E De Repente, Adultos! escrita por Mina Phantonhive


Capítulo 15
Você já viu o bater de asas de uma fada?


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, desculpe a demora. Esse capítulo é especialmente para a Juliana Minerva que me deu a sétima recomendação. Meu coração se exulta de alegria pra não dizer o mínimo. Mas queria saber o que aconteceu com os meus leitores. Quase não recebi comentários no último capítulo que postei. O que aconteceu? Vocês não gostaram? Sempre tem tantos comentadores de IchiHime por aqui..achei estranho. Bom, tiver algo errado, vocês me avisem, ok?

Este capítulo é pós bebedeira, então temos Tatsuki, Orihime e Matsumoto completamente embriagadas. Espero que gostem.



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Orihime chegou cambaleando em sua residência. Não se lembrava muito bem como chegou lá, contudo parecia de taxi. Tateou as chaves e deixou tudo cair, incluindo ela mesma e ficou gargalhando encostada na porta. Cena mais engraçada não havia. Achava ainda que estava sozinha, parecia que algumas lembranças estavam confusas. A mulher nunca tinha bebido em sua vida, sempre recebeu recomendações de quanto o álcool é vil e infame, mas por que algo assim é tão bom? Se sentia leve. Sim, leve! Iria testar sua leveza dançando no corrimão da escada. Uma ideia excelente na opinião da ruiva. Levantou-se com toda a dificuldade, porque ser leve em um estado de embriaguez não é algo muito fácil e se dirigiu ao corrimão, que não era lá um corrimão. Tinha um murinho deveras largo por ali. Dava pra ela dançar direitinho, se estivesse sóbria pra isso. Colocou o pé direito, suspendeu-se e ficou parecendo uma bailarina bêbada no ar. Para ela, a execução dos movimentos estava impecável, mas para seu namorado/marido/indefinido, que tinha se alarmado com as risadas ébrias e um barulho desconhecido, aquilo aparentava mais uma tentativa de suicídio controversa.

“Hime, Hime, desce daí. O que está fazendo? Está louca? Que cheiro de álcool é esse? Está bêbada? Orihime!”

“Kurosaki-kun, sente o vento. Você consegue sentir? Consegue ver as fadas? Consegue ver o bater de asas de uma fada? Porque eu sou uma fada! Observe isso!” E a mulher dá uma pirueta desengonçada e quase cai de onde estava, expoldindo em risadas.

“Hime, desce daí.” Ichigo estava desesperado, tão desperado que nem se preocupou em se vestir. Ouviu a risada estranha de Orihime e saiu do jeito que estava. De bermudas. Seu desespero se dividia em ver a namorada saltitando completamente bêbada no muro, levantando a perna pra quem estivesse passando e por ela não conseguir falar o nome dele nem nessa situação, nem bêbada. Ela não o chamava de Ichigo. Nunca o chamou de Ichigo! E eles moravam juntos, mesmo que ela tivesse mandado ele embora algumas vezes sempre preoupada com o conforto dele. Mas aquela não era a mesma Hime, aquela era uma Hime completamente embriagada e que estava exigindo algo dele, sem falar essa coisa de fadas.

“Vem dançar comigo! Vem Kurosaki-kun. Vem bailar comigo? Sobe aqui.” e estendeu a mão ébria caindo na risada.

“Eu não sei dançar Hime. Lembra que eu sou seu aluno na escola? E que não começamos as nossas aulas? Porque você está doente e agora está bêbada?”

“Não começamos as nossas aulas porque você tem medo de relar em mim. É por isso. Kurosaki-kun, por que tem medo de mim? Eu sou tão assustadora assim?” E o olhou com os olhos cinzas tristes.

“Como assim medo de você Hime? Você quem não fala o meu nome.” Ichigo já estava começando a perder a paciência.

“E você que não faz amor comigo, oras. Não vou falar o nome de um homem que não quer dividir a cama comigo. Mora comigo, fala que é meu namorado, fala na empresa na qual trabalhamos que estamos juntos mas repudia toda e qualquer ação. Simples assim, você não quer intimidade! Você fica nessa pose toda respeitadora, mas não respeita os meus sentimentos, oras. Vem dançar, prometo que não coloco a mão em você. KU.RO.SA.KI. SAN.” E fez um bico.

Ichigo não sabia o que responder depois disso. Ele queria muito fazer amor com Orihime, mas o próprio fazer amor tinha um gosto amargo na garganta pois não sabia se a amava. Sabia que sentia algo muito terno no coração, que ela era a cura para a sua tempestade interior, mas isso era o suficiente? Aquilo era amor mesmo? Não podia tocá-la enquanto não soubesse. Tinha feito esse voto, mas não sabia que ela o queria, que ela queria. Sempre teve uma pose inocente e continuou mantendo isso mesmo depois de tanto tempo, será que Ichigo estava em posição de tirar a pureza dela? Uma pureza que ela neste exato momento parecia detestar? E parecia estar afastando ela mais dele.

“Vem dançar comigo aqui ou eu vou embora. Sabia que eu sempre te amei? Desde a época do colégio?” E desatou a rir.

“Como?” Ichigo ficou impressionado e preocupado. Então subiu no muro junto com a sua fada

“É. Sim. Sempre te amei. Ok, sempre não, mas depois de uns meses você passou a ser a pessoa mais importante pra mim. Mesmo eu sabendo que não era digna da sua atenção.” E rodopiou.

“ Por que diz isso Hime?” Ichigo falou transtornado.

“Porque você era tudo o que eu queria ser. Temos os cabelos quase da mesma cor, né? E asa pessoas sempre fizeram das nossas vidas um inferno por causa disso, mas você enfrentava tudo. Queria a sua força, sua habilidade e honestamente, queria seus lábios nos meus uma vez ou outra. Mas eu era fraca demais...demaaaaaais” Fez uma pirueta mais ousada.”

“Mas Hime..eu..eu nunca..eu sempre..”

“Era normal Kurosaki-kun. Eu nunca fui muito forte ou decidida mesmo. Não servia para estar ao seu lado. Como eu acho que não seja agora, mas você está aqui...na ponta dos meus dedos.” Passando os dedos pelo peito de Ichigo. “ É tão real que eu sinto vontade de chorar de felicidade e mesmo que você sempre se afaste de mim, sinto que meus dedos podem alcançar você. Sente o vento Kurosaki-kun, sente o bater de asas de uma fada.” E saiu rodopiando.

Em uma situação normal Ichigo já teria tirado Orihime dali, jogado ela em seus ombros e a arrastado para o chuveiro pra tirar essa bebedeira na marra, mas não parecia ser o correto a se fazer. Porque havia muita coisa que ela disse, como por exemplo, que sempre gostou dele desde os tempos de colégio e que se sentia indigna de estar perto dele. Indigna. Que imagem ela tinha dele? Por que ela gostava tanto dele? E por que parecia estar sofrendo, mesmo dançando assim e quase caindo. “HIMEEEEE”

“Vem dançar Kurosaki-kun. Segura a minha mão.”

“Ichigo. Se você quer dançar, vai ter que me chamar de Ichigo.”

“Não.”

“Não?”

“Não. Vai ter que provar que quer ser íntimo se quiser que eu te chame assim. Vem dançar.”

“Você é intima de todos que dançam com você? É isso que está dizendo?” Ichigo foi se aproximando com uma certa raiva.

“Não, mas você me toca querendo me repudiar, como se eu fosse quebrar ou alguma coisa assim. Olha isso.” E pula fazendo um espacate no ar, deixando Ichigo impressionado e assustado “ Alguém quebrável consegue fazer isso? Consegue pular assim? Eu não vou quebrar, vai ter que confiar nisso se quiser que dê certo. Porque eu respeito e gosto demais de você pra mantê-lo aqui confinado em um relacionamento confuso e sem sentimentos e sem luxúria. O que você quer?”

“Eu sinto Hime, eu só não sei explicar. Esses dias aqui com você foram os melhores da minha vida e eu estou muito bravo por você não ter falado comigo na época do colégio.”

“E O QUE EU IA DIZER? EU NÃO SOU NADA COMO A KUCHIKI-SAN. Não tenho a coragem dela e nem a força. Eu não merecia fazer parte da sua vida. Você só tinha amigos fortes, assertivos e leais. Gente que daria a vida por você, que conseguiria lutar ao seu lado por tudo. Eu..ah, o máximo que eu conseguiria era ser a moça escudo, que era só isso que eu conseguiria fazer Ichi..Kurosaki-kun.

“Qual é essa implicância com a Rukia agora? Espera? Espera um pouco. Você não se aproximou de mim porque achava que eu gostava dela? É isso que está me dizendo?”

“E não é? Eu não sou do tipo de pessoa que atrapalha o relacionamento alheio. Vocês sempre estavam juntos, você mal me cumprimentava na escola e eu ainda tinha que achar que não tinha nada entre vocês?”

“Hime, eu tenho uma coisa a dizer. Eu também sempre gostei de você no colégio. Só que eu não sabia explicar. Porque você me faz sentir diferente, entende? Diferente de tudo o que eu sou e o que eu achava que era. Eu sempre perguntei de você pra Tatsuki, que não me contava praticamente nada. Eu sempre quis ser seu amigo na escola, sempre quis te chamar pra tomar uma porcaria de suco de laranja e eu nem gosto de suco de laranja. Poxa, quando você fala assim, eu me arrependo mais ainda de não ter tentado nada, mas pensa comigo. Pensa comigo, fada! Como eu ia chegar perto de você? Sua gentileza entra em total conflito comigo. Eu não sou gentil Hime, não sou um homem de gentilezas, não sou um príncipe e eu me sinto estranho perto de você. Eu fico querendo ser gentil. É uma droga, mas eu quero ficar perto de você. É estranho, me desculpe.”

“Eu não quero um príncipe Ichigo. Eu quero ficar perto de você, de qualquer jeito que puder. Se você quiser terminar eu vou entender, eu estou até esperando isso, mas eu respeitarei a sua decisão, mas me dá uma última dança?”

Ichigo queria saber como ela entendeu a declaração como um término, mas devia ser coisa do álcool, só podia. “Não. Eu não vou dar última dança coisa nenhuma. Essa será a nossa primeira dança. A dança de Ichigo e Orihime, que devia ter acontecido no baile da escola. Aproximando-se mais devagar, ele estendeu um braço e a enlaçou pela cintura e sem música alguma, dançaram por alguns minutos no muro, sem dizer nada um para o outro. Ele só ficou sentindo o aroma dela, que mesmo misturado com álcool era muito bom e ela ficou ouvindo o coração dele bater até adormecer em seus braços. Quando sentiu o corpo da moça pendendo, Ichigo a tomou nos braços e a levou pra casa deles. Deles. Não tinha um gosto amargo dessa vez, mas iria pedir explicações melhores sobre aquilo dela gostar dele e nunca ter falado, mas naquele momento, iria dormir abraçado com ela.

Do outro lado de Karakura, Tatsuki estraçalhava um saco de boxe sob o olhar estoico do namorado que não estava entendendo muito bem aquele comportamento. Ela tinha chegado bêbada e não tinha dirigido meia palavra a ele e começou a agredir o saco de boxe. Algo estava incrivelmente errado. Como era um homem de pouquíssimas palavras, dignou-se a observar aquele rompante e pensar como foi que tinham chegado ali. Sado se achava um homem de imensa sorte por namorar Tatsuki, pois além de amá-la, ela não exigia romantismo nenhum da parte dele e se alguém perguntasse como eles tinham começado o relacionamento, nenhum saberia dizer.

A coisa sempre foi natural demais com ela, ela sempre foi o que havia de melhor nesse mundo e Sado foi em direção a mulher que parecia alterada demais e lhe deu um abraço, dizendo que a amava.

“Você nunca disse isso. Na verdade você quase não diz nada.”

“Eu nunca achei que precisasse. Você é tão esperta, achei que tivesse sacado. Eu estou nisso até o fim Tatsuki. E com você. E eu quero que isso fique até o fim, então me diz o que está acontecendo e por que você chegou bêbada desse jeito.”

“O que você acha de mim?”

“Acho você a mulher mais forte do mundo.”

“Além disso. Eu sou só uma mulher que bate nas pessoas? Só uma pessoa assustadora? Você tem alguma tara por sustos e é por isso que você veio me namorar? É isso?”

O homem olhou para ela com um estranhamento e pensou seriamente em pedir o número do terapeuta de Ichigo para uma possível consulta. Porque a mudez dele estava fazendo com que sua namorada sofresse e isso ele não queria.

“Você é linda. Eu sempre achei você linda, perigosa, mas eu rio da cara do perigo, quando eu dou risada. Você nunca me assustou, você me instiga e eu tenho uma tara por apanhar e você sabe disso, mas não é o mais importante do nosso relacionamento. Eu também me admiro como eu estou com você, como acabamos juntos, eu fui me aproximando e cá estamos nós. Mas eu acho que estou afastando você e como eu não quero isso, me diz o que está acontecendo.”

Tatsuki estava aos prantos. Maldito álcool. “Eu não acho que você seja atraído por mim. Entende? Eu sou atraida por você porque eu tenho essa tara por morenos gigantes. Mas você, nada. Não me faz sentir segura. Eu tô insegura, poxa. Você nunca diz que eu sou bonita, só elogia a minha força, mas isso até o Ichigo faz e ele não conseguiria dizer algo bom nem que fosse pra salvar a própria família.”

“Moreno gigante.”

“Vai me dizer que você nunca se olhou no espelho, homem”

“E parece que você também não. Você é linda, a mulher mais linda que eu já vi e é linda em tudo, tanto por dentro quanto por fora, mas eu vou falar mais vezes e eu vou tentar fazer terapia porque essa mudez tá acabando comigo.”

“Sério? Você promete?”

“Claro. Eu vou ligar pro Ichigo e pedir o número do terapeuta dele.”

“Você sabe quem é o terapeuta dele?”

“Eu não posso dizer quem é. Ele acha que todo mundo vai em cima do coitado perguntar o tratamento e isso custaria a licença do pobre diabo.”

“Isso é bem verdade”

“Vem, vamos enfaixar essas mãos. Estão sangrando. O que você colocou nesse saco?”

“Pedras.”

Sado só deu um suspiro resignado e foi ajudar a sua dama.

Matsumoto não esperava que aquilo estivesse acontecendo. Estava vomitando até a alma porque depois do happy hour com as garotas, teve a imprudência de passar em outro bar, tomar mais ainda sair perambulando por aí completamente acabada e acabar batendo no carro de Byakuya. A pé. E o mais incrível, ele a colocou pra dentro, a levou pro apartamento dela e ainda estava ali. Segurando os cabelos da loira enquanto ela se esvaia na privada.

“O que aconteceu para beber dessa forma? Você sempre soube o seu limite.”

“...”

“Esta atitude é completamente inconsequente. Você já não é mais uma garotinha. Se embriagando dessa maneira. Você está com um hematoma por ter batido no meu carro. Eu atropelei você.”

“...”

“Eu não a levei pro hospital porque você saiu correndo e era mais seguro te trazer aqui, mas pense Matsumoto, por que fez isso?”

“Você pode calar essa boca? Estou tentando vomitar em paz. Eu agradeço pelo cuidado, mas se quiser ir embora como você sempre faz...a porta está ali.”

“Hoje eu vou ficar e te dar uma lição por essa sua atitude ingrata.”

“Sem lições taicho. Eu não aprendo mesmo.”

O homem sorriu e beijou o pescoço da loira, dividindo-se entre o nojo e o divertimento, sabendo que aquela seria uma longa noite.


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