Marylin escrita por Juliana Moraes


Capítulo 4
Give me a reason


Notas iniciais do capítulo

Olá, espero que gostem desse capítulo. Boa leitura!



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– E se eu não aceitar? – Perguntei o encarando.

– Você não poderá abrir caixa. – James puxou uma cadeira, e sentou-se em minha frente.

–  Porque?

– Será para o seu bem.

– Levantei da cadeira, batendo a mão na mesa. – Isso é algo que meu pai me deixou, eu tenho todo direito de abrir.

– Não. – Ele deu de ombros. E nesse momento James perdeu todo o seu encanto. – Olha, você pode estar em perigo, e a MB só quer protege-la.

– Eu sei me proteger sozinha.

– Não, você não sabe.

– E quem é você para me dizer o que eu sei, ou não sei? – Encarei James com fogo nos olhos.

– Eu não fui treinado para aguentar suas birras. – Ele caminhou até uma estante de livros, retirou alguns com títulos em latim, e abriu um cofre preto, retirando de lá um envelope. – Seu pai lhe deixou essa carta explicando tudo, vou te deixar sozinha para que leia e pense bem sobre o que quer fazer. Volto daqui uma hora. – Ele jogou o envelope em cima da mesa, segurou a caixa, e saiu da sala sem me olhar.

Era muita informação em tão pouco tempo, meu cérebro lutava para digerir tudo o que James tinha me contado. Meu pai estava vivo, escondido de tudo e de todos, enquanto a mídia relembrava todo o ano sua falsa morte. Porque ele não me procurou? Porque ele se escondeu de mim? James disse que ele esteve comigo, mas porque se esconder até de mim que sofri todos esses anos sem ele? Tinha toda essa história de Máfia Britânica, afinal, o que é que eles faziam? Proteger o país? O país corre tanto perigo assim para ser necessário uma máfia? E uma máfia grande, pois esse lugar é enorme. E também tinha James, que eu prefiro não comentar nesse momento, pois estava com ódio dele. Mas sim, ele era incrivelmente bonito, e seus olhos... Marylin! Foco!

Olhei o envelope pardo em minha frente, suspirei pesadamente, e o abri. Dentro dele tinha um cartão de crédito, uma chave, e uma carta, uma carta de meu pai.

   Querida Marylin...

    Se está lendo isso duas coisas aconteceram: A primeira é que agora você não é mais uma garotinha, e que já tem idade suficiente para fazer suas próprias decisões, e para beber, o que me preocupa um pouco, mas eu confio em você, e sei que não vai me decepcionar. A segunda coisa, é que eu faleci. E eu realmente sinto muito por isso.

 Sei o quanto foi difícil para você todos esses anos, eu imaginei uma vida completamente diferente, mas infelizmente, o destino mudou nossos planos. Por favor, não pense que te esqueci e que me escondi de você todo esse tempo, eu apenas não podia nos colocar em perigo, te colocar em perigo. Durante todos esses anos, eu estava cuidando de você, de longe é verdade, mas eu estava. Eu ficava parado na saída de sua escola, eu acompanhava seus passos até você chegar na casa de Janie. Muitas noites eu via você dormir, eu estive ao seu lado, uma vez você acordou chorando após um pesadelo, abriu os olhos e sussurrou “ Papai, você é meu anjo agora? “ Eu disse que era, cantarolei para você uma canção que sua mãe me ensinara, e você dormiu novamente. Foi tão difícil ficar longe de você.

 Deve estar se perguntando o porque disso tudo, não é mesmo? Pois bem, vou tentar lhe explicar.

O que é a MB? A Máfia Britânica foi formada a muito tempo atrás, assim como o FBI, ela é sustentada pelo governo, e sua finalidade é fazer uma analise completa dos casos que o FBI não consegue resolver. A missão da máfia é apenas proteger pessoas, e lugares, sendo na Inglaterra ou não, de todo e qualquer tipo de terrorismo.

Como eu me envolvi com a MB?  Eu era investigador da policia local de Londres, eu tentava todos os anos entrar para o FBI, um dia após a avaliação para tentar ser a vaga de investigador, o MB entrou em contato comigo dizendo que o meu perfil era o que eles procuravam. Eu comecei como aprendiz, mas terminei como investigador chefe. O problema é que sempre me envolvi demais em todos os casos.

Porque você precisa de um protetor? Essa deve ser a pergunta que mais lhe interessa. Bem, você corre perigo, e tudo isso é minha culpa, me desculpe. Não sabemos exatamente quem está atrás de você, nem o porque, mas qualquer cuidado é pouco, e em breve descobriremos quem é, e o porque.

Porque escolhi James para ser seu protetor? James desde pequeno corria pelos corredores da MB, a mãe dele é a médica perita da Máfia, e ele sempre mostrou interesse no trabalho dos protetores, quando ele completou dezoito anos começou seu treinamento, e eu acompanhei seu desenvolvimento, ele é um rapaz ótimo, sempre ouviu minhas histórias, e decidi que queria ele para te proteger, um rapaz jovem, e aparentemente bonito, seria muito mais fácil para você. Quero dizer, muito mais fácil para você aceitar que te protejam, pois tenho certeza de que não gostaria de um velho ao seu lado o dia todo.

O que tem na caixa? Arquivos confidenciais sobre o caso que eu estava investigando, e uma lista. O que tem na lista? O nome dos assassinos de sua mãe. A chave abre a caixa.

Porque você só poderá abrir a caixa se aceitar ter um protetor? Se abrir a caixa terá informação suficiente para que venham atrás de você, um protetor é necessário.

Mas quero lhe pedir algo. Não quero que se machuque, não quero que fique infeliz. Quando você era pequena, dizia que quando crescer queria ser igual eu, e bem, agora não sei o que você quer da vida mas deixarei duas opções. Você pode assumir meu lugar no caso, pode se tornar uma investigadora da MB. A Máfia lhe ensinará tudo o que precisa para se tornar uma de nós, como já deve ter visto, existem salas por todo o campus, se decidir fazer isso, além de muito cuidado, peço para que aceite todo o tipo de treinamento que lhe oferecerem, por mais estupido que possa parecer. A segunda opção, é que viva sua vida, entre em uma faculdade, arrume um emprego, se divirta ao máximo, mas não em Londres, não onde você corre perigo sem um protetor.

 Independente de qual opção você escolher, quero que saiba que não precisa se preocupar com as economias. Guardei todo o dinheiro que eu e sua mãe ganhamos durante toda a nossa vida, e acho que será suficiente para você viver confortavelmente em qualquer lugar do mundo. Sessenta milhões estão depositados em seu nome, use o cartão para o que achar melhor para você. Apenas seja consciente.

Será mais seguro se você rasgar essa carta.

   Eu te amo com toda a minha alma.

                                     Com amor, Papai Scott xoxo

Reli a carta várias e várias vezes. Lagrimas molharam o papel, que agora já estava amassado. O que eu faria? O que eu escolheria? Se eu escolher não abrir a caixa, poderei começar minha vida, fazer uma faculdade, comprar uma casa... mas não em Londres. Para onde eu iria? Sessenta milhões! Eu não sei nem contar todo esse dinheiro.

Deitei a cabeça sob os braços, respirando fundo.

Se eu escolher abrir a caixa, eu poderei terminar o que meu pai começou, eu poderei contar a verdade a todos sobre quem meus pais eram, e quem são os terroristas de verdade. Se eu abrir aquela caixa, eu poderei vingar a morte de minha mãe.

– Senhorita Benson! – James entrou na sala novamente, colocando a caixa em minha frente. – O que quer fazer?

Olhei para ele, que me encarava de volta sem expressão nenhuma em sua face. Peguei o cartão de credito em cima da mesa, colocando-o em minha bolsa, rasguei a carta em vários pedacinhos jogando-a no lixo, puxei a caixa para mais perto de mim, e olhei James novamente.

– Você vai abrir? – Ele arregalou os olhos.

– Me dê uma razão para não abri-la? – Perguntei sem paciência.

– Você correrá perigo.

– Eu preciso saber quem matou minha mãe.

– Tudo se trata de vingança? – Ele falou no mesmo tom de voz que eu, irritado.

– Sim. – Peguei a chave em cima da mesa, e abri a caixa. – Acho que agora você será meu guardião.

– Protetor. – Ele me corrigiu.

– É a mesma coisa.

– Não, não é.

– E o que acontece agora? – Perguntei, vasculhando todos aqueles papeis na caixa.

– Você faz parte da Máfia. – Ele suspirou, virando de costas para mim. – Mas pelo visto não irá querer ser uma investigadora como seu pai.

– Não eu não quero. – Achei um pequeno papel antigo, e amassado, com alguns nomes nele. – A lista! – Sussurrei, guardando ela dentro de minha bolsa.

– O que irá fazer?

– Eu vou me vingar de um por um.

– Como?

– Com sua ajuda. – Sorri para ele, que negou com a cabeça.

– Você ficou louca.

– Se você não me ajudar, eu faço sozinha. – Achei uma foto antiga, eu e meus pais sentado ao lado da arvore de natal, na mesma noite em que minha mãe morreu. – Eu preciso fazer isso, por eles. – Mostrei a foto para James, que ficou inquieto. Lagrimas percorrem meu rosto.

– Sei como te ajudar.

– Me diga...

– Precisamos entrar em um acordo. – Ele sussurrou, puxando a cadeira ao meu lado, e sentando-se logo em seguida. – Você precisa saber com quem está lidando primeiro. Então você passará por um treinamento básico aqui na MB. – Ele olhou novamente para a foto em minha mão. – Nossa! Você é muito parecida com sua mãe.

– Isso quer dizer que eu preciso de mudanças. – Sequei as lagrimas com a manga de meu vestido, e olhei para James. – Tudo bem.

– Vem, vou lhe contar tudo o que tem que saber, enquanto se transforma em outra pessoa. – Ele me puxou para fora da sala.

Caminhávamos pelos corredores da MB, enquanto ele mencionava o que era feito em cada sala. Parecia cenário de CSI, Criminal Minds, ou de qualquer outra série de investigação criminal.

Chegamos em um pequeno salão de beleza vazio.

– Francis? – James chamou o homem de cabelos grisalhos e cavanhaque. – Marylin precisa de uma mudança.

– Qual é o caso senhor Lannes? – Ele sorriu para mim.

– Caso Benson.

– Marylin Benson! – Francis me olhou espantado. – Finalmente te conheci... você é a cara de Khloe!

– Pelo visto é esse o problema. – Sussurrei baixo.

– Venha, sente-se aqui. – Francis puxou uma cadeira para eu me sentar. – Você vai ficar irreconhecível.

Esse era meu medo. Eu não queria uma transformação, eu não queria ficar irreconhecível, dar Adeus aos meus cabelos negros que tanto me lembravam minha mãe. Mas mesmo lutando com isso, eu sabia que era necessário, se eu quiser que tudo isso dê certo, eu preciso ficar irreconhecível.

 James ficou sentado em um sofá logo atrás de mim, ele conversava com Francis sobre futebol, e sobre algumas pessoas da MB, cujo os nomes eu nunca ouvi falar em toda minha vida.

O tempo se rastejava, e eu estava impaciente, Francis não me deixava olhar no espelho, queria que fosse surpresa, ele cantarolava baixo a cada produto novo que ele jogava em meu cabelo. Ouvi o barulho da tesoura cortar mechas que caiam no chão como folhas secas, fechei meus olhos com força, suspirando pesadamente, eu estava com medo do que iria ver no espelho.

Mais algum tempo se passou e notei que James estava dormindo no sofá, eu ri baixo olhando aquela cena.

– James Peter Lannes! – Francis gritou, acordando-o, eu gargalhei. – O que acha da nossa nova Marylin? – Ele tirou a toalha de minhas costas, e segurou minha mão, pedindo para que eu ficasse em pé.

Dei dois passos em direção a James, que sorriu sem graça.

– Uau! – Ele murmurou. – Você... você está...

– Incrível! – Francis riu baixo. – Pode olhar no espelho Mary.

Dei meia volta, indo em direção ao enorme espelho ao lado de Francis. Fechei os olhos, me posicionando, e assim que os abri, pisquei várias e várias vezes para ter certeza de que o que eu via, era realmente eu.


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Notas finais do capítulo

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