Era de manhã.

Dylan, como o bom capacho que era, seguiu as ordens de Circe e foi até o quarto de Piper para acorda-la e seduzi-la para que nada no plano da feiticeira desse errado, mas ele dera errado no momento em que Dylan abriu a porta do cômodo rosa claro e notou a cama arrumada, assim como tudo ao redor, e nenhuma Piper no banheiro ou no quarto.

Piper tinha sumido e, caso ele não a achasse, ele também sumiria, em sentido literal desse vez. Merda! Por que fora aceitar esse acordo mesmo?

Enquanto Dylan corria pelos cantos de cada parte da imensa ilha de Circe, Piper estava bem longe dali. Dentro da boate em Miami Beach procurando por Reyna.

A de olhos coloridos ouvira a melhor amiga e Octavian saindo escondidos da ilha, Reyna estava séria como se estivesse uma missão e o loiro oxigenado sorrindo como se estivesse roubando doces de um bebê. Piper achara estranho, e na calada da noite, antes de ir dormir, recolou as roupas que usara naquela manhã e correra para seguir Rey. Ela não estava com um bom pressentimento.
Passou uns maus bocados tentando estar invisível em alto-mar usando a névoa ínfima do Mar de Monstros para esconder-se do casal num dos iates de Circe. Ou de Luke, como o loiro insistia em dizer toda vez que passavam pelo cais.

No fim, ela estava no cais de Miami Beach, entrando pela primeira vez na vida dentro de uma boate de verdade e rezando aos deuses para que Reyna estivesse bem, mas com tanta gente por perímetro quadrado acabou por se perder.

A morena foi empurrada para a pista de dança onde vários rapazes tentavam lhe pagar bebidas ou fazê-la dançar com eles. Um loiro estranho a olhava e nem sinal de Reyna ou Octavian por ali.

Ela sentia a garganta entupir e o ar não entrar mais dentro de seus pulmões, a visão ficava turva e um terror que não cabia dentro de si a tomava, a sufocava sem fim. Piper lutava para sair dali, mas novos braços a puxavam de volta para a pista. Ela caiu no chão em posição fetal. Estava tendo muito mais que claustrofobia, estava tendo uma crise de pânico como nunca antes, e o pior de tudo era que ninguém se importava ou a ajudava.

Até ver um moreno em sua frente. Os olhos eram verdes como o mar e se ela não estivesse tendo uma crise, saberia que este era seu inimigo, Percy Jackson, e que deveria mata-lo o mais rápido possível como Circe lhe avisara. Contudo, estava em pânico. O moreno a encarou e a carregou pra fora dali, passaram por um loiro com uma cicatriz no lábio superior e juntos a levaram para os fundos, onde uma porta se abrira e eles ficaram sentados no cais. Os dois ajudando-a a se sentir melhor.

― Pipes. – o loiro a abraçou ― Você está bem?

Como sabiam seu nome?

A expressão esquisita em seu rosto chamou a atenção de Percy e o moreno percebeu que os olhos de Piper ainda estavam cristalinos, ou seja, ainda estava enfeitiçada por Circe. Respirou fundo e avisou através de leitura labial para Jason sem que a morena notasse.

― Como sabe meu nome? – perguntou trêmula.

Pela primeira vez na vida, Percy foi rápido.

― Quando te encontramos, você estava repetindo para si mesma “calma, Piper,vai ficar tudo bem”. Tipo um mantra. Está melhor agora? – ele questionou.

Ela assentiu.

― Se lembra de como veio parar aqui? – o loiro perguntou.

Piper sabia. Sabia que pegará algum barco de Circe, sabia que fugirá da Ilha da mesma, sabia que ela estava atrás de Reyna. 

— Rey.... – sussurra ela. 

—R-Reyna está aqui? – pergunta o loiro curioso. 

— Sim, vim segui-la e... – responde ela. – Como sabe o nome dela?

— Er... Ah.. – gagueja o loiro – Você disse o nome dela, não disse?

— Não... – adiciona ela – eu a chamei pelo apelido.

Piper pela primeira vez desde seu ataque de pânico/claustrofobia, observou bem aqueles que a ajudaram.

O moreno parecia ser de sua idade e tinha olhos verde-mar, o loiro parecia um pouquinho mais velho, e seus olhos azuis elétricos a fritavam com admiração e saudades. Como se fosse uma bomba que explodiu em sua cara, Piper se tocou que aqueles quais ela falava eram seus inimigos

Ela tentou puxar sua Katoptris, mas o loiro foi mais rápido jogando-a longe de Piper.

— Piper! – Diz o loiro – Por favor, me escute. 

— Não! – exclama ela – Você não vai me matar.

— Matar?— Pergunta ele curioso – Não! Piper, não! Não vamos lhe machucar! Eu nunca a machucaria.

Apesar de suas palavras transmitirem sinceridade, Piper não conseguia acreditar em suas palavras. Por que ele não a machucaria? Eles são inimigos.

— Mentira. - responde ela - Você é meu inimigo. Por que não me machucaria? 

— Piper, olha... Por favor. - começa o loiro - Nós nunca a machucaríamos. Droga, Piper! Tente se lembrar de mim! Por favor!

— Eu lembro de você. - diz ela. Por alguns momentos ela viu felicidade nos olhos do garoto - Você tentou me matar! Vocês dois.

Agora o que ela vi era um loiro assustado, acuado e com alguma coisa parecida com dor. Ela o machucou dizendo aquelas palavras, mas por quê?

— Nunca tentaríamos te matar - eles falam indignados. 

Enquanto os dois trocavam olhares, Piper aproveitou o momento para tentar fugir, mas o loiro era rápido. Ele a segurava pela cintura, Piper poderia bater em seu peito o quanto quisesse, mas aquele garoto parecia não senti nem uma dor.

— Piper! Piper, me escuta. - exclama Jason desviando de seu tapas - Me escuta, por favor!

— Não! - repreendeu ela - Você não vai me machucar! Não vou deixar!

— Eu nunca a machucaria. Nunca. - repete ele - Agora me escuta, por favor! Merda, Piper! Não sabe o quanto me dói saber que você não se lembra do que a gente passou juntos.

Assustada, Piper o encara. Ele o encarava com paixão, saudades. Muitas saudades. Piper se perguntava se era por causa dela, mas não era possível.

Ele a solta um pouco, mas ela não foge. Ela está paralisada. Ela não conseguia parar de encarar aqueles olhos azuis.

Jason pegou uma mecha de seus cabelos chocolates que cairá em seu rosto, e o colocou atrás de sua orelha, onde a mão dele permaneceu. 

— Me machuca - sussurra ele - Você não se lembra de mim. 

Ele a encara com mais intensidade. Ela não conseguia tirar os olhos dos dele. Ele estava chegando perto, cada vez mais perto de sua boca, porém, Piper aproveitou o seu momento de distração, e golpeou baixo.

Piper correu como se sua vida dependente daquilo, e dependia. Podia escutar a voz de Jason e Percy a chamando, poderia sentir Jason e Percy cada vez mais perto.

Enquanto corria, escutou uma voz familiar, e correu em sua direção.

— Mas que porra…? - Pergunta Piper ao ver o que Reyna estava fazendo.