Percy Jackson e a Trilogia Da Pedra escrita por Pedro


Capítulo 60
10 - O Amaldiçoado


Notas iniciais do capítulo

olá leitores fantasmas! Vivem dando acesso na fic em... comentem galera, quero saber a opinião de todos

boa leitura!



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10 – O Amaldiçoado

Quando a primeira arai atacou Percy brandiu Contracorrente em sua direção. Ele cortou suas garras esqueléticas e a afastou com um arco.

–Não encoste nelas – Nico advertiu – São os espíritos das maldições.

“Nós somos as filhas de Nix, vocês não podem nos destruir”

Beckendorf brandiu sua cimitarra e afastou os demônios, mas eles voltaram como uma horda.

“Nós servimos aos amargurados e derrotados” a voz ecoou “Aos que foram mortos e em seu último suspiro clamaram por vingança. Temos muitas maldições para dividir com vocês”

Elas atacaram simultaneamente. Cerca de seis atacaram Percy. Ele pulverizou as duas primeiras. Mas a terceira cravou suas garras em seu ombro esquerdo. Sangue verteu abundantemente.

A voz da arai ecoou em sua mente. “Vingança!”

Os dois lados do ombro do garoto estavam sangrando. Mas ele só sentiu uma garra o perfurar.

“Esta é a maldição de Geríon. Foi assim que você o matou anos atrás”

Percy não prestou atenção. E nem se lembrou de matar nenhum Geríon.

A mão que segurava Contracorrente bambeou e a espada pesou. A próxima arai o mordeu no pescoço, os dentes se cravaram em seu pescoço. Mas Percy esbravejou e a perfurou no coração. A arai desapareceu.

Ele se encheu de confiança. Matou uma, duas, três. Seus amigos o imitaram. Mas algo estava errado. Seus sentidos estavam enfraquecendo. Ondas de dor cresciam sobre todo seu corpo.

–Parem! – Nico berrava – Não as matem. Se as matarem a maldição delas passa para você.

–Mas se não as matarmos...

–Elas nos matarão de qualquer jeito – ele completou sinistro, brandia sua espada mas não matava as criaturas, apenas as afastava – Vamos fugir!

Quando eles estavam começando a correr houve um uivo de dor atrás.

Luke havia caído de joelhos. Mordecostas se projetava do seu peito. Sangue escorria pela lâmina. Ele ficou pálido.

Todos correram para socorrê-lo. Percy se agachou sobre o amigo e rapidamente retirou Mordecostas de seu peito.

–Por quê, Percy? – ele se engasgava com o sangue – Por quê?

Ele não entendeu. A vida de Luke estava se desfalecendo.

As arai disseram em sua mente em uníssono.

“Você deveria lembrar-se disso Perseu Jackson. Você amaldiçoou Luke Castellan quando ele quase destruiu o Olimpo há dois anos. Desejou com sua alma que o ferimento que ele infringiu a si mesmo o matasse dolorosamente. E assim aconteceu. E acontece novamente.”

As gargalhadas ecoaram na floresta.

–Isso é mentira! – ele gritou para os céus – Saiam daqui!

A fúria incontrolável explodia por suas veias. A seu lado, o rio Estige explodiu.

Milhares de litros d’água jorraram pela floresta e pulverizaram todas as arai. As águas levaram consigo todas as maldições.

Quando a onda de fúria cessou Percy olhou para Luke. Ele não deixaria o amigo morrer por culpa dele. Mesmo que ele não houvesse desejado mal algum a ninguém. Era tudo novamente resultado do seu passado.

Rapidamente retirou a mochila e o Arco das costas. Pegou a garrafinha com néctar e o saquinho hermético de cubinhos de ambrósia.

À essa altura Luke já estava desacordado. Ele fez o amigo comer um dos cubos e derramou néctar em sua boca. Sua aparência melhorou um pouco, mas o ferimento ainda escorria sangue. Seu estômago reivrou quando notou o tom verde na pele. Veneno.

–Não... – Percy deu um soco na grama cinza da floresta.

–Precisamos ir, eu levo ele – ele sentiu a mão de Beckendorf pesar sobre seu ombro.

Percy assentiu e se levantou.

O grupo se pôs a andar em passos largos. O Rio Estige corria solitário à esquerda. Percy estava tão perdido em pensamentos e preocupação que não sentiu os ventos quentes vindos do norte ao se aproximarem de um enorme penhasco. Nico o puxou para que ele não despencasse.

Percy olhou para o fundo, lá embaixo uma névoa negra espiralava, os penhascos e degraus faziam um círculo em volta de uma grande cratera cercada de névoa e raios amarelos. O Coração. Não podia ser outra coisa.

–Lá! – Nico apontava para um caminho estreito à direita, que levava ao próximo penhasco, e assim por diante até a entrada da cratera.

Percy subiu os olhos para os céus. Muito acima os deuses estavam lutando por eles no Acampamento. Tinham que descobrir como trazer Annabeth e os outros semideuses de volta do mal. Algo chamou a atenção do garoto.

Era uma mancha negra voando em sua direção. Sua espinha congelou ao pensar em Tártaro. Mas os movimentos eram constantes, e não uma névoa disforme. Bater de asas. Asas negras com navalhas de bronze celestial na ponta. Uma armadura de combate.

Quanto mais a criatura se aproximava, mais a raiva de Percy subia. Por alguma razão ele não conseguia saber o porque. Contracorrente já estava na mão quando o rosto do monstro pôde ser visto. Os nós dos dedos em sua mão estavam brancos de tanta força que fazia para segurar o cabo da espada.

Todos os seus amigos também estavam com armas em mãos. Uma risada estrondosa que fez o sangue do garoto ferver ecoou pelos troncos ocos das árvores dali.

Mas eu ainda nem me diverti ainda... – A voz era feminina e doce como um morango. Mas uma doçura sinistra. Arrepiante. Entrou nos ossos e na mente de Percy e fez tudo se contorcer de ódio.

A criatura usava um vestido de linho preto com decotes e rendas bordadas, mas contrastando com grevas de batalha e punhais espalhados pelo cinto. Seu rosto seria bonito, mas a expressão era tão demoníaca que fazia seus olhos totalmente negros causarem arrepios em qualquer um. Longos cabelos pretos presos num coque e asas cor de grafite, reluzindo com os traços de bronze. Seus pés eram garras e suas mãos normais.

“Já estão com tanto ódio assim?”

–O que é você, besta? – Percy esbravejou.

Ah, Perseu Jackson, eu sou filha de seus dois deuses favoritos. O maldito Zeus e a estúpida Hera.

“Eu sou Èris”

O pronunciar daquele nome fez os nervos do garoto se entorpecerem com a raiva.

“A Mãe dos Males, das guerras e dos maus. Eu sou a Discórdia!”

Ele atirou Contracorrente inutilmente na deusa.

Quando ela desviou, sua risada novamente encheu os ouvidos de todos. Percy retirou o Arco de Épiro das costas e lançou três flechas em sequência em sua direção.

A deusa se desviou de duas e a terceira ela segurou. O efeito de choque sequer fez cócegas nela.

–Você, filha de Zeus e Hera? – Percy riu com escárnio.

–Sim, seu idiota, não sabe nada sobre a genealogia dos deuses? – Nico cuspiu as palavras num tom sarcástico anormal.

A raiva estava quase transbordando do corpo de Percy.

–Pelo menos eu sou filho de um deus que se importa comigo! – ele disparou sem rodeios.

–Nunca precisei ser mimado por um deus, Jackson... Ao contrário de você, heroizinho – Nico o encarou, chegando bem próximo. A espada negra na mão em posição de ataque.

Percy sentiu a caneta pesar novamente o bolso esquerdo. Ele a girou no ar e encaixou os dedos no cabo da espada. Pela escuridão apenas a lâmina emanava luz. Mostravam um rosto macabro de Percy. Os olhos estavam vermelhos de ódio, o peito subia e descia freneticamente. Ele atacou primeiro. O bronze retiniu no ferro estígio e fagulhas voaram.

–Gente, acalmem-se, ela está mexendo com sua cabeça – Era a voz de Beckendorf. Ele havia colocado Luke no chão deitado e afastou as espadas com os braços.

–Saia daqui, seu meio-gigante despresível! – Percy o empurrou de lado e novamente cruzou espadas com Nico.

Beckendorf tentou novamente se por entre eles, mas Percy apontou Contracorrente para seu pescoço.

–Não se meta, vou resolver isto! – ele berrava como um maníaco.

Um vento gelado cortou a beirada do abismo, Percy estalou o pescoço para o lado quando a risada de Éris ecoou pela última vez.

–Vocês são filhos dos Três Grandes, por isso estão brigando assim. São amigos, eu já vi sua amizade, Percy!

–Amigos? – ele ria com gosto – Mal conheço esse imbecil, e ele já conseguiu me tirar do sério.

–Exatamente! – Beckendorf novamente se pôs na frente deles – Mal se conhecem e já se odeiam? É a magia de Éris, não deem forças à ela.

A cabeça de Percy doía com a raiva. Algo o encomodava. Uma voz forte ficava repentindo sem parar.

“Você precisa aceitar quem é”

Ele colocou uma das mãos na têmpora e atacou Nico, os dois lutavam bravamente, por volta ele acertava golpes superficiais no garoto e as vezes também era atingido. A voz continuava a perturbá-lo, mas estava piorando, a mente de Percy se enchia de lembranças que ele não tinha.

Ele se lembrou de atirar facas num homem de meia idade com cabelos grisalhos e olhos gentis. E após isso trocar cumprimentos com ele próximo a um braseiro. Sua visão estava cheia de memórias estranhas.

Percy acordava numa cabana e cambaleava até esse homem ajudá-lo e ampará-lo.

A última memória era a mais perturbadora. Percy e o misterioso homem se despediam, ele o entregava uma caixa de madeira lustrosa com as mesmas pistolas flintlock e a adaga cravada com rubis, e logo após isso o grifo aparecia voando a pousava próximo a eles. Gryphion.

E Percy o montava, voando no céu.

A luta dos dois permanecia acirrada, alguns cortes e socos, mas nada grave. A mente de Percy estava muito enevoada para sentir dor. Os dois corriam e lutavam, por ora Percy era desarmado e corria atirando facas em Nico.

O filho de Hades lutava como um demônio. Incansável.

A planície arenosa estava se abrindo em um caminho que terminava num pântano nebuloso. Uma névoa alaranjada serpernteava nos poços de piche borbulhante. Mesmo sem a luz do sol algumas plantas cresciam ali. Moitas de juncos, árvores sem folhas e algumas flores de aparênia doentia.

Percy e Nico se engalfinharam no chão por uns segundos, apagando uma impressão feita por um animal com patas do tamanho de tampas de lata de lixo.

Beckendorf os seguia com o corpo desfalecido de Luke nos braços. A vida dele estava por um fio.

O terreno pantanoso os obrigou a lutarem mais devagar. Quando a névoa laranja se dissipou um pouco pôde-se ver uma cabana de teto abobadado ao fundo. Uma espécie de couro esverdeado cobria as paredes, fumaça escapava por um buraco no teto. A porta era coberta por cortinas de pele reptilianas e ladeada por tochas feitas de femures colossais que ardiam numa chama amarela.

Como uma ilha no meio do pântano.

Quando os dois garotos tropeçaram no enorme animal morto no chão finalmente se recuperaram do estupor de ódio por um segundo.

Morto, no chão, com o crânio enfiado num carvalho estava o dono da pegada gigante.

–Um Drakon maeônio – Beckendorf estava maravilhado.

Percy e Nico pareciam surpresos também. Quando fizeram menção de se atacarem mais uma vez, foram surpreendidos nas costas.

Num milissegundo o monstro enorme passou entre eles. Mais um Drakon. Porém esse estava vivo.

Ali no Tártaro o Drakon era a coisa mais bela que eles veriam. Sua pele era verde com manchas amarelas, como folhas no chão salpicadas com a luz do sol. Os olhos eram verde-mar, como os de Percy. Deveria ter uns dezoito metros de comprimento, com garras do tamanho de braços humanos. Parecia um dragão chinês, sem asas.

Desta vez Percy não tentou atacar Nico. Ele preparou Contracorrente para o maior alvo dali.

–Pelos flancos – ele disse, apenas.

Nico assentiu.

–Não – uma voz fraca e entrecortada soou de trás. Luke. – A qualquer momento...

–ROOOOOAAAARRRR!!!

Eles se chocaram quando o gigante saiu da cabana.

Sua aparência era típica dos gigantes, como descritas no Livro de Gaia. Cinco metros de altura, a parte superior de seu corpo era humanoide, e as pernas eram escamosas e reptilianas, como um dragão bípede. Não tinha arma nas mãos, nem armadura. Vestia apenas uma túnica feita com peles de carneiro e detalhes de couro verde. Seus cabelos e barba ruiva estavam entrelaçados com flores e folhas do pântano. A pele do gigante era vermelho-cereja.

Ele gritou em desafio, felizmente não para os garotos.

O Drakon expeliu veneno quando o gigante o atacou. Ele se desviou, arrancou o carvalho com raízes e tudo. O crânio do Drakon morto se desfez em pó quando ele ergueu a árvore como um taco de beisebol.

O monstro enroscou a cauda na cintura do gigante, puxando-o para perto. Mas assim que o Drakon ficou em seu alcance ele estocou profundamente o carvalho em sua garganta.

As raízes da árvore começaram a se mover e novamente o gigante fincou o carvalho na terra. O Drakon sacudia e se estrebuchava mas foi rapidamente imobilizado.

O gigante, então, socou com toda força o pescoço do monstro. Ele se dissolveu de dentro para fora, restando apenas ossos, pele e carne, e um novo crânio de Drakon novamente envolveu um carvalho.

O gigante chutou os restos do Drakon e examinou-os.

–Não tem ossos bons – reclamou gruhindo – Queria uma bengala nova. Hunf. Mas tem pele boa para a latrina.

Arrancou parte das dobras de pele macia do pescoço do drakon e enfiou no cinto.

–Quem é você? Por que não o conheço?

–Quem pergunta? – o gigante limpava as escamas do Drakon com uma adaga de mais de dois metros de comprimento.

–Nico di Angelo, filho de Hades, o Rei Fantasma – ele se vangloriou, Percy bufou ao seu lado.

–Oh! Nico, o impiedoso rei! O que faz em meu humilde pântano? – ele zombava – Está um pouco perdido, não acha? O Tártaro não é lugar para crianças.

Nico pareceu inquieto.

–Gigante – foi a vez de Percy se pronunciar – Estamos em uma missão de muita importância...

–Se é tão importante, por que eu não sei sobre tal missão? Nenhuma história foi contada – ele se virou, os olhos amarelos analisaram Percy.

–É... quem é você? – ele perguntou – Também não sabemos nada sobre você – ele disse a última palavra em um tom grosseiro.

O gigante sorriu.

–Eu sou Damásen, filho de Gaia – ele inflou o peito – E você, quem é?

–Eu sou Perseu Jackson, filho de Poseidon, portador da Centelha e escolhido por Caos – ele imitou Damásen, inflando o peito e o analisando desafiador.

–O que? – o gigante deixou escapar – Impossível.

“O Escolhido já passou por aqui, o conheci, e ele morreu no abismo. Você não pode ser o campeão de minha mãe. Não acredito em você”

–Se nos der abrigo, podemos contar-lhe tudo o que acontece no mundo superior – ele estava quase suplicando.

–Posso ajudar-lhes se me recompensarem com uma boa história – Damásen já estava se virando quando todos foram acordados do estupor com uma tosse fraca.

Percy se virou e correu até Beckendorf. O grandalhão havia colocado Luke sentado recostando-o sobre um velho esqueleto de Drakon ali do lado.

Ele se agachou. Luke estava muito fraco, a pele pálida estava quase translúcida. O golpe no peito vertia muito sangue.

–Estou sentindo a alma dele deixando o corpo... – era a voz de Nico. Ele parecia realmente triste.

–Não diga isto! – Percy se levantou e investiu contra ele. Beckendorf o parou.

Percy esperneou um pouco e finalmente parou. O gigante se aproximou cauteloso. Se agachou e fez menção de tocar o rosto de Luke.

–O que vai fazer? – Percy se colocou entre os dois.

–O que houve com o garoto? – ele indagou analisando Luke dos pés à cabeça.

–Ele foi atacado por, hã... bem – Percy sentia vergonha de admitir aquilo – Eu o ataquei.

Damásen pareceu surpreso.

–E mesmo assim finge ajudá-lo se postando assim para defendê-lo? – o gigante ficou confuso.

Percy explodiu em raiva. Partiu para cima do gigante. Damásen o parou rapidamente e o empurrou.

–Sinto muita magia negra em todos, o Tártaro está mudando vocês – os olhos amarelos pairaram em cada um.

–Não foi o Tártaro – Beckendorf explicou – Foi Éris. A magia dela. E depois disso... as arai – Beckendorf disse cautelosamente.

Uma nova tosse encheu o pântano. Tosse de sangue.

–Sim... – Percy concordou abatido – Não foram as arai, elas apenas realizaram meu desejo, ou pelo menos o desejo do meu antigo eu.

–Entendo, sinto a verdade vinda das suas palavras – Damásen se compadeceu da dor de Percy.

“Mas... infelizmente não posso ajudá-lo nisso. Foi uma maldição, não um ferimento qualquer. Posso apenas retardar o efeito, mas ele perecerá.”

Percy quis arrancar a própria cabeça ao ouvir aquilo. Quis ser ele no lugar de Luke. Não era justo com o filho de Hermes morrer por um desejo maligno do antigo Percy.

Ele iria mudar aquilo. De qualquer modo.

–Tragam-no para dentro. Eu irei ajudá-los.


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Notas finais do capítulo

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