Marylin escrita por Juliana Moraes


Capítulo 5
The new me


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente tenho que agradecer a todos os leitores e reviews, vocês, estão fazendo com que meu sonho se torne realidade. Obrigada! Desculpem-me pela demora em postar esse capítulo, estou em época de provas, e além dos estudos, tenho que escrever capítulos para duas fics. Tenham uma boa leitura (;



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Meu cabelo longo e negro tinha sumido, dando lugar a um penteado curto, ondulado, e loiro. Meus olhos estavam contornados com lápis preto, e minha boca coberta com batom em um tom de rosa que se, um dia, eu tivesse que escolher, nunca usaria. Agora, toda e qualquer semelhança com minha mãe tinha sumido. Eu parecia outra pessoa. Uma versão mais moderna, e mais patricinha, de mim mesma talvez.

– Loira! – Gritei, olhando para meu reflexo.

– Não gostou? – Francis me encarou boquiaberto.

– Não. Sim, eu gostei, mas... loira? – Olhei para ele, que riu me abraçando.

– Boa sorte! – Ele sussurrou.

Caminhei até James, parando em sua frente.

– Onde quer ir agora senhorita Benson? – Ele sorriu.

– Não me chame assim. – Sorri de volta. – Eu preciso voltar para casa.

– Eu acho arriscado. – Olhei para ele sem paciência alguma para brincadeiras.

– Eu preciso voltar para casa. – Repeti. – Isso foi uma afirmação, não uma pergunta. – Me virei, indo em direção a saída.

– Marylin, é arriscado! – Ele gritou, me puxando pelo braço.

– Arriscado por que? É minha casa! – Gritei no mesmo tom que ele, puxando meu braço de suas mãos.

– Você pode ficar com a sua antiga casa, aqui, em Londres. – Ele respirou fundo, como se estivesse tentando manter a calma. – Se voltar para Oxford agora, irão te ver, e toda essa mudança será em vão.

– Quem irá me ver? – Perguntei.

– Eu não sei. Eu posso mandar alguém pegar suas coisas, mas por favor, fiquei aqui. – Ele pediu.

– Não, tudo bem. – Respirei fundo, colocando a mão na testa e fechando os olhos. Lembrei de todo o dinheiro que meu pai me deixou, se essa é a nova Marylin, acho que irei precisar de novas roupas. – Minha antiga casa, eu não lembro muito bem dela.

– Eu posso te levar lá agora mesmo. – Ele caminhou pelos corredores, e eu o segui.

– Sim, mas antes eu quero ir ao shopping.

                                                 ~X~

Nunca fui o tipo de garota que se vestia de acordo com a moda, ou choramingava por um par de sapatos novos, mas não porque eu não gostasse dessas coisas, e sim pois não gostava de pedir nada a minha tia, e o dinheiro que ela me dava, mensalmente, mal dava para pagar o almoço na escola.

James dirigia até minha casa, em silêncio, enquanto eu dividia o banco de trás com inúmeras sacolas. Devo ter gastado hoje, mas do que já gastei em minha vida inteira.

– Quantos anos você tem? – Perguntei, olhando as ruas de Londres pela janela do Volvo preto.

– Vinte e dois.

– E desde quando me vigia?

– Desde os meus vinte anos. Não faz muito tempo. – Ele deu de ombro. – Chegamos. – Ele estacionou.

Pulei do carro e fiquei parada em frente a enorme casa. Eu não me lembrava o quão grande ela era, na verdade, eu nem me lembro muito bem dela. Era perto do píer. Sua entrada era linda, dois degraus para chegar a uma enorme varanda de mármore, a porta de vidro branca era alta, e combinava perfeitamente com as paredes de pedra.

– Fizeram uma pequena reforma nela a pouco tempo, os móveis são novos, e duas vezes por semana uma domestica da MB virá para limpar a casa. – James murmurou, andando em minha frente com sacolas penduradas em todo o seu braço, ele retirou uma chave de seu terno e abriu a porta. Eu ainda não tinha movido nenhum músculo.

Ele entrou na casa, saiu novamente, pegou o resto de minhas sacolas, e caminhou novamente em direção a casa, dessa vez parando na porta.

– Não vai entrar? – Ele arqueou a sobrancelha.

Caminhei cuidadosamente até a entrada, passei pela porta, e cheguei na sala, lembrando da ultima vez que estive aqui. Tudo estava tão diferente do que eu me lembrava, que até cheguei a duvidar se essa realmente era a casa onde vivi meus primeiros seis anos de vida.

Andei por todos os cômodos. A sala principal era grande e muito aconchegante, um enorme sofá branco, com muitas almofadas marrom e um divã da mesma cor, um tapete mostarda, uma mesa de vidro ao centro, com enfeites graciosos e algumas revistas, e uma lareira, a mesma lareira de sempre. No mesmo andar também tinha uma cozinha, uma sala de jantar, um escritório muito confortável, e um banheiro pequeno. Subi as escadas, chegando em uma sala menor, onde estavam um sofá pequeno, e uma TV, continuei andando por um largo corredor, havia duas portas, uma em frente a outra, abri a primeira e percebi que aquele seria meu quarto, grande, espaçoso, e bem iluminado, nele tinha um banheiro enorme e um closet que seria muito útil para meu novo guarda-roupa. Caminhei até a outra porta, e assim que coloquei a mão na maçaneta para abri-la :

– Esse é o meu quarto. – James riu, abrindo a porta.

– Como é que é? – Arregalei os olhos.

– Esse. É. O. Meu. Quarto. – Ele fez um gesto para que eu entrasse, percebi então que ele já estava muito bem hospedado ali.

– Você vai morar aqui? – Perguntei, apenas para ter certeza.

– Vantagem ou desvantagem, veja como quiser, de ser um protetor. – Ele piscou para mim.

– Não! – Gritei.

– Desculpa, mas não posso fazer nada para mudar isso. – Sua risada ecoou pelo quarto.

– Pode sim. É só pegar suas coisas e sair. – Cruzei os braços, batendo o pé como uma criança mimada.

– Acho que teremos muitos problemas.

– Ah! Você acha? – Blefei.

– Tenho certeza! – Ele cruzou os braços. – Se me dá licença, tenho muito o que fazer no meu quarto.

– Argh! – Resmunguei, saindo do quarto e batendo a porta com toda a força que eu tinha.

Como se não bastasse ter que aceitar um guardião, ou protetor seja lá o que ele diz ser, teria que morar no mesmo teto que ele. No teto que me pertence. Me pertence,  não é mesmo?

Voltei ao meu quarto, irritada com o loiro do quarto da frente. Quem ele pensa que é? Só porque é um protetor de uma Máfia que ninguém, nunca, ouviu falar, ele acha que pode chegar assim e se hospedar na minha casa?

– Respira Marylin... – Sussurrei a mim mesma uma, duas, três vezes.

Me joguei na cama, fechando os olhos com força, era muita informação para ser digerida em apenas um dia. Eu comecei o dia em um funeral no cemitério principal de Oxford, me despedindo de minha tia, e pensando em um jeito de conseguir dinheiro, de entrar em uma faculdade, e de começar uma minha vida, e agora, quase no fim da noite, eu estou em Londres, com um novo visual e um novo guarda-roupa, no meu quarto, na casa onde vivi meus seis primeiros anos de vida, depois de passar uma tarde inteira descobrindo que minha vida foi uma mentira, que meu pai esteve vivo por muitos anos, e que agora eu tenho que conviver com um protetor pois podem estar me perseguindo.

Quando é que tudo se tornou tão complicado?

Tomei um banho demorado, vesti uma camisola preta de seda, e deitei novamente na enorme cama, retirando de dentro da minha bolsa a lista.

Edward Greg

Richard Jeremy

Alisson Colins

Michael Toby

Ashton Derik

Zoe Lauren

Assim que terminei de memorizar todos aqueles nomes, anotando-os em minha agenda, onde provavelmente era mais seguro, notei que faltava um nome. Como eu sei disso? O papel estava rasgado, e havia indícios de que mais um nome estava escrito nas linhas que faltavam.

Analisei todas aquelas fichas que meu pai escreveu, durante o tempo em que esteve investigando sobre o caso das empresas aéreas Burning Flight, e não posso deixar de comentar o quanto minha sede por vingança aumentava a cada palavra escrita ali.

Um breve resumo sobre tudo o que li, até pegar no sono, é que o dono da Burning Flight, Jimmy Hanni, investiu tudo o que tinha e o que não tinha, na empresa, porém não estava tendo lucros e todo seu investimento foi em vão, e ele estava quase declarando falência quando virou sócio de Richard Jeremy, que o ajudou com a divulgação das linhas aéreas. Alguns anos depois, Jimmy morreu em um incêndio muito suspeito em sua própria casa, Richard virou o dono das empresas e abriu sociedade com Ashton Derik, que já tinha sido preso três vezes por porte ilegal de arma, e fabricação de bombas caseiras em tentativas de assalto ao Banco Central de Londres. Meu pai foi contratado após um ano, sua função como sócio era fazer com que as pessoas comprassem somente passagens da Burning Flight, violando as outras empresas que trabalhavam no mesmo local. Richard e Ashton eram extremamente gananciosos, e tudo o que queriam era ganhar dinheiro, doa a quem doer. Após muitos ataques a empresas concorrentes, eles decidiram que um terrorismo seria o melhor negocio para levar o dinheiro das pessoas até o bolso deles. Ashton produziu inúmeras bombas, que seriam colocadas nos aviões que decolassem em direção ao Estados Unidos, das linhas aéreas concorrentes é claro, fazendo com que a Burning Flight fosse a única linha segura para decolar.

Meu pai conseguiu impedir, quase, toda a realização desse terrorismo, pois as bombas explodiriam assim que aterrissassem na América, porém um avião não conseguiu ser avisado a tempo, e explodiu um pouco antes de aterrissar em Nova York.

Richard, obviamente, se sentiu traído e armou um ataque ao meu pai, que foi dado como morto e causador de todo esse pânico.

Após ler todos os relatórios, minha vontade por vingança aumentou, me dando total certeza do que eu queria, e iria, fazer.

                                                 ~X~


– Vá embora! – Acordei assustada com os gritos que vinham do corredor. – Eu não quero ver a sua cara nunca mais! – Era James.

– Por favor, não JP... Por favor! – Uma voz de mulher ecoou pelo meu quarto.

Levantei da cama, sonolenta, e corri até a porta do quarto abrindo-a, e dando de cara com James, apenas de shorts, e uma garota morena, extremamente arrumada e maquiada.

– Posso saber o que está acontecendo na minha casa? – Cruzei os braços, encarando-os.

– James! Quem é essa garota ridícula? – A garota olhou para James com os olhos arregalados.

– Amy! Vá embora! – Ele gritou com ela, apontando para a escada.

– Acho bom você ir embora daqui agora querida! – Murmurei calmamente.

– Quem é você para falar o que eu tenho que fazer? Dá licença garota, que eu preciso conversar a sós com o meu namorado. – Ela gritou comigo. Namorado?

– Ex-Namorado! – James gritou. Ex-namorado...

– Parem! – Gritei – Olha Amy, acho...

– James! Você está me traindo com essa menina? – Amy me olhou torto.

– A única que trai aqui é você! Por favor saia agora! – Ele gritava cada vez mais alto.

– Amor, por favor, vamos conversar... – Ela abaixou o tom de voz, ficando calma, e passando a mão no peito nu de James.

– Não Amy! Saia agora, eu não quero mais nada! – Ele afastou ela, e entrou em seu quarto, fechando a porta com força.

Amy me olhou com fogo nos olhos.

– Quer que eu te mostre a saída, ou você consegue encontra-la sozinha? – Murmurei, tentando não rir da cara de Amy.

Ela me ignorou, batendo o salto com força no piso de mármore, e descendo as escadas aos resmungos, não demorou muito para se ouvir o barulho da porta ser espancada.

Voltei ao meu quarto, mas algo dentro de mim falou mais alto, e minhas pernas automaticamente me deixaram em frente ao quarto de James.

– James. – Sussurrei. Nada se ouvia. – Senhor Lannes. – Assoviei. – James Peter? – Mordi o lábio enquanto falava, balançando de um lado ao outro, sem paciência. – Babá! – Gritei em meio a risos.

– Babá? – Ele abriu a porta me assustando. – O que quer Marylin?

– Queria saber se você tem uma xícara de açúcar para me emprestar. – Ele me olhava sério, contraindo os lábios para não rir. – O que acha que eu vim fazer aqui James? – Perguntei empurrando a porta e entrando em seu quarto. – Você começa a gritar com sua namorada no meio da noite e quer que eu não venha falar com você? – Sentei na cama dele, observando o horário no relógio, era cinco horas da manhã.

– Você poderia por gentileza voltar a dormir, e deixar que eu faça o mesmo? – Ele apontou para o corredor, sem paciência, segurando a porta.

– Não. – Encarei ele. – Eu perdi o sono, babá. – Contive o riso.

– Tudo bem. – Ele caminhou até meu lado, deitou na cama, e fechou os olhos. – Boa noite! – Observei em silêncio suas expressões, sua barba estava crescendo, o que lhe dava a aparência de mais velho, seu corpo era atraente, nada comparado ao de Taylor Lautner ou Channing Tatum, mas aparentemente, James passou um bom tempo na academia. – Ainda está ai? – Ele perguntou, ainda com os olhos fechados.

– E vou ficar até você me contar o que aconteceu.

– Meu Deus! – Ele suspirou. – Vai ser mais difícil do que eu pensava.

– Contar o que aconteceu?

– Não. Cuidar de você. – Ele abriu os olhos me encarando. – Tudo bem! – Ele se ajeitou, ficando sentado em minha frente. – O que quer saber?

– Porque me acordaram aos gritos?

– Me desculpa por isso. Mas foi necessário. – Ele passou um de seus braços por cima de mim, agarrando uma almofada, e a jogando para o alto em seguida. – Aquela era Amy Greene, ela é minha namorada... quer dizer, era! – Ele riu baixo. – Fazia algum tempo que estávamos nos desentendendo, desde que comecei a ser seu protetor na verdade, a dois anos atrás. – Ele pausou. Uma pausa preocupante, pois comecei a me sentir culpada. – Eu já tinha tentado terminar com ela antes, mas ela insistia em continuar, e bem, acho que acabei ficando com ela por atração, na verdade acho que nunca existiu amor. – Ele me olhou cauteloso. – Mas isso não vem ao caso. O que aconteceu foi que ela veio aqui, e por algum motivo peguei o celular dela, e havia muitas mensagens do meu melhor amigo para ela. – Ele encarou os pés. – Eles estavam tendo um caso, a mais de um ano. E eu sou um idiota, mas tudo bem, isso foi só um motivo para terminar com algo que nunca esteve certo.

– Ela não te merece.

– O que?

– Não me faça ter que repetir isso, por favor. – Minha voz era séria.

– Suas mudanças de humor vão acabar comigo Mary. – Ele gargalhou.

– Eu me senti culpada. – Murmurei, encontrando seus olhos azuis.

– Você não tem culpa de nada. – Ele endireitou-se, encostando na cama, e me encarando seriamente.

– Ultimamente tudo parece ser minha culpa.

– Não diga isso, você não tem culpa Marylin. – Ele fez outra pausa. Me levantei caminhando até sua escrivaninha, tinha muitos papeis ali, e um dele tinha o nome de minha tia. – Está pensando em que?

– O que realmente aconteceu com Janie?


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Notas finais do capítulo

Se gostou deixe seu comentário para que o próximo capítulo seja postado o mais rápido possível.

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See you soon Babies! xoxo - JJ