Estava quase chegando o horário que o Jared havia combinado de me encontrar no jardim da praça para jantarmos e eu já estava pronta, como era um jantar básico durante a semana, não me arrumei muito para não parecer que eu tinha passado horas escolhendo uma roupa e me arrumando, mas na verdade era o que eu havia feito. Eu estava usando uma saia rodada de renda azul marinho, uma camiseta branca simples, uma sapatilha no mesmo tom da saia e uma bolsa pequena apenas para levar o básico mesmo, fiquei sentada na cama olhando fixamente para o relógio, parecia que ele não estava ao meu favor e que nunca chegaria ao horário combinado. 

Quando finalmente chegou o horário esperado, sai do meu quarto e fui caminhando com fones de ouvido no volume máximo até a saída, quando eu vi a minha irmã deitada no sofá ainda com a roupa que havia passado o dia inteiro na faculdade, e ela falou algo que eu não consegui ouvir devido à altura dos meus fones. Retirei os fones para ouvir o ela estava falando, provavelmente era alguma piadinha de mau gosto. 

- Posso saber onde minha irmã mais nova está indo assim toda arrumada? 

- Não te devo satisfações, você é a minha irmã mais velha e não a minha mãe. 

- Mas a mamãe não está em casa agora e você me deve satisfações, o que eu falo quando ela perguntar por você? 

- Diz a ela que eu vou jantar com as minhas amigas e volto depois das 21:00.

- Espero que você já tenha estudado e feito a lição de casa. Sair demais atrapalha e você sabe muito bem disso, não é? R-E-P-E-T-E-N-T-E. - A Jessica havia acabado de pronunciar a palavra que eu mais odiava nesse mundo.

Eu fingi que não tinha ouvido aquela piadinha sem graça da minha irmã, coloquei novamente os meus fones e caminhei até a praça. 

Quando cheguei à praça, o Jared já havia chegado, ele me viu, sorriu para mim e me cumprimentou com um abraço.

- Você está linda, linda como sempre... - Sussurrou o Jared em meu ouvido. 

Como toda a vez que ele sussurrava em meu ouvido, me arrepiou e sorri envergonhada.

- Vamos ao restaurante? 

- Vamos.

Caminhamos até o restaurante que não ficava longe dali, e no caminho conversamos coisas sobre escola, músicas, família e assuntos do cotidiano. 

Chegamos ao restaurante, escolhemos uma mesa para dois, e o garçom logo veio nos atender trazendo o cardápio. Escolhemos pizza de quatro queijos para comer, e para beber, um refrigerante. 

- É tão bom estar contigo, Becca.

- Digo o mesmo, obrigada por ter me convidado. 

Nós ficamos sem falar nada, ele estava com a mão sobre a minha, acariciando-a levemente, quando estávamos prestes a dar um beijo, o garçom chegou com os nossos pedidos. Pelo visto nós não tínhamos muita sorte em quase todas tentativas éramos interrompidos. 

Quando acabamos de jantar, o Jared resolveu ir ao toalete enquanto eu fiquei na mesa esperando para sairmos do restaurante, tirei o meu celular do bolso e passei uma mensagem para a Vic. 

Acredita que eu e o Jared fomos interrompidos de novo? Você que começou com isso, Victoria... (Sei que você odeia quando te chamam assim).

Dessa vez eu não tenho culpa, Becca... (Por isso não me chame assim, querida...)

Comecei a digitar uma resposta para a Vic quando uma pessoa se aproximou de mim, pensei que era o Jared e levantei a cabeça sorrindo, mas era uma pessoa que eu jamais imaginaria estar naquele lugar. Como ele havia me encontrado?

- Posso sentar-me aqui? – Perguntou o Yago.

- Pode, afinal, já estou de saída... – Falei me retirando da mesa.

Ele começou a rir ironicamente, me puxou agarrando-me a força e começou a me beijar violentamente na frente de todos do restaurante. De repente, fui interrompida por uma voz familiar. Era a voz do Jared.

- Becca? Yago?

- Não é o que você está pensando, Jared! – Foi a única coisa que consegui falar.

- Assuma Becca, que o nosso romance ainda não teve ponto final. – Disse o Yago, rindo.

- Cale a sua boca, você não se cansa de estragar a minha vida?

- Obrigada por me avisar, Yago, mas, beijá-la na minha frente já é demais!

- O que? Vocês se conhecem? – Eu falei, indignada.

- O Yago é meu primo. – Afirmou o Jared.

- Tchau, felicidades ao novo velho casal!

O Jared disse saindo do restaurante e eu fui atrás dele.

- Jared, me escuta!

- Escutar o que? Você mentir uma coisa que eu vi com os meus próprios olhos?

- Mas estava na cara que o Yago havia me agarrado à forças.

- Não foi o que parecia. Quer saber de uma coisa? Não me liga mais, esqueça meu beijo, tudo que eu já te falei, esqueça a minha existência!

O Jared saiu e eu me sentei na calçada do restaurante, com a cabeça baixa, em lágrimas, quando eu pensei que nada podia ficar pior, o Yago senta ao meu lado.

- Está chorando porque perdeu o namoradinho? Coitadinha... Estou aqui para te consolar, se quiser um consolo estou aqui, prometo que dessa vez não te engravido.

Eu olhei para o Yago e com toda força e raiva que estava dentro do meu peito, bati no rosto dele e sai correndo. Diminui a velocidade, pois não havia mais forças, as lágrimas continuavam descendo do meu rosto e mesmo a cidade não sendo muito grande parecia que a minha era do outro lado do mundo e nunca iria chegar.

Todos me olhavam nas ruas, eu não conseguia me controlar, minha vida tinha voltado a ser o que era antes, uma verdadeira merda e o culpado era sempre o Yago. Maldita hora que eu me apaixonei por aquele garoto, maldita hora... Cheguei em casa e a minha irmã estava no mesmo lugar que eu havia deixado, sem olhar para ela, evitando qualquer tipo de diálogo, subi as escadas correndo e chorando, eu queria que o mundo se acabasse, eu queria esquecer o que havia acontecido naquela noite que daria tudo para ser uma das melhores ao lado do Jared.