Os dois ficaram se beijando por alguns minutos e Ichigo interrompeu o beijo, muito contrariado por sinal para questões práticas sobre a neo-namorada que teria que assistir.

“Inoue, você mora sozinha, certo? Tem alguém pra cuidar de você?”

“Não. Ninguém. Tem vezes que a Tatsuki-chan vai lá, mas agora com todo o trabalho e o namoro, digamos que ficou mais difícil. Não que eu me queixe. Ela foi uma amiga muito melhor do que eu mereço. Mas por que a pergunta?”

“Porque o médico disse que você não pode ficar sozinha por causa da intoxicação. Pode ter um efeito diverso. Não queremos correr riscos. Então, se você não achar ruim, eu posso ficar na sua casa até você ficar bem.”

“Não.”

“Como?”

“Não precisa, Kurosaki-kun. Eu sei me cuidar e eu já lhe tomei muito tempo. Me deixaria muito triste mantê-lo afastado das suas atividades e eu vou compreender bem se quiser me demitir.”

“Orihime. Vamos então colocar nestes termos: você é a minha namorada neste momento. Pelo menos foi o que eu disse ao médico e eu disse também que cuidaria de você. Não gosto de mentir, então, vou fazer o que eu disse. Ficarei na sua casa e cuidarei de você.”

“Mas já está mentindo. Não somos namorados. E pelo que você disse, nem beijar bem eu sei.”

“Podemos ser namorados e eu disse que você beijava bem, tanto que eu quis de novo.”

“Kurosaki-kun. Como vai namorar alguém que mal conhece? Tem um termo que os jovens usam que é 'ficar', né? Que vem antes de namorar. Não que a ideia do namoro em si não me agrade, mas acho imprudente algo tão apressado somente com o intuito de me proteger.”

“Então, se eu topar esse ficar, podemos ficar juntos? Eu posso cuidar de você na sua casa?”

“Pode. Por mais que eu tenha receio de ter um homem morando comigo, nem que seja por poucos dias, algo me diz que eu preciso fazer isso. Entenda Kurosaki-kun, você mentiu, não é meu namorado, mas eu acho que pelo menos essa relação preliminar podemos ter. Parece fácil.” a ruiva sorriu.

“Ok!” Ichigo concordou, mas não contava com isso. Realmente, a garota parecia gostar dele, mas tudo isso estava rápido demais e até mesmo ela achava. Iria morar com ela, ou ao menos dormir e nem tinham saído pra tomar um sorvete. O que era aquilo? O que era essa explosão de sentimentos contraditórios nele? Por que se sentia tão tonto e indeciso? Sempre foi incisivo em suas decisões, sempre sabia o que fazer, mas agora...estava perdido. Não poderia voltar atrás, mas estava apavorado.

“Que horas eu vou sair daqui?”

“Pelo que o doutor disse, no máximo amanhã. Mas espero que ele apresse. Acho que você quer tomar banho e descansar, não?”

“Sim sim, mas Kurosaki-kun...onde você vai dormir? Ah, já sei. Pode dormir no meu quarto. Tem algum problema pra você?”

“....” Foi o máximo que Ichigo conseguiu articular.

Enquanto o novo casal tomava os procedimentos necessários, na empresa as coisas não estavam tão bem assim. Matsumoto não tinha tido trabalhar, portanto quem deveria atender as ligações era Nemu, que bem...não estava muito interessada em trabalhar longe do departamento de robótica.

“Nemu...então...vamos sair daqui. Alguém pode ver.” Ishida tentava articular algum pensamento enquanto um par de lábios o beijava ardentemente.

“Ishida, só mais um beijo. Já eu saio daqui.”

O homem não podia resistir. Era demais pra ele. Sempre sonhou com aquilo e finalmente estava acontecendo, só que o local de trabalho não era para aquilo. Ele queria beijá-la com suavidade, privacidade e ver até onde as coisas iriam. Mas parecia que a morena tinha uma ideia diferente e quando a porta abriu, Ishida a empurrou para baixo da mesa e viu Rukia explodindo de raiva.

“ISHIDA..QUE DIA É ESSE?? O ICHIGO NÃO APARECE...A MATSUMOTO NÃO APARECE...O MEU IRMÃO ESTÁ PERAMBULANDO E AINDA TEMOS AQUELA AMEAÇA DA HUECO MUNDO...ISHIDA...ISHIDA..VOCÊ ESTÁ BEM???”

“Sim. Continue. Por favor.”

“Você não parece bem. Está vermelho. Parece com febre.”

“Estou ótimo. Continue.”

“A Matsumoto não apareceu e a Nemu que era pra ficar lá na frente também não está em lugar nenhum. Você a viu?”

“Ah..eu..eu..não. Ela veio comigo e ..eu..não sei..”

“Ok..eu vou procurar mais então. E Ishida...dá um jeito nesse chupão. Não é de bom tom os chefes de departamento andarem mostrando sua luxuria por aí.”

“Ok, continue.”

Rukia não entendeu muito bem, mas saiu sem dizer nada. Mas logo que fechou a porta, ouviu a explosão de Ishida e um ofegar muito característico.

“Mas quem diria, o chefe do departamento fazendo esse tipo de coisa no local de trabalho...ai ai ai..mas ele merece...espero que esteja feliz.”

Dentro da sala de Ishida, Nemu saia debaixo da mesa como se não tivesse feito nada demais.

“Mas Nemu...por quê?”

“Você não gostou.”

“O queeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee? Não tem como não gostar. Mas nos beijamos ontem, eu só achei que com todo o gelo que estava me dando, que não queria apressar as coisas, só isso.”

“Eu achei que você não queria apressar as coisas. Eu fiquei com vontade e você disse que eu podia continuar. Então continuei. Mas você não gostou. Desculpe.”

“Meu Deus do céu. Não tem como eu não gostar. Isso foi maravilhoso. Nunca aconteceu nada igual comigo. Estou com um chupão e acabei de ter uma experiência dessas no meu local de trabalho. Me desculpe. Não estou sendo correto. Não quero que se exponha. Eu sou louco por você, então tudo o que fizer vai me agradar. Você realmente quis fazer isso?”

“Quis.”

“Ok, eu agradeço muito. Obrigado mesmo. Me desculpe..eu estou envergonhado.”

“Por quê?”

“O meu corpo não é muito bonito.”

“Você tem insegurança em relação a sua aparência?”

“Claro. Eu não sou atlético como os outros. Eu me garanto na inteligência, mas nessas horas não é o que importa. Sem falar que eu costuro muito bem por sinal e também...”

Nemu ficou no mínimo surpresa. Não esperava de forma alguma essa insegurança do seu melhor amigo. Era isso...Ishida era o seu melhor amigo. A pessoa e que mais confiava. Tudo bem que ela era a pessoa mais solitária desse mundo, mas ele fez com que ela não fosse mais assim. Arrumou o emprego pra ela, a ajudou, a ouvia sempre.

“Ishida...você é meu melhor amigo. A pessoa na qual eu confio. Eu me sinto bem com você. Sinto-me protegida, cuidada, bonita, sensual...tudo o que eu queria sentir e tinha medo. Isso foi retribuição, somada com o desejo que eu tenho por você. Se o meu desejo lhe incomoda, eu compreendo. E desculpe-me. Podemos fazer do seu jeito.”

O homem não entendeu essa troca de papéis, mas não pode deixar de agradecer. Sim, porque ele não estava preparado. Queria tudo especial, não queria apressar nada. E se sentiu idiota por isso. Só que seria dessa maneira.

“Bom eu vou trabalhar. Antes que a Rukia me demita. Ah, eu saio da sua casa hoje então.”

“Não. Não vai sair de lá. Vamos mudar as coisas. Vamos naquele seu apê infestado e pegar mais coisas pra você. Não tem como ficar somente com as roupas do corpo, né?”

“Mas..”

“Cada um tem a sua velocidade...você apressa aqui e eu apresso lá...chegaremos no mesmo lugar eventualmente.”

“Ok.”

Falando em velocidade, o casal principal chega na casa da ruiva que é extremamente pequena e fica aquele silêncio constragedor.

“Bom, o que faremos então, Inoue,quer dizer Orihime?”

“Já pegamos o que você precisava, não é Kurosaki-kun? Então, podemos nos beijar novamente..pra treinar.”

“Eu acho uma excelente ideia.”