Per Sempre escrita por Bells


Capítulo 1
Wherever I Go


Notas iniciais do capítulo

Enfim como eu disse não é real, isso não ocorreu, que eu saiba e várias tretas e bláblá.
Quem lê minhas histórias sabe que gosto de escrever sobre irmãs, sabe que escrevo sobre mutilação e suicidio. Sabem que eu tenho uma irmã mais velha muito importante. Sabem que minhas fics são baseadas nela e em mim e em como ia ser terrível se isso acontecesse conosco.
Bem, a música é Wherever I Go, é linda eu morro chorando e eu espero que vocês também chorem u-u
Espero que gostem, por favor comentem e exponham sua opinião, review existe para isso.
Mais uma vez:
Per sempre é italiano, significa para sempre, Wherever I Go é inglê significa para onde eu vá



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Ela apanhou o telefone do bolso, o encarou por alguns segundos enquanto atravessava o mar de pessoas que saia do metro, quando se encontrou na rua discou o número três da discagem rápida e esperou alguns toques até que a voz de sua irmã soou do outro lado da linha.

–Alô? – A voz de sua irmã mais nova estava rouca, era o que ela temia. Já eram sete da noite, e ela não estaria dormindo. Não agora.

–Sou eu, irmã...

–Ah, mana – Exclamou aliviada. Ela sentiu um pouco de vida dentro de si.

–Estava chorando de novo?

A irmã não respondeu, e ela soube interpretar seu silêncio, sabia que do outro lado da linha ela havia assentido, sabia que estava com as mangas compridas do moletom limpando vestigíos de lágrimas, sabia que a respiração dela estava mais pesada por isso, mais difícil. Sabia que ela estava treinando mentalmente a voz, sabia que ela estava mordendo a boca que tremia pronta para inrromper em novos soluços, sabia que ela se controlaria. Ela sabia de tudo, a conhecia como ninguém.

–Mana? – Chamou e recebeu um suspiro derrotado como resposta.

–Sabe... Que eu não vou aguentar por muito tempo – A voz da irmã tremeu ao falar, ela sabia que ela havia se jogado no chão, se escorado a parede e soluçado para si mesmo.

Imaginou há quanto tempo ela estava chorando sozinha.

–O que aconteceu?

–O mesmo... De sempre.

–O que eles lhe falaram?

–Tudo que já haviam me falado, tudo de novo. Palavras as quais eu já devia ter me acostumado, ofensas que já são apelidos, mas que magoam. Mais do que o físico.

Ela parou subtamente na rua.

–Fisico?

Pode sentir a irmã gelar e assentir.

–É... Eu...

–Eles lhe bateram? – Sua voz era quase um grunhido de raiva.

–Sim... Não.

–Sim ou não?

–Si..sim – Esse sim foi o mais baixo que ela poderia dizer, se já não soubesse a resposta, não a teria ouvido.

–Eu vou matá-los. – Ela chutou a primeira coisa que viu, uma lata de lixo que ficou deformada pelo chute que ela havia dado.

A irmã do outro lado da linha chacoalhou a cabeça negativamente.

–Nã-não. Isso não vai parar, nunca. Você sabe. Não faça nada, vai se encrencar. Não quero isso.

Ela deu um suspiro pesado e falou:

–Você é forte. Eles falam o que não sabem, eles julgam por não ter nada para fazer. A vida não é um julgamento e você não é o réu, não está sendo condenada, não pode ser condenada por ninguém além de si mesma.

–Eu sei que você pensa isso. Sempre me ajudou, mas... Mas uma hora eu não aguentaria mais. Eu não posso conviver com tanta dor.

Ela parou novamente, escorou-se em um poste.

–O que quer dizer?

–Não posso continuar.

–Ainda não entendo.

–Eu... Não consigo mais... Viver.

As palavras a atingiram como um balde de água fria, ela não podia fazer, isso não podia acontecer.

–Não. Eu não vou deixar, você não pode fazer isso.

A irmã sorri ao outro lado da linha, um sorriso triste.

–Qual seria a diferença? Eu apenas sentiria menos dor. Eu não aguento mais. Não consigo. Não consigo. Por favor, eu tenho que acabar com essa dor, é uma tortura. É horrível.

–Eu sei que você vai conseguir, sei que é difícil, mas...

–Não! Eu não sou forte como você, nunca vou ser. Entenda, por favor, entenda, eu não posso mais viver assim. Faça isso por mim.

Ela não podia acreditar que chegara a esse ponto, que não havia mais nada que pudesse fazer, não podia acreditar no que faria a seguir, não sentia-se mais humana, as lágrimas arderam em seus olhos. Era hora de ser forte pela irmã, pensar no melhor para a irmã, ela não merecia tanta dor, por outro lado elas haviam prometido nunca parar de tentar. Seria agora a hora em que o nunca chegava ao limite?

Ela encondeu o rosto entre as mãos, sentiu algumas lágrimas lhe escorrerem pela face. Por ela, apenas para aplacar a dor dela.

–Eu... Eu não acredito... Mas... Eu te ajudo. Manterei eles fora. Terá tempo suficiente.

–Obrigada – Ela suspirou aliviada – Caramba, eu te amo.

–Eu também te amo – Um nó se formou na garganta dela.

Elas desligaram, e ela não se incomodou de desabar na rua e chorar até ter passado tempo suficiente para que até as lágrimas que ainda não haviam escorrido de seus olhos congelassem. Ela mandou uma mensgaem para os pais e pensou que poderia distraí-los levando-os para um café e apresentando seu trabalho de conclusão da faculdade.

Sentia que o bolo de choro ainda estava lá e que não sumiria. Ela não acreditava que estava fazendo isso. É como se ela estivesse a matando. Não havia uma forma positiva de pensar sobre isso.

Ela correu para o apartamento que dividia com a irmã e os pais, apressou-se na maçaneta e abriu a porta com força e pressa, ela teria ricocheteado e gerado um estrondo, mas ela a segurou e entrou com cuidado, trancou novamente a porta.

–Mana? – Ela deu uma olhada na sala e na cozinha, ela não estava lá.

Subiu para o andar de cima e não achou ela em nenhum quarto, então lhe ocorreu onde ela estava. Como não pensou nisso antes?

Caminou até o fim do corredor e receou, sem saber o porque, em abrir a porta do ármario de casacos. Abriu.

E lá estava ela, linda como sempre, e quebrada. A garota do sorriso quebrado.

Os cabelos castanhos caiam sobre o rosto que estava escondido atrás de mãos finas, as quais eram possíveis ver os ossos. Antigamentes as mãos tinham o tamanho perfeito, antes dela adoecer.

Ela se ajoelhou em frente da figura da irmã mais nova, magoada, afastou seus cabelos e retirou suas mãos da frente do rosto inchado e vermelho. Elas se fitaram por um momento até que a irmã mais nova se jogou para o abraço dela e soluçou tanto quanto antes.

–Não... Não queria lhe deixar – A mais nova confessou.

A mais velha sentiasse encurralada. Ali estava o golpe perfeito. Poderia usar isso e mantê-la viva, poderia implorar para ela não desistir e não deixá-la, ela nunca negaria. Mas por outro lado estaria abrindo mão da felicidade da irmã pela dela. Estaria obrigando a irmã a viver com essa dor.

Acariciou os cabelos dela.

–Eu sei que não... – Sussurrou – Eu sei, eu não quero perder você. Você é a coisa mais importante de toda minha vida, mas se você precisa disso – Ela engoliou o choro e respirou fundo – Se acha que assim doerá menos, que essa é a única maneira de se sentir bem... Eu vou estar com você.

A mais nova apertou mais o abraço, com as forças que possuía.

–Você é a melhor irmã do mundo.

–Não – A mais velha discordou – Você é.

Ela se permitiu um tímido sorriso quebrado.

–O que está fazendo em casa? Achei que estaria com o papai e a mamãe.

–Eu... Eu... – Como ela diria isso? Ela não podia chorar na frente dela, não podia demonstrar fraqueza agora. Engolio o nó na garganta – Eu precisava te abraçar, uma última vez e... – Seu coração já estava quebrado em milhões de pedaços... Sua irmã... – Dizer que lhe amo.

–Eu também te amo – Ela deu a mão para irmã, entrelaçaram-nas, a mais nova as encarou. Viu sua mão gorda, inchada, tão diferente de como a mais velha via, a realidade,uma mão fraca mostrando todos os ossos – Per sempre.

Ela beijou a testa da irmã.

–Per sempre.

Seu celular vibrou, a mensagem que havia chegado era da mãe, perguntando onde ela estava. Elas se soltaram e levantaram.

–Você precisa ir – Deduziu a mais nova.

–Eu sei. Não queria. – Ela olhou mais uma vez para a irmã, por um momento a imaginou bem. A imaginou sorrindo e acreditou que isso era um até logo. Deu um outro abraço apertado nela – Eu vou sentir, tanto, tanto, a sua falta. Se for fazer isso preciso que saiba: você é a pessoa mais perfeita do mundo, mais linda, e importante. Não sabe o quanto te admiro. O quanto eu amo seu sorriso e sua risada.

Ela tentou sorrir uma ultima vez para irmã.

– Você estará comigo para onde quer que eu vá. Sabia?

Ela escondeu o rosto no abraço, aquelas lágrimas não puderam ser contidas.

Ela a largou, apenas segurou sua mão e disse:

–Sei que vou me arrepender depois, mas faça o que precisar para ser feliz. Eu só quero que você seja feliz. Eu te amo pra sempre. Sei que nos encontraremos de novo um dia.

–Não queria, mas espero que seja distânte. Eu te amo para sempre.

Quando a irmã mais velha saiu as pressas, sem querer olhar para trás apesar de seu coração ter ficado lá a mais nova correu para a cozinha apanhou todos os remédio que achou, todas as cartelas, levou um copo d’água para cima e sentou-se no chão, apanhou um lápis e rabiscou em um papel para os pais:

Isso não tem anda a ver com vocês, eu os amos.

Mana, você é a pessoa mais forte do mundo.

Então deixou os bilhetes do lado, por uma última vez rendeu-se a suas melhores amigas, rasgou seus pulsos na vertical, já sentia-se enfraquecer. Apanhou uma cartela de comprimidos e engoliu, depois outra, e mais outra e outra... Até ser levada pela inconsciencia, e então pela morte. O sangue parou de circular, seu coração parou, sua pele quente começou a esfriar, seus olhos agora eram gélidos e inexpressivos, sua boca estava começando a adquirir uma coloração roxa... Estaria ela perfeita agora?

Na cafeteria a irmã mais velha estava aflita, sentia que explodiria em um choro, ela tamborilou as unhas na mesa, ela cuidava cada segundo e seu pensamento estava em sua irmazinha, ela imaginou se já era tarde, ela olhou para os pais que discutiam sobre seu trabalho, achou que eles estavam distraídos o suficiente e então fugiu.

Correu, sentiu raiva pelas pessoas que fizeram sua irmã passar por isso, mas o desespero e a tristeza eram mais fortes. O que ela estava fazendo? É claro que não poderia deixar isso acontecer! Nunca. Talvez não fosse tarde.

Ela entrou no apartamento, não se importou em deixar a porta aberta correu para o segundo piso gritando o nome da irmã, implorando por uma resposta e dizendo que a amava que ela não podia deixá-la.

Quando chegou ao banheiro e encontrou o corpo de sua irmã. Ela tapou a boca e sufocou um grito, as lágrimas arderam e escorreram por seus olhos, ela soluçou e desponcou no chão, seus joelhos bateram contra eles. Ela estendeu a mão para a irmã e sentiu seu corpo já frio.

Ali estava sua irmazinha, aquela que há dezesseis anos atrás era um bebê sem nenhum cabelo ou dente, mas que mesmo assim sorria sincero, aquela que cresceu a sua sombra e que dançava pela casa, aquela que tinha medo de trovões e corria para sua cama para dormir abraçada a ela, aquela que foi julgada pela aparencia e adoeceu pelos julgamentos, aquela que tinha o sorriso mais lindo do mundo e que foi quebrado, aquela que agora jazia morta a sua frente.

Ela agarrou o corpo da irmã e soluçou com ele.

–Não! Como pude deixar? O que eu fiz?!

Ela sentiu que os pulsos da irmã estavam manchados de sangue, que passaram para sua blusa. Ela beijou a face da irmã e implorou para ela falar, respirar... Viver.

Mas era tarde.

Do chão ela pegou uma lâmina ensanguentada, ela a examinou, então segurou a mão da irmã, senti um papel perto da mão e leu de relance: “Você é a pessoa mais forte que já conheci”.

–Não mais irmã – Ela sorriu fria, com dor – Não mais.

Dito isso fez a lâmina rasgar sua garganta, só parou quando perdeu o sentido da mão, quando não teve força para mais nada, quando sentiu que não podia mais respirar, quando sentiu que estava indo e que estaria com sua irmã. Desabou ao lado dela e deixou uma última palavra eternizada em seus lábios.

Per sempre.


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Notas finais do capítulo

SO I AM MOVING ON LETTING GO HOLDING ON TOMMOROW I'LL ALWAYS GOT MEMORIES WHILE I'M TRYING TO FIND WHO I'M GONNA BE WE MIGHT BE APPART BUT I HOPE YOU ALWAYS NOW YOU'LL BE WITH ME WHEREVER I GO
~Chorando~
Eu chorei escrevendo, achei que não ia conseguir terminar...

Então como está? Desculpe se houver erros, eu estou com pressa então só poderei reler amanhã.
Por favor comentem.



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