P.O.V Jason

– Achei. - disse Percy simplesmente.

Ele apontava para uma lojinha de madeira do tamanho de um chalé para 3 pessoas com uma placa gigante de HÉCATE BOUTIQUE. As janelas estavam meio embaçadas de sujeira e o local realmente parecia abandonado exceto por uma máquina de refrigerantes lá dentro que fazia barulho esquisito e um espaço para karaokê que brilhava em luz verde neon.

– Percy, cara, tem certeza que isso não parece óbvio demais? - questionei.

Ele rolou os olhos em impaciência.

– Se liga, cara, quantas vezes a gente não entrou em lugares que eram extremamente óbvios? - me perguntou.

– Sem contar com essa vez? - perguntou Leo contando os dedos das mãos - Um total de zero.

– Mas tem que ser aqui! - ele exclamou.

– Por que? - perguntei.

– Super-man, está mais do que óbvio... Ele quer saber se lá dentro tem refrigerante azul! - Leo falou apontando para a maquina de refrigerantes.

– Ok. A gente entra, bebe o refrigerante não confiável e depois continua a missão.

– Ou podemos continuar a missão lá dentro. - Leo diz apontando pra placa de wi-fi grátis - Quem é o pai dos burros? O Google!

Leo foi saltitante e parecendo uma gazela raquítica na frente enquanto Percy o seguia com o seu andar de "bonzão" que lembrava um cavalo manco e eu logo atrás fingindo não conhecer os dois. As pessoas realmente desviavam o olhar com medo.

(...)

– O que vão querer? - perguntou uma menina de cabelos castanhos e ondulados que iam até o ombro. As mãos da garota eram encobertas por uma luva, o que era estranho porque o calor da cidadezinha chegava a quase 30 graus.

– Tem refri azul? - perguntou Percy. A menina o olhou com cara de confusão.

– Percy Jackson quer um refri azul? - ela perguntou. Percy Jackson ? Oh-oh.

– Pensando bem, não estamos mais com sede, sabe? Acabei de me tocar que beber saliva é muito melhor. - falei. "Beber saliva?" minha desculpa era deprimente mas eu pensaria sobre isso depois, quando estivesse a salvo.

– Beber saliva? Cara, eu quero uma coca. Eu tenho que manter minha gostosura! - reclamou Leo e eu dei á ele "o olhar". - Mas me disseram que beber saliva era melhor, vamos?

– Mas ela nem disse se tem meu refri. - Percy falou ingênuo. Será que ele não percebeu ela falando o nome dele COMPLETO? Isso sempre significa perigo. - Tem?

Ela riu.

– Claro que tem. Porém depende do preço que irá pagar por ele. - ela falou misteriosamente.

Percy, como um lerdo, não entendeu o ar de mistério da garota e procurava dinheiro no bolso da calça.

– Serve, hmm, um dolar,... dois e setenta e cinco... Três doláres e cinquenta? - ele disse estendendo os trocados para a garota.

Dei um pescotapa nele.

– Ai! Qual o seu problema, Grace? - disse massageando o local.

– Seu corno! - começou Leo - Ela falou teu nome completo, COMPLETO! Lembrou o que significa? Encrenca! Não um bilhete de loteria. Agora podemos ir antes que eu fique mais machucado?

Leo explodiu. Certo, meu melhor amigo explodiu e seu cabelo começou a pegar fogo. Eu vi e joguei um copo de alguma coisa na cabeça dele.

– Valeu, cara, valeu. Não precisava. - ele falou ainda de olhos fechados e absorvendo o impacto.

– Jason Grace, Leo Valdez e Percy Jackson. Eu esperava por vocês á algum tempo. - falou a garota que estava nos atendendo.

Viramos para ela.

Uma garota de no máximo 13 anos? Bom, isso era antes porque agora ela parecia ter uns 18. Seus cabelos agora estavam na altura da cintura e eram negros com mechas loiras e azuis aqui e ali descendo em cachos perfeitos. Quando seu cabelo foi para trás do ombro observei uma tatuagem de lua crescente em seu pescoço.

Lua crescente? Droga, era Hécate.

– Deusa Hécate? - arrisquei.

– Hécate? Mas no broche do uniforme dizia Meg. - falou Percy lerdamente.

– Caramba. Percy, você comeu o que hoje? Tá lento demais. - reclamou Leo.

– Meg. Acho que vem da palavra ma-gi-c . - expliquei - Consegue entender agora?

Ele balançou a cabeça negativamente.

– Esquece. - falou Leo.

Deu um suspiro e olhei para a deusa na minha frente.

– Obrigada pela atenção. - ironizou - E sim, Jason Grace, eu sou Hécate, deusa da magia, da bruxaria e de quem vocês tanto precisam.

– Então vai nos ajudar? Boto fé na senhora. - disse Leo.

– Meu caro Leo Valdez, tudo tem um preço. Até mesmo a magia. - seu sorriso era maldoso e desafiador.

– Então...

– Sim, filho de Poseidon, eu irie ajudá-los, mas terão que provar seu valor por mim.

– Mas nós já chegamos até aqui. Isso não basta? Porque, sinceramente, minhas pernas estão reclamando. - Leo falou novamente e eu lhe dei uma canelada para que se calasse.

– Para mim vocês ainda não provaram. Querem minha ajuda, semideuses? Provem-me seu valor - ela exigiu com os olhos cintilando em púrpura.

– Como quiser. - respondi.

– Perfeito, foi uma sábia decisão.

– E o que temos de fazer? - perguntou Percy.

– Cantar. A música e a magia estão interligadas. Nunca ouviram falar da "magia do rock'n'roll" ou se perguntaram porque usam tochas em luaus? Á noite? - ela falou simplesmente como se nos mandasse matar uma barata.

– E se eu construísse um microfone e Jason e Percy cantassem? - perguntou Leo.

– Todos terão que cantar. Sem exceções. Agora! - falou.

O palco de karaokê abandonado? Ele simplesmente foi se consertando sozinho até virar um palco luxuoso com uma TV de tela plana 25' conectada á um laptop com seleções de alguns tipos de música. Porém quando fomos analisar haviam apenas 3 opções de cantores.

Acho que vou precisar de todas as minhas preces para me sair bem nesse karaokê. Por que Hécate tinha que ser a deusa do karaokê? Por que não poderia ser a deusa do Ipod?

– Eu realmente não sei cantar. - Leo suspirou - Mas tudo bem, eu vou primeiro.

Hécate se sentou em uma das mesas da lojinha e olhou atentamente para Leo. Uma energia parecia ser lançada de seus olhos que brilhavam mais um pouco.

– Antes que eu me esqueça. Tem apenas 3 regras básicas. - ela disse abrindo um sorriso - regra número um: eu escolho a música. Regra número dois: nada de trapacear se enrolando na letra. E regra numero três: se pelo um consegui cantar a letra bem, então irei ajudá-los caso contrário suas namoradinhas estarão fadadas á prisão de Circe.

Leo deu um leve arrepio. Boa sorte amigo!