Marylin escrita por Juliana Moraes


Capítulo 15
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Katherine Pov’s

– Eles chegaram. – Sussurrei para Nick assim que vi Alisson chegar acompanhada de Richard.

Ela usava um vestido branco justo, curto, e com poucos detalhes que valiam a pena ser mencionados. Seu cabelo continha uma faixa preta da mesma cor de sua bolsa e seu sapato de salto alto. Ah! E nem preciso dizer que seus lábios estavam pintados de vermelho sangue.

Richard usava roupas sociais em um tom claro de cinza, e parecia estar muito a vontade com sua secretaria naquele lugar.

Eles trocavam carinhos que somente os casais mais apaixonados fariam em público.

– Eles são bem... discretos. – Nick murmurou enquanto olhava para o cardápio.

Nick estava sentado em minha frente,de costas para o casal,  o que me deixava com o trabalho de fotografa. Eu utilizava duas micro câmeras, uma estava em meu óculos de nerd e gravava perfeitamente cada movimento deles. A outra câmera estava em minha mão, ela era na forma de uma presilha de cabelo, e enquanto eu fingia brincar com aquele objeto eu procurava achar o ângulo perfeito para a melhor foto que uma empregada do mês poderia ter.

– Será que a esposa dele nunca percebeu nada? – Perguntei sem encarar Nick.

– Só se ela for muito ingênua. – Ele blefou. – Vai querer algo para comer baby?

– Temos tempo? Não podemos perder eles de vista. – Sorri após conseguir uma foto onde a mão boba de Richard deslizava pela perna de Alisson.

– Eles pediram lagosta... – Nick ouvia tudo o que eles falavam através de uma escuta que deixamos em sua mesa. – Acho que isso nos dá tempo para uma especialidade italiana, ou talvez... torradas. – Era nesses momentos que eu agradecia por ele ser meu parceiro de trabalho, mesmo isso não sendo um trabalho autorizado pela MB.

– Batata frita está bom. – Murmurei fazendo-o rir.

– Por favor... – Ele chamou o garçom. – Gostaríamos de uma garrafa de vinho tinto e uma porção com os melhores queijos desse restaurante. – O garçom se afastou e Nick segurou delicadamente a minha mão.

– Sabe que estamos trabalhando, não é mesmo? – Desviei meu olhar do casal por um momento, ficar observando-os me deixava constrangida.

– Sim, eu sei que... – Nick me encarou com os olhos esbugalhados.

– O que aconteceu? Eles estão falando sobre algo importante? – Perguntei ansiosa por sua resposta.

– Eles... eles estão falando da Marylin. – Seu olhar me deixou amedrontada. – “ Kate me lembra a filha de Scott, tem os mesmo olhos.” – Ele citou.

– Quem disse isso? – Perguntei tentando não expressar nenhuma reação que me acusasse.

– Alisson. 

– O que mais estão falando? – Voltei a encarar o casal que agora recebia sua salada como entrada. – Nick!

Ele fazia cara de paisagem enquanto eu desejava ser invisível para poder chegar perto da mesa onde os amantes estavam sentados, e ouvir tudo o que falavam sobre minha amiga.

– Querem Marylin para trabalhar com eles no próximo atentado.

Atentado? Quando? Onde? Oi?

– Nick, me passa a escuta agora! – Pedi em meio a sussurros e com a curiosidade gritando dentro de mim.

– Porque? – Ele me olhou sem entender, já que esse sempre foi o trabalho dele e eu nunca me interferi.

– Por favor! – Ele negou com a cabeça. – Nicholas!

– Com licença... o pedido de vocês. – O garçom nos observava sem graça.

Sorri para o jovem rapaz que nos servia o vinho, e colocava o prato decorado com queijo de diversos tipos na mesa.

– Agora! – Murmurei pausadamente para Nick assim que o garçom se retirou.

Nick suspirou sem me encarar, olhou em sua volta e retirou cuidadosamente o pequeno aparelho de sua orelha, colocando-o em cima da mesa. Rapidamente capturei o objeto e o coloquei na orelha.

E quando pretende fazer isso? – Alisson perguntou com um certo medo em sua voz.

Em alguns meses... quatro, cinco... mas dessa vez tem que ocorrer tudo bem.  – Richard demonstrava segurança em sua voz.

E você tem tudo pronto para isso? – Agradeci Alisson em pensamentos por ela estar fazendo as perguntas que eu gostaria de saber a resposta.

Sim, na verdade a única coisa de que preciso é de alguém que apague meus rastros e instale as bombas. – Um riso horripilante ecoou por meu ouvido. – Mas isso está perfeitamente preparado pelo Chefe.

Quantas bombas? Quem é o Chefe? – Alisson estava me deixando orgulhosa.

No total são vinte e três bombas... e o Chefe não é da sua conta querida.

Um novo atentado. E o que me causava arrepios era saber que eles aumentaram o numero de bombas de três para vinte e três. Vinte e três bombas explodindo no mesmo dia, milhares de pessoas morreram, milhares de famílias ficaram desamparadas, e todo o mundo ficará com medo de sair da própria casa. Tudo isso por dinheiro. Aliás tenho minhas dúvidas se isso é realmente por dinheiro, para mim, algo além de dinheiro estava por trás de toda essa história, algo maior que nem mesmo Richard saiba.

– Como iremos contar isso para a MB? – Perguntei devolvendo a escuta para Nick, que degustava seu vinho.

– Eu não sei... isso é uma loucura,  não é mesmo?  – Ele me encarou um pouco arrependido de estar aqui, porém ambos sabemos que era por um bom motivo.

– Sim, eu sei. – Suspirei pensativa. – Mas é pela Mary...

– Você se apegou muito a ela baby. – Ele mordiscava um pedaço de queijo.

– Me vejo nela, entende? – Voltei a observar o casal de amantes logo a frente. – Tudo o que ela passou, a dor que ela sente, tudo é tão...

– Não pense nisso, por favor. – Nick pediu sabendo toda a dor que esse assunto me causava.

– Precisamos conversar com Mary, certo? – Ele concordou com a cabeça. – Eles estão se levantando... porque eles estão se levantando? O  que eles estão falando Nick? – As palavras saiam em disparada de minha boca assim que percebi que eles estavam saindo do restaurante.

– Eles estão indo para o Hotel... não tenho mais controle sobre o que eles falam. – Nick me olhou frustrado. – Temos material suficiente para mandar para a esposa dele?

– Apenas algumas fotos, não sei se isso é suficiente.

Eles estavam indo para o hotel e eu não poderia fotografar nada, Nick não saberia sobre o que falavam, e não sabemos se o material que temos é o suficiente para destruir um casamento. Mas eu não estava satisfeita com o que tinha, e em poucos segundos milhões de ideias surgiram em minha mente.

– Vamos! – Me levantei colocando dinheiro em cima da mesa. – Tive uma ideia.

– O que vai fazer Katherine? – Nick perguntou ainda sentado.

– Vamos Nick! – Pedi apressada cambaleando em sua frente.

Eu não iria deixar essa oportunidade passar. Não sem antes tentar fazer algo.

Os seguimos até a recepção do hotel, peguei um panfleto ao lado deles e virei rapidamente para que não me vissem. Mesmo estando disfarçada, todo cuidado era pouco e necessário.

– Quarto duzentos e trinta e quatro. – A recepcionista entregou o cartão de acesso para Richard. – Em meia hora terá serviço e quarto.

– Obrigado. – Richard agradeceu educadamente se retirando em seguida.

Observei-os caminhar até o elevador, ambos muito a vontade com a companhia do outro. Enquanto isso fico me perguntando como a esposa de Richard irá reagir. Eu o mataria.

– Deseja algo senhora? – A recepcionista me despertou.

Senhora? Eu tenho cara de velha?

– Sim, eu quero o cartão reserva do quarto duzentos e trinta e quatro. – Apoiei meus braços no balcão sorrindo.

– Desculpe-me. – A morena riu. – Isso não será possível.

– Ah isso é possível sim! – Mostrei meu documento de agente da policia federal e segurei o riso após observar suas expressões.

– Tudo bem aqui está. – Ela correu até o armário de cartões e me entregou o reserva.

– Obrigada. – Ouvi Nick rindo logo atrás de mim. – E se alguém perguntar, você não sabe de nada, você não viu nada, nós nem estivemos aqui... – Murmurei dando passos para trás e fazendo caretas que, aparentemente, assustaram a pobre recepcionista.

– Você é a melhor! – Nick beijou meu ombro enquanto entravamos no elevador.

Dois anos atrás eu fui encarregada de um caso nesse mesmo hotel, precisei me disfarçar de camareira para entrar no quarto onde um empresário fugitivo estava hospedado. Isso será fácil!

Descemos no segundo andar onde as roupas dos funcionários estavam.

– Ok, o plano é o seguinte... eles irão receber serviço de quarto em breve o que nos dá menos de dez minutos para colocar as roupas ridículas que os garçons usam nesse lugar. – Entramos no closet. – Esperaremos o pedido deles no elevador, você apaga quem estiver levando-o até eles e enquanto isso eu assumo tudo, escondo a escuta em algum lugar, e coloco boa noite cinderela na comida. – Eu colocava a roupa adequada para o serviço, enquanto Nick me ouvia atento, terminando de se vestir. – Esperaremos alguns minutos e entramos no quarto para tirar lindas fotografias. – Sorri como as vilãs de filmes antigos.

 Andamos apressadamente até o andar onde tudo aconteceria.

Eu torcia silenciosamente para que o pedido deles ainda não estivesse sido entregue, mas se isso tivesse acontecido que o camarão estivesse vivo ou horrível a ponto de dar uma bela dor de barriga no casal.

Nick ficou perto do elevador esperando sua vitima, enquanto eu cambaleei até a porta do quarto deles para tentar ouvir alguma coisa.

– Quarto duzentos e trinta e quatro? – Ouvi a voz de Nick soar como um aviso de que alguém estava vindo.

– Sim. – Uma voz grossa e confiante lhe respondeu.

– Pode deixar que eu entrego. – Nick parecia calmo.

– Eu nunca te vi trabalhando aqui. Eu não posso fazer isso. – O homem uniformizado parecia desconfiado de algo.

Nick sorriu para mim, e me surpreendeu ao paralisar o rapaz com um golpe rápido de Boxe.

– Cara chato! – Ele resmungou.

Cheguei perto deles e observei o homem ao chão. Ele estava usando as mesmas roupas que nos, usava óculos igual a de um nerd, e suas feições me pareciam familiares. 

– Você precisa me ensinar isso. – Murmurei. – Agora, esconda esse pobre rapaz... – Empurrei o carrinho onde o jantar do casal prodígio estava.

– Kathe! – Nick segurou meu braço. – Toma cuidado okay? – Ele parecia preocupado, eu  sorri dizendo que tudo ficaria bem e continuei  meu trabalho.

Parei o carrinho a dois metros do quarto onde eles estavam e tirei o boa noite cinderela de minha bota. Com todo o cuidado do mundo, destampei a comida e joguei o pó transparente por todos os pratos. Coloquei a escuta no pequeno enfeite de mesa, e cruzei os dedos para que eles não encontrassem o minusculo aparelho.

Respirei fundo antes de entregar o pedido, afinal, um erro e o plano inteiro pode ir por água a baixo.

– Serviço de quarto. – Bati na porta.

– Porque demorou tanto? – Richard abriu a porta violentamente. – Desculpe, só espero que da próxima vez seja mais rápido. – Ele me encarava seriamente enquanto Alisson ria baixo perto da janela, ao fundo do quarto.

– Será senhor. – Murmurei um pouco amedrontada.

Ele puxou o carrinho para dentro do quarto e fechou a porta em minha cara.

– Educação mandou lembranças. – Resmunguei.

Voltei para onde Nick estava a poucos minutos atrás, porém não tive sucesso em encontra-lo.  Ele e o rapaz desmaiado haviam desaparecido, mas eu desconfiava de onde eles poderiam estar e não me preocupei, Nick sabe se cuidar.

Fiquei ouvindo toda a conversa inútil entre o casal. Eu sabia que o resultado da droga demoraria a acontecer, mas já faziam vinte minutos que eu estava no corredor esperando eles apagarem.

Ouvi o barulho do elevador porém não movi nenhum musculo do lugar.

– Baby! – Nick caminhou elegantemente até mim. – Como estão as coisas? – Ele sussurrou.

– Conversa inapropriada, risadas exageradas, provavelmente eles tomaram todo a garrafa de vinho, e ... – O encarei paralisada assim que acompanhei um estrondo seguido de um longo silêncio. – Eu acho que eles dormiram. – Sorri vitoriosa.

Cambaleei silenciosamente em direção ao quarto, abri a porta sorridente, e tentei não rir assim que encontrei eles.

– O que foi... nossa! – Nick começou a rir baixo, fechando a porta atrás dele.

A mesa onde o jantar deveria estar, estava revirada no chão. Richard estava caído, com uma garrafa de vinho em mãos, em cima de Alisson, que por sua vez estava com o braço envolta do pescoço dele e com a cara molhada com o melhor vinho tinto de Londres.

– Okay! Eles estavam se abraçando, ou algo assim, quando a droga fez efeito. – Nick começou com suas teses. – Richard caiu em cima de Alisson, chutando a mesa que virou, e deixando o resto do vinho cair no rosto dela. – Ele deu alguns passos para trás, para que não atrapalhasse as fotos que eu tirava.

– Ainda não sei porque prefere ser professor de boxe. – Murmurei sem parar de tirar fotos.

Nick após o treinamento da MB, trabalhou um ano como investigador, ele era bom no que fazia. Após a morte do pai de Marylin, ele desistiu de seu cargo e pediu para a Máfia Britânica transferi-lo para outra área. O motivo? Eu também gostaria de saber, porém esse assunto era o ponto fraco de Nick, e falar disso era como chuta-lo no estomago.

– Temos o suficiente. – Sussurrei guardando a câmera em minha bolsa, e tirando o celular da mesma.

Richard se revirou na cama fazendo com que Nick e eu saíssemos apressadamente.

 Fechei a porta com todo o cuidado que Deus me deu, sentindo meu coração pulsar desesperado.

– Vamos sair daqui, agora! – Nick sussurrou o mais baixo que conseguiu.

Enquanto caminhávamos para fora do hotel, disquei os números de Marylin no meu celular.

– Alô? – Ela atendeu sonolenta, e por um segundo me senti mal por tê-la acordado.

– Mary... o serviço foi feito! – Murmurei animada.


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Notas finais do capítulo

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See you listers (;