Marylin escrita por Juliana Moraes


Capítulo 17
The first victim


Notas iniciais do capítulo

Oi oi! Primeiramente me desculpem a demora ao postar esse capítulo, escola e teatro estão consumindo meus horarios livres, desculpa pelos errinhos bobos que a história provavelmente terá, pois não tive tempo de revisa-lo. Boa eitura (;



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Um silêncio perturbador permaneceu naquele local por alguns minutos. Alisson ainda estava com os olhos arregalados, sua respiração estava acelerada, e suas pernas bambearam fazendo-a cair em sua cadeira confortável demais para uma assistente. Richard respirava fundo encarando o chão, suas mãos esfregavam sua testa como se o mundo tivesse acabado e somente ele sobrevivido. Michael ficou em pé ao lado de Alisson sem mover nenhum músculo, porém era evidente que ele queria estar a consolando.

Eu estava me sentindo em um campo minado, qualquer passo em falso, qualquer palavra errada, e a bomba explodiria. E quando menciono uma explosão, estou dizendo sobre a reputação de Richard que poderá manchar o nome de toda empresa.

– Droga! – Richard chutou a lixeira de metal ao lado de minha mesa, fazendo-a voar para o outro lado da sala.

Ele marchou de volta para sua sala soltando fogos pela narina.

– Kate, poderia buscar um café para Alisson? – Michael pediu educadamente. Apenas concordei com a cabeça e fui em direção ao elevador.

Sair dali era tudo o que eu mais desejava.

                                                                      ~X~

– Mas na verdade eu não queria tê-la envolvido nisso. – Afirmei após contar toda a história do que acabara de acontecer para James. – Está evidente que ela não tem nada a ver com a Burning Flight, e arruinamos o casamento dela...

– Marylin, não pense assim. – Ele tentou deixar meus pensamentos em paz. – Afastamos ela de uma pessoa má, e isso é algo realmente bom.

Parei para pensar no que James falou. Madisson, aparentemente, não sabe de nada sobre o passado e os planos terríveis de seu marido, ou ex marido, e abrir os olhos dela pode ter sido uma boa coisa.

– Seu cappuccino senhorita. – O garçom entregou o meu pedido.

– Tenho que voltar para o trabalho. – Murmurei esgotada. – Quem sabe eu não consigo sair mais cedo hoje. – Sorri com a possibilidade de voltar para casa antes do previsto.

– Se cuida Mary, eu vou estar aqui o tempo todo, tudo bem? – Ele beijou minha mão e sorriu fraco me dando forças para continuar minha nova rotina.

Enquanto voltava para o edifício, notei Richard entrando cuidadosamente em um carro que eu sabia que não era dele. Como eu sabia disso? Além do carro estar realmente velho e acabado, um homem com cara de assassino de aluguel estava no banco do motorista.

Pensei em uma forma de chegar perto para ouvir sobre o que conversavam, porém era impossível. O carro estava afastado e não tinha um esconderijo bom o suficiente de onde pudesse escutar a conversa.

Enviei uma mensagem para James sobre Richard e o homem estranho, e voltei a percorrer meu caminho até a recepção principal.

Todos me olhavam com os olhos curiosos e com a boca coçando de tanta vontade de perguntar o que tinha acontecido no andar dos poderosos. Como sou uma boa funcionaria, ignorei a todos como se nada houvesse acontecido.

– Seu cappuccino. – Coloquei o copo quente em cima da mesa de Alisson que parecia ter sido atropelada por um caminhão. – Está bem? – Perguntei involuntariamente.

– Bem? – Ela me fitou com os olhos aguados. – Eu vou ficar. – Ela respirou fundo, voltando a encarar o chão. – Eu vou para casa, se importa de cuidar de tudo?

– Eu cuido de tudo, não se preocupe. – Eu estava sendo gentil com a mulher envolvida no assassinato de minha mãe, e isso estava fora dos meus planos, mas tenho que admitir que eu senti um pouco de pena dela.

Alisson se levantou rapidamente e cambaleou em direção as escadas, sumindo em poucos segundos junto com o barulho de seu salto batendo contra os degrais de mármore.

Voltei a minha mesa bagunçada, tentei organizar alguns papeis mas qualquer coisa era chata demais para ser feito quando se tinha outras coisas em mente.

Richard entrou no andar, caminhou elegantemente sem desgrudar os olhos da mesa vazia, onde Alisson deveria estar.

– Onde ela está? – Ele perguntou sem me encarar. Sua voz era grossa e me dava medo.

– Ela foi para casa senhor. – Respondi suavemente.

– E onde está Michael? – Ele virou o rosto para me olhar.

– Eu não sei senhor. – Ele me olhou desconfiado, como se eu fizesse parte de algum plano entre Alisson e Michael.

– Pode voltar para casa, ninguém desse andar irá trabalhar hoje. – Sorri fracamente. – Só não se acostume com isso Senhorita Hudson. – Ele me olhou maliciosamente. – Ainda terá muito trabalho pela frente. – Seus passos pareciam chumbo caindo sobre o chão ao se afastar de mim.

Respirei fundo assustada com seu olhar, mas logo finalizei o que estava fazendo e arrumei minhas coisas.

Esse deveria ser o trabalho dos sonhos de qualquer pessoa, sair mais cedo logo após um barraco.

Eu caminhava desleixadamente até o elevador, quando o mesmo parou naquele andar e dois homens que eu nunca vi em toda minha vida. Eles usavam roupas de gangue e andavam mexendo os ombros como um rapper, eles me olharam mordendo os lábios e fazendo barulhos estranhos com a boca.

– Bom dia Miss Burning Flight. – Um deles, o mais alto, murmurou.

Eu os encarei seriamente sem falar nenhuma palavra sequer.

– Posso saber qual o seu nome boneca? – O outro rapaz parou em minha frente.

– O assunto de vocês é comigo. – Richard me assustou. De onde ele surgiu? Do chão? – Me sigam. – Ele começou a caminhar, fazendo os rapazes o seguir amedrontados.

                                                                     ~X~

Eu estava sentada na janela do quarto de James, de onde se tinha uma vista agradável, minha cabeça parecia pesar com os pensamentos que surgiam, e meu corpo doía involuntariamente. Um pressentimento ruim me invadiu desde que sai da Burning Flight, eu me sentia completamente culpada por algo que ainda não aconteceu.

– Mary, o que está fazendo ai? – James murmurou chegando perto de mim. – Está tudo bem? – Suas mãos encontraram meu ombro, e seus lábios tocaram minha bochecha, deixando ali um suave beijo.

– Sim, tudo bem. – Falei sem expressões, sem sequer olha-lo.

– Mary, eu estava pensando... – Uma pausa dramatica me fez encara-lo. – Acho melhor você se afastar da Burning Flight. – Seus olhos se fecharam um pouco, sabendo a reação que viria de mim como resposta.

– Eu não posso Jay. – Murmurei respirando fundo.

– Marylin isso não está te fazendo bem! – Sua voz se alterou levemente. – Você está se machucando com isso.

– James, por favor, não me peça pra parar. – Implorei fechando os olhos na intenção de faze-lo parar.

– Só estou tentando te pedir pra não esquecer do mais importante... pelo menos eu achei que era o mais importante. – Ele se afastou ficando de costas para mim.

Desci da janela, e dei alguns até ficar próximo dele novamente.

– Do que está falando? – Perguntei.

– De nós. – Ele me olhou preocupado.

Eu o encarei boquiaberta. Eu jamais cheguei a pensar que isso estava o incomodando, pois para mim estávamos ficando mais próximos... talvez mais próximos em tese, talvez o que estivesse nos unindo fosse minha mania incontrolável por vingança, e droga! Não deveria ser assim.

– James... nada vai mudar entre a gente. – Sussurrei colocando as mãos em sua cintura, e olhando-o fixamente nos olhos.

– Eu não quero te perder. – Ele encarou o chão.

– Você não vai me perder James, por Deus! – Sorri segurando sua mão.

– Você pode me dizer o que somos? – Meu silêncio demonstrou a confusão em meus pensamentos. – Se alguém lhe perguntar o que eu sou pra você, o que você responderia? – Ele explicou voltando a me encarar.

– Você é meu... você é... – Amigo colorido? Namorado? Ficante? Enrosco? O que somos? – Você é meu!

– Sim Mary, eu sou seu! – Ele riu baixo. – Eu sou seu por inteiro, e é por isso que temos que decidir sobre nós. – Fiquei o encarando.

– Você está me deixando confusa. O que quer dizer com isso Jay? – Perguntei sentindo meus cérebro pifar.

– Moramos juntos, involuntariamente mas moramos, estamos o tempo todo conectados, seja por mensagem, por presença, ou por toque... seja minha namorada Marylin. – Ele sorriu levando minhas mãos até seu peito.

Meu mundo parou naquele mesmo momento, borboletas surgiram em meu estômago, minha perna começou a amolecer, meus olhos congelaram nos dele, e eu esqueci de como se respirava. “ Seja minha namorada Marylin “ Essa frase ecoou em minha mente repetidas vezes durante os segundos em que eu fiquei sem reação.

 Eu estava surpresa. Reagindo exageradamente ao que ele disse, porém com motivos pessoais forte o suficiente para reagir assim. Eu sempre fui a garota sem graça que ninguém olhava, ou até olhava mas com segundas e terceiras intenções, eu nunca tive um namorado, não sabia exatamente como isso funcionava, tudo o que eu sabia era o que se via na televisão, que um namoro é algo sério, algo que só dá certo se é feito com o coração, que você precisa suprir as necessidades de seu parceiro, e não ser apenas sua namorada, ser amiga, confidente, alicerce, ponto de paz... James era tudo isso para mim, meu melhor amigo, meu ponto de paz, minha segurança, mas eu sou capaz de ser tudo isso para ele? Logo eu que sou cheia de problemas, serei a dona do coração dele? Pois bem, eu estou disposta a tentar... por ele!

– James... – Eu o encarei sem expressões, o que aparentemente o deixou preocupado. –  Eu já sou. – Abri um imenso sorriso. – Sempre fui sua... – Ele me puxou pela cintura, me envolveu em seus braços e me abraçou.

Eu sorri  enquanto abraçava o meu mundo. Sim,  o meu mundo, pois era assim que me sentia quando estava com ele, que eu tinha tudo, que eu era capaz de tudo, e que eu era a garota mais sortuda que alguém poderia conhecer, mesmo isso sendo mentira devido a todos os acontecimentos em minha vida, eu via um recomeço, o caminho para a tal felicidade.

Eu não pude deixar de agradecer a Deus por ter James comigo, em minha vida agora. Uma coisa que nunca esqueço era de minha mãe dizendo que sempre que acontecer algo que nos faça bem, nos faça sorrir, devemos olhar para o alto e agradecer aquele que proporciona nosso destino. E mesmo muitas vezes duvidando dele, dizendo coisas sem fé, perguntando o porque de toda desgraça ocorrida, eu nunca parei de agradecer aos dias em que acordei viva e pude levantar de minha cama saudável, tendo o que comer e o que vestir. Talvez o mundo não tenha a tão esperada paz por falta de fé.  

– Obrigada. – Sussurrei.

– Pelo o que? – Ele beijou o topo de minha cabeça.

– Por fazer parte da minha vida.

– Agora é para sempre. – Ele segurou meu queixo, me fazendo encarar seus olhos que pareciam brilhar como um diamante.

Seu sorriso me fez sorrir feito uma criança quando vê aquela caixa grande com seu nome ao pé da arvore de natal.

Meus braços ao redor de seu pescoço, e um beijo para selar aquilo que aparentemente eu venho esperando desde o dia em que o vi na balada, a nossa união.  

                                                                ~X~

– Kate? – Michael entrou na recepção e caminhou rapidamente em minha direção. – Você sabe da Alisson? – Ele apoiou os braços em minha mesa e me encarou preocupado.

Alisson não apareceu durante as lentas cinco horas que estava na Burning Flight. Pensei que ela teria sido demitida, como eu planejava, ou resolveu fugir de Londres com todo o dinheiro que ela roubou da empresa.

– Não, eu não sei sobre ela. – Afirmei enviando um e-mail para Edward com o orçamento final das peças compradas para os novos aviões que estavam sendo construídos. – Ela não atende o celular, ou algo do tipo? – Perguntei demonstrando preocupação.

– Não, ela não está em lugar nenhum. – Ele respirou fundo abaixando a cabeça. – Ela recebeu um telefonema e saiu, e isso foi ontem a tarde. – Ele parecia extremamente preocupado.

– Depois do que aconteceu ontem talvez ela queira um tempo sozinha. – Coloquei a mão no ombro de Michael que se assustou com tal ato. – Se ela não aparecer até amanhã...

– Ligamos para a policia! – Ele concordou sem me deixar terminar a frase.

– Michael! – Richard gritou  aparentemente da porta de sua sala.

Michael arrumou sua postura e foi em direção a sala de Richard.

Eu olhei para a mesa vazia de Alisson e comecei a me preocupar de verdade. Ela não fugiria sem Michael, o que me leva a pensar que ela sumiu, o que me faz pensar em Richard e os dois rapazes estranhos que estavam aqui ontem.

                                                      “ Alisson sumiu!

                                                       –– Marylin

Enviei uma mensagem para James, que hoje, não estava do lado de fora da Burning Flight pois a MB o recrutou para um teste mensal.

Eu me sentia desprotegida.

                                            “ Ela fugiu com todo o dinheiro?

                                             Acho que Richard ficará bravo!  “

                                                      –– James P.

Um novo e-mail tinha chegado. Edward me mandava e-mails o tempo todo e a maioria deles era tentando puxar assunto sobre o que eu iria fazer depois do trabalho. Eu o ignorei.

                                         “ Ela não fugiu! Ela desapareceu!

                          Acho que Richard foi mais rápido que imaginávamos...”

                                                    –– Marylin

Michael voltou para recepção acompanhado de Richard, que me olhou sorridente.

– Kate, parabéns! Você agora é minha secretária executiva. – Richard murmurou com o tom de voz, devo dizer, animado. – Você trabalhará somente para mim, iremos fazer novas entrevistas amanhã para alguém ocupar seu lugar, e fazer os orçamentos e planilhas de Edward.

Arregalei meus olhos e olhei involuntariamente para Michael que balançou a cabeça me encarando sem saber como reagir.

– Mas… e Alisson? – Perguntei tentando controlar minha voz que falhou.

– Ela… está em um lugar melhor. – Ele sorriu como um vilão fazia em filmes logo após vencer uma batalha.


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Notas finais do capítulo

Gostou? Então deixe seu comentário para que o próximo capítulo sai o mais rápido possivel.
Obrigada por ler (:
see you - JJ