– Becca, como foi o seu primeiro dia de aula? - Perguntou minha mãe, quando chegou do escritório.

– Quero ter uma conversa série contigo. Sobre isso...

– Nossa, sua expressão não está nada boa. O que aconteceu? Algum problema na escola?

– Não mãe, na verdade, o problema está comigo. É duro ter que ir para aquele colégio aonde eu fui muito feliz, rodeada de amigos, ao lado do Yago, e saber que nada mais é como antes, meus amigos me abandonaram e o Yago me trocou pela vadia da minha ex melhor amiga.

– Eu sei que é difícil... - Não, ela não sabe - mas, esse é o melhor colégio da cidade, o que mais aprova em vestibulares, eu não quero que você trabalhe em um escritório como eu, isso é o melhor para o seu futuro, com tempo, você fará novos amigos, e quem sabe, até conhecer um novo amor.

– Mas mãe... ter que conviver com a Megan e o Yago não está sendo nada fácil, ela roubou tudo que era meu, tudo!

– Não adianta, você não vai sair do colégio!

– Vou falar com o meu pai!

– Seu pai anda muito ocupado com a nova família dele pra se preocupar com você, não acha? Você não vai sair do colégio, porque eu não quero que você saia, e esse é o melhor para você. Um dia quando você for adulta, ou até quem sabe, antes disso, você conseguirá me entender.

Sai da sala sem dizer uma palavra, porque eu discordava com tudo aquilo que a minha mãe estava dizendo, mas preferi não comentar nada, afinal, a última coisa que eu queria era brigar também com a minha mãe. Entrei no banheiro, tomei um banho, e as lágrimas insistiram em cair juntamente com as gotas do chuveiro, chorei em lembrar da conversa com a minha mãe, chorei por lembrar da trágica separação dos meus pais e chorei por minha vida estar ficando cada vez pior.

No dia seguinte quando eu cheguei na escola, encontrei o Yago pela primeira vez desde o dia que ele me deu o fora e disse na minha cara que amava a Megan, quando eu passei por ele no corredor, meu coração doeu, da mesma forma que doeu quando ele me trocou, da mesma forma que não doía a bastante tempo, nossos olhares se encontraram, era como se estivesse apenas eu e ele no corredor sombrio, mas, eu não percebi que a Megan e minhas antigas amigas vinham atrás dele.

– Tira o olho dele, Burrinha repetente, agora ele é meu! - Disse a Megan, rindo com suas novas amigas

Me segurei para não cair no choro, eu ainda amava o Yago e queria ter de volta todos os momentos lindos que passamos juntos, que todos os sonhos que tínhamos juntos, tornassem reais, que ele largasse a Megan e continuasse a escrever sua história, ao meu lado. Entrei na sala de aula, mas não consegui prestar atenção em nenhuma aula, eu até tentava, mas eu só conseguia lembrar das palavras da Megan, do Yago, e de todo o mal que eles planejaram para fazer em minha vida.

"Jessica, hoje a minha aula acabou mais cedo. Vou para casa caminhando."

Após mandar SMS para minha irmã, arrumei meus materiais na mochilha e sai da sala, quando cheguei na portaria, vi o que eu mais temia ver nesses últimos 3 meses: O Yago e a Megan aos beijos. Naquele momento, meu mundo desabou, afinal, eu tinha acabado de ver o menino com quem eu dei o meu primeiro beijo, o único garoto que eu havia beijado em toda a minha vida, aos beijos com a minha ex melhor amiga. Tudo bem que eu já sabia que eles estavam namorando a 3 meses, mas eu nunca os imaginava juntos, quanto mais, aos beijos. Antes que eles percebessem a minha presença, eu sai correndo no meio da rua, não conseguia pensar em nada, minhas pernas ficaram bambas, como se eu fosse paraplégica e não as sentisse mais, meu coração começou a pulsar mais forte, lágrimas insistiam em rolar sobre meu rosto e eu me sentia como se estivesse perdida no mundo, perdida na cidade pequena que eu nasci, como se eu não soubesse mais onde era minha casa, como se todas as pessoas que eu visse na rua estivessem sabendo o que eu sinto e tive a sensação que a distância da escola até minha casa tinha aumentado.

De repetente, ouvi carros buzinando, alguém gritando o meu nome, tudo ficou escuro e me lembro de estar ouvindo vozes de pessoas gritando meu nome, sirene de ambulância, sentia a vontade responder eu não conseguia.