A chuva se estendeu por toda a tarde e o começo da noite. Então, Logam ficou na casa da avó para passar a noite, já que a mesma não o deixou sair no ''mato no meio da tempestade''.

 Como Logam sempre ia a casa da avó, tinha um quarto especial para ele; era um pouco pequeno, mas ele nunca dormirá lá mais do que dois dias. E no pequeno gaveteiro tinha algumas roupas velhas, e um pijama.

  "Vou deixar a luz do corredor acesa para você, querido." -Sua avó disse.

 Logam riu. Apesar de ter dezesseis, sua avó ainda o tratava como criança... mas ele no fundo até que gostava.

  "Tudo bem vó. Boa noite." -Ele disse entrando no banheiro.

  "Boa noite, meu amor." -Ela respondeu e entrou no quarto.

 Logam pendurou sua toalha no gancho e pois seu pijama, que na verdade era apenas uma calça velha e uma blusa do avô, em cima da pia e abriu a torneira da banheira.

 Enquanto enxia, o vapor da água começou a embaçar o espelho do banheiro. Ele então passou a mão e viu seu reflexo. 

 Ele não se achava um garoto bonito. Não era loiro como todo mundo esperasse que eu garoto austríaco fosse, tão pouco tinha olhos claros. Na verdade seu cabelo era castanho escuro e caia um pouco sobre o rosto; ele decidiu que deveria cortar rapidamente. E seus olhos eram castanho e sua pele um pouco pálida, mas que ficava vermelha rapidamente quando nervoso ou envergonhado.

 Ele suspirou e encostou na parede. Não poderia ser melhor que isso.

 Quando a banheira estava quase cheia, ele fechou a torneira e entrou. No começo sua pele se irritou com a temperatura elevada da água, mas depois ele relaxou e mergulhou todo o resto.

 Ele podia ouvir a chuva batendo na janelinha do banheiro e se perguntava por que esse barulho era tão extasiante. 

 Quando a água começou a esfriar, ele puxou o ralo, pegou a toalha e se secou. Aos poucos o espelho começou a refletir sua imagem e o vapor desapareceu do banheiro. Ele vestiu seu pijama e foi para o quarto.

 Ainda chovia.

 Logam deitou na cama que a avó havia preparado e olhou pela janela ao lado. A noite estava muito escura, dava-se para ver as luzes das casas do outro lado da floresta e do bar que ficava perto da estrada. Se não estivesse chovendo, daria para ouvir a musica alegre tocando; por sorte, estava.

 Ele deitou relaxou no travesseiro e fechou os olhos. Não queria dormir no escuro, queria sonhar com alguma coisa. Como o seu avô costumava dizer: "Dormir sem sonhar não é dormir, é apenas fechar os olhos s esperar pelo amanhecer."

 A chuva foi parando aos poucos, então ele percebeu que estava a muito tempo acordado. Isso o deixava bravo, pois sabia que no dia seguinte estaria cansado.

 Ele olhou pela janela e suspirou.

 Então um uivo ecoou pela floresta até chagar no seu quarto. Um uivo rouco e profundo. Um uivo que faz subir um frio pela espinha. Um uivo de lobo.

 Logam sentou na cama rapidamente e olhou pela janela, mas não viu nada.

  "Não pode ser." -Ele disse para si mesmo, tentando acreditar nas suas palavras, mas não teve sucesso.

 Ele ficou em silêncio esperando por outro, mas não aconteceu. Ele tentou se convencer de que poderia ter sido um bêbado gritando ou algo da sua imaginação. Mas no fundo, ele sabia.