Percy Jackson e a Trilogia Da Pedra escrita por Pedro


Capítulo 34
04 - Um Renegado


Notas iniciais do capítulo

hey leitores!! , cap pra vcs! nem demorei neh? kkk

boa leitura



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04 – Um Renegado

 

Durante o resto daquele dia , Percy se trancou no chalé 3. Ele havia pego uma mochila com Connor e Travis , um cantil com néctar e ambrósia em saquinhos. O garoto também pegou na enfermaria alguns rolos de gaze. Deixou tudo arrumado , com algumas camisas extras e uma garrafa térmica de água.

Quando saiu do chalé , o sol já despontava no horizonte. O garoto foi até o banheiro e pegou um dracma na beirada da pia. Ele fez a água formar um arco-íris , usando o brilho do sol que entrava por um buraco na janela.

Depositou a moeda na fonte e esperou. Não conseguiu pensar em ninguém , parte dele queria que não fosse a última vez a falar com ninguém , não queria dar adeus.

Deixou que o arco-íris se extinguisse e então saiu do chalé calado. Ele colocou o capuz e deixou as mãos nos bolsos da jaqueta.

No caminho até o refeitório não cumprimentou ninguém , o tilintar das espadas soava na colina mais próxima , um grupo de campistas estava lutando contra algumas dracaenas. Pelo jeito já era comum , pois o resto dos campistas sequer olhava na direção da pequena batalha.

Percy se sentou na mesa de Poseidon , sozinho. Ele se perguntou onde estaria Grover.

Olhou em volta e a comida apareceu em seu prato. Seu copo se encheu com Cherry Coke , ela não era azul , as vezes as coisas mudavam , afinal.

O garoto se levantou e deixou cair na fogueira uma parte de suas uvas e pão. As chamas brilharam em um cinza tempestuoso , o humor do Acampamento não deveria ser dos melhores.

Quando voltou e se sentou na mesa , pelo canto do olho viu Annabeth encará-lo. Percy não conseguiu desviar o olhar , ela o analisou , parecia ler a alma do garoto. Ele desviou o olhar rapidamente. Respirou fundo e se levantou. Saiu apressado do refeitório , ele desceu a colina que levava ao mar e olhou de esguelha para trás.

Annabeth o seguia. Percy andou até a areia clara e fina , a neve se misturava com ela , criando uma espécie de lama amarelada. O garoto parou. Ele ouviu o quebrar das ondas na praia , era um som reconfortante.

—Vai a algum lugar? – ele ouviu a voz de Annabeth às suas costas.

Ele se virou e a beijou. Queria memorizar cada toque e momento , cada curva e cada arrepio da garota. Quando eles se separaram Percy fitou o rosto dela , queria gravá-lo na mente , ele olhou desde a testa com a gaze até a ponta de seu queixo arranhado. Os olhos cinzas e os lábios crispados de preocupação.

—O que foi Percy? – ela passou os braços pelo pescoço do garoto.

—Eu é... nada – ele desviou o olhar , burro.

—Você não é um bom mentiroso – ela levantou o rosto dele com a mão.

—O que? Não posso beijar minha namorada mais? – ele tentou rir e desconversar.

—Sim , mas isso não explica sua saída do refeitório , passar o dia trancado no chalé – ela arqueou uma sobrancelha – Está aprontando algo , eu sei que está.

Se ela soubesse.

—Não estou – ele mentiu , e soou convincente.

—Então o que é? – ela se aproximou devagar , o cheiro de hortelã e limões inebriou o garoto.

—Nada , já disse – ele não conseguiu olhá-la nos olhos. Percy sabia que ela era muito boa em ler as pessoas , e obviamente saberia que ele planejava algo.

—Então vamos voltar ao refeitório , você está parecendo um louco – ela puxou a mão dele em direção à colina.

Percy assentiu e eles subiram de mãos dadas. Annabeth quebrou a regra , novamente , e se sentou junto com ele na mesa de Poseidon. Na situação atual , essa regra não seria tão valorizada quanto antes.

No fim do jantar , Annabeth disse que iria ao chalé , eles se encontrariam na fogueira. Percy se levantou e trocou olhares com Quíron , o centauro o olhou e fez sinal para ele se aproximar.

Percy se postou em frente à mesa principal.

—Ela sabe – ele disse e riu um pouco.

—O que? Quem? – Percy arregalou os olhos.

—Annabeth , sabe que você está pretendendo fazer algo – ele falou.

—O que? Como? – ele colocou a mão na cabeça e murmurou um palavrão.

—Ela me procurou hoje para falar sobre isso – Quíron esclareceu.

—Você contou à ela? Quíron...

—Eu não precisei contar à ela , achei que depois de tantos anos você não iria mais subestimar Annabeth – ele riu.

—Não interessa , isso não mudará o que irei fazer – Percy bateu na mesa.

—Fazer o que? – ele ouviu uma voz em suas costas , arregalou os olhos , olhou para Quíron e se recompôs.

Era Annabeth , ainda bem que ela só havia aparecido no fim da conversa.

—Nada , eu estava falando com Quíron que vou fazer o que puder para ajudar o Acampamento – ele disse com incrível verdade estampada , em parte era verdade , ele só omitiu a parte em que iria sair uma missão sozinho no dia seguinte.

—É mesmo? – ela arqueou as sobrancelhas e se aproximou , olhou para Quíron.

—É sim – ele a abraçou , Annabeth continuava com os olhos pregados no centauro – Ei , não temos um encontro na fogueira? Ou vai me dar um fora? – Ele brincou.

Os dois se despediram de Quíron , o diretor de atividades cumprimentou Percy e transmitiu um “boa sorte” pelo olhar. Ele só não sabia se era um boa sorte para a missão , ou um boa sorte para tentar enganar Annabeth e sair escondido da garota.

***

Depois da fogueira , Percy levou Annabeth o chalé de Atena e se despediu da garota , ele queria que fosse apenas um boa noite , e não um adeus. Infelizmente , nem ele podia mudar isso.

Voltou à seu chalé e parou em frente à porta. Ele respirou fundo antes de entrar.

O garoto se jogou na cama do beliche , o chifre do Minotauro estava no suporte ao seu lado. Percy revirou na cama e puxou um lençol. Ele adormeceu alguns minutos depois.

Ele soube que estava em um sonho quando seu corpo foi transportado até a orla da floresta do Acampamento.

Chovia forte no lugar , a neve já não cobria a Arena e a Casa Grande , Percy estava sozinho no vale , milhares de monstros estavam na orla , esperando , presas à mostra.

O garoto percebeu movimento à frente , e a nuvem negra se materializou à sua frente , sorrindo.

—Ah Perseu , Perseu , não vai adiantar fugir – Tártaro disse – Eu ainda a matarei , e assim destruirei sua alma , sei que as Parcas o mandarão até o Livro , junto com sua pedrinha , mas você jamais vai salvá-la , sua jornada e a dela estarão ligadas pela morte e pelo sangue.

—É mentira – ele gritou em resposta – Você não é real , suma!

E a risada ecoou no vale , junto com o grito de Annabeth.

Percy acordou com um pulo. Ele se levantou da cama e se apoiou na parede , respirando com dificuldade. Uma crise de ansiedade. Ele deslizou de costas na parede até o chão , ficou lá , no escuro , com medo de uma coisa que ele agora sabia ser inevitável.

Percy ligou a luz e foi até o banheiro. Ele lavou o rosto na pia e se apoiou com dificuldade na parede , o coração ainda batia acelerado. Pelo buraco na janela ele sentiu o vento sussurrante adentrar o chalé , sua pele formigou.

Ele voltou até sua cama e se sentou. Olhou ao redor de seu quarto , ele queria gravar tudo aquilo na mente , sempre havia sido somente ele , ninguém nunca havia dividido o chalé com ele. Quem sabe se ele voltasse seu pai o mandasse um irmão.

Percy desligou as luzes e se deitou na cama molhada de suor. Seus pés passavam da beirada , ele sorriu ao se lembrar de quando era um garotinho indefeso de 12 anos.

Na manhã seguinte seu celular disparou o alarme quando o sol nasceu. Percy se levantou e pegou suas roupas em cima do criado. Jeans preto , uma blusa do Led Zeppelin , sua jaqueta de moletom com o Ômega e os Stefan Janosky da Nike Sb. Ele abriu a primeira gaveta e encontrou uma touca preta com um pequeno P azul-marinho. Era um presente de sua mãe , ele havia se esquecido completamente daquilo.

A cheirou e colocou , deixou parte dos cabelos para fora e eles caíram sobre os olhos.

Ele se esticou e estalou o pescoço , foi até a escrivaninha , pegou Contracorrente e seu celular. Talvez fosse loucura levar algo que atrairia monstros , mas em sua vasta experiência em missões , as vezes eram os monstros que mostravam o caminho.

Algo o fez erguer o olhar. A Pedra de Onfalos estava repousada na outra extremidade da mesa. O brilho amarelado projetava sombras bruxuleantes no quarto. O sol ainda não saíra totalmente no horizonte.

Percy a colocou no bolso.

Percy pegou a mochila e a colocou nas costas. Ele deu uma última olhada no chalé e saiu pela porta. Andou calado pela neve , ainda não haviam campistas acordados já que não passava das seis da manhã.

Passou pelo lago de canoagem e pela Casa Grande , encontrou Quíron parado na varanda da frente , ele assentiu para o garoto e fez o sinal da garra e afastou , proteção. Percy o imitou.

Percy estava na metade da Colina Meio-Sangue e então parou para olhar o vale. As construções , os chalés , tudo que ele considerava como seu verdadeiro lar , murmurou um adeus baixinho e se virou.

—Vai a algum lugar? – a voz de Annabeth fez seu coração gelar.

A garota estava parada num ponto acima dele , os braços estavam cruzados e o boné dos Yankees balançava na mão direita. Os olhos dela estava escuros , uma tempestade literalmente , quase chegavam a trovejar de raiva.

—Vou – ele disse e pôs as mãos nos bolsos da jaqueta.

—Posso saber onde? – ela murmurou.

—Não – ele respondeu calmamente.

—O que? – ela piscou com um certo tic no olho esquerdo – Não?

—É Annabeth , você não pode saber aonde estou indo – ele tentou avançar em direção ao topo , não queria ter que enfrenta-la.

Annabeth bloqueou sua passagem. Parte do garoto sabia que no fim teria que enfrenta-la de qualquer jeito.

—Vou perguntar novamente , aonde está indo Perseu? — ela rosnou as últimas palavras.

—Estou apenas indo – ele tentou passar , a garota o empurrou.

Para onde , idiota? – ela estava se irritando , Percy já notava seu peito subindo e descendo por baixo dos agasalhos.

—Eu estou te protegendo , e protegendo a todos aqui – ele fechou os olhos e respirou.

—Fugindo? – ela o fuzilou com o olhar.

—Não estou fugindo , estou lutando – ele tentou passar por Annabeth , ele a empurrou para o lado e subiu o resto da colina. Mas a garota não desistiria tão fácil.

—Não me dê as costas Percy – ela disse com voz embargada – Não vá , para onde quer que está indo.

—Não há escolha Annabeth , eu queria que tivesse , mas não há – Percy parou de andar.

—Escolha , que escolha? – ela disse trêmula.

—Não sou bom pra você , não mais – ele suspirou.

—Não estou entendendo – ela tentou abraça-lo por trás , ele se afastou e se virou.

—Eu amei você Annabeth , mas hoje estamos em tempos sombrios , eu não quero ter que vê-la se macucar novamente – ele passou a mão pelo rosto dela.

—O que? Você me amou? – ela o olhou e o peso de seus olhos fez Percy querer desistir daquilo tudo. Mas ele continuou.

Percy andou para longe dela e contemplou o Acampamento.

—Não posso perder você Annabeth – ele suspirou triste – Eu não posso conviver com você , sabendo que tudo que te ofereço é dor e perigo.

—Não diga isso Percy , você...

—Não me contradiga Annabeth , não agora – ele se manteve firme – Não suportaria vê-la morrer novamente , eu não sou bom pra você – ele sentiu a primeira lágrima de Annabeth escorrer por seu rosto.

—Não Percy...

—Para onde eu vou , você não pode ir , gostaria de poder tê-la para mim , mas esse é um luxo que não posso ter – ele se virou para ela , a garota não estava chorando alto , as lágrimas apenas desciam por seu rosto.

—Vá Annabeth , viva – ele a abraçou protetoramente – Seja feliz...

—Eu sou feliz com...

—Não , você acha que é , mas não posso arriscá-la , nem você e nenhum meio-sangue – ele olhou para o pinheiro de Thalia.

Annabeth não respondeu , Percy avançou até o pinheiro , o dragão Peleu não estava protegendo-o.

O garoto olhou para as mãos. Ele esticou a mão direita e retirou o anel de ouro branco que estava com ele desde o verão. Percy o depositou num dos galhos do pinheiro , ele o fixou para não cair.

Quando se virou para Annabeth , ele respirou fundo e aceitou ser o escolhido. Percy Jackson , o herói da profecia. Aquele que sairia em missão sozinho , e que nunca mais poderia ter família , amigos. Um Renegado.


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Notas finais do capítulo

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