As Aventuras De Um Cacumbu Ordinário escrita por Sr V


Capítulo 3
Capítulo 3: M.F.F.




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Capitulo 3: M.F.F.

Chegamos ao aeroporto por volta das 21h00min. Miki diz que já que ele é o líder, ele deveria também nos guiar, mas seu senso de direção é horrível! Perdemos-nos duas vezes, por isso demoramos três horas para chegar ao aeroporto.

Eu não sabia para onde ir, estava perdido no aeroporto e com dinheiro de fada no meu bolso, aquelas moedas eram muito pesadas ou era a culpa de ser cúmplice de um assassinato?

Antes de comprarmos as passagens, precisamos pegar o seu passaporte, Miki disse, vá até a praça de alimentação.

Fui até o elevador e apertei o botão.

- Miki – chamei. – O que é um Cacumbu?

No seu mundo cacumbu seria um utensílio gasto pelo trabalho, explicou, no mundo das Criaturas Mágicas é um termo usado para se dirigir aos humanos, inúteis e descartáveis.

Franzi o cenho, aborrecido. Então, todas as criaturas do planeta achavam que a humanidade era descartável, ou talvez fosse só o preconceito de Miki falando?

- Mas vocês não podem odiar todos os humanos, né?

De fato, ao longo dos anos só duas pessoas conquistaram o respeito das Raposas do Poente.

- Quem? – Uau, deveriam ser duas pessoas muito incríveis para ganhar o respeito de Miki.

Oprah Winfrey e Hebe Camargo.

- Ah. – Eu não sabia como responder, Oprah? Hebe? Sério?

Oprah disse que os Cacumbus não entenderiam, se Miki tivesse emoções estaria choramingando.

Entramos no elevado e subimos um andar. Miki começou a brilhar intensamente de novo. Será que ele ia virar um meteoro no elevador? Ele virou uma bola de luz alaranjada e vou até o meu peito. Miki diminuiu de tamanho e quando parou de brilhar havia um botom com a bandeira do Japão presa na minha camisa.

Não posso andar perambular por aí, minha aura chama muita atenção, por isso estou me escondendo nesse botom, Miki explicou antes que eu pudesse falar alguma coisa.

Muitas pessoas ainda estavam na praça de alimentação. Miki me disse para ir na direção do Mc Donald’s. Quando cheguei lá ouvi uma voz atrás de mim:

- Pagamento antecipado, ok?

Virei-me e vi um homem usando um, sobretudo marrom e uma cartola, seu rosto estava escondido por sombras. Na sua mão direita ele segurava um copo de meio litro do Mc Donald’s e a outra mão estava estendida, esperando o dinheiro.

Dê uma das moedas de fada para ele, a voz de Miki ecoou na minha cabeça.

Tirei do bolso da calça a bolsinha de couro, desatei o nó e peguei uma moeda. Senti-me um pouco culpado dando dinheiro que não era meu para um estranho. O homem fechou a mão e abriu-a. A moeda sumiu e no lugar havia um passaporte. Peguei o caderninho.

- Foi bom fazer negócio com você, Cacumbu. – E simplesmente desapareceu. Criatura Mágica, só podia ser.

Abri o passaporte, a foto estava em ordem, mas o nome não. Xarlys di Olivieira. Miki deve ter mandado fazer isso de algum jeito, o nome estava errado, mas pelo menos ele sabia quem eu era.

Ótimo, vamos comprar sua passagem.

De volta no andar de baixo, fui até uma agência chamada Magic Fly onde Miki me disse que poderia comprar as passagens sem nenhum problema. Fiquei me perguntando se alguém notava aquele, já tinha ido ao aeroporto antes e era a primeira vez que via esse lugar. A atendente não era humana, a cor azul marinho da pele delatava.

Quando cheguei e ela olhou para mim com uma cara de bunda.

- Em que posso ajudar senhor? – Ela falou com uma simpatia forçada.

- Vim comprar uma passagem. – Respondi meio tímido.

Idiota, Miki cuspiu.

A mulher/bicho do filme avatar, revirou os olhos com a expressão “isso eu já sei, eu quero saber para onde”.

- Orlando, Flórida.

- Antes preciso saber o que você.

Mostre a varinha para ela.

Quando tirei a varinha do bolso, a atendente olhou para mim com um sorriso constrangedor, será que eu tinha feito algo de errado?

- Você de estar indo para o May Fairy Fest, não é? – Disse ela com um enorme sorriso no rosto, fiz que sim com a cabeça, sem entender direito o que estava acontecendo. – Vou fazer um pacote para você, hospedagem e tudo.

Pelo menos eu não teria que me preocupar com o lugar aonde iria dormir, Miki suspirou na minha cabeça, será que ele estava tramando algo?

- Já que você vai para o M.F.F. a passagem vai sair mais barata. – Rapidamente entreguei uma moeda de fada para ela, a atendente olhou com os olhos esbugalhados para o dinheiro. – Com isso eu te coloco na primeira classe. Aqui o voo parte daqui meia hora.

Peguei os papeis e fui até a sala de embarque.

Você não sabe o que acabou de fazer, Miki disse, sinceramente, Cacumbus não foram feitos para pensar.

Meu rosto ficou vermelho de raiva, Miki não podia simplesmente ficar parado falando mal de mim quando bem entendesse.

- Por que não fez do seu jeito então? – Retruquei.

Não tinha nenhuma fila para entrar na sala de embarque.

O problema não é esse, idiota, é no que você acabou de nos meter. Parei, musica soava no recinto.

- Me explique então, o que eu fiz?!

O May Fairy Fest é um evento, Miki começou a falar, eu entrei na sala e fiquei parado, pasmo com o que vi. Que reuni fadas homossexuais passivas.

A sala de embarque parecia um cabaré, fadas dançavam freneticamente ao som de Bad Romance, e elas também tinham uma aura luminosa irritante. Algumas usavam camisas com Eu sou uma bicha LOUCA estampado na frente.

E as coisas continuaram agitadas até a hora do embarque. A primeira classe era mais comportada, tinha televisão e as cadeiras eram muito mais confortáveis. De repente a TV liga e aparece na telinha uma mulher bronzeada falando, embaixo dela havia uma faixa roxa dizendo o nome dela: Kim Kardashian. Pelo visto seria um voo muito longo.

Duas horas foi o tempo total da viagem, Miki me explicou o avião ia por rotas mágicas e por isso o voo foi rápido.

Um ônibus estava esperando todo mundo, ele ia nos levar para o hotel, que aparentemente também era o lugar do evento das fadas.

Que viagem chata, Miki disse entediado.

- Eu sei, eu não acredito que o cunhado da Kim enfiou uma nota de cem dólares na boca do garçom.

É talvez você realmente pertença ao M.F.F.

Meu inglês estava enferrujado, mas consegui fazer o check-in. O evento estava acontecendo no salão de festa e parecia ser mais intenso do que eu imaginava. Só ouvi gritos e mais Lady Gaga.

Um grupo de jovens estava indo até o salão, eu fiquei olhando, não eram fadas, não tinham aquela aura brilhosa, poderiam ser humanos?

Um deles parou abruptamente e se virou, os outros também pararam, nossos olhares se encontram. Ele tinha um cabelo louro e encaracolado, parecia ser um pouco mais velho do que eu e tinham purpurina na pele.

Vampiros, eu odeio esses caras, Miki começou a rosnar na minha cabeça.

O vampiro continuava olhando para mim como se eu fosse um prato apetitoso. Saquei minha varinha e apontei para ele, era um blefe da minha parte eu não sabia usar aquilo. Mas o vampiro pareceu nem ligar para minha ameaça, ele deu um passo para frente. Um clarão saiu da varinha e atingiu um dos vampiros, este explodiu em pétalas de rosa. Todos outros gritaram e saíram correndo para dentro do salão menos o louro, ele me fuzilou com o olhar e foi embora.

O quarto era enorme, uma cama king size me esperava, em cima da cama havia uma cesta cheia de pães.

An-pan! Miki voltou a sua forma original e correu direto para os pães. Começou a comê-los freneticamente. Eu também estava com fome, cheguei mais perto para tentar pegar um pão. Miki começou a rosnar. Só meu, meu!

Peguei o cardápio ao lado da TV e analisei, liguei para recepção e pedi uma sopa de frutos do mar.

A sopa chegou rápido, quando olhei para o prato meu estomago revirou. Levei-o até a mesa e fiquei encarando o liquido bege com um POLVO vivo no meio do prato. Já ia ligar para reclamar quando o polvo pulou no meu pescoço.

Vai tentar me comer, é? Ele disse com raiva, seus tentáculos começarem a apertar o meu pescoço, não conseguia respirar direito. Não vai conseguir me comer se tiver morto Cacumbu!

De repente os tentáculos se afrouxaram e eu desabei no chão, Miki estava com o polvo na boca e começou a mastigá-lo até engolir o bicho, antes de ir o polvo praguejou: filho da pu.... Depois pulou na cama e se aconchegou bem no meio dela.

Perdi totalmente o meu apetite, só queria dormir. Mas Miki não me deixava dormir na cama então tive que me deitar no chão frio, um travesseiro de penas caiu em cima de mim.

Odeio travesseiro de penas, Miki alegou, mas acho que no fundo ele se importava comigo. A dor de cabeça voltou pior do que da ultima vez, insuportável, como se um carro passasse em cima dela, e parou. Nem pense nisso, nunca me importaria com um Cacumbu. Agora durma amanhã iremos para o parque da Disney.

Legal, nunca tinha ido para a Disney antes, mas por que a logo a Disney? Ignorei, fechei os olhos, só que era impossível dormir. Miki era uma raposa do poente, e pelo o que eu pude notar elas brilham feito uma estrela cadente de noite!


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