*Sakura*

Fiquei o resto do dia trancada no quarto fazendo atividades escolares e escrevendo minhas poesias. Logo sairia o resultado do grupo de poesia e eu quero muito entrar nele. Além de que é a única coisa boa que me aconteceu desde que cheguei a Konoha. O celular passara a maior parte do resto do dia quieto no canto e quando eu finalmente cansei de ficar sentada com a bunda na cadeira de frente a um monte de cadernos eu levantei e fui pegá-lo.

Tinha uma chamada perdida. O número não existia na minha agenda então, resolvi retornar a ligação. E qual não foi a minha surpresa ao ver de quem era aquele número.

*ligação on*

– Alô? – perguntou a voz serena do outro lado da linha.

– Alô, quem fala?

– Bem foi você que ligou, então eu que gostaria de saber.

– Não, é que ligaram desse número para cá, e eu queria saber quem era. Quem tá falando?

– Sasuke.

– Como conseguiu meu número Uchiha?

– Com a Pucca.

– E por que me ligou?

– Eu queria falar com você. Mas é uma coisa que tem que ser pessoalmente. A gente pode se ver?

– Não é uma boa ideia Uchiha. – falei – E sugiro que delete meu número da sua agenda telefônica.

– Ok rosinha.

– Já disse para não me chamar assim.

*ligação off*

Raiva. Maldito Uchiha. Peguei e deixei o celular carregando e desci para a porta.

– Sakura para onde você vai? – perguntou minha mãe da porta da cozinha.

– Vou dar uma volta. – gritei e sai pela porta antes que ela falasse alguma coisa.

Eu precisava caminhar. Precisava tirar as preocupações da minha doce cabecinha, mas isso era quase que impossível. Eu havia levado meu caderno comigo. Pensava que talvez conseguisse encontrar uma praça onde eu pudesse escrever minhas poesias calmamente. E não é que eu encontrei. Havia uma grande praça totalmente verde a algumas quadras da minha casa e tinha um banco vago também, então eu simplesmente me sentei e comecei a rabiscar algumas linhas rimadas na folha do meu pequenino caderno quando escutei algumas passadas e de um momento ao outro o caderno havia sido arrancado de minhas mãos.

– Mas o que é isso? – perguntei ao ver um moreno de olhos ônix com meu caderno na mão. – Devolva.

– “Queria dizer que te amo. Mas de meus lábios as palavras não saem. Queria sentir-te em meus braços. Mas só vejo-te em meus sonhos e nada mais”. – declamou sorrindo um de meus versos – Não rimou essa parte.

– Nem toda poesia rima. – falei puxando o caderno de sua mão – Mas eu tenho certeza que uma pessoa sem um pingo de cultura não saberia disso. Acho até que um animal declamaria os versos com mais sentimento.

– Acha que não sei declamar? – perguntou-me – Pois saiba rosinha que eu declamava poesias quando tinha sete anos.

– Talvez nesse tempo você não fosse a mesma pessoa que é hoje. – falei – Talvez com sete anos você tivesse um pingo de cultura na sua cabeça.

– Dê-me esse caderno. – falou pegando o caderno de minhas mãos – Vou mostrar quem não tem cultura.

Ele rabiscou algumas coisas no caderno por um bom tempo, tentava bisbilhotar mais ele não me deixava olhar em nenhum instante. Por fim, ele devolveu-me o caderno.

*Visão do caderno on*

“Seria bom se você me amasse como eu te amo. Talvez algum dia você me veja de verdade. Talvez algum dia ainda que por pouco tempo, consiga olhar através de meu sorriso arrogante e ver um sorriso feliz por te ver. Possa ver em meus olhos negros indecifráveis o amor que escondo de ti. E assim, talvez um dia, possa me amar como eu amo você. E quem sabe nesse dia eu tome coragem, e diga com a minha própria frase as palavras que ficaram entaladas por tanto tempo em minha garganta. As míseras três palavras, as míseras nove letras. EU AMO VOCÊ”.

*Visão do caderno off*

– Não sabia que você escrevia desse jeito. – falei chocada, quem diria, um Uchiha que escrevesse poemas tão bem assim? – Se escreve assim, por que nunca colocou seu nome no grupo de poesia?

– Já pensou o que meu pai diria se soubesse que seu filho caçula escreve poemas? – perguntou-me e eu ri – Além de que esse não é meu único talento. E eu ainda participo de outro grupo escondido de meu pai, e até do meu melhor amigo.

– Que grupo? – perguntei curiosa – Desculpa, se você esconde até do seu melhor amigo, quem sou eu para você me contar.

– O grupo de desenho. – falou e fiquei chocada. – É eu desenho, e pelo visto devo ser bom, já que consegui uma vaga nesse grupo.

– Por que me contou? – perguntei.

– Contei o quê? – respondeu com outra pergunta.

– Que faz parte do grupo de desenho, se disse que esconde isso até do seu melhor amigo?

– Sei lá, acho que é porque você me chamou de insensível sem cultura. – falou indiferente. – Acho que queria provar que não sou isso, afinal de contas, ainda sou um Uchiha orgulhoso.

– Entendo. – falei levantando. – Tenho que ir para casa. Até amanhã na escola.

– Até amanhã rosinha.

*Sasuke*

– Até amanhã rosinha. – falei e ela sorriu gentilmente. Beleza, já ganhei intimidade suficiente para chama-la de rosinha, estamos progredindo.

Sasuke Uchiha, você é uma pessoa mal, tão mal que inventou pertencer ao grupo de desenho da escola assim, sendo que é seu querido e idiota irmão que fazia parte na escola. Mas qual seria o mal de roubar alguns desenhos do irmão dizendo ser seus e mostra-los a jovem Sakura?

Seduzir essa garota não estava entre meus planos para esse ano, mas irei fazer isso. Depois de ela ter me esnobado no primeiro dia de aula e se achar intocável, ela virou meu alvo. Grande coisa. Já havia feito isso com umas cinco garotas, e eu era totalmente expert. Ela cairia na minha lábia logo, logo como qualquer uma das outras garotas.

Entrei em casa uma hora depois, eu havia ido na casa do meu melhor amigo, Naruto para fazer um patético trabalho em grupo, mas depois segui até minha tediosa casa e fiquei jogando vídeo game o restante da tarde. Ganhei umas quinhentas vezes do meu irmão, sem contar as que ele desistiu antes do final. Depois tomei meu banho e deitei para dormir uma bela noite de sonho. E planejar o que faria para conquistar a rosada no dia seguinte. Afinal, eu era o garoto mais popular, poderia muito bem, fornecer uns pegas para a menina responsável do grupo de poesia aceitar a Haruno na equipe, ou se for menino, oferecer uma das garotas do meu fã-clube.