Percy Jackson e a Trilogia Da Pedra escrita por Pedro


Capítulo 72
22 - O Fundo do Abismo


Notas iniciais do capítulo

olá gente, postei rapidinho.
Por sorte a facul so volta em março então terei muito tempo pra adiantar umas coisas da fic.
boa leitura!



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22 – O Fundo do Abismo

 

A descida do palácio de Nix foi tranquila, poucos espíritos translúcidos e ninfas ocupavam as praças e os templos da montanha. O ar gélido açoitava o corpo de Percy como adagas de vento, o grupo se revezava para carregar Luke no carrinho de mão improvisado.

Thalia seguia sempre ao lado do filho de Hermes. Aegis estava em forma de bracelete, porém a lança elétrica da filha de Zeus estava em mãos e preparada para atacar.

Percy girava Contracorrente freneticamente pelos dedos. A apreensão cobria o ar com uma camada densa, o penhasco escuro eriçava os pêlos da nuca do garoto.

As nuvens amarelas do Tártaro estavam se distanciando rapidamente na medida em que eles desciam pelas intermináveis escadarias de mármore, nem mesmo a deusa da noite parecia estar presente em seu próprio palácio. Percy desejou mentalmente que ela cumprisse sua palavra de atrasar os gigantes e os titãs para ganhar tempo para o grupo.

Ao longe Percy conseguiu ver a base da montanha, a ponte que ligava a montanha solitária ao penhasco estava intacta. Os archotes de fogo grego queimavam.

Os cinco rios do submundo desaguavam massivamente no penhasco escuro. O ar estava começando a esquentar, Percy limpou a testa que começava a suar.

A ponte de mármore negro estava logo após apenas mais um lance de escada, os portões da fortaleza estavam abertos, dando uma visão ampla dos degraus colossais ao fundo. Dois soldados fantasmagóricos estavam postados na porta da fortaleza.

Percy olhou para trás pela última vez antes deles passarem pelos portões. A montanha negra era realmente aterrorizante.

A ponte estava logo à frente.

O basalto lustroso refletia as labaredas esverdeadas dos braseiros ornamentados espalhados simetricamente por toda a extensão do caminho.

Percy engoliu em seco. Ele protegeu as mãos dos ventos gelados nos bolsos da jaqueta de couro que havia pegado nos aposentos do palácio.

Eles caminharam lado a lado em silêncio. Os primeiros archotes de fogo grego estavam ficando para trás na medida em que avançavam.

A escuridão serpenteava por entre o grupo sendo espantada apenas pela luz das labaredas esverdeadas, o penhasco estava logo abaixo.

Percy subiu pelo guarda corpo e se apoiou cautelosamente no braseiro.

A escuridão era nauseante, parecia que eles pulariam em um lago de piche.

—Então, quem vai ser o primeiro? – ele se virou com um meio sorriso amarelo.

Thalia abriu um sorriso travesso.

—Quem é o líder da missão? – Percy revirou os olhos.

Ele fez menção de responder, mas percebeu movimento pelo canto do olho.

O som do bater de asas açoitou os cabelos de Percy. O vestido negro de constelações poderia ser visto a quilômetros de distância. As asas coriáceas adornadas em bronze celestial chique chamavam a atenção.

Nix planava habilmente, atravessando a ponte como um míssil. Percy notou marcas de batalha à medida em que a deusa se aproximava, arranhões cobriam a asa esquerda e a direita vertia ícor dourado de um corte profundo.

A deusa da noite ergueu o tronco e freou bruscamente levantando o ar violentamente. As asas se encolheram aos poucos e ela flutuou até os pés tocarem o basalto.

 Percy desceu do guarda corpo e ajeitou os cabelos.

—Senhora... – ele fez uma mesura.

Nix balançou a mão impaciente.

—Não temos tempo para formalidades, semideus – ela passou por ele e observou a escuridão abaixo da ponte – Os gigantes estão quase chegando, o que Órion lhe mostrou?

—Visões, o Perseu— ele se lembrou do sorriso da namorada do filho de Zeus – Dora.

Nix se mexeu desconfortável ao ouvir aqueles nomes.

—Pobre casal – ela fitou o longe com um olhar melancólico – O que mais? – o garoto ergueu a sobrancelha pela curiosidade da deusa.

—Não me lembro bem... – ele fechou os olhos e memorizou um nome que Perseu continuava repetindo.

“Luz Superior.”

Uma lufada gélida atravessou a ponte, Nix esboçou um pequeno sorriso vitorioso.

—Eu vou ganhar o máximo de tempo possível para vocês – a deusa se afastou do guarda corpo.

Eles trocaram um olhar significativo e Percy acenou de cabeça.

—A garota, a loura – Nix se virou e ficou de costas – Não desista dela, sem ela Tártaro nunca será derrotado. Você ainda precisa aprender muito para derrotar o senhor dos abismos, Percy. Nos veremos novamente.

Percy subiu novamente no guarda corpo. Ele guardou Contracorrente no bolso e ajeitou a mochila nas costas.

—Uma última coisa, semideus – a voz de Nix parecia embargada – Meus irmãos, Hemera e Érebo. Eles foram corrompidos a muito tempo pelo Veneno de Tártaro, liberte-os.

Percy acenou de cabeça e se virou para a filha de Zeus.

—Thalia, sugiro que pule logo após – ele olhou para a escuridão e sua visão ficou turva – Do contrário a queda me matará.

Percy se aproximou da beirada cuidadosamente, ele soltou o braseiro e relaxou os ombros.

O garoto fechou os olhos e inclinou o corpo, ele esticou a perna direita e se jogou de cabeça no Coração do Tártaro.

***

Percy se surpreendeu ao cortar o ar, sua teoria de que se tratava de um lago de piche havia caído por terra.

O garoto cortou a escuridão do abismo como um míssil em direção ao chão.

Ao longe ele conseguiu ver os cinco rios do submundo convergirem perfeitamente em uma linha d’água que refletia todas as cores do arco-íris.

Percy se perguntou quão profundo estaria no abismo, a luz solar provavelmente não penetraria tão fundo no Tártaro. A primeira queda interminável, os incontáveis degraus gigantes e por fim a queda do palácio de Nix.

Semideus algum se aventurou tão profundo nos confins da terra como ele e seus amigos.

Ele sentiu movimento acima. Percy deixou escapar um pequeno sorriso vitorioso ao focar os olhos no rosto de Thalia, iluminado pela luz dos rios.

—Não esperava por isso, não é? – Percy conseguiu ouvir a voz dela perfeitamente, apesar do som ensurdecedor dos movimentos do ar – Você pode falar também, é apenas um dos meus talentos de filha de Zeus.

—E os outros? – ele esbravejou e Thalia fechou a cara – Desculpe.

—Confie em mim – Percy a encarou – Olhe.

Thalia apontava para baixo, a luz começava a destacar a silhueta da garota.

Percy arregalou os olhos em espanto.

Logo abaixo se estendia uma planície arenosa sem vegetação. Milhares de monstros se amontoavam no horizonte longínquo e mesmo daquela distância Percy engoliu em seco.

 Os rios do submundo desaguavam juntos em um poço para então se separarem novamente e correrem lado a lado nas laterais até o retângulo cinza de cinco metros de altura circundando a planície e o exército de monstros e titãs.

As Portas da Morte se erguiam imponentes na outra extremidade da planície.

Os dois retângulos se encaixavam perfeitamente no meio, como uma porta de elevador gigante feita para um deus. Emoldurado em ferro estígio as portas eram decoradas com painéis prateados e negros com desenhos art déco.

 O chão estava se aproximando e na medida em que eles chegavam perto o número de monstros parecia aumentar. Hordas de empousai, cães infernais de múltiplas cabeças, harpias, ciclopes e lestrigões.

Titãs. Deuses caídos, traidores do Olimpo. Os meio-sangues de Tártaro estavam presentes como capitães das tropas do senhor dos abismos, suas armaduras de ferro estígio reluziam com a luz que emanava das Portas. A névoa púrpura se desprendia como serpentes malignas e tomava toda a proximidade do local.

—Thalia – Percy sentiu um calafrio ao notar o chão próximo – Que tal um pouco dos talentos da poderosa filha de Zeus?

O ar ao redor de Percy começou a se revolver.

Ele sentiu um círculo de vácuo se formar ao seu redor, como uma espécie de bolha que diminuía sua velocidade gradativamente.

O garoto olhou para cima. Thalia descia flutuando de pé e balançava os braços numa espécie de dança silenciosa. O ar respondia a cada movimento da caçadora e aos poucos todos desciam devagar e em segurança em direção à planície.

Os olhos de Thalia estavam inteiramente brancos como nuvens no céu, aquilo certamente exigia bastante dos poderes da garota, Percy estava impressionado.

A filha de Zeus tocou o chão primeiro. Percy caiu sentado e levantou poeira.

Seus amigos desceram juntos, Beckendorf e Luke dividiram uma das bolhas de ar de Thalia, o filho de Hefesto segurava o carrinho de mão improvisado sem esforço algum.

Percy se levantou e abanou as roupas. Thalia se manteve de pé com dificuldade, a garota estava ofegante.

—Muito bem, Caçadora— Percy estendeu a mão e eles trocaram um soquinho.

—Eu devo isso a você – ela agradeceu Percy com o olhar - Digo, você. Quando juntamos a Pedra de Onfalos você me ajudou a superar meu medo de altura, Rio de Janeiro... parece que foi em outra vida.

Percy não respondeu. Ele sentiu o peso da Pedra de Onfalos no bolso, pelo menos havia se livrado da dúvida de como ele tinha o artefato.

Ao longe na planície o exército de monstros se erguia implacável. Deveriam ser dezenas de milhares deles. Todos encaravam as portas apreensivos, alheios à chegada dos semideuses.

—Nunca chegaremos às Portas – Beckendorf estava incrédulo.

—Homem de pouca fé – Percy procurou Contracorrente nos bolsos das calças camufladas.

O brilho ameaçador da espada de bronze projetou sombras nos rostos dos meio-sangues.

Thalia mexeu no bracelete de prata e Aegis tomou sua forma de escudo aterrorizante. A lata de spray prateada cresceu até se transformar na lança elétrica de prata que Zeus havia dado de presente à sua filha.

Nico retirou a espada de ferro estígio do cinto, assim como Beckendorf retirou a sua própria de bronze celestial. Luke se mexeu com dificuldade e brandiu Mordecostas com habilidade.

Todos estavam com armas às mãos. Cinco meio-sangues, se contar com Luke, contra um exército de milhares, o destino era brutal.

 Percy desejou mentalmente que os deuses descessem do Olimpo para ajudá-los.

—Qual o plano? – Nico se sentou numa pedra retorcida à frente, o filho de Hades analisava a lâmina negra de sua espada.

—Não tem plano – Percy soou sinistro – Nós abriremos caminho lutando, desta vez não há um truque na manga, sem plano A,B ou C.

O silêncio pesou o ar. Eles nunca teriam chance, mas se libertassem as Portas da Morte os monstros não retornariam para o mundo superior tão rápido quanto acontecia atualmente.

—Eu quero ajudar – era a voz de Luke – Ele olhava na direção do rio Estige à esquerda.

Thalia seguiu o olhar dele.

—De jeito nenhum – ela bufou e se postou na frente do filho de Hermes – Olhe o seu estado, nunca sobreviveria a um mergulho no rio.

—Eu já estou morrendo de qualquer maneira – ele não tirou os olhos do rio das almas – Não há como me salvar...

—Na verdade... – Percy pigarreou – Há um jeito.

Thalia dirigiu um olhar mortal ao filho de Poseidon.

—E quando ia nos contar? – ela avançou um passo em direção a Percy – Porque não disse no palácio de Nix?

—É muito arriscado – Percy olhou para as Portas ao longe, os monstros pareciam alheios a eles, talvez devido ao fato da escuridão não permitir ver nada, exceto a névoa púrpura assustadora.

—Eu quero saber ainda assim – a filha de Zeus bateu o pé e o fuzilou com o olhar.

Todos encaravam Percy apreensivos.

—Bom – ele girou Contracorrente e a fincou no chão arenoso – É chamado de Sopro de Vida. É um ritual muito antigo.

“O ritual consiste em separar a alma de um indivíduo em duas partes, salvando assim aquele que for soprado. Pelo que parece eu fui um dos poucos que realizou tal magia.”

Thalia analisou os sapatos.

Annabeth — ela disse por fim, Percy assentiu.

—De acordo com Órion eu dividi minha alma e a entreguei para que Annabeth pudesse viver. Sendo assim ela depende de mim para viver, se eu morrer ela também morrerá. Eu não posso deixar Luke viver uma sobrevida, depender de alguém a todo segundo, se eu pudesse voltar teria deixado Annabeth morrer ao invés de condená-la a depender de mim.

Todos ficaram em silêncio. Percy chutou uma pedra com violência.

—Ei Percy – o filho de Hermes se aproximou – Eu estou pronto para morrer, foi uma honra servir Caos ao seu lado, foi uma honra ser seu amigo. Deixe-me ajudá-los, eu quero me banhar no Estige, se os deuses tiverem bondade eu terei algum tempo antes de meu corpo se desfazer.

Luke o olhava suplicante, Thalia se deu por vencida.

—Eu levarei você ao rio – Percy apertou a mão do amigo com força e o ajudou a se levantar do carrinho de mão.

Luke passou um dos braços pelo ombro de Percy e os dois se moveram vagarosamente. O resto do grupo seguia os dois de perto, Nico e Beckendorf patrulhavam poucos metros à frente para se certificarem de que nenhum monstro iria vê-los.

O Estige estava pouco à frente, era o primeiro dos cinco rios, o restante estava mais a leste da planície, todos correndo lado a lado circundando por fora para então se encontrarem atrás das Portas.

O som das águas do Estige indicava proximidade. A correnteza estava forte, como se as Portas da Morte puxassem os rios para si.

Luke retirou o braço do ombro de Percy e se equilibrou de pé com dificuldade.

—Boa sorte – Percy deu tapinhas no ombro do amigo e se afastou.

Thalia se aproximou e abraçou o filho de Hermes cautelosamente.

—Não morra – ela o beijou rapidamente, pelo jeito Ártemis estava ocupada demais para se preocupar com a líder de suas próprias caçadoras.

Beckendorf e Nico trocaram soquinhos com Luke e murmuraram palavras de incentivo.

O filho de Hermes encarou o rio da invulnerabilidade a sua frente. Luke pulou de cabeça no rio, sem titubear.

Percy prendeu a respiração enquanto fazia uma prece silenciosa.

O rio borbulhou como óleo quente de fritadeiras de redes de fast food. Ele não conseguia ver Luke, as águas escuras não deixavam a luz penetrar, se é que havia luz naquele abismo.

As águas estavam se revolvendo violentamente, como se devorassem o corpo de Luke.

O rio expeliu água e explodiu em um turbilhão. O repuxo no estômago de Percy sinalizou os poderes de Poseidon e fez com que ninguém fosse atingido pelas águas causticantes do rio Estige.

Fumaça negra cobria o ar. Percy tossiu algumas vezes.

Thalia se concentrou e uma lufada de ar cortou os arredores, de pé, sem dificuldade, estava Luke Castellan.

A pele do garoto estava vermelha e desprendia fumaça, ele tinha um olhar feroz. Mordecostas brilhava ameaçadoramente em sua mão direita.

—Vamos – ele a girou com habilidade – Precisamos retornar para o mundo superior.


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Notas finais do capítulo

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