O Sentido Da Vida escrita por Enma Ai


Capítulo 13
12. Nara


Notas iniciais do capítulo

Demorei mais do que queria pra postar, me perdoem fantasminhas e não fantasminhas T^T



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"No pequeno universo chamado cérebro é onde se constrói sua própria história. Todas as pessoas vivem suas histórias. - Seiichi Kirima (Boogiepop Phantom)"

~

Abriu os olhos e a única coisa que viu foi escuridão na sua frente, olhou para o canto do comodo e viu seu avô olhando fixamente para a vela que iluminava mal ao seu redor. - Onde estamos, velho? - perguntou, mas não recebeu nenhuma resposta de volta, seu avô continuou a olhar a vela e logo arregalou um pouco os olhos. - Velho... não ficou louco ficou?

– Cale-se. - Soichiro falou rudemente e apenas se pôs a suspirar. Ele começava a irritar. Olhou-o novamente e pigarreou, o olhar assustado do mais velho lhe incomodava muito e estranhamente aquilo lhe dava uma sensação ruim.

Ele não pode ter voltado? Quem voltou?– Passou a mão no rosto cansado e se lembrou do irritante Toshio. Ele simplesmente os arrastou até a cidade vizinha e os colocou em um lugar desconhecido, sem qualquer acomodação minima que seja. Até parece que ele faria a bondade de colocar ao menos uma cadeira. Maldito, maldito mesmo. Tsc. Eu deveria estar ajudando meus colegas no trabalho para encontrar o culpado pelas explosões mas não... tenho que ficar trancado em um lugar que parece a casa do bicho-papão. Rangeu os dentes de raiva e viu a porta se abrir, provavelmente era um dos amiguinhos com máscara do velho que vinha entregar a comida.

– Vejo que estão bem. - Sentiu uma onde de choque odiosa invadir seu corpo ao ouvir aquela voz cínica novamente - Espero que meus subordinados tenham tratado vocês de maneira excepcional até por que eles são muito... hun... fechados.

– Onde estamos velhote? - perguntou direto e se levantou. Toshio ligou uma lanterna e apontou para sua direção fazendo seus olhos arderem pelo contato com a luz - Ei, pare de apontar essa coisa pra mim!

Toshio gargalhou e pareceu olhar para Soichiro - Lamento por não ter luz aqui. Não imaginei que iriamos vir aqui novamente sabe... faz anos desde a ultima vez que me acomodei nesse lugar, - ele riu novamente - Soichi-kun, por acaso está com medo?

O Nara se levantou bruscamente e olhou com raiva para o Namikaze. - Você sabia que ele tinha vindo, você sabia e e se aproveitou disso.

– Oras, Soichi-kun, que acusação mais... memorável? Bem, deixando isso de lado, vamos aproveitar que meu humor está uma maravilha hoje e tomar um ar puro, que tal? - Um dos "amiguinhos" de Toshio apareceu com outra lanterna e ofereceu ao Nara mais novo que aceitou sem reclamar. Toshio parecia sorrir feliz com algo - Vamos, vamos. Quero um pouco de sol, estou velho e luz não é o que me faria mal.

Eles saíram do comodo e caminharam pelos corredores escuros. Shikamaru não pode deixar de notar que o piso era velho e escuro, as paredes estavam descascando e o cheiro de mofo era forte. Observou o avô que andava ao lado do homem com a máscara de coelho, ele olhava para as costas do outro idoso e parecia que a qualquer momento poderia se dar por vencido, roubar a arma do mascarado e atirar no seu "velho amigo". Não que eu não quisesse fazer o mesmo. Aquela ideia era, no final, muito tentadora. Interrompeu seus pensamentos quando viu uma luz no final daquela escuridão.

– Ei, Shikamaru-kun. - O mais novo sentiu nojo pelo jeito que o velho tinha lhe chamado. Quem diabos ele acha que é pra me chamar assim. Mas que inferno.– Hu-hu, que jeito de pensar... - Shikamaru arregalou levemente os olhos e o viu sorrir levemente. Céus... o que ele...– Eu soube que é delegado, Shika-kun. Deve ser um trabalho bem puxado, até por que Konoha sempre foi muito agitada. Sabia que tem pessoas que tem medo daquela cidade? - o velho riu e passou a mão no cabelo - Na verdade... o governo japonês deve ter ainda mais medo. Cidade de demônios.

Shikamaru olhou para ele desconfiado. - O que quer dizer?

– Konoha é um lugar onde se deve ter muito cuidado, quando menos se espera "PUFH", sua vida pode virar de cabeça para baixo, tudo dar errado ou certo de mais, só se sabe que o azar é de quem tem tudo e dos que nada tem é a morte.

Um sorriso macabro surgiu nos lábios de Toshio e Shikamaru sentiu um arrepio passar pela sua espinha. Esse velho... é simplesmente... de outro mundo...– O que... quer comigo?

– Você o conheceu mesmo. - o Nara andou para ficar a frente do mascarado e acompanhar os passos do idoso e o fitou confuso - Eu percebi isso quando você falou sobre Naoto. Concordo plenamente. Esse inútil realmente se parece com aquele outro inútil.

– Toshio...

Shikamaru ouviu a voz do avô, rouca e ameaçadora e aquilo só fez o Namikaze rir - Vamos Soichi-kun, você nunca poderia me ameaçar. Alem disso, seu neto parece conhece-lo bem. Me pergunto se ele mudou... ha, claro que deve ter mudado, deve ser um "bom garoto" agora, com amigos, emprego e sonhos realizados, metas a querer cumprir e ilusões sobre o futuro. Sabia Soichiro-kun... Orochimaru está tramando algo pelas minhas costas, ele provavelmente está com a ridícula ideia de conseguir pega-lo mas tanto eu ou você sabemos que isso é impossível. Ninguém pode toca-lo.

– Eu deveria nunca tê-los conhecido... e quando tive a oportunidade, deveria ter feito como ele me pediu...

– Soichi-kun... nunca foi capaz de matar, como conseguiria mata-lo? Sempre um covarde...

– Er... sabiam que eu ainda estou aqui, não é?

O Nara mais novo interrompeu-os irritado pela conversa deles. Ambos falavam sobre a mesma pessoa e o que irritava Shikamaru ainda mais era saber que seu avô estava envolvido com algo muito mais sombrio do que imaginava. - Posso saber de quem tanto falam com o maior carinho? - Perguntou irônico.

– Ah, a saída. - Namikaze Toshio respirou fundo sentindo o ar fresco e sorriu voltando-se para Shikamaru - Oras, meu jovem, não apresse as coisas até por que tudo se esclarecerá em seu devido tempo. Hun... quanto tempo falta mesmo para 10 de Outubro?

– É isso que pretende...? - Soichiro perguntou com pesar na voz. Shikamaru pode perceber que aquilo provavelmente não era bom - Esperar por 10 de Outubro?

Toshio colocou a mão em frente dos seus olhos ao entrar em contato com a luz do sol. Shikamaru estreitou os olhos incomodado e quando se acostumou com a luz forte pode ver aquele garoto novamente. Naoto. Ele estava da mesma maneira de quando saiu do templo, quieto e obediente, porém assim que viu Soichiro seus olhos pareceram iluminar por um momento. Deve se sentir só, garoto...

– Ah, como é bom sair na luz do dia. Aniversários sempre são maravilhosos. - o tom cínico de Toshio não passou despercebido por Shikamaru. 10 de Outubro... vou me lembrar dessa data. - Hun... tem algo estranho... na onde estão os convidados Naoto?

– Eles ainda não chegaram... Soichiro-sama - Naoto olhava fixamente para o chão sem demonstrar qualquer emoção. - Parece que a maioria deixará de vir.

– Entendo... uma pena... acho que eles gostariam do Soichi-kun. - Toshio sorriu e caminhou devagar até uma gaiola que estava coberta por um pano - Vê isso Soichi-kun, foi o presente do nosso querido Orochimaru. Aquela cobra nojenta me surpreendeu.

– O que quer comigo, velho idiota? - Soichiro apertava as mãos fortemente - O que planeja?

O sorriso de Toshio se desmanchou e seus olhos se tornaram duros e frios, ele olhou para o Nara mais velho rapidamente e passou a mão no cabelo bagunçando-o. - Quero acabar com Orochimaru. - Soichiro gargalhou porém logo parou quando recebeu um dos velhos olhares intimidadores do Namikaze - Não estou brincando Soichiro. Orochimaru a muito tempo anda me irritando, eu soube de algumas coisas patéticas dele e sinceramente prefiro elimina-lo nesse momento antes que ele acabe fazendo uma grande besteira. Ou talvez ele faça isso por mim.

Ele não vai fazer nada. Se ele voltou não foi para isso...

– Como pode saber?Ele ja fez isso uma vez, mesmo que a muito tempo... nada o impede de fazer a mesma façanha novamente. Além disso... é melhor acabar com Orochimaru antes que ele chegue perto do nosso "bom garoto", pensando bem... é bom que nenhum dos dois cheguem perto dele. Algo ruim poderia acontecer, ruim do tipo... chacina...

– E você aprovaria. - Soichiro riu irônico e irritado com suas proprias palavras.

– Por que não? - Toshio sorriu e bagunçou os cabelos esbranquiçados com a mão - Vocês Naras sempre foram uma coisinha muito irritante, sabia? Sempre tentando fazer coisas boas quando passam por cima de pessoas boas. Se acham superiores, quando na verdade não passam de um bando de vermes nojentos que acham ter o poder em suas mãos e nem se quer conseguem lidar com uma maldição. Escória... - Toshio vociferou enraivecido. Acho que esse velho é bipolar... ou caduca mesmo... Pensou Shikamaru contendo a vontade de rir. - Me diga Soichiro, o que de útil você fez ao seus filho?

– Cale-se!! Shikaku foi um homem cheio de duvidas e sentimentalismo pelo mundo afora e por isso morreu, não posso fazer nada quanto a isso.

– Você podia salva-lo. Sua familia tem esse poder...

– Os Nara nunca quiseram se envolver com essa maldita história! Shikaku foi tolo, ele sabia o preço que pagaria por tentar algo como aquilo.

– E vocês também sabiam. Admita Soichi-kun - Toshio apontou para Shikamaru e olhou seriamente para o Nara mais velho, - você quer ver seu neto morto como Shikaku foi morto, ou talvez... você queira que ele faça o que você não pode fazer pelo nosso "bom garoto".

Hun...? O que Soichiro não fez pelo "bom garoto"? Pensou Shikamaru se sentando no chão prevendo a longa conversa dos dois assim também sendo ignorado. Ele se envolveu em coisas muito ruins, percebo isso só pelo jeito de Toshio, me sinto enjoado em imaginar que sou sangue do sangue de um homem que pode ter sido assim... ou talvez ainda seja...

– O que prometi a ele não pude cumprir... mas mesmo assim nunca obrigaria ninguém fazer isso por mim. Apesar dele merecer morrer, ele é inocente...

– Ninguém é inocente, Soichiro Nara. Muito menos você. Pain sabia disso, eu sei disso, Orochimaru sabe mais que ninguém - o Namikaze soltou um riso sarcástico -, e a falsa Kaguya também... - Toshio percebeu o quanto abalou o Nara ao tocar no nome dela e continuou a provocação -, Naras são corruptos, seguem aquilo que inventaram, obedecem suas mentes doentias e ignoram aquelas que necessitam. Pobre garota... seu engano pode ser capaz de causar tanta dor quanto imaginado, não Soichi-kun?

– Cale-se!

O grito que mais pareceu uma suplica soou forte e alto, até mesmo Shikamaru ficou surpreso com o desespero de seu avô e por algum momento sentiu pena. O idoso forçava fortemente os olhos e estava com as mãos nos ouvidos como se tentasse impedir que as palavras do outro o atingissem. Shikamaru não entendeu o que sentiu logo após que Toshio se ajoelhou contendo as lágrimas, só soube que precisava desviar a visão daquilo ou cometeria uma loucura.

– Vê isso, Shikamaru Nara, isso é seu avô. Um velho idiota que pensa que pode mudar a ordem das coisas por si mesmo e só depois percebe que não é um super-herói e que não pode fazer nada sozinho, necessitando de ajuda até mesmo de seu velho amigo, ou inimigo. Um tolo nunca muda. Velho imbecil. Ninguém é capaz de mudar o futuro, Nara. Nem mesmo seu sobrenome, seu cargo, seu passado ou suas intensões por melhores que sejam. O nosso bom garoto sempre será um louco que está a solta atrás daquilo que lhe trás a realidade... Mas você sabe não é Soichi-kun? A realidade é cruel com aqueles que a veêm com os olhos de um morto, e você Shikamaru Nara? - Toshio o olhou com um sorriso doentio nos lábios e aproximou-se perigosamente dele com os olhos arregalados. O Nara mais jovem perdeu o folego ao se deparar com as safiras que tanto lhe lembravam um certo loiro -. Vê os mortos?

(...)

Caminhava devagar entre a neve se apoiando nas árvores enquanto ofegava. O que estou fazendo aqui?. Perguntou-se e olhou para o céu nublado preocupado e se questionou quando voltaria a nevar. Como vim parar aqui? Por que estou na floresta? Tenho que sair... preciso sair... mas só tem árvores e mais árvores... como sair... como...?

Retomou a andar, no entanto sentiu uma leve tontura e se ajoelhou. Tossiu e sentiu certa dificuldade na respiração.

Todo seu corpo tremia por causa do frio e como desejava estar em sua cama enrolado em cobertores. A minha casa... onde... onde ela fica?. Colocou as mãos na cabeça sentindo uma dor latejante e soltou um grunhido que parou ao clarear a mente e relaxar. Sua boca tremia e seus olhos pesavam. Sinto-me como se não dormisse á dias...

Segurou fortemente uma árvore e se levantou forçando-se a caminhar. Abraçou o proprio corpo e não sentiu mais seus dedos. Estou congelando... se isso continuar vou pegar hipotermia...

Os passos ficaram lentos e o corpo pesado. Vou acabar morrendo... Caminhou mais um pouco antes de se sentar exausto, deixou seus olhos se fecharem lentamente, logo não ouviu mais nada e pensou que estava morto, mas então ouviu um som delicado que lhe parecia familiar, como... Uma... caixinha de música...?– Aquela música pareceu fazer seu corpo criar vida, abriu os olhos e olhou ao redor a procura do lugar que ela vinha.

Passou a mão nos olhos quando viu uma pequena mancha negra entre a neve. Uma cabana. Se levantou com dificuldade e um sorriso se formou em seus lábios que com certeza estavam azuis. Talvez tenha alguém lá. Não posso ficar aqui. Não posso morrer. Ainda tenho que... Se perdeu em suas palavras e soube que tinha algo importante que não se lembrava, algo que lhe deu arrepios pelo corpo, não de frio e sim de medo, que foi substituído por confusão e depois inexplicavelmente, raiva. Raiva de si mesmo, de quem era e de algo que havia feito.

Rapidamente tudo foi tomado por tristeza e amargura quando viu finalmente a cabana coberta pela neve. Seus olhos se encheram de lágrimas e seus passos se tornaram mais rápidos e descompensados. Desespero. Angustia. Saudade.

Seu corpo se chocou contra a madeira e seus olhos se arregalaram, se arrastou praticamente até a velha porta e viu uma corrente e um cadeado interligando suas pontas. Com as mãos tremendo tirou o cadeado e abriu a porta.

O escuro se tornou claro, com velas penduradas e móveis novos aqui e ali pela cabana agora nova e aconchegante. Tinham quadros no chão cobertos por panos brancos e delicados e o lugar parecia abrigar alguém. Deu alguns passos enquanto seu corpo parecia mais leve e o frio de antes havia desaparecido. Se deparou com um pequeno espelho em cima da comoda e com hesitação o pegou, a visão que teve o assustou um pouco.

Seus cabelos estavam mais longos e sem brilho algum perante as velas, seus olhos também estavam opacos e sem vida, além disso nem se quer dava sinais do tormento que tinha passado na floresta. Virou um pouco o espelho para o lado e levou um susto quando viu uma garota segurando lençóis e uma jarra de aguá. Ela lhe sorriu e caminhou até uma parte do local estendendo os lençóis.

– Olha... eu sei que as coisas estão feias com a nossa família... mas ainda estou me perguntando o motivo de me trazer pra esse lugar. Pensei que fosse apenas seu e da minha irmã. - As palavras dela soaram maliciosas, mas me manteve impassível a olhando e tentando entender quem era ela, por mais que familiar, não me recordava - Que foi? Não vai me responder?

Nem te conheço. Era isso que queria dizer mas nem se quer abriu a boca e quando o fez as palavras surgiram automáticas e sem uma ordem partida dele. - Talvez eu queira faze-la parar de sentir dor.

A garota riu alto e olhou para um canto qualquer enquanto mordia o lábio inferior - Você não pode fazer nada, Uzumaki-san. Papai sempre vai ser um idiota egoísta sem carinho algum, que não se importa com suas filhas e somente para seus contratos e sócios. Ele só liga para si mesmo, acho até mesmo que se fosse por ele, minha irmã jamais subiria ao poder da familia.

– Seu pai é tolo e velho, poderiam fazer o mais fácil com ele. Envenenamento, no festival de caça uma bala misteriosa poderia o atingir, contratar um mercenário, para isso é a coisa mais fácil de se fazer hoje em dia no submundo do comércio empresarial estrangeiro. Seria fácil, calmo... sem barulho. Quem sabe um desaparecimento?

Ela o olhou abismada e sorriu nervosa para ele, seus olhos cinzentos transmitiram algo que compreendeu na hora. Medo.

– O... que está dizendo? A Hime disse que você poderia ser um tanto estranho mas isso é de mais não?

– Estrangulamento, esquartejamento, balas, facadas, tortura. Existem muitas formas de tira-lo de suas vidas e mesmo assim não fizeram nada. Você é tão idiota quanto sua irmã.

A garota arregalou os olhos e se afastou perturbada. Ela ergueu e mão como se assim fizesse uma barreira entre eles. - Olha aqui, sei que também não gosta do meu pai e realmente, ele não é lá essas coisas, mas por favor... não me venha dizendo coisas assim. E porque está dizendo isso da Hime? Pensei que a amasse.

Ele a ama... nunca confirmei o mesmo de mim para a nossa Hime, pequena. Mas então... vamos nos livrar de sua dor?

Com uma dor aguda na cabeça Naruto se agachou e revirou os olhos vendo tudo se desmanchar, as cores voltaram a se tornarem escuras e opacas, entre tanto manchas surgiram nas madeiras velhas e logo delas começaram a escorrer um liquido vermelho do qual demorou a perceber que era sangue.

Fechou os olhos com força e sentiu sua camisa úmida, abriu-os devagar e percebeu que havia sangue em seu corpo e suas mãos tão vermelhas quanto qualquer outra coisa, abriu e fechou a boca várias vezes antes de olhar para frente e desejar que aquilo fosse apenas um breve pesadelo que passaria.

Seus membros não se mexiam e sua respiração começava a falhar, a dor na cabeça se tornou mais forte. Aqueles olhos brilhantes que viu na menina agora estavam sem sinal de vida olhando em sua direção, escuros e medonhos.

Pare... não quero ver mais nada!!!

A dor em sua cabeça se tornou ainda mais forte fazendo-o não ser mais capaz de conter gritos por causa das inúmeras pontadas que sentia. Pare... por favor... pare... pare...

Naruto-kun...

... Naruto-kun... Naruto...

Com a visão embaçada olhou na direção da voz e deixou as lágrimas caírem com força. Uma mulher sorria docemente ajoelhada ao seu lado. Eu já vi esse sorriso... eu já vi... já vi esses cabelos... alguém importante... quem...?

Naruto tentou mexer seu corpo mas estava paralisado e a única coisa que podia fazer era olhar para a imagem daquela mulher.

Vai ficar tudo bem Naruto-kun. Vocês são um só. Eu estou aqui... e amo os dois.

(...)

"Essa é a história de um menino-monstro amável.
O menino-monstro era gentil e zeloso, enquanto seu irmão era cruel e ardiloso.
O pai do menino-monstro amava seu irmão cruel e o menino-monstro se tornou solitário e tristonho.
O irmão cruel um dia foi em uma missão e nunca mais voltou.
O pai do menino-monstro magoado o transformou em um animal selvagem.
O menino-monstro que um dia foi bom se tornou um verdadeiro monstro.
O pai orgulhoso o chamou de esperança,
A esperança das pessoas que se quebrava quando encaravam o monstro.
Essa é a história de um monstro sem piedade.
A história de um monstro sem passado ou futuro, preso em sua própria maldição."

...

Shino olhou curioso para Takao que segurava o pequeno livro em os óculos na ponta do nariz. Balançou a cabeça negativamente e o idoso bufou irritado.

– Como é possível pessoa mais burra? - o Himura fechou o livro com violência e o olhou para o moreno com raiva -. Sabe quem escreveu isso?

– Não faço a miníma ideia.

– Nem eu. - Takao deu de ombros e encarou a capa do livro que continha inúmeras pequenas "histórias" como aquela. Diziam sobre várias situações e aparentemente sobre pessoas diferentes. A que acabara de ler era a que considerava mais estranha -. Meu pai disse "cuide dele como se fosse você mesmo, por que nele estão a vida das pessoas". Creio que o autor desse livro sabia das coisas de moradores e as escrevia sem mencionar nomes. Essa história que lhe contei é a única que fala a palavra "maldição" então pesquisei mais a fundo.

– E o que descobriu?

Takao suspirou e passou a mão no rosto se sentindo incomodado com algo. - Em um livro antigo diz que algumas vezes, apenas algumas vezes, quando uma pessoa morre com algum sentimento muito forte, ela é atingida pela maldição dos Sete e... uma a mais, que supostamente seria a maldição que o estrangeiro trouxe para a cidade. Li uma frase que dizia isso: "... e ele caminhará pela Terra sem rumo, sem nada para se recordar ou algo para se ligar ao destino. Marcado pela morte."

– E...? - Shino perguntou impaciente.

– E que eu não sei o que significa. Oras, você é o jovem aqui. Descubra você que tanto quer saber dessa cidade!

Takao guardou o pequeno livro e se misturou entre as novas pilhas de livros que tinham se formado. Shino continuou olhando na direção em que ele tinha ido e pensou nas novas informações adquiridas. Definitivamente. Konoha é mais que uma cidade... Marcado pela morte, hen? Isso seria o quê?

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Notas finais do capítulo

Então... Soichiro e Toshio são dois velhinhos bem estranhos, principalmente o Soichiro, ele é um vira-casaca isso posso garantir D: e bipolar D: um velhinho que parece bobinho, as vezes egoísta e que pode ou não ter amado seu filho, vou fazer ele parecer ter escolhido algum lado, mas sempre é bom lembrar... Soichi-kun passou por muita coisa =X
Narutinho hoho, decidi acelerar as coisas apenas pra ele, estou enrolando muito nesse assunto, e ainda tem o Shino, ele será aquele que dará o primeiro paço para o glorioso futuro! -sqñ
PS: Estou querendo postar uma nova fic *-* nem sei por que, dou nem conta de uma *-*



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