela para ver onde estão — voltou a guardar o telefone, mas ainda sentia uma necessidade quase patológica, de ligar para ver se estava tudo bem mesmo. — Bem, meu caro... as meninas podem cuidar de você? — Não tinha notado as três mulheres de uniforme cinza ao lado dele, todas sorriam, concordou, dando de ombros. Não tinha outra opção. Tinha?  — Onde prefere? Aqui ou no seu camarim?

— Meu camarim? — A expressão confusa, fez o assistente voltar a sorrir e menear a cabeça.

— Sim, sim. Como estrela da campanha você tem seu próprio espaço, como alguns outros modelos, apenas os novatos ficam aqui. Os novatos sem destaque — piscou para o Uchiha que apenas aquiesceu. Apesar de não ser afetado quanto Orochimaru, Kabuto tinha o “q” de esquisitice.

— Pode ser aqui mesmo — se ajeitou na cadeira e sem demora as garotas já estavam a sua volta, mexendo em seu cabelo, em seu rosto e em suas mãos, conversando entre si como se não houvesse um quarto ser entre elas.

Gostaria de ter absorvido as palavras de Kabuto e se acalmado, mas não conseguiu, em momento algum, parar de sentir um comichão irrequieto que fazia desejar ligar para Sakura o mais depressa possível. Apesar de tudo, Sakura era a pessoa mais animada para que aquele dia enfim chegasse, ela já deveria ter aparecido ou justificado seu atraso. Deveria estar perturbando ele, mandando mensagens perguntando se já tinha chegado e como estava, mandando-o se acalmar, qualquer coisa.

Tentou reconhecer o assistente do Yakuchi entre os demais, mas não fazia ideia de quem ele era. Afinal por que o assistente de alguém, possuía um assistente? Esse mundo não fazia sentido para ele. Mas tinha decidido que assim que fosse liberado ele pegaria seu celular e ligaria para Sakura. Aquela maluca não podia deixa-lo só naquela situação. Não podia mesmo!

(...)

— Sabe por que ele foi embora? Porque você é uma inútil. Porque ele se cansou de suas palhaçadas, de suas criancices e de suas fraquezas. (...) A pelo amor... Tsunade tire essa menina de perto de mim, não aguento esse drama ridículo, já está tarde demais para chorar. Deveria ter feito algo antes!

Acendeu o isqueiro mais uma vez, tragando a fumaça que subia do pequeno cachimbo de aço. Expeliu no ar, sentindo uma onda prazerosa domina-la e todos os pensamentos ruins esvaírem enquanto seu corpo entrava em um frenesi intenso. Soltou um suspiro, mordendo o lábio inferior, estava ficando excitada, não queria ficar parada.  

— Como você disse que se chama? — Jogou a cabeça para trás, escorando-se no sofá de couro.

— Cristal — os dedos de Sai roçaram em sua coxa que queimou apenas com esse simples contato. — Já está sentindo a onda? Ela vai te deixar insana, meu bem — os lábios dele estavam perigosamente próximos, mas não se importou, todo o seu corpo parecia revigorado, desejoso.

Seu coração batia acelerado, queria tantas coisas naquele momento, mas assim que fechou os olhos uma imagem invadiu sua cabeça. Um dos ensaios de roupa de banho que tinha feito com Sasuke, ele estava delicioso naquelas bermudas e sungas de praia. Queria que ele se materializasse bem ali na sua frente, sem roupa nenhuma, que ocupasse o lugar de Sai, que fosse a mão dele a toca-la.

Queria-o e o queria agora. Precisava urgentemente tê-lo, transar a noite inteira até não aguentar mais. Como ainda não tinha feito isso? Preparou-se para se levantar e sair correndo dali, mas seu braço foi segurado, virou a cabeça para ver o que Sai queria, mas no minuto seguinte seus lábios já estavam colados aos dele. Não correspondeu ao beijo, apesar de parecer querer tanto isso, sua mente se confundiu com as necessidades de seu corpo. Não queria Sai, queria outra boca, mas o torpor em que estava o aceitava.

— O que está acontecendo comigo? — Os dedos dele tocaram o ombro alvo, fazendo com que uma parte do casaco escorregasse.

— É o efeito da cristal — O garoto apertou a coxa delgada, Sakura soltou um arquejo, mas todo o seu corpo pareceu propenso ao toque. Os lábios dele voltaram a tocar os seus e uma ânsia desenfreada a tomou e por um breve momento se viu correspondendo aquele toque, desejando que ele se prolongasse. — Ela te deixa ligada.

— Você me deu uma droga que faz as pessoas quererem transar? — Ouviu um gemido escapar de seus lábios assim que ele apertou uma de suas nádegas.

— Não é tão simples assim, mas a ideia base é mais ou menos essa — estava quase deitada sobre o sofá estreito e mal cheiroso. — Vamos aproveitar, querida. Garanto a você que vai ser transcendental — assim que a mão dele tocou seu seio, se ergueu trôpega. — Que merda você está fazendo?

— Não vim aqui para isso — ajeitou o casaco e o empurrou, dando alguns passos para trás. Aquilo era errado em diversos níveis e sua cabeça estava desnorteada. — Eu queria algo que me aliviasse, não me deixasse pilhada.

— Mas você vai ter o alivio. O melhor do mundo — ele deu um risada faceira ao dizer aquilo. Aos poucos ele foi se aproximando outra vez. — Você vai ver, deixe-me...

— Não. — Voltou a recuar, procurando a porta do pequeno apartamento.

— Qual foi? Vamos lá, Sakura, você sempre gostou de uma sacanagem. — não o ouvia mais. Já estava há dois passos da porta. Saiu daquele lugar às pressas, sentindo o ar faltar, quase caiu no início da escadaria, conseguiu se agarrar ao corrimão, fechando os olhos e tentando acalmar seu coração, sua respiração.

— (...) Eu estou cansado. Cansado dessas conversas, das ligações. Cansado desse seu comportamento sem fundamento. Quem são aquelas pessoas? Você ao menos sabe? Ao menos sabe o porquê de agir assim? — Manteve a cabeça abaixada, enquanto Kizashi mantinha a postura séria, irritada. — Bem, eu acho que o melhor é nos afastarmos...

— Mas pai...

— Não, não há “mas”. Enquanto você continuar a se comportar desta maneira eu quero distância, porque não foi para isso que eu a criei. Não foram esses os princípios que tentei passar a você — ele soltou um suspiro, claramente incomodado com sua própria decisão — Até que me provar que mudou, que vai aceitar se tratar não me verá mais, nem receberá as minhas ligações.

Sua cabeça girava, maldita hora para aquelas lembranças voltarem. Ouviu o barulho na porta atrás de si e voltou a se levantar. Ciente de que Sai poderia vir a qualquer instante atrás dela. Desceu as escadas apoiando-se nas paredes. Parou no meio da rua, praticamente se jogando em frente a um taxi, forçando-o a parar, entrou dentro do veículo retirando o casaco e prendendo os cabelos longos. Era impressão ou estava muito quente?

— Tá tudo bem, senhorita?

— Sim, só me tira daqui, me leva para o centro...

— Moça, a senhora está bem? — O homem a fitava remexesse no bando traseiro, gotículas de suor formando-se na testa de Sakura.

— Não, acho, acho que eu estou enfartando

(...)

Caminhava de um lado para o outro, nervoso e agitado. Faltavam duas horas para o desfile começar e Sakura ainda não tinha dado as caras. Já havia telefonado para ela no mínimo umas vinte vezes, mas todas foram parar na caixa de mensagem.

Kabuto tinha desaparecido e Orochimaru não tinha nem ao menos se dado ao trabalho de aparecer por ali. Não conseguia manter a calma, não conseguia se concentrar em nada. Por duas vezes Hidan tinha aparecido para passar as passadas com ele, mas não dava, sua mente não se prendia a mais nada que não fosse a ausência de Sakura. Simplesmente não conseguia acreditar que ela ainda não tinha aparecido. Pior ainda eram as pessoas continuarem a lhe dizer que estava tudo bem. Como poderia estar tudo bem?

— Não se preocupe — a voz de Gaara tirou-o de seus pensamentos. Voltou-se para rapaz que estava sentado, com os olhos fechados enquanto uma maquiadora passava o delineador preto sobre suas pálpebras. — Sua namorada nunca foi a rainha da pontualidade. Daqui a pouco ela chega, trazendo a festa consigo.

— Festa? Que festa? — Gaara sorriu e abriu um dos olhos para fita-lo.

— Você ao menos a conhece? De verdade — Sasuke deu de ombros, não precisava de enigmas. Sasuke voltou a escorar-se na cadeira, soltando um suspiro sofrido. — Vai dar seu piti no camarim — Gaara ergueu uma mão abanando com displicência —, estou cansado de ficar ouvindo você andando de um lado para o outro e resmungando.

Balançou a cabeça, se afastando do Sabaku. Era um absurdo logo ele vir querer repreende-lo, mas não estava afim de uma cena. E também não queria ir para uma sala e ficar preso lá até Sakura aparecer, queria estar ali no momento em que ela chegasse. Quem sabe a vista-la de primeira pudesse acalma-lo um pouco.

Próximo a entrada dos bastidores avistou uma cabeleira negra e curta, Shizune despontou entre os diversos ajudantes. Sasuke quase ficou aliviado se não tivesse notado que a mulher estava sozinha. Tentou observar sobre as pessoas que passavam se a Haruno não ia surgir em algum instante, mas nada de cabeleira rosada, nada de andar confiante.

— Shizune. — A mulher se virou sorrindo, desligando o celular.

— Olá, Sasuke. Sakura já está em seu camarim? — Sasuke ficou surpreso pelo questionamento, o maldito comichão voltando.

— Como assim? Sakura ainda não chegou — o semblante amistoso da mulher foi se fechando aos poucos e a preocupação criando vincos em seu rosto sereno. — Todos estavam esperando que ela estivesse com você.

— O que? — Shizune puxou o celular, mexendo freneticamente no aparelho enquanto balançava a cabeça em sinal negativo. — Não. A última vez que eu a vi foi ontem indo embora com você. E hoje mais cedo ela me mandou uma mensagem dizendo que eu não precisava busca-la, porque vocês viriam juntos. — Por um momento Sasuke ficou estático. Como assim eles viriam juntos? Sakura não falou nada disso com ele, nem chegou a mencionar. — Ela não está aqui? O desfile vai começar daqui a pouco!

— Há que horas ela mandou essa mensagem? — Shizune parou de mexer no aparelho para fita-lo sem entender onde ele queria chegar.

— Que diferença isso faz? Eu não sei, foi por volta do meio dia, ou uma hora, algo do gênero. — Sasuke se virou e começou a retirar o roupão, pegando as suas próprias roupas e colocando-as. Shizune o fitou alarmada, estendo ambas as mãos em frente a ele — Sasuke você não está pensando em sair daqui, está? Não posso deixar você também desaparecer.

— Eu a deixei em casa as onze, ela disse que viria com o motorista. Ela mentiu para você, porque ela sabia que da casa dela eu viria direto para cá — a expressão de Shizune se tornou receosa, os lábios comprimidos em uma linha tênue, como se já pudesse presumir alguma coisa. Porém Sasuke não estava se importando muito com isso no momento, queria encontrar logo Sakura e traze-la para o desfile.

— Certo. Vamos no meu carro. Vou ligar para Tsunade e ver o que ela sabe.

O caminho foi um tormento sem fim. Quem dirigiu foi Sasuke, enquanto Shizune tentava diversas vezes falar com a Tsunade, mas não conseguia, por fim deixou uma mensagem digitada e outra no correio postal torcendo para que fosse logo ouvida. Ainda ligou para o escritório deixando a secretária dela ciente do que estava acontecendo. Assim que chegaram no prédio os dois saíram às pressas do carro, correndo para o elevador. No entanto eles foram interceptados pelo porteiro.

— Senhorita Shizune, que bom vê-la — ele retirou o cape e abaixou a cabeça um pouco sem jeito. —, acredito que tenho algo de muito importante para falar com a senhora.

— Agora não Kaito, preciso muito falar com a Sakura. — Sasuke já tinha ultrapassado o homem e apertava freneticamente o botão do elevador.

— Mas é exatamente sobre ela, senhora. — Shizune o fitou e Sasuke se voltou para trás, parando de apertar o botão de descida.

— O que houve?

— Faz algumas horas que a Senhorita Haruno saiu e bem, ela não parecia normal. Parecia abalada, correu para fora sem falar com ninguém e pegou um táxi — a porta do elevador se abriu as costas de Sasuke, mas ele não se importou. Não conseguia entender o comportamento dela, Sakura parecia tão Sakura aquela manhã. O que poderia ter acontecido dentro daquele meio tempo?

— Obrigada, Kaito. Suas informações foram importantes, mas precisamos subir — o homem aquiesceu e se afastou.

— As ordens.

— Subir? Ele acabou de dizer que ela saiu. — Sasuke apontou para saída do prédio, mas Shizune não lhe deu atenção.

— E você tem alguma ideia de para onde ela possa ter ido? — O silêncio foi a resposta dele.

Ambos entraram no elevador, Shizune apertou o botão do andar da cobertura de Sakura e a espera para chegarem a um dos últimos andares foi um tormento.  Sasuke praticamente pulou para fora do elevador quando as portas começaram a se abrir. Estava tão nervoso que suava. Ela não bateu ou tocou a campainha, já saiu entrando no apartamento. Logo de cara avistaram três empregadas em volta de um pequeno carrinho de bebidas, todos se viraram para eles.

— Senhora Shizune...

— Sabem onde Sakura está? — Shizune foi direto ao assunto, as cortando, não tinha mais tempo a perder. As empregadas se entreolharam, mas logo balançaram a cabeça em negação.

— Não senhora. Não a vimos chegar ou sair. Mas os banheiros, eles... — a empregada que falou fitou Sasuke e se calou, temendo falar mais alguma coisa na frente de um estranho.

— Está tudo bem. Podem falar na frente dele. O que houve com os banheiros? — A empregada hesitou, mas a que estava perto do carrinho continuou por ela.

— Estavam revirados, vários potes de remédios jogados ao chão e no quarto da Senhora Mebuki o frasco do medicamento que ela costuma usar para aliviar o estresse estava aberto — Sasuke não entendeu bem o que aquilo significava. O que isso teria a ver com Sakura? Elas não podiam estar, deliberadamente, acreditando que Sakura iria se dopar no dia do desfile... estavam?  — E agora encontramos esse copo de uísque quase no final aqui ao lado do carrinho.

— E onde vocês estavam para não vê-la, não para-la?  — Uma voz reverberou pelo ambiente fazendo com que os demais estremecessem. Sasuke virou-se a tempo de ver uma loira altiva bem as suas costas, analisando os serviçais com tamanho fervor que temeu por eles e quase abaixou a cabeça junto.

— O senhor Neji... — elas pareciam incertas e temerosas, ainda mais quando os olhos caramelo se crisparam com a menção do Hyuuga — di-disse que queria conversar a sós com a senhorita.

— E vocês permitiram?

— Sim, ele sempre teve carta branca para andar pela casa. Até mesmo a patroa gosta dele e a senhora... — as três abaixaram a cabeça de forma servil. — Não vimos mal. Ficamos na área dos fundos durante um tempo e só voltamos quando ouvimos a porta da frente bater, mas já não havia ninguém, nem o senhor Neji, nem a senhorita Sakura. — Tsunade passou a mão pelas têmporas aquilo não poderia estar acontecendo. Não de novo. 

— Tsunade, o que faremos? — Shizune se virou aflita para a Senju, mas Sasuke permaneceu estático, tentando entender porque elas estavam todas tão exasperadas. Parecia que o que todos presumiam e ele julgava errado era o correto, mas custava demais acreditar que Sakura seria capaz de fazer algo do tipo. Ainda mais por causa desse tal de Neji. Ela não estava se vingando dele? Ele não gostava dela, era ex, algo assim?

— Vamos procura-la. Vou ficar aqui e mandar algumas pessoas checarem algumas informações, você vá atrás da antiga turma que ela andava... — Tsunade soltou um longo suspiro, crispando os lábios. — do jeito como parece estar, não me estranharia se estiver com um deles.

— E se um escândalo surgir disso? Vamos cancelar o desfile? Posso ligar para o Oro... — puxou o celular, pronta para ligar para Kabuto e tentar cancelar tudo, ao menos a participação de Sakura.

— Não! Sakura armou todo esse fuzuê porque se acha apta e responsável. Aqui está a prova de toda a maturidade e responsabilidade dela — disse com raiva, que respingava em Shizune que abaixou a cabeça. — Não vamos cancelar nada. Vamos acha-la e leva-la até lá e deixar o resto a cargo de Orochimaru — as palavras duras pareceram petrificar Shizune que não esboçava nenhuma reação.

— Mas o Kabuto, ele vai...

— Eu sei, não apoio os métodos, mas são as escolhas dela —o semblante de Tsunade se tornou denso, pesado. — Está na hora de Sakura começar a criar um pouco de responsabilidade e se esse for o único jeito... que seja. Além do que ele não fará nada que ela já não tenha feito antes. — Shizune engoliu em seco. — Agora vá, estamos perdendo tempo aqui discutindo.

Página: Fleur D'Hiver

 


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Notas finais do capítulo

Quem quer me matar? Quem? Quem?
Então, começo falando da história. Esse capítulo deveria ser diferente, ou não sei eu achei que ia consegui fazer tudo aqui. Não rolou, ficou grande e foi partido mais uma vez. O desfile ou o que sobrar dele só vai rolar no próximo capítulo e isso leva o Sr. Uchiha para o outro... Pois é, passaremos esse e mais um, sem saber quem ele é, mas eu to adorando as teorias. Fugaku, Itachi, até o Madara. Ideias muito boas, mas poucos chegaram a verdade. Mantenho o que disse a alguém, tanto a Hinata, quanto o Naruto apareceram no próximo, mas a interação entre eles fica para o que o Sr, Uchiha dá as caras e teremos o meu Hiachi, eu amo/sou o meu Hiachi. *-*

~

Então, outubro não foi meu mês, passei por uma série de coisas. Algumas leitoras que acompanham outros trabalhos meus, principalmente BF, já estão cientes que algumas coisas andam acontecendo na minha vida. O meu avô, está passando por sérios problemas de saúde, seríssimos por sinal. Câncer em estado terminal que se espalhou, enfim... Não vou entrar em detalhes porque isso acaba comigo, mas a de se presumir que eu não tinha condições, nem física, nem emocional para escrever. Passei por um longo bloquei criativo, serviço arrancando minha alma e a faculdade o meu couro.. Não dava gente, não dava mesmo, quando eu dei uma aliviada, me forcei a escrever para aliviar a cabeça.
Nem sei se o capítulo ta bom, porque eu acho que meu bloqueio ainda está de pé, mas vai que... Enfim foi revisado pela linda da Nis, obrigada Nis. *-*
Segundo ela tá bom espero que vocês achem o mesmo.
Até mais;*