Percy quis dá uma tapa na cara de Annabeth, ele nunca ia considerar isso numa situação normal, mas ela só podia estar louca. Atena repetiu a pergunta e Annabeth respondeu mais firme ainda. Se na primeira vez todos achavam que ela estava brincando, ninguém achou mais isso com a segunda resposta extremamente séria, quase como se fosse um robô. Percy tentou argumentar com Atena, dizendo que Annabeth estava sendo controlada, mas Grover disse que as emoções dela eram bem seguras. Quíron, assim como todos os outros, também estranhou e muito, mas apesar de concordar com Percy, o que Grover falou sobre as emoções o fez ficar quieto. Hera quando controlava as pessoas, não interferia nas emoções, só nas ações.

– Annabeth, você só pode tá brincando. – disse Thalia.

– Não, não estou. Será uma honra servir minha mãe. – Annabeth respondeu.

Percy achou que Atena estava controlando a filha, mas isso não era muito sensato, mesmo Atena não tendo sido a deusa da sensatez nos últimos dias. Tá legal que foi culpa de Afrodite, mas enfim.

– Annabeth... – disse Grover. – Não acho que você esteja... ah... falando a verdade...

– Mas hoje não é primeiro de abril para ela mentir. – Tyson lembrou.

– Posso bater nela pra ver se ela volta ao normal? – Clarisse perguntou.

– Não né. – disse Chris.

– Ela não pode tá falando a verdade, ou pode? A parte mais legal do acampamento é ter a Annabeth lá. – disse Nico.

Percy sentiu uma pontinha de ciúmes, mas ficou quieto. Ele sabia que Nico estava apaixonado por metade dos seres femininos do acampamento e torceu para que Afrodite não fosse fã de triângulo amoroso.

– Será que dá para parar o chororô? Pelos deuses! – disse Dionísio.

– Annabeth fez a escolha dela, aceitem. – disse Hades.

– Não enquanto não fizer sentido. – Percy disse sério.

– Quer sentindo é? – Annabeth disse virando para ele, furiosa.

Percy e Annabeth se encararam , ela querendo arrancar lhe a cabeça e ele querendo fazê-la acordar.

– Sabidinha... – ele disse.

– Você me puxa para trás Jackson. Eu poderia estar servindo a Ártemis, junto a minha irmã, Thalia. Poderia ser imortal, ser uma exímia Caçadora. Mas não, sempre o idiota do Perseus Jackson me colocando para trás! Quando não é fugindo de uma escola em chamas com uma mortal a tira colo, é causando a morte dos amigos! Acha mesmo que a morte de Bianca não foi sua culpa? Ou é tão lerdo que não nota a verdade! – exclamou.

Nico fechou os punhos, mas Thalia o conteve.

– Deixe-me bater nele. – Nico disse com raiva.

– Não. – disse Thalia. – Annabeth está com raiva, Nico. Não sabe o que diz.

Lágrimas caíram dos olhos do menino e Thalia o abraçou.

– Bianca... – ele choramingou.

– Calma, calma, calma... eu sei... também perdi meu irmão... mas somos uma família Nico e estamos aqui por você. – Thalia o consolou.

– É. – disse Grover. – Nunca iremos te abandonar. – sorriu. – Você pode não gostar de todos nós Nico, mas isso é ser família. Mesmo que nem todos se amem, ainda assim, sabemos que podemos contar uns com os outros nas horas ruins.

– O menino bode está certo, não importa o que aconteça, rei dos fantasmas, nós estaremos sempre com você. – Thalia sorriu.

– Responde Jackson, ou é a extrema lerdeza que impediu você de pensar numa resposta?! – Annabeth exclamou.

– Não tenho resposta, Annabeth. Apenas... se essa é sua opinião, tudo bem. Não vou poder mudá-la e cada um tem o direito de ter a opinião que quiser. Se essa é a sua, só digo uma coisa: tenho pena de você. Por pensar assim. Se a sua escolha é ficar aqui e servir sua mãe, apenas desejo a você toda a felicidade do mundo. Porque eu sei, que não serei feliz, mas se você acha que consegue ser, então boa sorte. – Percy disse cabisbaixo.

– ELE DISSE ALGUMA COISA INTELIGENTE?! QUE MILAGRE! – Ares exclamou.

– Pois é... se o Jackson foi capaz de falar algo inteligente, então talvez haja salvação para a humanidade. – disse Hermes.

– Parou com a brincadeira sem graça? – Poseidon pediu.

Percy saiu de perto de Annabeth e passou por Quíron e os meninos.

– Vamos família, vamos para casa. A matriarca se foi, mas eu continuo aqui. – Percy disse triste e saiu do templo.

– Ele acabou de nos chamar de filhos?! – Chris franziu o cenho.

– Sim. E ao que parece leseira é hereditária porque tu tá tão lesado quanto o Jackson. – Clarisse riu.

Tyson derramou um tsunami e foi embora amparado por Rachel e Sunny. Rachel preferiu ficar quieta, não ia falar mais nada sobre a profecia, Percy não merecia reviver tudo aquilo. Assim, Grover, Quíron, Nico, Thalia, Clarisse e Chris saíram do templo, todos cabisbaixos, deprimidos. Annabeth ficou encarando eles se sentindo vitoriosa. Todos os deuses estranharam o comportamento dela, inclusive Atena.

– Bem... com licença que eu tenho que voltar pro acampamento. Vai ser legal ver o Jackson alternando entre a ruiva e Calipso. – disse Sr. D irritando Afrodite.

– Annabeth... – Afrodite chamou. – Tem certeza de que...

– Sim senhora. – disse ela de cara fechada. – Onde irei dormir, mãe?

Atena mostrou seu templo e as coisas de Annabeth já estavam no quarto. Era um quarto grande, com uma cama de casal e uma mesa de estudos imensa, todos os projetos de Annabeth estavam ali, inclusive os do Olimpo, o laptop de Dédalo tinha destaque na mesa; como todo templo não tem paredes para o exterior (mas esse tinha no interior) a vista do quarto de Annabeth era linda, via-se o Central Park e ao fundo o mar, verde como os olhos de Poseidon. O cheiro de maresia pairando no ar, Annabeth tirou o short jeans, o all star e a camisa do acampamento, jogando-os no lixo, nunca mais iria usar tal combinação. No guarda-roupa só havia túnicas e vestidos gregos, tinha até armaduras, já que o guarda-roupa era grande, mas Annabeth vestiu apenas uma túnica simples, prendendo os cabelos loiros com fio de ouro.

– Está linda. – disse Atena.

Annabeth sorriu, feliz por ter ouvido a mãe dizer isso.

– O que tenho de fazer agora minha senhora? – ela perguntou.

– Apenas descanse, Apolo pode ter lhe curado fisicamente, mas creio que você precisa dormir um pouco.

– Não deixe-me dormir demais, não quero perder o jantar.

– Não deixarei, minha filha. Agora durma, que Morfeu abençoe seus sonhos. – Atena disse fechando a porta do quarto.

Era uma sensação nova para Annabeth, sua mãe fechando a porta do quarto enquanto ela ia dormir, ela sempre quis isso. Não que fosse algo sentimental, mas era algo que ela e Thalia já haviam conversando enquanto fugiam dos monstros, era algo que a pequena Annabeth sempre quis. Magicamente, o quarto foi ficando escuro e o sono foi chegando, porém antes de dormir, ela ouviu Dionísio gritando:

– And I stare at the phone, he still hasn’t called, and you feel so low you can’t feel nothing at all, and you flashback to when he said FOREVER AND ALWAYS! – cantou Dionísio.

– Isso ai Dionísio Swift, agora faz pose estilo Nathalie Portman em Cisne Negro! – riu Hermes.

– Vão pro Tártaro! – Dinoísio gritou.

– Ei, você que disse que ia se vestir de bailarina e cantar Taylor Swift caso Andrew não fosse doido. – lembrou Poseidon.

– Hefesto, diz que tá gravando. – Hades perguntou rindo.

– Ah tá, tá sim. – Hefesto gargalhou.

Então Annabeth pegou no sono. No acampamento, Percy quase quebrou o chalé três. Chorando descontroladamente e usando Contracorrente contra todos os móveis, só Tyson conseguiu segurar ele, que gritava e esperneava. Na porta do chalé Thalia, Nico, Chris e Clarisse o encaravam sem saber o que fazer.

– Nico, Dylan irá dormir com você hoje, se não houver problema. – Quíron disse chegando.

– Não, tudo bem. – Nico deu de ombros.

– Ele vai ficar bem Quíron? – Chris perguntou.

– Já teve o coração quebrado, criança? – Quíron perguntou.

– Não.

– Doí muito. Ainda mais um amor puro como o deles. Deem tempo para ele, sim. A partir de agora o Percy calmo, lesado e leal que vocês conheciam irá dormir por um tempo, até a dor passar. Pode demorar um tempo, mas toda ferida sara. – disse Quíron.

Nico viu Percy se debater nos braços de Tyson, com o rosto vermelho. Infelizmente não havia nada que pudesse fazer além de estar ali por ele. Thalia abraçou Nico e eles ficaram encarando Percy chorar nos braços do irmão. Chris então soube o que tinha que fazer, se ajoelhou e Clarisse quase teve um troço.

– Eu não tenho aliança, mas prometo conseguir uma. Até lá, apenas preciso de sua resposta: Clarisse La Rue, quer se casar comigo? – ele disse sério.

Clarisse quase desmaiou. Thalia e Nico a seguraram, o rosto dela estava vermelho, os meninos só não sabiam dizer se era de raiva ou de emoção.

– Eu nunca irei quebrar seu coração Clarisse, eu te amo e quero passar o resto da minha vida com você. – disse Chris.

– Ares vai achar que ela tá grávida. – Nico comentou.

– Cala a boca di Angelo. – disse Thalia.

– Sim. Sim. Sim. SIM! – disse Clarisse.

Ela o abraçou e o beijou. Ao menos alguma coisa de bom havia acontecido nas últimas semanas. Enquanto no chalé, Percy considerou suicídio, mas não podia fazer isso com sua mãe. Mesmo ele já estando morto, porque sem Annabeth com ele, não havia mais motivos para continuar vivo.