Marylin escrita por Juliana Moraes


Capítulo 18
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Notas iniciais do capítulo

Hello hello listers! Boa leitura e desculpa novamente pela demora para postar.



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Eu seguia em direção ao campus da Máfia britânica, minhas mãos tremulas apertavam firmemente o volante enquanto eu tentava não me perder no meio do caminho.

Após surpresas no trabalho, tomei minha decisão e resolvi que contaria tudo a MB. Se o que eu estiver supondo realmente aconteceu, Alisson estava morta, e isso não era para acontecer. Eu queria vingança, e ainda quero, mas não quero que ninguém morra, não quando eu estou envolvida nesse processo. Sim, eu me sentia completamente culpada por tudo, como se eu tivesse mandado alguém a matar, e se analisarmos as entrelinhas era isso mesmo o que eu fiz. Eu levei Richard a cometer outro crime, outro terrível crime.

Alisson não era o tipo de pessoa em quem se confiar, ela era ambiciosa ao extremo e estava envolvida no assassinato de minha mãe... mas eu não queria que ela acabasse assim. Bem, ninguém tem certeza de nada ainda, ninguém sabe onde ela está, se está viva...

Parei o carro em frente ao imenso portão preto e rapidamente dois seguranças, muito bem vestidos, vieram até meu carro verificar se eu era alguém de confiança.

– Seu nome? – O rapaz moreno com nariz grande perguntou.

– Marylin Benson. – Mostrei meu crachá, que ganhei da MB quando aceitei tudo isso, para ele e ele permitiu minha entrada.

Aquele lugar era realmente enorme! Dez minutos eram necessário até chegar ao estacionamento onde todos os carros blindados, e todas as vans que se auto transformavam em algo como magica estavam.

Estacionei na primeira vaga que vi.

Céu nublado, ventos frios, típico fim de tarde em Londres.

Eu não avisei James que estava aqui. Essa foi uma decisão que tomei assim que entrei no carro quando estava voltando para casa.

Caminhei pensando nas palavras que diria para a diretoria, alguns minutos a mais até chegar a central, onde várias mesas estavam espalhadas com seus funcionários trabalhando, telefones tocando, pessoas andando de um lado ao outro, o que me fez pensar ... existe tanto problema para ser resolvido em Londres? O número de pessoas aqui era realmente assustador, principalmente quando você se lembra que a Máfia Britânica cuida de terroristas, mentes criminosas e assassinos em séries que nem o FBI consegue capturar, e/ou tomar conta.

– Marylin. – Jacob caminhou em minha direção. – O que faz aqui? – Ele perguntou sorridente.

– Eu preciso falar com a diretoria. – Minha voz era baixa e eu demonstrava toda a insegurança que eu tinha naquele momento. – E é urgente! – Arregalei os olhos pedindo ajuda para Jacob, eu confiava nele.

– Vamos para a minha sala. – Ele começou a caminhar e pediu para que eu o acompanhasse. – Eu faço parte da diretoria do campus, sou responsável pelos agentes e pelas tarefas que a eles são dadas. – Ele murmurava enquanto entravamos em uma aconchegante sala, aparentemente a sala onde Jacob trabalhava. – Isso tem algo a ver com James?

– Não, James não tem nada a ver com isso, aliás ele nem sabe que estou aqui. – Admiti.

– E como está a relação de vocês? Deve ter sido estranho aceitar um protetor...

– Estamos bem, Jacob por favor... podemos ir logo ao assunto? Eu não posso esperar mais. – Pedi desviando o assunto.

  Ele me olhou com a testa franzida.

– Comece. – Ele pediu se aconchegando em sua cadeira de couro marrom.

– Como sabe, foi muito difícil saber toda a verdade, Máfia britânica, protetor, pessoas atrás de mim que eu nem mesmo sei o porquê, ou o que querem de mim... saber que meu pai estava vivo e que eu vivi uma mentira, foi realmente muito difícil pra mim... e então eu achei uma lista. – Fiz uma pausa para analisar suas expressões, que ainda eram as mesmas. – Meu pai me deixou uma lista com o nome de todos que participaram do assassinato de minha mãe, ele também me deixou a ficha completa deles, quem são, o que fazem, como vivem, quais são os pontos fracos, e eu percebi que... eu tinha que continuar isso por ele.

– Marylin o que você fez? – Jacob perguntou abismado.

– Calma! – Pedi. – Me escuta... – Respirei fundo tentando achar as palavras que não me fizessem parecer louca. – Eu analisei todas aquelas fichas, tudo o que meu pai fez durante esses anos, todo o trabalho dele, e eu não consegui ficar longe de tudo isso, eu decidi me vingar. Eu estou trabalhando na Burning Flight! – Gritei antes que Jacob começasse a falar algo. – Eu consegui um emprego lá, nome falso, documentos falsos,eu ganhei a confiança deles... eu armei alguns planos que deram muito certo no começo, eu fiz a mulher de Richard descobrir sobre ele e Alisson, e ela pediu divorcio. – Engoli a seco, as expressões de Jacob estavam me assustando. – Eu consegui documentos que comprovaram que Alisson desviava dinheiro e mandei para Richard, mas isso foi um erro...

– O que aconteceu com esse segundo plano senhorita Benson? – Sua voz era grossa como quando seu pai está te dando uma bronca.

– Alisson sumiu. – Suspirei. – Olha, eu não queria que isso saísse do controle, eu só queria que Richard tirasse tudo dela, mas aparentemente...

– Você quer dizer que ele pode ter a matado?

– Olha, ontem dois rapazes com aparência digna a de um assassino de aluguel estavam na empresa, Richard os chamou.

– Senhorita Benson, sabe o quão grave isso é? – Ele me perguntou fazendo com que eu me sentisse ainda mais culpada.

– Sim, eu sei.

– James e quem mais está envolvido nisso? – Eu não respondi. – Marylin, eu sei que não fez isso sozinha, mas eu posso adivinhar quem está nisso com você. – Ele apoiou os cotovelos na mesa e me olhou fixamente nos olhos. – Katherine tem acesso aos documentos falsos, Nicholas tem acesso a escutas e aparelhos de espionagem, que por um acaso sumiram e reapareceram em um período de tempo longo o suficiente para flagrar amantes, e bem.. James é seu protetor, ele estaria nisso mesmo se não quisesse.

– Por favor, eles só queriam me ajudar. – Implorei sentindo meu rosto queimar.

– Não estou os julgando, nem se quer estou te julgando Marylin. – Ele levantou e caminhou até a prateleira onde alguns porta retratos estavam. – Se tivesse contado isso antes, poderíamos ter te dado a assistência necessária.

– Não... não está bravo? Não vão me prender? Me expulsar do país ou algo assim? – Perguntei com medo da resposta.

– Por Deus Marylin! Não! – Ele riu. – O que fez é muito grave, vai contra as regras da MB, mas eu não posso fazer nada com você, pois você está nos ajudando. – Ele pegou um dos porta retratos e voltou a se sentar em sua poltrona. – Seu pai era um homem muito corajoso, e teria orgulho de você agora garota. – Ele virou o porta retrato para mim. Era uma foto dele e de meu pai, sorrindo em frente ao portão de entrada do campus. – Eu não deixarei isso sair daqui, irei organizar tudo para que você tenha o suporte necessário e toda a proteção.

– Isso quer dizer que... ? – Não tinha compreendido.

– Essa é sua missão senhorita Benson. Você poderá continuar com isso, mas me prometa que não pensará nisso como uma vingança, não fará nada imprudente e sem me consultar.

– Tudo bem. – Sorri aliviada.

– Você terá que seguir nossas regras. – Ele me olhava fixamente como meu pai fazia quando falava sobre as regras da casa, ou como eu deveria me comportar em frente a visitas. – Você terá que frequentar alguns treinos no campus, terá que ser supervisionada por James o tempo todo, sua equipe será Nicholas e Katherine, eles farão as investigações necessárias, você só poderá agir em seu local de trabalho atual, andará com um dos carros blindados que a MB irá te oferecer, seu celular será grampeado para qualquer evidencia que surgir, também que terá que nos contatar antes de fazer qualquer coisa, e terá que andar armada. – Ele finalizou e eu analisei cada regra. – Tudo bem?

– Eu tenho mesmo que andar armada? – Perguntei rejeitando essa possibilidade, eu odiava aquele objeto.

– Você deve! – Eu concordei com a cabeça e respirei fundo. – Agora, por favor me conte o que já fez com detalhes, e quais sãos os planos daqui pra frente enquanto eu escalo James, Katherine e Nicholas a comparecerem a essa sala, e peço para começar uma busca por Alisson.

Concordei e comecei a contar tudo a ele. Cada passo que já havia dado, cada ato, cada descoberta, e cada plano que minha mente insana formava.

James foi o primeiro a chegar a sala de Jacob, que estava ao telefone pedindo equipes de buscas para localizar Alisson. Ele ficou surpreso ao me ver, me encarou desconfiado com a testa franzida e o cabelo molhado de suor.

– Mary? – Ele perguntou baixo. Eu me levantei indo em sua direção e lhe dei um abraço. – Está tudo bem? O que aconteceu?

– Eu contei tudo a Jacob. – Sussurrei o encarando.

– E ele vai nos matar agora? – James brincou.

– Ele vai nos dar suporte. – Ele me olhou desconfiado. – É sério Jay! – Eu ri socando seu ombro cuidadosamente.

Não demorou muito para que Katherine e Nick entrassem na sala com as mesmas expressões que James continha quando foi chamado.

Jacob explicou como tudo seria daqui para frente, comentou sobre como isso poderia ter acabado mal e nos deu uma bronca por não ter contado isso a ele desde o começo.

Organizamos as próximas etapas, analisamos cada um com o nome na lista novamente,  analisamos e reanalisamos cada passo, cada plano, a partir de agora nada poderia dar errado.

                                                                ~X~

– O que acha do currículo de Marie Boyle? – Richard perguntou enquanto analisávamos os currículos das garotas que poderiam ocupar minha vaga.

Eu estava na sala de reunião com Edward e Richard. Era a primeira vez que estava ali naquela sala enorme e extremamente aconchegante, porém me sentia desconfortável de estar naquele local com as pessoas que eu odiava.

– Eu achei o melhor de todos. – Sorri ao ver que aquele era o currículo de Katherine.

– Tudo bem. Decidimos então? – Edward perguntou puxando o currículo de Katherine.

– Marie Boyle? – Richard me encarou para ter certeza da decisão que irão tomar.

– Sim, ela parece ótima. – Afirmei.

– Você fala como se a conhecesse. – Richard bufou.

– Deve ser meu sexto sentido falando mais alto. – Resmunguei ironicamente.

Edward riu baixo, enquanto Richard anotava algumas coisas em sua agenda.

– Contrate-a. – Richard me entregou o currículo e fez um sinal para que eu saísse de lá e voltasse para meu devido lugar na recepção.

                                                                  ~X~

Telefonei para Katherine informando-a sobre seu novo emprego na Burning Flight, ela sem demoras avisou Jacob sobre o novo contrato.

Com Katherine aqui tudo ficaria mais fácil, pelo menos é isso que eu espero.

Richard me encarava como se soubesse todos os meus segredos, me direcionava a palavra como se estivesse desconfiado de que eu fosse desviar dinheiro de sua recheada conta bancária, ele perambulava pela recepção o tempo todo, indo e vindo, aparentemente sem destino, como se não tivesse nenhum trabalho a ser feito. E sim! Há muito o que ser feito... não que eu esteja preocupada com isso pois tudo o que quero é ouvir o som do relógio avisando que meu horário nesse lugar acabou e que eu posso voltar para casa.

– Kate. – Edward caminhou até minha mesa com algumas pastas em sua mão. – Poderia me fazer um favor? – Ele sorriu parando em minha frente. – Essa é o ultimo gráfico de vendas que me mandou. – Ele abriu uma pasta colocando-a em minha frente. – Percebi uma grande decaída nos voos para o Brasil comparado ao gráfico do começo do mês... – Ele apontava com seu dedo gordo os riscos vermelhos e azuis comparando os gráficos. – Poderia fazer uma pesquisa de mercado e descobrir se isso só ocorreu com nossa empresa? Os voos para o Brasil são os que mais lucram...

– Tudo bem, eu posso fazer isso. – Murmurei deduzindo que se eu não o interrompe-se ele continuaria a falar sem parar.

Richard passou novamente pela recepção me encarando com cara de vilão de historia infantil.

– Espero não ter problema com Richard. E o que fará esse final de semana? – Edward me perguntou enquanto eu abria a pagina de consulta no computador que era de Alisson.

– Hmm... provavelmente ficarei em casa com meu namorado. – Admiti.

Eu estava ansiosa para o final de semana. Antes todos os finais de semanas eram apenas mais um dia da semana que eu não faria nada além de ficar jogada no sofá da sala assistindo TV, mas agora qualquer dia vago durante a semana era um motivo de comemoração.

– Você deve gostar muito dele. – Ele riu baixo se afastando de minha mesa.

– Muito. – Sorri ao lembrar de como James aquecia meu coração.

                               “ A MB conseguiu pistas sobre o paradeiro de Alisson.”

                                                 –– Seu namorado.

Ri baixo ao ler o nome do remetente, e mesmo muito curiosa para saber o que tinham descoberto, coloquei os meus deveres na Burning Flight como prioridade para que eu pudesse terminar o mais rápido possível.

Planilhas, fechamentos, contratos, recibos, e-mails, mais planilhas... Uf! Finalmente tudo estava feito.

                              “ Onde ela está? Ela está viva? Estou saindo do trabalho!

                                           –– Sua namorada curiosa

Arrumei minha nova mesa, organizando todas as pastas e documentos em seus devidos lugares, desliguei o computador, agora sem senha, e logo estava pronta para sair daquele lugar que deveria se chamar Hell.

Chamei o elevador que não demorou muito a chegar.

Richard cambaleou para dentro da caixa prateada me assustando.

– Você anda fazendo um ótimo trabalho Kate. – Ele murmurou assim que o elevador começou a descer. – Está me surpreendendo.

– Obrigada senhor. – Foi tudo o que consegui dizer.

– Continue assim e logo fará parte de nossa equipe. – Eu o encarei sabendo que ele não falava de uma equipe de funcionários importantes, e sim de uma equipe de terroristas que são capazes de explodir a américa por dinheiro. Isso poderá gerar a terceira guerra mundial. – Tenha um bom final de semana. – O elevador parou e ele saiu elegantemente em direção ao estacionamento.

Não posso deixar de mencionar, mais uma vez, o quanto ele me assustava.

Meu cérebro ficava em alerta máximo sempre que eu estava próxima dele. Algo no jeito como ele me encarava parecia me deixar vulnerável, como se eu não pudesse escapar, como se ele pudesse ler meus pensamentos.

James lia um livro sobre apocalipse zumbi dentro de seu carro recém lavado, e aparentemente não me viu chegar pois se assustou quando eu abri a porta e cambaleei para seu lado.

– Oi para você também. – Ele me encarou sorrindo.

– Oi. – Sorri fraco.

– O que foi Baby? – Ele colocou a mão fria sobre a minha. – Parece triste...

– Só quero ir pra casa. – Me ajeitei no banco segurando firme a sua mão. – Me conte sobre Alisson. – Pedi enquanto ele dava partida.

Não precisou de nenhuma palavra para eu decifrar que as noticias não eram boas. As expressões de James passaram de tranquilas para algo perturbador.

– Ela está morta? – Minha voz falhou.

Sim, eu estava preocupada com ela. Eu não deveria, mas eu estava! E o motivo? Desde o começo deixei bem claro que essa vingança era para tirar tudo de quem me tirou tudo, eu não quero mais ninguém morrendo, eu já vi cadáveres e mortes suficientes por toda uma década, e se Alisson realmente estiver morta... a culpa será toda minha, mais uma vez a culpa será minha.

– Não Mary, ainda não a encontraram mas as noticias não são muito boas... – Eu o encarava esperando que ele continuasse a falar, enquanto ele prestava atenção na avenida lotada. – Richard pediu para que Alisson o encontrasse em um motel no meio da estrada em direção a Liverpool, a MB foi nesse motel, mostrou a foto da Alisson e do Richard, disseram que ela esteve lá mas que ele não, quem compareceu foram dois rapazes que ninguém sabe quem são ainda... a dona do motel nos permitiu de boa vontade que entrássemos no quarto que foi reservado, e tudo o que encontramos foi sangue. Muito sangue. – Ele me olhou com o canto do olho para verificar minhas expressões.

Eu fiquei paralisada sem dizer ou expressar qualquer coisa. Muito sangue significa que algo aconteceu, e quando algo acontece e tem muito sangue não é algo bom.

– Ela está morta James, ela está morta e a culpa é minha. – Consegui deixar as palavras que dominavam meu cérebro saírem pela boca.

– A culpa não é sua! – Ele murmurou negando com a cabeça. – E ainda nem sabemos se ela está morta Mary...

– James! Você disse muito sangue! – Blefei. – Quando minha mãe morreu tinha muito sangue. – Minha voz falhou. – Quando Cinthia e Ryan morreram... teve muito sangue. – Eu parecia uma criança se apertando contra o banco do carro, como se isso fosse me proteger das minhas lembranças.

– Por favor Mary, não pense nisso... – Eu o encarei irritada pois ele sabia que isso era tudo o que se podia pensar desde que o conheci. Não, eu não estou o culpando. – Vamos ficar esse final de semana sem pensar em vingança, em MB, ou em mortes.

– E como iremos fazer isso? Iremos sair do planeta? – Encarei sorrindo forçadamente.

– Eu sei de um lugar onde poderemos ir e ficar longe de tudo. – Ele estacionou o carro em frente a nossa casa. – Sem telefone, sem internet, só eu e você.

– E posso saber onde é esse lugar perfeito? – Perguntei começando a me animar.

– Arrume suas coisas, saímos em trinta minutos. – Ele beijou o topo da minha cabeça.  


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Notas finais do capítulo

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