Depois que a ligação foi cortada abruptamente, Hime começou a pensar no que seriam essas ações e claramente que não as venderia. Queria perguntar algo para Ichigo, mas não sabia se seria prudente, levando em consideração que não se lembrava de muita coisa que tinha acontecido e não entendia nada de ações. Contudo, lembrou-se que Matsumoto ainda estava ali e decidiu perguntar.

“Rangiku-san, você está bem o suficiente pra me responder algumas perguntas?”

“Claro Hime, o mais legal é você por cima porque..”

“Rangiiiiiiiiiiiku-san, não é isso que eu quero saber”

“Não? O que é? E eu não vou responder nada sobre aquele idiota do Byakuya porque ninguém tem que saber que estamos juntos, sem falar que realmente não estamos e ele é um idiota. Já falei que ele é um imbecil.”

“Kuchiki-sama? É ele o homem misterioso? Dos olhos profundos? Aquele homem assustador?”

“Ele não é tão assustador assim Hime. Ele tem meios de ser domado.”

Com medo dos rumos daquele assunto, a ruiva interrompeu. “Ações. Quero saber sobre ações.”

“Aiquecoisachata Hime. Por que quer saber disso?”

“Preciso saber. Recebi uma ligação.”

“Bom, depende muito do tipo das ações. Mas geralmente elas são vistas como parte do patrimônio da empresa, lhe dão direitos de participação, caso algo precise de unanimidade, compreende? Mas nada que a empresa não consiga driblar.”

“Mas e caso ela não consiga?”

“Todos os acionistas são convocados e todos tem poder de voto. Por isso acontecem as transações e troca de favores, entende? Se for um projeto polêmico, que vai mexer com o meio ambiente, que vai fazer algo que provavelmente vai prejudicar muita gente, mas dar muito dinheiro, uma votação unânime é a melhor maneira de prevenir contra possíveis revezes. Já que sempre tem alguém que pode denunciar, pode ir contra a decisão.”

“Então quanto mais crítica a decisão, mais valor a ação tem?”

“Não, não é isso. Quem determina o valor da ação é o mercado de ações, o que é algo aparentemente externo à empresa, algo que ela não consegue controlar completamente. A volatibilidade do mercado é algo incontrolável e até voraz, se você quer saber a minha opinião, mas depende muito da política da empresa, de seu produto, de seu público-alvo e de toda a economia global. As empresas, com essa coisa de globalização estão todas conectadas. Se dá algum problema nos Estados Unidos, a gente sofre, já que grande parte dos componentes dos computadores nós tiramos do Vale do Silício. Se tem alguma crise no Brasil, também entramos em crise, já que eles tem várias matérias-primas que não temos por aqui. Então, as ações são apenas um pedaço de toda essa loucura que se chama mercado.” Rangiku concluiu.

“Se alguém liga dizendo que você deve devolver certas ações se não sofrerá as consequências, o que isso quer dizer?”

“Do que está falando Hime?”

“Da ligação que eu recebi. Disse que era pra devolver as ações que eu tinha comprado de uma determinada empresa, se não eu sofreria as consequências.”

Matsumoto levou um susto. “Quem ligou e disse isso Hime? Quem fez isso? Você não tem identificador de chamadas? E como conseguem rastrear as compras?”

“Quando eu comprei as ações, eles pediram o nome da empresa que estava adquirindo. Deram um código numérico.”

“Mas eles pediram o seu nome Hime?”

“Não. Não pediram o meu nome, mas eu moro com o Ichigo agora, pode ser isso”

“Sim, pode mesmo ser isso, mas o Ichigo não é o dono da SS, na verdade nem o Byakuya é, mas pode ser mesmo para atacar o Ichigo.”

“Quem quer me atacar Rangiku? E o que você está fazendo aqui em casa e o que diabos aconteceu com você?” Ichigo disse sonolento.

Percebendo que Hime tinha ficado muito vermelha e adorando aquela cena, Ichigo foi até ela e a beijou no pescoço.

“Não é bem você Ichigo, na verdade a Himezinha aqui recebeu uma ligação bem esquisita e estamos tentando chegar a um consenso no motivo pra isso ter acontecido.”

Sentindo o desespero fluindo pelos seus poros, Ichigo agarrou a namorada e perguntou sobre o que era a tal ligação.

“Sobre uma tal de Hueco Mundo. Não sei como eles descobriram que eu comprei ações deles e pediram para eu devolver se não sofreria as consequências.”

“Mas eles sabiam que era mesmo você? Será que não era pra mim? Contudo, como eles sabiam que eu estava aqui? Com você?”

“O nosso relacionamento é bem público Ichigo. Mas não sabem que estamos morando juntos.”

“Na verdade sabem sim Hime.” Rangiku interrompeu. “A enfermeira sabia, ao menos pelo que me contou.”

“Mas eu disse a ela que ele morava em meu apartamento e não o contrário”

“Então foi ela.” Ichigo disse raivoso.

“Não, eu tenho certeza que não foi ela. E mesmo que tivesse sido, ela não teria acesso aos meus arquivos e muito menos ao telefone da nossa casa, certo?”

“Certo- Ichigo concordou - mas ...estamos sendo rastreados. Hackeados. Só assim, pra ter explicação.”

“E como podemos reverter?”

“Não tem como reverter, mas tem como bloquear. Temos que chamar o Ishida pra isso. Ver até onde a pessoa rastreou, como ela fez isso e nos prevenir de novos ataques.”

“Mas não tem como rastrear a ligação Ichigo? Quem sabe?”

“Bom, tem sim, claro que tem Hime, mas eu não sei muito sobre isso. Só sei negociar. O homem dos computadores é o Ishida. O Renji sabe menos do que eu.”

“Mas podemos chamar ele aqui?”

“Melhor irmos pra empresa, os computadores são infinitamente melhores lá.”

Depois de fazer as ligações necessáras, Ichigo, Orihime e Rangiku foram em direção a Soul Society. Ishida, Nemu, Sado e Tatsuki chegaram logo depois. Byakuya também estava lá, junto com Renji e Rukia.

Ignorando completamente a reação de Matsumoto ao ver Byakuya, Ichigo já perdeu as estribeiras dizendo que tinham ameaçado a sua mulher e que alguém iria se arrepender seriamente.

“Kurosaki, como você é diretor dessa empresa, eu nunca conseguirei compreender, mas fique calmo. Vamos analisar tudo o que aconteceu para assim traçarmos um plano. Inoue-san, por favor, nos conte tudo o que aconteceu.” Ishida disse calmamente.

“Bom, eu acordei, Tatsuki me ligou, conversamos e desliguei porque Rangiku-san bateu na minha porta. Quando ela entrou e estava nessa situação deplorável, ela foi tomar um remédio não muito ortodoxo e eu fui ler o jornal, onde estava dizendo que o houygaku já era uma realidade. Logo depois dessa notícia o telefone tocou e disse que era pra eu devolver as ações da Hueco Mundo ou sofreria as consequências. “ Hime disse rapidamente.

“O que diabos é houygaku?” Ichigo perguntou nervoso.

“É um aparelho que controla todos os eletrônicos. Na verdade é uma aspiração, entende? Existem várias empresas que querem criar algo semelhante, contudo, não tem como criar uma aparelhagem forte o suficiente para controlar todos os aparelhos eletrônicos do planeta.” Ishida concluiu.

“Na notícia dizia que já era realidade Ishida-kun, será que não é mesmo?” Hime perguntou.

“Na verdade, Byakuya interrompeu, ele existe. Foi criado por Urarara Kisuke e por isso ele foi demitido da empresa.”

“Só que aquele velho maluco é nosso colaborador, e um dos mais importantes Byakuya.” o ruivo disse zangado.

“O que não muda em nada o que aconteceu anteriormente. Ele foi o criador e o dispositivo funciona. Não tem como negar isso. Ele foi demitido sim, mas não muda o grande profissional que ele é e o quanto a empresa precisa dele. Mas eu me lembro que ele tentou destruir o dispositivo e foi impedido por alguém, um dos companheiros dele. Aizen Sousuke. O que eu não entendo é a relação disso com essa empresa que ameaçou Orihime Inoue.”

Assustada pelo chefão saber o nome dela completo, Hime ficou calada, mas se lembrou das duas mulheres com as quais conversou no dia anterior. “Ele é o dono da Hueco Mundo. Rangiku-san, aquelas duas mulheres que estavam com aquele cartão, lembra? Aquele cartão dizia Hueco Mundo. Esse Aizen é o dono dessa empresa.”

“Certeza Hime, Rukia, você não lembra? Aquelas garotas de ontem. Ah, eu não lembro o nome delas.”

“Neliel, a mais legal se chamava Neliel, a que estava bebendo mais. A que tinha o cartão se chamava Hallibel, parecia que era do financeiro da empresa e tinha pegado um cartão que comprava tudo. Como se fosse um cartão sem limites.”

“ Onde vocês conheceram essas mulheres amor?” Renji perguntou.

“Em um bar Renji. Lembra que eu fui em uma happy hour ontem? Elas estavam lá, tristes por causa dos companheiros delas e do trabalho. Aparentemente, não é tão legal trabalhar lá. Só que parecem ótimas pessoas. Não tem cara de conspiradoras e dominadoras ou algo assim.” Rukia respondeu.

“Elas não precisam saber de outros projetos da empresa. Se pensamos bem, é como aqui. Quem dos nossos funcionários sabe exatamente o que fazemos?” Sado questionou.

“Tem toda razão Sado-kun. Realmente é tudo muito segmentado, mas sabemos quem é o chefe e a ligação que ele tem com esse dispositivo. Se for verdade e o dispositivo estiver funcionando, teremos que fazer algo contra isso. E urgente. Sem falar que se for mesmo real, também pode funcionar como uma espécie de localizador. Precisamos agir rápido. Ishida concluiu.