Amor Sem Fronteiras escrita por PetMom, Ana Tiemi


Capítulo 3
Capítulo 3 "Apresentação Particular"


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo será revelador... Esperamos que gostem!



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            Artur manteve sua promessa e não se esqueceu do pedido que fizera à Helena. Ela estava nervosa, mas atenderia ao desejo do amigo. Começou a estudar violino depois que sua família mudou de cidade, e percebeu que a música era uma linguagem totalmente diferente. Uma que ela conseguia usar para expressar seus anseios e desejos profundos. Por isso todos adoravam ouvi-la tocar: conseguiam sentir a música em seus corações.

            Todos estavam na sala esperando a apresentação começar. Helena estava em seu quarto com a cabeça enfiada embaixo do travesseiro, rezando para sumir, desaparecer da existência e só aparecer novamente depois que todos esquecessem tudo sobre a tal apresentação. Porque essas coisas aconteciam com ela? Tudo que gostava era de tocar para si mesma, mas sempre tinha que acabar mostrando suas habilidades em público, algo que odiava. Porém lembrou-se de Artur, de que foi ele quem lhe pediu que tocasse. Isso piorou sua ansiedade, mas lhe deu força para levantar e pegar seu instrumento.

            Desceu as escadas e viu que tudo estava pronto para que ela começasse. Sem olhar para ninguém, sentou-se no banco e começou a tocar. Não prestava atenção em mais nada, sabia que se pensasse em todos a observando, erraria. Em vez disso, imaginou que estava sozinha ainda em seu quarto e tocou como faria nessa situação. Sua música era realmente uma obra de arte. Parecia ter vida.

            Seu pai e sua mãe sempre ficavam orgulhosos de ver a filha tocando, assim como Laura. Guilherme achou o máximo, sabia admirar o talento das outras pessoas. Artur não se movia. Seu semblante parecia desinteressado e sério. Quando a música terminou, Helena abriu os olhos e percebeu que ele continuava imóvel. Por uma fração de segundo, teve a certeza de que não havia agradado. Tudo bem, pensou, pelo menos sei que agora nunca mais vão me pedir pra tocar quando vierem nos visitar...

            Mas Artur se levantou e começou a bater palmas. Todos seguiram seu exemplo, rindo e elogiando a magnífica violinista. Helena gostava quando outros apreciavam sua música, mas morria de vergonha com aclamações. Simplesmente sorriu e agradeceu. Mas interiormente estava radiante.

            Naquela noite Helena não conseguiu dormir. Pensava sobre a apresentação, e uma questão lhe atormentava. O que está acontecendo comigo? Nunca fiquei tão contente por uma pessoa apreciar o que faço. Quando ele está por perto pareço uma idiota, fico mais desengonçada do que o normal, não sei o que dizer... Isso está me matando. O pior é que sei que logo ele estará longe. E sei que tenho que apoiar os planos dele, pois isso é o que fazem os amigos de verdade. Amigos?... Amigos. Parece uma palavra tão fria para descrever o que sinto por ele... Mas não! Sempre fomos amigos, e continuará assim. Mas não consigo evitar essa sensação quando penso em ficarmos distantes...

            No dia seguinte, todos estavam na cozinha tomando o café da manhã.

            – Tenho um programa muito divertido para hoje! Mas só para os homens... – disse Paulo.

            As garotas se entreolharam, com um sorriso quase imperceptível no rosto. Elas conheciam bem os programas ‘divertidos’ de seu pai.

            – E o que é o programa meu bem? Espero que você também não tenha que o manter em segredo para nós, mulheres. – disse a mãe das garotas, sorrindo carinhosamente.

            – Não é segredo algum, Ângela, minha querida. Hoje teremos uma reunião no clube de golfe! – respondeu, animadíssimo com a idéia.

            Guilherme, que estava bem no meio de um gole de café na hora em que recebeu essa bela notícia, engasgou. Laura deu-lhe tapinhas nas costas, segurando para não gargalhar. Artur tentou tirar o amigo dessa enrascada, fingindo entusiasmo para Paulo:

            – Que ótimo programa! Temos que nos arrumar então, vamos lá Guilherme, levante-se... – disse, puxando o amigo para que esse se levantasse e carregando-o para cima, ainda com uma crise de tosse. Ao chegarem no andar de cima, Guilherme não se conteve e exclamou:

            – Clube de golfe!? Golfe!? Tenho vinte e nove anos, e não pensei que jogaria golfe antes dos sessenta.

            – Sim, mas pense no bem-estar do Paulo, que sempre nos tratou tão bem. Vamos sim, e fingiremos estar nos divertindo!

            Paulo estava esperando no carro e os rapazes estavam saindo, quando Helena falou, zombando:

            – Divirtam-se!

            Saíram ao som da gargalhada de Laura. Quando chegaram no clube, Paulo foi logo se encontrar com seus amigos, e os rapazes se sentaram à sombra de uma árvore.

            – Certo, me lembre do que estamos fazendo aqui, num campo de golfe? – disse Guilherme.

            – É, eu sei que você preferia estar com a Laura... – respondeu Artur, rindo.

            – O quê? Não entendi onde está a piada. – Guilherme retrucou, mas sabia muito bem ao que o amigo se referia. – Mas ela realmente me diverte muito, tenho que admitir.

            – Acho que todos perceberam isso... – disse Artur.

            – Na verdade... Estou pensando em chamá-la para sair... O que você acha que ela vai dizer?

            – Ohhh, eu aceito! – falou Artur, imitando o jeito dramático e a voz de Laura. Os dois começaram a rir.

            – Mas o que você vai fazer quando formos chamados para o Programa e tivermos que viajar? – falou Artur, pensando em seus próprios dilemas.

            – Não sei, todas as coisas se resolvem com o tempo, afinal não ficaremos longe para sempre, certo? – respondeu o amigo, despreocupado como sempre.

            – Sim, é verdade... – disse Artur, voltando a ficar com seu aspecto sério e introspectivo. Guilherme sabia que quando o amigo ficava assim era melhor parar de falar, pois ao mesmo tempo que o amigo era muito divertido, às vezes preferia ficar sozinho com seus pensamentos.

            O resto da tarde passou sem mais acontecimentos. Paulo se saiu muito bem no seu jogo, como sempre e voltou para casa muito feliz. Quando chegaram, as garotas perguntaram como tinha sido o passeio. Os rapazes fizeram cara de quem tinha se divertido muito e disseram que iriam querer ir de novo logo. Elas se entreolharam novamente e deram de ombros, lamentando-se internamente porque não poderiam mais zombar desse dia.

            Helena estava sentada no sofá, lendo depois da janta. Estava mergulhada em seu livro, quando Artur sentou-se ao seu lado.

            – Esse livro parece interessante. – disse.

            – Sim, é um romance, eu não imagino que você iria gostar... – respondeu Helena, sorrindo.

            – Realmente não sei se eu gostaria... Nunca consigo saber o que fazer em matéria de romance...

            – Até parece... – disse Helena, sem querer demonstrando sua descrença na insegurança do rapaz, e riu, abaixando a cabeça. Isso fez com que uma mecha de seus cabelos caísse sobre seu rosto. Para sua surpresa, Artur afastou delicadamente a mecha, colocando-a atrás de sua orelha, e disse:

            – Daquele jeito eu não estava conseguindo ver seus olhos...

            Ela estava sem ação. Juntou toda sua coragem e olhou para Artur. Dessa vez, ele manteve o olhar.

            – Vou sentir sua falta... – Helena falou, quase sem voz, mas ainda olhando para ele.

            Quando ele ia responder, Guilherme entrou correndo na sala e gritando:

            – Responderam! Fomos chamados, partiremos em uma semana! Vamos para o Zimbábue! – e saiu correndo para a cozinha com a mesma velocidade.


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Notas finais do capítulo

E agora? O que será que vai acontecer??? Comentem ^^