Sasuke acordou de manhã com o sol em sua face. Sentiu algo quente sobre si e abriu os olhos lentamente.

Avistou Sakura ali, abraçado à ele, e ele com os braços ao redor da garota.

Dormiram abraçados e ele nem notou? Pelo que vira ela estava gostando muito de estar abraçada a ele.

Não sabia como levantar-se dali, também não queria acordá-la.

Permaneceu deitado por mais um tempo, de olhos fechados, sentindo o cheiro que emanava dos cabelos róseos, quando sentiu a garota movimentando-se sobre ele. Ela virou a cabeça para outro lado ainda sobre seu peito, mas pareceu que notou onde estava. Abriu os olhos lentamente e levantou o rosto, fitando-o ruborizada.

- S-Sasuke... – ela olhou ao redor. Olhou pra baixo e viu o peito dele sob si, e então voltou a fitar seu rosto – Ah, você já acordou.... – ela se levantou desajeitada, apoiando-se no peitoral do mesmo para fazê-lo.

Quando já estava em pé no chão, fitou uma última vez e foi para o banheiro envergonhada.

Sasuke, com um riso torto no rosto, continuou deitado com as mãos atrás da cabeça, esperando a rosada voltar.

Assim ela o fez. Apareceu ali, corada como sempre, e com um sorrisinho como o dele.

Deitou-se de volta ao lado de Sasuke, sem saber o que fazer.

Tinha que dizer algo...

- Ahn... eu me movimento muito durante a noite... – disse ela explicando o fato de estar deitada sobre ele quando acordou.

- Não tem importância. Bom, mas já que você se movimenta muito tem que sempre deitar-se ao meu lado para movimentar-se pra cima de mim – ele deu um sorriso maroto o que a fez corar mais ainda.

- E-eu... vou... vou na cozinha... preparar nosso café, tudo bem?

- Fique mais um pouco – disse abraçando ela – Ainda estou com sono – dessa vez ele limitou-se a deitar sua cabeça no colo dela, o que a deixou mais sem graça ainda, mas não tinha por que ficar assim, estavam casados, mas mesmo assim ela sentia uma certa vergonha.

Sakura sentiu a respiração do moreno em seu pescoço. Era uma sensação ótima. Passou as mãos pelo cabelo negro rebelde dele e sentiu suas mãos acomodarem-se na curva de sua cintura.

Cochilou por mais alguns minutos ali abraçada a ele quando sentiu algo quente e macio pressionar-se contra sua boca.

Eram os lábios dele.

- Hum – murmurou quando se separaram – Acho que agora você já acordou, né?

- Ahan – disse ele a olhando nos olhos, ainda em cima dela.

- Então eu vou logo preparar nosso café... os empregados não estão hoje, e nós temos muito a fazer. Vamos visitar seu pai?

Sasuke então mudou a expressão para uma de desespero.

- Bom... eu estava pensando em ir sozinho.

- Sozinho? – ela ficou triste – Não queria que ele me conhecesse?

- Oh, não... não é isso. É que... Bom, eu... eu levo.. você.

Ela o fitou. Estava desconfiada.

- Não quer que eu conheça o seu pai? Acha que ele não vai gostar de mim? Tudo bem, eu... eu espero você aqui, ou posso marcar um encontro com Karin... não sei...

- Karin? Será que agora só pensa nessa mulher? – ele fingiu um tom de raiva na voz.

- Você vai visitar o seu pai e não quer que eu me divirta?

Sasuke a beijou nos lábios.

- Venha comigo. É que ele poderia me pedir pra fazer alguma coisa na empresa... ou para a empresa, então por isso eu deveria ir sozinho. Mas se ele saberá que estamos casados não pedirá nada, fique tranqüila – suas primeiras frases saíram sem nenhuma convicção. Mas Sakura resolveu acreditar.

- Ok, ok – ela então o empurrou para que ele saísse de cima dela e levantou-se indo até a cozinha.

Preparou o café e quando terminou tudo voltou para o quarto onde ouviu o barulho da água vindo do banheiro.

Colocou um vestido e esperou Sasuke sair do banheiro para tomar café com ele.

Ele então apareceu com uma toalha ao redor do pescoço e já vestindo uma bermuda. Tomou café com Sakura naquela manhã, a primeira manhã depois de casados.

Sasuke POV

Foi aquela a primeira manhã, depois de casados, em que tomamos café juntos. Eu e ela. Hora sorrindo um para o outro, hora envergonhados...

Eu a fitava a cada segundo. Como era frágil! Seria tão fácil fazer o que planejei... mas eu sinto que não devo levá-la para ver meu pai. Ele... pode dizer algo que a faça desconfiar. Uchiha Fugaku é esperto. Sabe mais de mim do que eu mesmo. As vezes tenho medo dele.

Levantei-me da mesa. Subi para o quarto, deixando Sakura sozinha ainda tomando seu café, e retirei aquela toalha molhada de meu pescoço, jogando-a na cama.

Coloquei uma calça e uma camisa de botões, é o que costumo usar. Deixei meu cabelo espetado, não tem jeito, ele é assim! O melhor então é deixá-lo bagunçado mesmo. Ainda bem que é liso, senão eu ficaria parecendo um poodle. Não sei porquê mas isso atrai as mulheres... cabelos espetados e bagunçados com uma franja meio que caída no olho para elas é bem “sexy”, é o que dizem. Sakura nunca disse nada a respeito de meu cabelo. Percebo que ela é observadora, mas dificilmente diz algo sobre minha beleza. Isso prova mais uma vez o quanto ela é diferente das outras mulheres. Sinto-me bem quando estou perto dela. Sua presença me faz, de fato, feliz. Mas isso não vai mudar meus planos, talvez no fundo ela seja mesmo como as outras.

Voltei ao mundo quando ouvi sua voz soar do corredor. Perguntava-me se eu estava pronto. Ela já estava. Entrou no quarto com um belo sorriso nos lábios e pegou então uma rasteirinha que se encontrava no chão, jogada. Prendeu seus belos cabelos num rabo-de-cavalo o que a deixou muito mais atraente, diga-se de passagem.

Disse-lhe então que estava pronto. Fomos até a garagem de onde eu tirei o carro. Um carro importado, todo preto... talvez seja mesmo novo pois nem o nome disso eu sei!

Dirigimo-nos até a empresa de meu pai.

Dentro do carro permaneceu um silêncio desconfortável enquanto eu dirigia. Sakura, uma hora ou outra, falava sobre as músicas que tocavam. Perguntava-me algo e eu apenas respondia com um leve balançar de cabeça e um “Uhun”. Não tinha o que dizer. Sempre fora quieto, calado, introvertido. Se não tinha conversa, eu não a puxava.

Chegamos na empresa. Estacionei o carro e saí do carro. Sakura fez o mesmo. Percebi alguns olhares na minha esposa, então, para deixar bem claro que ela era minha, eu peguei em sua mão.

Chegamos no quinto andar onde Fugaku trabalha. Falei com a secretária que precisava falar com ele. Ela o avisou por telefone e disse que poderíamos entrar. Conduzi Sakura até a sala dele. Notei que ela suava, parecia nervosa.

Entramos. Meu pai estava sentado em uma cadeira atrás da mesa de seu escritório. Assustou-se quando viu Sakura ao meu lado. Será que foi porque a achou muito bonita? Será que achou que era mais uma garota? Mas eu nunca as levava até a empresa.

- Sasuke... que surpresa te ver aqui – disse, o Uchiha mais velho, levantando-se – E essa bela moça?

- Minha esposa. – disse eu e então vi o susto tomar conta da face dele.

- Esposa? Quando foi que se casou?

- Ontem.

- Com essa gracinha? – ele fitou Sakura – Mas você não pretende...

- Não – eu o interrompi, mentindo. Com certeza ele notou que menti. Ele sempre nota.... como eu disse: ele sabe mais de mim do que qualquer um.

Sakura o fitou confusa, e depois olhou pra mim. Eu desviei o olhar, não com medo de me “auto-denunciar”, mas sim tentando não olhar naqueles olhos que me deixam louco. Pois é, seus intensos olhos verdes poderiam me fazer contar toda a verdade e desistir da ideia.

- Eu vim avisar que nós viajaremos para o exterior... não precisará de mim na empresa, certo? – perguntei. Ele me fitou confuso. Sabia que eu estava bancando o homem sério que leva a empresa e os negócios a sério. Sabia que eu estava enganando Sakura muito bem! Apenas balançou a cabeça negativamente com os olhos fechados e disse, quase que lamentando:

- Não.

Ele então mudou a expressão ao olhar para Sakura. Se aproximou com um sorriso e pegou na mão dela.

- Muito bonita. Mas ainda não sei seu nome.

Fugaku ainda não sabia o nome dela. Mas quando disser que é Haruno Sakura ele vai reconhecer na hora! Só sabe o nome da mais rica do Japão, mas nunca a tinha visto. Quando ela se apresentar, com certeza ele vai sacar tudo. Todo o meu plano. Mas, como sempre, não se meterá.

Sakura me fitou. Com medo de dizer seu nome, ele reconhecer, e talvez ter um ataque.

- Ahn... Haruno Sakura – disse ela meio hesitante.

Como esperado, meu pai mudou a expressão.

- Oh! Haruno Sakura! Filha do dono das maiores empresas do Japão. Creio que agora você está no comando...

Os pais de Sakura morreram num acidente de carro, ela me contara. Era sim muita responsabilidade sobre suas costas. Mas ela tinha advogados, algumas pessoas da família e aquela tal de Tsunade para lhe ajudar.

Fugaku então se apresentou. Ele, aparentemente, gostara muito dela. Quem não gostaria dessa garota cativante?

Notei que ele queria falar algo comigo. Falei então para Sakura esperar um pouco fora da sala enquanto eu falava algo sobre a “empresa” com ele. 

Quando estávamos a sós, ele começou a dizer o que eu já esperava que dissesse:

- É, Sasuke... você não tem juízo mesmo! Esta não é a mulher certa pra você.

- Ora, como assim? – perguntei, nervoso.

- Não é a mulher certa pra você enganar. Não percebe o quanto doce é ela? Tão... frágil! Eu diria que se tivesse um problema do coração já estaria morta.

Revirei os olhos. Como se atreve a se meter na minha vida? Não sabe o que estou planejando... seria melhor se eu fosse embora dali naquele exato momento. Não queria me deixar levar pelo seu poder de persuasão.

- Ela tem essa aparência delicada, mas é uma mulher forte.

- Não o suficiente pra impedir que você o faça... que você faça o que está planejando.

- Quem disse que planejo algo?

- Não me diga que está apaixonado.

- Não. Não estou.

- Como eu imaginava... todos os seus namoros deram errado. Mas sei por que se casou com ela. E não é difícil de descobrir.

- Ora, pai, fique fora de meus assuntos!

- Eu realmente só lamento por você. – ele se virou e voltou a sentar-se na cadeira – Só espero que ela consiga mudar o seu coração. Duvido que tenha coragem de fazer o que planeja.

Eu suspirei. Ele está mesmo ficando velho. Saí da sala batendo a porta o que fez Sakura, que estava fora da sala olhando umas flores do local, me olhar assustada.

Ela veio em minha direção com o olhar curioso. Mas, notando a minha expressão, resolveu não perguntar nada.

Voltamos onde o carro se encontrava e, como na vinda, eu voltei dirigindo. Estava com o olhar sério, fixo na estrada, não prestava atenção na Sakura que às vezes pronunciava algo que eu não entendia, por estar com o pensamento longe.

E se Fugaku talvez me atrapalhasse com o plano? Nem quero pensar na possibilidade dele... ah! É melhor eu esquecer. É claro que ele não faria nada para interferir. O conheço. Ele nunca o fez.

A voz de Sakura, mais uma vez, me tirou de meus devaneios.

- Sasuke? – pronunciou baixinho, suavemente, me fitando, esperando uma resposta.

- Sim? – eu desviei meu olhar pra ela, que estava parada no banco. Não parecia nem um pouco nervosa por eu não lhe dar atenção.

Sorriu como uma princesa.

- No que está pensando?

Sorri também, não tinha como não sorrir fitando aquela expressão dela, que me transmitia calma...

- Na viagem. Quer ir hoje, certo?

- Claro. Você não quer?

- Sim, sim. Vamos assim que chegar.

Chegamos na mansão de Sakura. Ela entrou enquanto eu colocava o carro na garagem. Assim que saí, senti algo vibrar no meu bolso. Olhei no visor de meu celular e vi o número de Karin. Mas ela só pode estar ficando louca! Me ligar assim... meu celular poderia estar jogado em qualquer canto da casa e Sakura poderia ver que ela me ligava.

Olhei para a porta da mansão. Se encontrava aberta. Provavelmente Sakura estaria na sala principal a minha espera.

Atendi o celular com a voz baixa.

- Você tá louca?

- Sasuke-kuuuuunnnn!!!!!!! – ouvi o berro da garota e afastei o celular de meu ouvido... não queria ficar surdo tão cedo. – Que saudade! Por que não veio mais em meu apartamento?

- Será que é por que agora eu sou casado e estou indo passar a lua-de-mel com minha esposa no exterior?

- O quêêê? Não foi isso que a gente combinou! Sasuke!

- Você quer morrer, Karin? – perguntei com minha voz ameaçadora.

Houve um silêncio. Acho que ela pensou um pouco antes de continuar com suas chatices.

- Mas antes de viajar... dá uma passadinha aqui!

- Karin...

- Tá bom, tá bom! Pelo menos me liga quando chegar em não-sei-onde-você-vai.

- Não prometo nada. – olhei pra trás, Sakura estava na porta fitando as sakuras do jardim – Tchau. – desliguei antes que ela falasse mais alguma coisa.

Andei até Sakura. Ela havia me escutado no telefone com alguém, mas creio que resolveu não comentar nada. Ela deve ter achado que foi meu pai, ou uma ligação importante. Realmente... muito ingênua! Tanto que às vezes me faz querer desistir...

Subi com ela até nosso quarto onde estavam nossas malas. Foi quando ela retirou da bolsa duas passagens de avião para Inglaterra.

- Oh... você já as comprou?

- Sim, sim! Nosso vôo está marcado para as oito da noite. Tudo bem?

- Claro.

Fomos então de táxi até o aeroporto onde pegamos o avião para Inglaterra.

Sakura acabou dormindo na viagem, com o rosto encostado no vidro gelado da janela. Puxei-a e deitei sua cabeça em meu ombro, a abraçando ali. Acabei cochilando um pouco também, mas logo acordei. Ela ainda dormia, dessa vez com os braços ao redor de minha cintura.

Sorri de canto. Tão fácil. Como é fácil ter tudo o que queremos... chega a ser sem-graça de tão fácil. Por isso que passarei um tempinho a mais que o planejado “brincando” com minha querida e amável esposa.