Antes que Desapareça escrita por Liminne


Capítulo 1
Antes que desapareça




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Uma hora teria que descansar certo? Parecia que não, mas aquele simples trabalho de monitorar e planejar também cansava.
Levantei-me da cadeira e fui para o meu quarto, deixando Tousen no meu lugar. Deitei-me na cama fria. Senti-me solitário...
Sim. Eu sou uma pessoa solitária. Sou aquele tipo que você conhece e instantaneamente cria um bloqueio contra. Não sei se é porque estou sempre sorrindo. Não sei se é porque nunca abro os olhos. Não sei se é porque eles são vermelhos. Ou talvez eu seja realmente uma pessoa má. Uma pessoa que emana uma aura nada pura. Pode ser. Mas quem se importa? A realidade era apenas essa. Seria alguém capaz de se aproximar?
Abri os olhos para o teto. Fitei-o. Estava sendo injusto, não estava? Já que eu tinha em meus pensamentos alguém pra recordar...

Passeava pelas ruas, sentia muita fome. Era estranho, sendo uma alma. Mas estava tudo bem.
Avistei uma árvore enorme, cheia de frutas e corri imediatamente até ela. Algumas crianças se afastaram, não era raro que isso acontecesse.
Fingi não me importar. Subi pelo tronco e sentei em um dos galhos fortes apanhando o máximo de frutas que eu pudesse. Comi algumas e logo resolvi descer. Em pouco tempo anoiteceria e eu queria dormir um pouco. Estava desde muito cedo acordado perambulando por aí.
Comecei a caminhar lentamente enquanto enchia a barriga. Tentava me concentrar no sabor das frutas para não ter que lembrar que eu queria pelo menos ter alguém pra conversar. Alguém que não se ferisse com a minha aura.
E foi aí que eu a vi. No meio daquele campo amplo somente de gramado, outras crianças correndo bem longe. E ela ali, sozinha, imóvel, deitada no chão.
Aproximei-me devagar. Pude ver que os olhos dela pareciam estar se fechando. Ela pretendia dormir ali no meio do chão?
- Ei! - fui até a cabeça dela, olhando-a de cima. – Você está bem?
Ela nem se mexeu. Os olhos tremeram um pouco, parecia estar fazendo algum tipo de esforço em vão. Aí minha ficha caiu. Ela estava muito, muito fraca.
Olhei para minhas mãos que ainda carregavam todas aquelas frutas. E se talvez eu não fosse tão mau assim?
- Você quer uma? – estendi uma fruta para ela.
Ela tentou um novo esforço com os olhos e dessa vez com alguns músculos do braço, mas não conseguiu se mover.
Eu sorri.
- Tudo bem. – me curvei um pouco e levei a fruta até a boca da menina. – Você deve estar mesmo muito, muito fraca.
Ela comeu com dificuldade, mas pude perceber, com muito apetite. Fui dando mais a ela até que ela se sentisse forte o suficiente para sentar-se na grama e me olhar direito, ainda com os olhos meio adoentados.
- Quem é você? – perguntou numa vozinha fraca, os olhos muito azuis cintilando levemente.
- Ichimaru Gin. – sorri para ela. Mas na verdade estava esperando que, agora que tinha criado forças, saísse correndo com medo daquela coisa em mim que nem eu mesmo sabia bem o que era.
E então abriu mais os olhos e a boca para dizer algo. E de repente eu fiquei com medo do que poderia ser. De repente não queria ver aquela garota de olhos tão lindos fugir de mim.
Então virei-me de costas para ela e saí andando. E deixei o resto das frutas com ela para que pudesse ir andando para casa. E tentei não ouvir o que ela estava tentando dizer com a voz ainda fraquinha...

****

Alguns dias se passaram. Mas alguns pensamentos não quiseram passar com eles. Eram todos sobre ela. Aquela garota loira de olhos azuis que vi caída naquela grama... Eu lhe disse meu nome. Mas por que diabos não tinha perguntado o dela? Por que eu apenas lhe dei as costas?
Queria tanto que alguém, uma só pessoa não fugisse de mim quando percebesse minha aura medonha... E quando encontrei esse alguém, quem fugiu fui eu. Ou talvez... Talvez ela ainda não tivesse percebido essa aura.
Pensava enquanto caminhava e sorria. Eu nunca a encontraria de novo.
- Ei! Você! – eu ouvi uma voz feminina gritar, mas não parei. Sabia que não era comigo. Não podia ser comigo. – Eeei! – a voz ficou mais próxima. Mas não olhei para trás. Até que sentisse uma mão leve no meu ombro. – Oi. – ela sorriu retraidamente. – Você é surdo? – ofegava um pouco, e mudou o sorriso para uma expressão meio irritada. – Te procurei por toda a parte...
Não consegui responder de imediato. Olhei para aquele rosto. Não podia haver outra garota tão loira, de olhos tão azuis, com aquela pintinha perto da boca que não fosse ela. Olhei para sua mão no meu ombro. Não podia haver outra pessoa que me tocasse assim tão inocentemente.
- O que foi? – ela pareceu ofendida com meu olhar deliberado e, devo dizer, demorado em sua mão. – Eu não estou suja, não vou sujar você. – mesmo assim, tirou a mão do lugar.
Eu sorri mais largo para ela. E tive a certeza que tinha feito o necessário para que ela percebesse tudo e fugisse de vez.
- Sabe... – no meu silêncio pessimista, ela continuou falando, não parecendo nada com aquela pessoa quase morta que era quando a encontrei. – Eu queria agradecer. – o sorriso retraído voltou, e ia se expandindo graciosamente. – Obrigada. – seus olhos cintilaram para mim. E eu não estou mentindo. – Você salvou minha vida.
Eu conseguiria replicar? Eu saberia conversar com ela?
- Meu nome é Rangiku. – ela disse, mesmo que eu não tivesse aberto a boca, que dirá perguntado algo. – Matsumoto Rangiku. – continuava sorrindo, como se fossemos amigos.
Movi meus lábios. E não para sorrir. Mas as palavras não saíram.
- Aquelas frutas eram muito boas. Encontrei a árvore depois. – ela riu animada. – Não acha muito estranho que a gente sinta fome?
- Rangiku... – murmurei finalmente, sorrindo para ela. – Há muitas coisas estranhas nesse mundo... – respondi a uma de suas perguntas.
Ela enrugou as sobrancelhas.
- Você acha mesmo?
Ela não... Via?
Novamente não consegui responder.
- Onde você mora? – perguntou de novo.
- Por aí. – eu disse, fazendo um gesto vago com a cabeça.
- Olha, tenho que ir agora... – ela disse, quando apareceram outras pessoas. – Mas não desapareça. Quero te ver de novo.
Eu só fiquei sorrindo e assistindo-a se afastar. Mas não correndo como seus amigos.
Ela não era qualquer uma. E eu não tinha certeza se queria ou não desaparecer.

****

As pessoas tinham razão. Eu era mau. Cruel. Sangue frio. E não de um jeito simplesmente egoísta ou malcriado. Era um vilão, uma ameaça às pessoas.
Não nasci com a inocência de uma criança normal. Não via as pessoas com compaixão ou empatia. Afinal, quem é que tinha inventado toda essa história de sentimentos?
Certamente alguém que tinha encontrado o seu alguém, caído, precisando apenas de sua mão. Que sorrisse e cintilasse os olhos exclusivamente para si. Amor.
Poderia aquele sentimento novo e quente, tornar um vilão nato em um mocinho? Nunca saberei... Mas eu sei que... Eu sei que ele, aquele sentimento, fazia o meu coração bater. Como um humano. Como alguém, mesmo que insignificantemente, mais nobre.
Eu tinha tirado a vida de uma pessoa. De uma não. De várias.
Mas naquela noite, foi só uma. Para ninguém eu contei o motivo.
Eu ia caminhando de volta para o que quer eu chamasse de casa. A roupa suja de sangue. O rosto sujo de sangue. As mãos encharcadas. O peito manchado.
Eu estava tranqüilo. Estava.
Porque vi aquele rosto de novo. O único que eu verdadeiramente via. E congelei. Assustei-me de verdade.
- Gin! – ela caminhava parecendo sem rumo, e sorriu ao me ver. Mas o sorriso foi se desmanchando lentamente. – S-sangue! – os olhos se arregalaram e ela cobriu a boca com as mãos.
Eu fiquei ali parado, sorrindo com a Lua iluminando aquelas manchas em meu rosto.
E ela, antes que eu pudesse perceber, atravessou a distância que havia entre nós e agarrou meu pulso.
- Venha! – fazia força para me puxar. Eu estava relutando? – Vamos limpar isso!
Fui em silêncio.
Ela me levou até um rio. Entrou e mandou que eu fizesse o mesmo. A água batia pouco abaixo de seus joelhos. Ela sentou-se. E eu imitei-a, sentindo a água fria naquela noite congelada.
Antes que começasse, ficou me encarando com as sobrancelhas franzidas. Não entendia se ela queria chorar. Se estava com medo. Mas fui percebendo que ela estava com pena. A compaixão.
- Eu pedi para você não desaparecer. – ela foi dizendo, agora sem parecer se importar mais com o meu estado. Molhou as mãos e levou-as ao meu rosto, começando a esfregá-lo um tanto quanto dolorosamente. – Tem quase uma semana desde nosso último encontro. – seu tom era sério, mas sua voz era manhosa no fundo. Parecia magoada.
Eu ri. Porque não podia fazer mais nada, enquanto ela me olhava tão de perto e continuava esfregando meu rosto com violência.
- A vida pra você é uma grande piada né? – ela enfureceu-se com a minha reação. – Você vive rindo, moleque! – bateu no meu rosto e eu arregalei os olhos. Mas ela sorriu doce. – Consegui tirar qualquer sombra de sangue. – estava vitoriosa.
Toquei instintivamente minhas bochechas.
Agora ela partiu para minhas mãos.
- Obrigado. – eu disse baixinho, mas ela ouviu, porque ergueu o olhar para mim. – Você é... Você é uma garota muito bonita. – eu disse e sorri.
E era verdade. Seus olhos eram quase cinzas de tão azuis. Seus cabelos curtos eram quase ruivos de tão forte que era a sua cor amarela. Seus lábios carnudos se tornavam mais atraentes com aquela pintinha por perto. E seu corpo... Mesmo que fosse nova, já era bem desenvolvido.
Foi a vez dela de rir.
- Obrigada. – disse sem parecer nem um pouco tímida ou surpresa. – Sabe de uma coisa? De algum modo, eu gosto desse seu sorriso.
Eu apenas sorri mais.
E ela continuou lavando meus braços, e esfregando minhas roupas do melhor modo que conseguiu.
E quando saímos da água, deitamos à beira do rio. Ela falava sobre seus amigos. Eu apenas a ouvia. E quando ela pegou no sono, eu sumi junto com a escuridão.

****

Aquela cena se repetiu. Como um déja vu. Mais duas vezes, enquanto eu tentava fugir pela noite, ensangüentado, ela me encontrou. Propositalmente? Destinadamente? Não sei.
Mas aquilo se repetiu. O rio. Suas mãos ávidas esfregando minha pele. Seu olhar azul sob a Lua. A brisa soprando congelante na minha roupa molhada. A grama. Conversas curtas, raras e rápidas. O falatório dela que eu ouvia em silêncio, mas com prazer. Tentativas de desaparecer enquanto ela dormia, e não mais retornar.
Mas eu retornava. Porque ela me encontrava.
Na terceira repetição daquela cena, eu não agüentava mais. Não que não gostasse daquilo. Não era nada disso.
Mas era sempre, antes de começar a limpeza, aquele franzir de sobrancelhas e apertar de lábios. E eu nunca sabia se ela ia mesmo chorar. A compaixão me dava calafrios. E não porque eu não saiba praticá-la. Mas porque eu não a merecia.
Quando ela fez aquela cara de novo então, eu abri a boca.
- Rangiku. – comecei. – Você vem fazendo isso freqüentemente por mim... Mas não acho que eu mereça alguma compaixão de sua parte.
- Você está dispensando meu serviço? – era um misto de choque e bom humor.
- Não. – respondi. – Mas você tem que saber que... Eu não sou a vítima.
Ela não respondeu, continuou esfregando meu rosto.
Não havia entendido a gravidade da situação.
- Na verdade... Sou eu o causador dessas manchas.
- Eu sei. – ela disse impassível.
Eu não havia sido claro.
- Essas manchas são apenas respingos da morte de outras pessoas. – agora ela teria que entender. Eu já sentia o frio me envolver inteiramente.
Mas ela só me olhou séria.
- Eu nunca achei que você fosse a vítima. – falou. – Eu sempre soube de tudo, Gin.
Aquilo me calou pelo resto da noite.
Como efeito contrário, só quis ainda mais desaparecer da frente dela.
Mas... Por quê?

****

Naquela noite, eu andei. Andei até o outro dia, quando sol começou a ficar forte e me obrigou a parar para descansar. E eu me obriguei a não fazer aquele caminho de volta. Jurei a mim mesmo, me prometi. E toda vez que tentava entender o porquê, só conseguia ficar mais confuso.
Por que não havia nada que eu quisesse mais do que ficar perto dela. Aliás, nunca houvera nada que eu quisesse na vida. Aquela era a primeira vez. Eu não sabia que, aquele bater quase morto no peito, podia expressar em todo o meu ser algum desejo. Eu não sabia... Até encontrá-la.
Mas eu fugia. Talvez porque não tivesse coragem de encará-la depois daquela confissão e de sua resposta. Ou talvez porque, depois de salvar sua vida, não queria manchá-la com a minha presença.
Passaram-se muitos dias. Mais de um mês, quem sabe?
A lembrança da voz dela estava mais vaga. Mas não do seu rosto e muito menos do seu toque.
Ela já devia ter me esquecido... É. Certamente havia me esquecido. Eu queria acreditar nisso. Cada um seguiria para seu caminho enfim.
Mas em uma noite, ouvi um choro. E aquela voz que se esvanecia da minha memória, foi rapidamente reacendida. E eu tive certeza que era ela. E eu voltei a sentir aquele pulsar dentro do meu peito.
Procurei-a quase instintivamente. E encontrei-a sentada, no meio do caminho, tentando conter um choro teimoso.
Esperei que ela percebesse minha presença. E quando ela o fez, parecia completamente abismada.
- G-Gin!? – gaguejou e perguntou, porque simplesmente não acreditava.
- Eu. – sorri. Eu também não acreditava. Como ela havia me achado?
- Não pode ser... – seus olhos só encheram-se mais, mas os lábios formaram um sorriso e ela levantou num pulo. Literalmente um pulo. E foi cair em cima de mim, de braços abertos até que me envolvessem. Descobri que aquilo se chamava abraço. – Gin! Eu te encontrei, te encontrei! Valeu à pena!
Eu não sabia como reagir, mas por algum motivo a envolvi com meus braços igualmente. E senti um calor que não trocaria por nada.
Ficamos assim até que ela parasse de soluçar e aí se afastasse de mim para me olhar séria.
- Eu disse para não desaparecer! – gritou. – Eu disse! – agora, ao contrário de segundos antes, estava muito brava.
Eu me assustei, cheguei a recuar. Mas acabei parando de novo. E sorrindo para aquela fúria.
- Eu te procurei. Te esperei. Não te encontrei. E andei por dias atrás de você! – continuava gritando exaltada. – E você simplesmente não se importa. Sempre vai embora. Sempre some. E eu tinha te pedido... – suspirou. – Por que você faz isso? Você me odeia?
Não podia responder. Eu nem sabia...
Mentira. Eu sabia sim. Mas não podia.
Virei então as costas. E comecei a caminhar.
- Você vai embora de novo? – ela gritou desesperada e correu atrás de mim.
Correu tanto que foi parar na minha frente.
- Gin. – olhou para mim com determinação. – Por que você me deixa?
Eu tinha que fazer mais alguma coisa que não fosse sorrir.
- Eu não posso ficar ao seu lado.
Ela balançou a cabeça.
- Por quê? Não entendo! Eu já disse que sei tudo sobre você... E não estou me queixando!
- Eu sei. – minhas palavras eram frias. – Mas eu não posso. Meu lugar não é esse.
- Mas Gin... Você não sente? – sua voz amansou e sua mão escorregou para o próprio peito. Ali, também pulsava um coração. Um coração certamente muito mais bonito.
Eu fiquei olhando-a. Sim, eu sentia.
- Você pode ter feito muito mal... Pode ter tirado vidas... – sua mão permanecia romanticamente sobre o coração. – Mas você salvou a minha. E não há nada nem ninguém mais importante para mim.
Você também salvou minha vida, eu pensei. Salvou meu coração quase morto. Me deu uma mínima condição humana.
- Gin... – como sempre, ela falava em meu silêncio. – Eu te amo...
Aquelas três palavras... Sim. Agora eu tinha certeza. Mesmo que louco, seu coração era lindo. Amar alguém como eu... Amar...
E me fazer ter consciência do que significavam aquelas palavras, sem ter que me explicar. Porque eu nunca soubera antes. Mas agora, misteriosamente eu sabia. Eu entendia, compreendia, sentia.
- Eu também te amo. – eu finalmente respondi.
E ela pulou de novo com os braços me envolvendo, mas dessa vez me enlaçou também de outra maneira. Colou seus lindos lábios aos meus.
- Gin... – se afastou e me olhou reluzente. – Esse beijo... Esse beijo vai nos unir para sempre. – segurou minha mão. – E vai te impedir de me deixar.
Eu sorri novamente, do jeito mais largo que podia.
Ela estava parcialmente certa. Aquele beijo nos uniria para sempre. Mas não impediria que eu a deixasse.
Sim, eu fugi novamente. E só fui encontrá-la de novo, em Seireitei. Onde eu continuei me esforçando no meu maior objetivo: o de desaparecer diante dos olhos dela.

Por vontade própria, eu dei as costas à única pessoa do mundo. Ao meu único desejo. Ao meu coração.
A última vez que a havia encontrado... A última vez que havia feito meu serviço de desaparecimento foi aquele dia... Quando sentia sua lâmina em meu pescoço... Foi aquele dia que deixei a única palavra que podia deixar para ela. “Desculpe”. Mas eu sabia que ainda estávamos unidos. E eu sabia que ela me reencontraria. Como sempre.
Eu continuo sendo o vilão. Sempre fui. O amor me transformou, certamente, mesmo que de modo quase insignificante, em uma pessoa mais nobre. Ele entrou no meu coração. E eu o expulsei depois de seu feito permanente. E ele voltou a ser aquele quase morto. Por culpa apenas minha.
Mas aquele sentimento tinha me ensinado. Aquela migalha minúscula de nobreza tinha me ensinado o suficiente para que eu não o deixasse entrar no meu peito de novo. Eu não devia. Eu não era digno de manchar o sentimento mais puro do mundo. Mesmo que aquela pureza ainda tentasse me convencer.
Mas enquanto isso vou desaparecer. Desaparecer, desaparecer. Antes que me convença. Antes que acabe com o mal em mim. Antes que acabe com aquele pingo de nobreza.

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