Percy Jackson e a Trilogia Da Pedra escrita por Pedro


Capítulo 40
10 - A Tal Centelha


Notas iniciais do capítulo

hey leitores! , como vao voces?
eu estou bem! kkk
ai esta! , rapidinho neh?



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10 – A tal Centellha

 

—De novo! – Perseu gritava sem parar.

Percy rosnou um xingamento em grego e novamente preparou uma flecha. Ele mirou e respirou fundo. Já tinha acertado três vezes seguidas no centro vermelho do alvo.

Disparou a flecha. Ela se alojou no círculo vermelho. Percy respirou fundo.

—De novo! – Perseu batia com graveto de madeira em Percy , ajeitando o corpo do garoto – Sua postura é fraca , seria facilmente derrubado numa luta. O arco é sua extensão , e não apenas uma arma.

—Estou tentando , mas é ruim quando não se tem incentivo – ele revirou os olhos e pegou outra aljava de flechas no estande.

—Incentivo? Aha que Tártaro vai incentivar você? Ele vai matá-lo se continuar assim , fraco e vulnerável , você não tem mais a maldição de Aquiles , garoto...

—Aaaah! , pare de criticar , faça melhor! – Percy jogou o arco no chão. Perseu riu.

Ele pegou o arco e atirou a flecha sem mirar ou olhar. A flecha se alojou dentro da outra e furou o alvo no centro. Percy arregalou os olhos.

—Você é muito lento. Previsível.

Perseu pegou uma das lanças de madeira e a jogou com perfeição no alvo. A estrutura de madeira cedeu e caiu na terra.

—De novo!

Percy pegou o arco do chão e preparou mais flechas na aljava. Naquele dia ele não falou com Perseu novamente.

***

Percy estava nadando no Lago Superior junto com a Srª O’Leary. Já faziam quase duas semanas que ele treinava com Perseu. Estava cada vez mais rápido , mais forte e mais ágil.

Não usava Contracorrente para treinar. A caneta ficava no criado em seu quarto. Percy havia forjado uma espada de aço no forno as margens do lago. Três vezes mais pesada que Contracorrente. O garoto estava se tornando um mestre em facas , machados , lanças , lutas e arquearia.

Sempre lia muitas páginas do Livro de Gaia por dia , mas para cada uma que lia , cem novas pareciam aparecer do nada.

Magia , histórias nunca antes contadas. Feitiços. Perseu tentava convencer Percy a usar alguns dos encantamentos , mas o garoto se recusava. Havia de tudo. Mover os objetos sem pegá-los. Fazer seus inimigos sentirem dor. Leitura de pensamentos. Criar fogo. Tudo parecia surreal demais para Percy acreditar. Perseu sabia muitos encantamentos , ele tentava ensiná-los para o garoto , mas este nunca se saía bem.

A Pedra de Onfalos continuava desaparecida. Perseu não mencionava nada sobre ela , e Percy não perguntava.

O garoto estava andando para a cabana , a cadela infernal o acompanhava saltitando com um escudo na boca. Ele deixou a espada fincada na terra perto da casa e a Srª O’leary se foi babando para o canil gigante que Percy havia construído na orla da floresta.

Percy tirou a camisa de algodão e o colete de couro e os jogou na mesa do refeitório. Perseu estava cozinhando algo na velha churrasqueira de tilojos no canto da parede.

—Garoto , como foi a pesacaria? Trouxe nosso jantar? – Percy fechou a cara – Brincadeira.

Percy foi andando até o quarto e pegou uma toalha. Eles não tinham água encanada , mas a cabana de Perseu estava equipada com uma espécie de Termas funcionando sob a luz solar.

O garoto se banhou nas águas quentes por um bom tempo. Algo o incomodava , na noite anterior , havia lido algo sobre os poderes que Gaia usara para aprisionar Tártaro. Mas a página estava rasgada em um ponto. Ele tinha a impressão de que Perseu sabia de algo.

Saiu do banho e voltou ao quarto. Ele vestiu as únicas roupas que pareciam ter por ali. Botas surradas , camisas de algodão , coletes de couro e calças cáqui escuras. Camponês medieval.

O garoto havia começado a cortar o cabelo igual a Perseu. Militar. Curto.

Percy ouviu o sino que Perseu sempre soava e saiu para o refeitório. Ele se sentou à mesa e ficou tamborilando os dedos enquanto bebia vinho tinto no cantil. Era a única coisa que eles tinham ali. Além da água que Perseu pegava da nascente no alto do pico em Greenwood Lake.

Perseu trouxe os pratos com carnes que comprava em Grand Marais , arroz , batatas assadas e verduras. Ele pegou um dos copos e encheu de vinho.

—Aos deuses.

—Aos deuses – Percy o imitou. Eles não jogavam a comida no braseiro , segundo Perseu , os deuses nunca o deixavam sentir cheiro de ambrósia e néctar , então não mereciam sentir o cheiro de churrasco e batatas.

Eles comeram em silêncio. Percy ainda estava com a cabeça no Livro , o garoto olhava para o Lago a poucos metros da cabana , se perguntando o que aconteceria se falhasse ao enfrentar Tártaro.

—O que o perturba garoto? – Perseu estava palitando os dentes.

—Nada , é só que queria saber algo do Livro.

—O que é?

—Qual é o poder que Gaia usou para prender Tártaro no abismo? – Perseu alisou a barba grisalha , ele se parecia com Quíron quando fazia aquilo.

—Bom , ela usou muitos meios , mas dizem que havia um especial.

Percy aguçou os ouvidos , mas não tirou o olhar do lago.

—É chamado de Centelha— Percy sabia o que significava. Era uma espécie de faísca ou fagulha.

“Era um poder único. Capaz de destruir qualquer coisa. Gaia o criou quando morreu. Ela doou seu espírito em favor da Terra e assim gerou esse incrível poder. Foi assim que Tártaro ficou preso no abismo. O poder da Centelha o impediu de destruir o mundo”

—Nossa – Percy deixou escapar – E você usou esse poder?

—Não , não – ele riu – É um poder extinto , as pessoas dizem que quando Gaia morreu , levou consigo esse poder. Tem de haver outro jeito de matar Tártaro , o poder da Centelha não existe mais.

Percy ficou pensando nesse poder durante a noite. Ele enrolou na cama até que o sono o venceu.

***

Ele soube que estava sonhando no momento em que estava no alto da Colina Meio-Sangue. A chuva caía e castigava tudo por ali. O fogo persistia e queimava nos chalés e no telhado da Casa Grande. A orla da floresta estava tomada por monstros. Um pequeno grupo de adolescentes com camisa laranja estava sendo flanqueado pela praia e pelas colinas.

Estavam cercados.

A mesma massa escura e nebulosa ficava à frente dos monstros , rindo e brandindo a lâmina feita de aneomoi thuellai.

Percy conseguiu notar a juba de cabelos louros tentando liderar os campistas. Annabeth andava de um lado para o outro gritando incentivos e animando os feridos.

—Não seja tola menininha insolente , ele não voltará , eu o matei – Tártaro ria com gosto – Era o único que podia de fato me derrotar , mas não teve nem chance , agora destruirei vocês para que sirva de aviso para seus deuses.

—Mentiroso! – Annabeth gritava – Ele vai destruí-lo.

—Sinto muito , esse é o primeiro estágio do luto , a negação – Tártaro girou a lâmina da espada , Percy quis gritar para Annabeth se defender , mas sua voz não saía – Quem sabe não damos mais um motivo para seus amigos ficarem de luto? Sim , ótima ideia.

No ribombar do raio , Tártaro avançava com velocidade surpreendente e fincava a lâmina negra no peito de Annabeth. Ela se desfalecia sob o olhar de Percy.

***

Percy sempre acordava gritando. Mas esse fora um sonho diferente. Desta vez Tártaro não só estava brincando com os pensamentos do garoto , mas aquilo era realmente uma visão futura , algo que ainda não havia acontecido. Percy se perguntou se eram os dons que Perseu vinha tentando ensiná-lo.

O garoto se levantou e saiu do quarto. Ele andou pelo pátio escuro e frio. Acendeu uma das tochas com o isqueiro da churrasqueira e pegou um pouco d’água do filtro de barro.

Estava bebendo calmamente quando uma brisa apagou a tocha. Instintivamente levou a mão para o bolso da calça e retirou Contracorrente. Ele a deixou na forma de caneta e colocou o copo na mesa.

Se escondeu atrás da parede de um dos quartos e respirou fundo. Não conseguia ver mais que um metro. E o brilho de Contracorrente mostraria sua localização.

—Não se preocupe semideus , eu não desejo lhe fazer mal – Percy relaxou um pouco mas não saiu do lugar.

—Quem é você? – ele gritou e destampou Contracorrente.

—Já me chamaram de muitas coisas , Criador , Cisão , Rachadura , Amplitude , Primordial — a voz era vazia como vácuo e distante como o céu , não tinha entonação e nem se podia medir a idade. Quase como se uma porta estivesse falando.

—Não acredito.

—Então acho melhor me apresentar com o nome mais conhecido , por assim dizer – Percy ergueu uma sobrancelha – Eu sou Caos.

Percy não sabia muito sobre a árvore genialógica dos deuses , mas sabia o bastante para juntar dois mais dois. Caos , a primeira divindade descrita por Hesíodo. O criador de tudo.

Havia algo em sua voz oca que transbordava verdade. E se ele fosse mesmo Caos , porque mentiria?

—Lorde Caos.

—Lorde? Já me chamaram de muitas coisas , Lorde não.

—A que devo uma visita inesperada?

—Acho que nós dois sabemos. A ordem está alterada. Tártaro ameaçou por fim à existência.

—Sim – Percy não estava pensando nisso. O sonho ainda rebatia em sua mente.

—Ah , em meus milênios de existência , jamais vi algo mais forte que o amor , é capaz de grandes sofrimentos e também de grandes mudanças no rumo das coisas.

—Como sabe? – foi tudo que Percy disse.

—Ah , eu sei muito sobre muitas coisas – o garoto saiu de trás da parede quando notou o braseiro brilhando em brasa.

Percy se aproximou , os olhos iluminados pelas labaredas que dançavam.

—Sua mente está conturbada – o fogo começou a tomar formas , rostos , amigos , família – Sua cabeça , muito cheia de pensamentos – o rosto sorridente de Annabeth se destacava – Muitas vozes , muitas visões , muitos sonhos.

Ele via o acampamento em chamas. Tártaro se erguia sobre uma pilha de corpos , marchando em direção à Manhattan. Annabeth jazia morta na orla da floresta , quase como se fosse um aviso para Percy. Os olhos do garoto estavam incandescentes ao olhar para as imagens de destruição e ruína.

—Eu posso ajudá-lo a mudar isso – Percy riu com escárnio – Posso ajudá-lo a mudar o destino de Annabeth.

—Como? – Percy não estava dando importância , mas o fato de aquele ser Caos martelava em sua mente. E se fosse possível salvá-la?

 

“Quando no crepúsculo o último brilho do sol apontar,

A montanha que se ergue das águas que não são mar.

O solstício mostrará o que pode ser mudado,

Com o sacrifício daquele que se tornou o presságio"

 

Mais uma profecia. E pela primeira vez ele quis segui-la no momento em que ouviu. Sua cabeça estava em Annabeth , e na possibilidade de salvá-la.


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Notas finais do capítulo

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