Sasuke se espreguiça na cama suspira cansado.

Gemeu quando os raios de sol atravessaram a cortina da janela e atingiram seu olhos. - Mais que porra... - Resmunga e se senta no colchão e esfrega levemente os olhos olhando em volta se lembrando que estava na casa de Naruto.

- Realmente... - murmura - sou um graaande homem...

Se levanta e novamente se espreguiça e caminha até o outro lado da cama vendo um colchão no chão vazio. Estranhou, afinal, Naruto disse que dormiria ali já que não gostava de dormir em sofás.

Saiu do quarto e olhou o corredor e pode ver pegadas que manchavam o chão de barro então correu até a escada e a desceu procurando pelo Uzumaki e o encontrou dormindo no sofá com um telefone nas mãos. Foi até o loiro e pode ver que os sapatos dele estavam cheios de barro.

- Naruto - cutucou ele - acorde, Naruto. - Vendo que o loiro nem se mexia, respirou fundo e o pegou pelo braço empurrando-o com tudo no chão - Acorde, seu vagabundo!

O Uzumaki abriu os olhos e os piscou varias vezes antes de se levantar rapidamente, mais ao fazer isso sente uma pontada na cabeça e cambaleia até o sofá novamente.

- Mas o quê...

- Que merda é essa no seu sapato, Naruto? E por que estava dormindo no sofá? - Cruza os braços irritado.

Naruto olha para o Uchiha confuso - Dormi no sofá? - Repete o que ele disse e fecha os olhos irritado com a dor de cabeça - Não era você que... não... espera... - os abre der repente e olha o telefone no chão. Passa a mão nos cabelos nervosamente - Alguém... alguém ligou pra cá e... eu atendi... que merda... o que ela  disse?

- Pare de ser tão paranoico e levanta daí! - Sasuke descruza os braços e anda rapidamente até a cozinha ajeitando a blusa social que tinha pego do Uzumaki - Estamos atrasados e precisamos chegar logo na empresa, temos reunião agendada!

- Desde quando você se importa com essas reuniões?

Naruto aparece na cozinha e pega dois comprimidos e um copo d'água. - Se me recordo, você nunca foi em uma o que me faz perguntar: Por que?

- Por que não gosto de dar minha opiniões, sabe que quando me irrito falo muitas porcarias, iriamos falir por minha causa. - Sasuke vai até a geladeira e a abre procurando algo para comer mais estava vazia - Cara... você precisa fazer compras... sério... - olha para o loiro que dá de ombros em quanto enxia uma xícara com café - Então... alguém ligou aqui?

Naruto parou imediatamente o que estava fazendo e olhou para o moreno que estava encostado na geladeira. Suspirou e olhou para o teto - Acho que sim...

- Acha?

- Bem... não tenho certeza... é possível que sim... - suspira mais uma vez e desce seu olhar para a xícara na sua mão - Era uma mulher, pelo menos acho que era no entanto não consigo me lembrar o que ela disse.

- Babaca!

- Nani?!

- Responda: Por que seus sapatos estão sujos? Podia pelo menos ter limpado eles né?

Foi então que Naruto reparou naquele detalhe. Seu sapato social estava todo lamacento e outra questão se formou em sua mente. Por que estava de sapatos socais? Balançou a cabeça, esse ato fez parecer com que sua dor de cabeça aumentasse.

Onde havia ido para que seus sapatos ficassem tão sujos? Era inverno e havia chovido de manhã e isso significaria que ele tinha andado perto da floresta...talvez? Mais para o que...? Não se lembrava de ter saído a noite...

(...)

Era estranho o que estava acontecendo, normalmente sempre que alguém morria passava a acompanhar outra pessoa imediatamente, como se fosse teletransportada e dessa vez isso não aconteceu, apenas ficou ali. Foi abandonada?

Não... mas, aquilo não era o que queria? Que tudo parasse, que aquilo que acontecia parasse e ela não precisasse mais ter que seguir todos os passos das pessoas? Então por que se sentia tão... só... se sentir assim é realmente um sentimento? Arregalou levemente os olhos com tal possibilidade, será que finalmente ela estaria tendo sentimentos? Mas se fosse assim... deveria sentir o que chamam de "felicidade" não? Quando pessoas sorriem, riem e não se sentem sós... então seria isso... não tem como sentir felicidade se ninguém pode ficar com ela. 

Afinal... ela não existia para os humanos.

Não sentia ódio, raiva, tristeza, felicidade, solidão ou podia simplesmente sorrir. Por que? A resposta era sempre a mesma. Não á motivos ate por que, como alguém que não pode ser ouvida, sentida ou pelo menos vista pode precisar de amizade, amor ou carinho de alguém se esse alguém nem mesmo podia existir pra ela?

Sem lembranças não era nada e a unica coisa que queria era saber quem era, será que ela foi criada e deixada de lado por ser algum tipo de defeito como viu naqueles filmes de criação artificial. Sim... podia ser aquilo também não é? 

Mais uma coisa ela sabia, sim uma pequena coisa que podia ser até insignificante para muitos e até comum, e que para ela... significava um começo. 

Seu nome era Hinata.

(...)

Sasuke olha para os desenhos mais uma vez no entanto não conseguia se concentrar para poder analisa-los. Bufou e olhou para a janela. O céu estava escuro e dava sinais de que iria nevar o que o faria ficar até mais tarde no trabalho já que seu carro tinha "acidentalmente" quebrado.

Olhar aqueles desenhos era a mesma coisa que imaginar Sakura com aqueles vestidos. A mais de um ano sentia algo diferente referente a ela, não era mais apenas uma atração corporal era algo que o fazia sonhar todas as noites com ela, imaginar os dois jantando juntos quando preparava sua própria comida em seu apartamento solitário, se imaginavam acordando juntos e ainda nutriu por algum motivo o pensamento que se algum dia ele a pedisse para ela morar com ele, a Haruno aceitaria. No entanto...

"Sasuke... por muito tempo eu tive as esperanças de que algum dia você me reconhece não como um possível objeto sexual como você faz com todas as outras, que visse em mim algo a mais, mas... você nunca percebeu o quanto eu te amava... na verdade, sei que sabia... - ela suspirou e deu as costas - infelizmente... não posso aceitar seus sentimentos...

O sorriso se Sasuke se desfez e ele imediatamente se levantou da cadeira e ficando atrás de Sakura - Por... que não?

- Como eu poderia confiar em você?? - ela se virou tão rapidamente com uma expressão raivosa no rosto que o Uchiha recuou dois passos assustado - Sasuke, você sempre um será alguém que usa mulheres e as descarta depois de uma noite de sexo, sempre as fazendo ter ilusões sobre sua pessoa!! Por Kami, Sasuke.... você usou minha melhor amiga... você acabou com o relacionamento da TenTen com o Lee e ainda acredita que eu iria correr atrás de um sentimento ridículo como "amor" pra algum dia também me usar e acabar comigo? - Sakura sentia seus olhos arderem, porém não se permitiria chorar na frente do Uchiha - Quando eu era adolescente... - respirou fundo e olhou nos olhos negros do moreno - eu sonhava que algum dia nós poderíamos ter um futuro sabia? Eu sempre agradecia por no colégio, você ficar apenas por ficar com as patricinhas, com as lideres de torcida ou com as populares, e também agradecia por pelo menos me encarar como amiga, afinal... eu era uma nerd estranha de cabelos rosa que tinha a amizade de Uchiha Sasuke! Mais isso me fez perceber que esse momento de amizade jamais evoluiria e mesmo assim eu mantive falsas esperanças... e... quando percebi que não aguentaria mais... - se vira novamente quando sentiu uma fina lágrima descendo seu rosto, tratou de enxuga-la - desisti... e por isso eu posso dizer que não o amo mais. Entende Sasuke? Eu não o amo! Na verdade... eu diria que o odeio... mais não posso me render a esse sentimento...

- Sakura... - murmura baixinho fechando os olhos. Aquilo era humilhante mas nem ligava mais para seu orgulho. Estava tendo o coração esmagado por aquelas palavras. Palavras que não eram mentiras e queria que fossem - Voce... realmente não me ama mais?

- Não. - Sakura se virou e encarou os olhos ônix de Sasuke com firmeza - Descobri que posso ser feliz dando esse sentimento a outra pessoa, entregando meu coração a quem me ame do mesmo jeito. Sasuke - ela sorri sem humor - eu achei a quem amar de verdade e que pode me retribuir, se realmente me ama... esqueça... ache pra quem dar esse amor e o fortaleça. Cresça!"

Como ele encontraria a quem amar agora? Como poderia esquecer cada palavra daquelas que foram tão cruelmente jogadas na sua cara? Naruto tinha razão, toda a razão. Se perguntava por que nunca havia escutado o Uzumaki quando ele dizia que era para tentar enxergar Sakura de outra maneira, afinal... Naruto já tinha se apaixonado e sido rejeitado e disso se lembrava bem, e olhe como o idiota estava.

- Preciso de uma bebida...

Se encaminhou para a porta e saiu, rapidamente já estava na rua sendo capaz de sentir o frio do inverno bater no seu rosto, ajeitou o agasalho e colocou a toca da blusa de frio andando apressadamente na calçada querendo encontrar o mais rápido um bar. Bebida seria perfeitas para o frio.

Pode visualizar os primeiros flocos de neve caindo e aquilo o deixou um pouco preocupado. Logo as ruas estariam novamente cheias de neve e ninguém mais sairia de casa. Apressou os passos vendo que estava chegando próximo á praça da cidade. Suspirou pesadamente, ainda se recordava muito bem de quando Sakura o convidou para um sorvete no verão de 2002 e ali em um daqueles bancos ela se declarou falando claramente "Eu te amo".

Lembrar-se daquilo fazia seu coração pesar, doer. Teria sido melhor se naquela época tivesse aceitado o que a rosada dissera.

Decidiu parar na praça e caminhar nela. E daí se estava nevando? Queria apenas poder pensar e talvez uma caminhada ajudasse, certo? 

Foi até um balanço no pequeno parquinho no meio da praça e se sentou em um. Olhou para o céu e novamente deixou que seus olhos se tornassem vermelhos pelas lágrimas que agora deslizavam em seu rosto.

Em quanto isso Hinata observava atentamente a reação do homem misterioso que estava sentando no balanço ao seu lado. Ele chorava tanto, parecia estar sobre uma tortura eterna e queria poder ajuda-lo e não havia como e isso era tão... chateador?

Seus olhos perolados olharam novamente para ele vendo-o soluçar e parecer uma criança indefesa.

Queria ajudar e até tentou toca-lo na cabeça, mas sua mão atravesso-a.

Hinata nem sabia...

Acabava de sentir pena de alguém.