E De Repente, Adultos! escrita por Mina Phantonhive


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Gente, muito obrigada pelos comentários! Essa fic chegou a 30 coments e eu fiquei imensamente feliz. Um agradecimento especial ao IshidaNeji777, LordBleach, IchiHime, IchiHime Lover, Aster (leitora nova) Isaberu, Dalila Araújo (fã IchiRuki que está lendo) e a Rafaela Tainá Santos Maciel que foi a maravilhosa que me deixou o comentário nº 30 e fez minha semana mais feliz. Espero que tenhamos mais comentários e nesse capítulo, temos uma cena IchiHime que eu espero que vocês gostem e eu acho que vocês saberão de onde eu tirei a ideia do início da cena. Muito obrigada.



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A manhã passou normalmente, sendo apenas temperada por algumas risadas entrecortadas de Inoue e alguns grunhidos de Nemu. Realmente aqueles documentos estavam enlouquecendo-as. Orihime com seu estabanamento habitual corria como uma gazela em busca de assinaturas e em uma dessas corridas, ouviu dizer que Byakuya Kuchiki estava na sede e isso deixava o ânimo de todos à flor da pele. Até mesmo o tão corajoso Renji Abarai parecia uma criança que tinha acabado de ouvir uma estória de terror.

Ela foi em todas as diretorias, respirou fundo, pegou carimbos e assinaturas e logo depois, Kuchiki-sama, como era chamado, entrava na sala. Quando ela acabou essa corrida das assinaturas, o relógio dizia que era hora do almoço.

No momento em que ela e Nemu se dirigiam ao refeitório, Byakuya foi até a sala da Ichigo e o cumprimentou de maneira formal.

“Kurosaki, como está? Como estão as coisas na empresa?”

“Kuchiki-taichou, as coisas estão agitadas por causa do frenesi causado com a liberação das ações da Hueco Mundo e estamos tentando conseguir uma dessas ações no mercado para uma inserção compulsória e quem sabe uma tomada de território, estulo WAR, mas estamos providenciando os documentos e a secretária está louca, tadinha, opa, quer dizer, a Nemu e a Ori, quer dizer a Inoue (dito com um tom mais suave do que o da primeira) estão mesmo nos ajudando muito e olha que a Inoue começou ontem e já está com essa bomba nas mãos, mas não é mesmo competente?”

Kuchiki não entendeu nada do que Ichigo disse depois de “providenciando os documentos”, só que ficou intrigado com o fato dele parecer incrivelmente calmo, conhecendo o comportamento dele e também tendo ciência do tamanho da responsabilidade que tinha nas mãos. Aquilo era ideal, ele estava bem e não tinha ouvido os gritos habituais. Algo estava estranho. Falaria com Rukia imediatamente sobre isso.


Mesmo no almoço, Nemu ainda estava envolta em pensamentos com Ishida, aquela outra louca que veio antes e aquele fato do chefe tê-las defendido. Não que Ichigo fosse nervoso, mas ele não era do tipo que se indispunha por causa de funcionários, levando em consideração que já tinha indisposições mais do que suficientes pra uma vida inteira.

Ela ainda estava com esses devaneios quando Inoue lhe ofereceu sopa de ervilha com mel. A ruiva explicava sobre os supostos benefícios daquela mistura suspeita, dizendo ser bom para os ossos, músculos e tudo o mais que pudesse associar com a dança, como uma forma de criar mais um laço, já que ela parecia realmente agoniada com toda aquela seriedade. Só que a resposta de Nemu foi um banho de água fria na nossa querida ruiva.

“Ah, Inoue-san, eu comecei a fazer dieta hoje e eu fui proibida de comer o que quer que isso seja.” Nemu não quis ser grossa, contudo, aquela mistura era nojenta demais para suscitar algum apetite.

A ruiva estava toda empolgada oferecendo a refeição, mas quando ouviu a resposta de Nemu, murchou imediatamente e sentiu seus olhos marejarem. Levantou-se, pediu licença, e saiu correndo, correu tanto que trombou em Rukia que por ser de menor compleição que Inoue foi arremessada no colo do diretor geral, que estava com uma comitiva formada por Ichigo, Renji, Ishida e Rukia.

Orihime não conseguia tirar os olhos de Byakuya. Ficou petrificada. Aquele era o homem por trás da Soul Society, terrível. Ela sentiu tanto medo, algo inexplicável que permaneceu imóvel, lacrimejando e uma coriza saía de uma das suas narinas. Ela percebeu que Ichigo estava ali e todo aquele terror, somado a mais uma vergonha dela fez com que o cérebro dela tentasse tirá-la desse topor. Criou-se uma batalha na imaginação de Inoue onde Ichigo e Byakuya lutavam contra um inimigo desconhecido, e a coisa era muito terrível.

Rukia estava assustadíssima com a reação da secretária. Não esperava que ela tivesse tanto medo assim de Ichigo, já que ela achava que o irmão não era assustador o suficiente. O que aquele idiota ruivo tinha feito com ela? Será que ele não tinha salvação? Fez um sinal a esmo para alguém ajudá-la, pensando com certeza que seria Ishida, a alma com mais bom senso daquele grupo, já que o marido parecia sofrer do mesmo medo de Inoue.

Mas a maior surpresa de todas foi quando Ichigo foi ao auxílio de Orihime.

“Oe, Inoue! Tudo bem? Acorde!”

Mas na cabeça dela, Ichigo estava sendo ameaçado por um inimigo poderosíssimo e só ela podia protejê-lo. Começou a invocar um escudo para protegê-lo quando sentiu uma dor bem distante no alto de sua cabeça. Claro que a moça se lembrou de quando a amiga dela batia assim para tirá-la dos devaneios e disse:

“Tatsuki-chan, isso dói.”

Ela saiu do transe e percebeu quem estava em sua frente. Corou violentamente e tentou desviar o olhar, mas algo a impedia. Era como se a frustração de toda uma vida estivesse atando seus olhos nos dele e ela não desviaria dali nem se o próprio B. Kuchiki viesse pedir pessoalmente.

Mas o ruivo não pretendia ficar com ela ali por muito tempo, estava realmente preocupado com ela e que calor era aquele que se alastrava. Uma sensação diferente e intrigante, contudo, ele não era dado a pensamentos profundos, fez o que lhe parecia óbvio: pegou-a nos braços e jogou-a sobre os ombros.

Inoue estava viajando no olhar de Ichigo quando percebeu seu campo de visão mudar e sentiu uma pressão em seu estômago. Estava suspensa, com as nádegas viradas para cima e Ichigo estava encarando-a. Para não perder o foco dessa sensação de proximidade, ela ergueu o corpo e seu rosto ficou na direção de Byakuya Kuchiki, o medo voltou com tanta força, que ela teve a impressão de vê-lo sorrir levemente. Não sabia que medo era capaz de dar alucinações.

Enquanto era carregada por Ichigo, Byakuya se virou para Rukia e Renji, que estava tão lívido quanto Inoue, e perguntou sobre aquela cena.

“Rukia, quem é aquela moça?”

“Ah, é a nova secretária, irmão.”

“O humor dele está ótimo, não?”

“Sim irmão.”

“E você acha que essa mulher tem algo a ver com isso?”

“Mais ou menos irmão. Ela chegou recentemente e sempre foi muito respeitosa com ele. Observe pelo seu uniforme alinhado e ela nem exibe seus atributos de maneira leviana irmão. Dê-lhe mais uma chance. É normal se sentir desamparado diante de sua grandeza.”

“Rukia, alguém falou que eu vou pedir pra demiti-la? Só se eu quisesse falência, certo? Ainda tivemos sorte que o comportamento de Kurosaki ainda não nos levou à bancarrota, devido ao número de incidentes envolvendo seu modo deveras litigioso para resolver pendências administrativas. Uma pergunta: ele fez alguém chorar hoje?”

“Não, irmão.”

“Então o que quer que essa moça esteja fazendo, faça com que ela continue.”

“Ok, irmão.”

“Ah, e Renji? Acho que o cargo de diretor não está fazendo bem para você. Parece tão tenso...talvez seja hora de repensar os cargos.”

Renji que ainda estava lívido, despertou de seu torpor e disse: “ Ah, nada disso Byakuya-san. Eu estou ótimo. Esse cargo é perfeito e eu não nunca estive tão bem em minha vida.”

Claro que o diretor estava pegando no pé de seu cunhado e aquele terror nos olhos dele era uma espécie de combustível para a relação deles. Ele tinha a estranha consciência de que ele era quem fazia sua irmã mais feliz e não a via com mais ninguém, mas ele não podia se privar de uma brincadeira evocando a velha rivalidade entre cunhados, não? Já que ele não tinha sogra.

Deu uma risada curta, mas sincera e um pouco sádica e continuou seu caminho pelos corredores da SS.


Nemu, no refeitório, se censurava por ter dito aquilo para Orihime. No fundo, sabia que ela só queria fazer amigos. Ouviu na escola que ela carregava uma grande dor, claro, que comparada com a dela não devia ser nada. Mas sua terapeuta sempre dizia que a dor é individual e seu efeito é devastador e nem mesmo ela tinha sentido todas as formas de dores do mundo para saber se a dela era maior ou não.

Continuou com o sermão interno sobre como foi grossa, mas não pensava em se desculpar. Aproveitou o silêncio desejado e pegou um livro e retomou a leitura. Ela não gostava de romances e se achava um robô disfuncional, mal programado, mas um robô. O livro que estava lendo era sobre um engenheiro que acabou se tornando um robô por achar funções biológicas obsoletas. Sim, ele teve um romance. Aparentemente, nos livros, sempre tem alguém para completar a metade da laranja, mas na vida dela, parecia que eram todos espremedores. E aquele livro era tão real para ela, que conseguia compreender a noção de obsoleto que o homem tinha. Era como se ela mesma tivesse.

Estava tão compenetrada que nem percebeu quando Ishida sentou. Ele não a cumprimentou ou ainda tentou chamar sua atenção. Ele mesmo sabia o quão importante era deixar a pessoa seguir sua jornada pelas páginas de um livro. Nemu tinha feito o papel dela inúmeras vezes, nisso que eles chamavam de relacionamento. Não era algo físico, já que o toque estava restrito à escola de dança que ela incrivelmente aceitou fazer, mas ele era um homem paciente. Sabia que conquistas não se davam a prazos curtos. Tanto em relação à engenharia quanto em relação a mulheres.

O que sentia por ela ia além de uma lembrança de uma Argentina perdida, claro que a semelhança com a dançarina misteriosa ajudou e muito, mas ela tinha algo que ele queria. Conhecimento. Nemu era um enigma que não queria ser decifrado e esse desafio o fascinava, sem falar que quando ela se permitia conhecer, era uma pessoa leal e extremamente confiável. Ishida sabia que podia confiar plenamente nela, mesmo que ela não sentisse nada romântico por ele. Contudo, ele era paciente e esperaria.


Ichigo estava com Orihime em seus ombros e foi em direção à sua sala, evitando o refeitório. Estava transtornado e achava que ela estivesse tendo um ataque de pânico. Mas qual era o motivo? E ela parecia tensa antes. Não sabia bem o que fazer, mas se lembrava quando Yuzu apresentava os mesmos sintomas. Ela tinha ataques de pânico desde que o pai sofreu o aneurisma, já que aconteceu na frente dela, então sabia mais ou menos o que fazer.

Entrou na sala e a deixou na cadeira de frente pra ele e começou a falar.

“Oe, Inoue, o que está achando do trabalho?”

Ela ainda estava atordoada quando se situou onde estava e a palidez começou a dar lugar a um rubor leve.

“Ah, eu estou atrapalhando. Eu estou fazendo tudo errado e eu não sei se eu vou me adaptar Kurosaki-san.”

“Ah, Inoue, tínhamos combinado que você me chamaria de Kurosaki-kun, não é?”

“Sim, me desculpe, viu como eu estou atrapalhando?”

“Você não está atrapalhando de modo algum.” E tomou a mão dela.

Aquele único gesto tinha tanta importância para ambos e eles nem sabiam. Ela sempre desejou aquilo, mesmo sem saber exatamente e Ichigo não sabia porque não teve coragem de fazer aquilo antes.

Ele massageou a mão dela com toda a delicadeza que possuía e já não era muita. Chegou a machucá-la, mas ela não se importou. Aproveitaria aquele toque como se fosse a última coisa na sua vida, tentaria decorar a sensação, caso não sentisse novamente.

Inoue estava nas nuvens. Tinha feito tudo errado, além da cena de medo do diretor geral, mas não sabe como, tinha acabado na sala do Kurosaki-kun. E ele mesmo tinha lembrado ela de chamá-lo assim. Mas ela estava sozinha com ele e envergonhou-se profundamente. Ficou com receio que pensassem mal dele e fez menção de se levantar, no que foi impedida prontamente.

“Você não está bem. Fique aqui por favor. Não vou deixar nada machucá-la, tudo bem? Fique aqui até se acalmar. Não vou deixá-la sozinha.”

“Kurosaki-kun, mas eu estou incomodando, daqui a pouco as ligações começam e Nemu-san não vai dar conta de todas, apesar de eu ser um pouco estabanada, ela precisa de ajuda, sem falar que não vai ser bom para o seu trabalho.

“Inoue, agora me escute. Antes de ser seu superior imediato, eu sou seu amigo. Eu te conheço há um bom tempo e o seu bem vem antes de qualquer compromisso profissional. Eu vou ficar aqui até você se acalmar e não importa o quanto demore, ok?”

Aquela palavra amigo foi sentida amargamente por ela e dita com um pouco de reserva por ele, contudo, ela não se mostrava interessante para ele. Quem sabe se a visse dançando, embora ainda não se considerasse digna dele ainda, mais agora, só que balançou a cabeça e decidiu aproveitar o momento. Levantou o cenho e o encarou diretamente por longuíssimos 5 segundos antes de baixá-lo, rubra e surpresa por sentir os lábios dele em sua testa.

“Kurosaki-kun..eu..”

“Só para você se acalmar Inoue. Funcionava com a minha irmã, espero que funcione com você também. Preciso de você bem.”

A associação com a irmã também não fez muito bem para o ego de Orihime, contudo, aquilo era muito mais do que ela podia esperar. Os lábios dele, no rosto dela, as cócegas durante sua fala. Aquilo era um presente e só queria mais um, que ele descesse os lábios um pouco mais e ele queria que ela subisse o cenho um pouco mais.

Não se sabe qual divindade conspirou, mas ambos fizeram o mesmo movimento e encostaram a ponta dos narizes um no outro e Ichigo estava a ponto de inclinar o rosto quando escutam a porta batendo.

Eles se afastam em um pulo, mas a mão dele ainda está massageando a dela.

“Entra.” Ele disse enfurecido.

“Ichigo, como está a Inoue? Por que ela está aqui e não na enfermaria, seu idiota?” Renji falou

“Porque ela estava tendo um ataque de pânico e eu sabia como acalmá-la, seu desgraçado.”

Renji teve aquela impressão de que atrapalhou algo muito intenso, devido à atmosfera no ar e se já estava apavorado por causa do cunhado, teria que enfrentar a fúria da mulher e ainda a de Ichigo. Esse dia não podia estar pior. Mas em uma última tentativa de arrumar o suflê solado, disse para Orihime que ele era mesmo assustador

“De que você está falando Renji?”

“Oras, ela ficou com medo do Byakuya-sama, ou você não percebeu, sua mula?”

Ichigo ficou um pouco aliviado, já que em seu íntimo, ela estava com medo dele, mas pra que esse ataque? Se bem que ele estava aproveitando bem até aquele vermelho chegar. E aquilo já era demais. Estava praticamente beijando-a e aquilo era errado em tantos níveis que ele nem saberia dizer, mas algo dentro dele dizia que ele estava certo e seus instintos nunca o deixaram na mão. Ele os seguiria, mas não na empresa, não sabia o que fazer. Mal sabia ele que a coisa era mais fácil do que parecia. Rukia tinha armado uma estratégia para fazer com que Ichigo fosse para a aula de dança. E aquilo teria que funcionar.


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Notas finais do capítulo

Esse é o maior capítulo da fic. Sem falar que apareceram muitos personagens, pode ter ficado um pouco confuso. Espero que tenham gostado.



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