As pessoas que eu mais amo na vida mentiram para mim a minha vida inteira.

Meu pai... o Sirius, e o homem que eu mais adimiro no mundo, ele sempre foi o espelho de cara que eu sempre sonhei em ser.

E o que me deixa com mais raiva, e que eu não consigo odiar eles.

Por uma lado eu entendo, eles queriam me proteger, mas... eu acho que seria uma dor menor se ele tivessem me contado antes, e eu não ter descobrido.

Virei novamente a garrafa sem jeito, e passei a manga do casaco em meu rosto em tentativa de limpar as lagrimas, mas foi inútil, pois mais lagrimas vieram.

Já faziam horas, e horas, mas o sol já estava nascendo e a garrafa já estava no final.

Eu me levantei cabaleando e firei a garrafa um pouco, e fui caminhando até a borda da pedra e olhei as ondas quebrando quando batiam nela.

- SAI DE PERTO DA BORDA SEU IDIOTA!

Pude ouvir a voz do Rony e da Hermione e eu ri, eles vieram correndo e subiram na pedra.

- Sai daí Harry! – gritou Mione.

- Por que? Ninguem sentiria minha falta! – digo com a voz embriagada.

- Não fala merda Harry – disse Rony.

- Merda? Quem disse que eu estou falando merda Mentiram para mim minha vida inteira, meus pais biológicos foram assassinados quando eu tinha 1 anos de vida. As duas pessoas que eu pensei serem meus pais a minha vida inteira, são na verdade meus padrinhos! – gritei.

- Mas eles te amam Harry – disse Hermione.

- Amam? Eu também amo eles, mas ele mentiram!

- E a sua irmã Harry? Aquela menina que você tanto ama.

- Isso só me lembra que ela não e minha irmã de verdade...

- Mas e de coração!

Pronto! Ele pegou meu ponto fraco. Minha irmã.

Eu já chorava, juntamente de Mione.

- E a Gina? – perguntou Rony – A primeira garota que você amou. A minha irmã. Como acha que ela vai ficar? Como acha que eu vou ficar? Quer que eu sinta a mesma dor que Sirius sentiu quando perdeu seu melhor amigo?

Eu posso imaginar a dor que Sirius sentiu, eu não conseguiria imagina sem o Rony, poderia parecer exagero, mas era verdade.

- Você acha que eu quero perder o meu melhor amigo? – gritou ele.

Eu realmente estava sendo egoísta, pensando apenas em mim mesmo.

- E eu Harry? – perguntou Mione e eu a olhei – Tenta ver a dor que Marlene sentiu quando perdeu sua mãe! Eu não quero sentir essa dor.

Agora eu me sentia estúpido, por tentar me matar, por mais que Sirius e Marlene tenham mentindo. Eles me acolheram, eles cuidaram, me amavam como verdadeiros pais.

Quando eu ia dar um passo para ir até eles, meu pé virou e eu senti tropeçando e eu cai.

E tudo parecia em câmera lenta, Hermione gritou desesperada e Rony tentou correr até mim, mas eu já estava caindo.

O vento batia em minhas costas mostrando que eu estava caindo. Então uma batida violenta de costas na água, fez tudo escurecer.

[...]

- Harry. Harry.

Uma voz feminina me chamava, e eu não identificava, mas a voz me dava uma enorme segurança. Eu apenas seguia a voz de olhos fechados.

- Harry. Harry.

A voz continuava me chamar.

- Abra os olhos.

Eu os abri devagar, e em um túnel estavam uma mulher de cabelos ruivos, e um homem de cabelos negros. Lilian e James. Meus pais biológicos.

Eu fui andando até eles e parei em sua frente.

- E-eu morri?

- Não. Mas a escolha e sua – disse Lily.

Eu não respondi.

James deu um passo em minha frente e colocou a mão em meu ombro.

- Filho... eu pedi a Sirius para cuidar de você, pois antes de mim e Lily morreremos vocês dois tinham um vinculo extraordinário.

HARRY! HARRY!

Eu podia ouvir a voz de Rony ecoando pelo meu ouvido, mas eu não sabia de onde ele gritava.

- Lene sempre o amou Harry.  Ela daria a vida por você – disse Lily olhando para mim com aquele olhos verdes... meus olhos.

- Sua irmã Harry. Ela tem apenas um ano de idade, mas ama você de mais.

Eu olhei para baixo.

- Eu vou morrer?

- E só você que pode decidir – disse James.

Eu os olhei.

- Escolhe com cuidado meu filho, e uma decisão que não tem volta.

Eu suspirei.

- Eu não sei...

- Lembra quando você era pequeno via seu pai chorar e não sabia o por que... e por minha causa... ele te amava tanto como um pai que se sentia culpado por pensar que estaria roubando meu lugar.

- Mas ele não estava...

Ele sorrindo.

- Eu tenho certeza que não... quando eles não contaram que você era nosso filho, foi para o proteger.

Eu sabia que isso que ele falava era verdade, não tinha duvidas que eles me amavam, mas eles nunca mentiram pra mim, e a primeira mentira foi forte de mais pra eu perdoar assim de cara.

Mas eu tinha que tentar.

- Eu quero voltar – digo e eles sorriram pequeno e me abraçaram.

Eu fechei os olhos por um momento me sentindo bem ao receber o abraço deles.

- Nós te amamos Harry – disseram e eu sorri.

- Eu vou ver vocês novamente? – perguntei esperançoso.

- Sim. Nós sempre estaremos aqui- disse Lily e apontou para meu coração me fazendo sorrir.

Então tudo desapareceu, ficando apenas tudo preto, mas parecendo iluminado.

A voz de Rony escoava em meus ouvidos, mas eu não conseguia fazer nada.

Flashes ecoaram por minha cabeça. Merlene, Catherine, Lilian, James, Rony, Hermione, Gina apareciam em lembranças felizes e tristes, mas a pessoa que mais aparecia... Meu pai... Sirius.

“I need you here to save me’’

De repente eu senti uma preção em meu peito me obrigando a abrir os olhos  e tudo estava iluminado, me fazendo fechar os olhos de novo pela ardência.

Devagar abri meus olhos me deparando em um quarto, mas não no meu ou de outra pessoa... e sim em um quarto de hospital.

Com esforço me sentei na cama e observei o quarto, quase nada tinha ali.

Meus braços tinham agulhas com tubos encaminhando para um soro, minha cabeça pesava, e eu estava com fome.

A porta se abriu e lá entrou uma menina ruiva abatida e olhando para o chão.

- Amor!

Gina olhou para mim apavorado, e correu até mim, e me abraçou forte, chorando.

- Harry! Seu idiota! Eu pensei que ia te perder – disse ela e eu sorri sobre seu pescoço.

- Você não vai me perder – digo e ela me olha e sem esperar eu a agarrei em um beijo, não sabia quanto tempo eu estava longe, mas foi o suficiente para ansiar por aqueles lábios.

- To atrapalhando?

Nós nus separamos rapidamente e demos de cara com Rony. Vermelho. Mas pêra... não era ciúmes.

- SEU FILHO DA PUTA, DESGRAÇADO, QUERIA SE MATAR ENTÃO VOCÊ VAI VER O QUE E MORRER!

Então ele pulou em cima de mim, mas Gina o segurou antes de me atingir.

- RONY NÃO!

 Ele se debatia descontrolado, e fez uma coisa que eu nunca pensei que veria, começou a chorar como nunca.

Pela primeira vez na vida eu estava vendo meu melhor amigo chorar.

- SEU MERDA! VOCÊ E MALUCO? VOCÊ E RETARDADO HARRY? VOCÊ NÃO PENSA EM MIM NÃO? EU QUASE PERDI VOCÊ!

Então fez se silencio. E eu derramava lagrimas, eu e ele juntos chorávamos.

Eu me levantei com pouca dificuldade, e fui até ele e o abracei e ele me abraçou de volta chorando ainda mais.

- Me perdoa irmão, me perdoa cara. Eu te amo.

- Eu também te amo brother.

Depois de mais e mais lagrimas, nós desfizemos nossos abraços.

- Me perdoa? Eu não ti...

- Eu te perdôo.

Eu sorri.

A porta bateu e o medico entrou.

- Com licença, tem mais de 10 adolescentes desesperados querendo entrar, eu vou ter que expulsar eles – disse o medico com uma cara nada boa.

Eu ri e me deitei na cama novamente.

“O HARRY! TU TA BEM?”

Caralho! Me lembrem de matar o Lino quando eu sair.

- Er... tudo bem – disse Gina rindo deles junto com Rony.

O medico concordou e saiu do quarto.

“HEY! TIREM ESSE INSOLENTES DAÍ! PAREM DE BRINCAR COM A CADEIRA DE RODAS! SEGURANÇAS!”

Eu arregalei meus olhos com a voz de uma mulher – com certeza uma enfermeira – berrando pelo hospital.

-Eu tenho certeza que e os meninos – disse Gina.

- Concordo – digo.

A porta bateu e eu olhei.

Meu pai e minha mãe estavam na porta.

Então minha mãe começou a chorar e correu e se jogou em meus braços, eu não consegui não aceitar.

- Ai meu deus meu menino, você está bem? Nunca mais faça isso comigo – dizia ela chorando... e muito.

Eu senti uma culpa enorme em meu corpo, mas eu não conseguia perdoar totalmente.

- Eu to bem – sussurrei e ela me largou.

- Harry sobre...

- Não! Eu não quero ouvir, chega de mentiras!

Eu vi que a magoei, senti vontade de bater em mim mesmo.

- Harry!

Rony e Gina me repreenderam na hora e eu suspirei.

- Bom... nós voltamos amanhã... vamos Gina? – perguntou Rony e ela concordou e veio até mim e me dando um selinho.

- Melhora viu? – ela disse e eu concordei.

- Tchau Sr e Srª Black – disseram os dois.

- Tchau – disse minha mãe sorrindo para eles, mas podia ver no sorriso dela o quanto eu magoei com pequenas palavras.