Ficou decidido que Nico, Clarisse e Gastón iam ao local mais perto da casa do semideus. Percy e Thalia até gostaram da ideia de lutarem novamente juntos, seria como nos velhos tempos. Quando acharam o local, eles quase vomitaram com o cheiro.

– Que nojo! – disse Percy.

– Mais que tártaros é isso? – Thalia cobriu o nariz.

A repulsa era muito grande. Era um bar cheio de mortais, mas o cheiro de monstro era tão forte, que Percy ficou meio receoso. Thalia resolveu esperar que a vontade de vomitar passasse para que eles entrassem.

– Acha mesmo que Annabeth está ali? – Percy perguntou.

– Se estiver, vai passar um tempão tomando banho depois que sair. – disse Thalia.

Ouviu-se um trovão ao fundo. Zeus. O noticiário internacional mostrou Miami devastada, conseguindo ver através da Névoa (mesmo que fosse pela TV) os meninos viram Atena tentando ir para o mar, provavelmente comprando briga com Poseidon (e levando um exército junto), mas ele devastou a cidade com ondas imensas, Percy sabia que o pai não faria algo assim se não tivesse outra escolha. Bem, ao menos ele achava. Começou a chover, o que não ajudou a abafar o cheiro ruim.

– Por Poseidon, era só o que me faltava. – Thalia reclamou.

Percy ficou quieto, uma parte dele queria entrar lá e achar Annabeth a qualquer custo, a outra queria voar na hora para Flórida e fazer aqueles dois pararem. Ele não sabia como, mas sabia que teria que impedir essa guerra.

– Você tá bem Percy? – Thalia perguntou ao notar a expressão séria dele.

– Hum, hum. – respondeu.

– Nem vem com essa Jackson, eu te conheço e não é de hoje. Fala.

– É que... essa... guerra... Poseidon e Atena...

– Sim, o que é que tem?

– Você disse mais cedo que era para eu torcer para que Annabeth e eu não virarmos Romeu e Julieta...

Thalia ficou calada, Percy sabia que isso não era um bom sinal.

– Tem algo de errado, Percy. Acho que até mesmo você notou isso.

– O que quer dizer?

– Que você é um lesado. E até mesmo VOCÊ, o idiota oficial do acampamento, notou que há algo de errado, não foi?

– Valeu pelo elogio! – respondeu sarcástico. – Mas você tá certa, tem algo errado mesmo.

– Estou me sentindo mais... irmã, mais família. Hoje cedo deu vontade de abraçar o Nico. O que é muito estranho. Você tá se abrindo mais, até Clarisse tá mais... feminina. Se é que isso é possível vindo de Clarisse.

Os dois riram com essa afirmação.

– Annabeth estava tão... menina. No sentido de romântica mesmo. – ela complementou.

Então Percy não estava maluco, todos estavam mesmo estanhos. Atena impulsiva, Hera sem querer destruir casal nenhum (milagres talvez possam acontecer certo?!). Se antes o semideus achava que tinha algo errado, agora ele estava certo e isso começou antes da guerra, na verdade, tinha algo em Percy que dizia que essas mudanças foi o que causou a guerra.

– Pronto para matar uns monstros? – Percy disse ignorando seus pensamentos.

– Vamos nessa! – Thalia sorriu.

O casal entrou no bar, todos os humanos pararam o que estavam fazendo e olharam para eles. Percy tentou demonstrar que não estava com medo, mas não consegui, já que ficou pálido. Ninguém sequer se mexeu, a Névoa sessou e Percy quase que fez xixi na calça. Escolha um monstro: Mantícora, Empousas, uma cobra gigante, um touro muito estranho, uma coisa que parecia um grifo, mas que não era um grifo, tinha até um escorpião imenso e um cara que parecia mais um demônio desses que aparecem em Supernatural. Na verdade, qualquer ser naquele bar parecia ter sido tirado de séries de ficção científica. No fundo, Percy desejou que Sam e Dean estivessem ali para ajudar.

– Semideuses. – disse um cara com cara de cobra. – Filhos de quem?

– Não é da sua conta, projeto de Medusa. – Thalia tentou parecer corajosa.

– Além de burros por invadirem um bar cheio de monstros, ainda são petulantes. – disse o cara de cobra.

– Não somos pétalas. – Percy respondeu.

Os monstros riram, mas o cara de cobra falava tão diferente, que Percy não entendeu quase nenhuma palavra corretamente.

– Com toda certeza esse aí não é filho de Atena. – disse um monstro.

– Deve ser de Afrodite. Adoro os filhos dela, são os mais burros e suculentos. – disse uma que parecia uma vampira.

– Escutem aqui, se quiserem viver é melhor darem o fora. – disse o cara de cobra.

– Pera, vocês não querem matar a gente? – Thalia perguntou surpresa.

– Não dá ideia, Thalia. – Percy sussurrou.

– Espere... Thalia... Thalia Grace? Filha de Zeus. – disse um monstro.

– Os filhos dos Três Grandes são mais suculentos que os de Afrodite. – disse a "vampira".

– Ninguém vai tocar nos meios-sangues. – gritou o cara de cobra. – Vocês sabem muito bem as ordens do chefe!

– Quem é seu chefe? – Percy exclamou.

– Isso não é da sua conta, meio-sangue. – disse um monstro.

– Seu chefe sequestrou minha namorada, então sim, é da minha conta! – disse Percy disse arrumando coragem.

– Eu sei quem você é... Perseus Jackson, filho de Poseidon. – disse a "vampira". – A loirinha falou de você enquanto delirava depois das torturas.

O coração de Percy congelou, Annabeth estava mesmo naquele lugar repugnante. E foi submetida a torturas.

– Dois poderosos... o sangue de vocês deve ser uma delícia. – disse um lambendo os beiços.

– Quietos! – gritou o cara de cobra. – Não me importo se eles são filhos de Poseidon, Zeus, Neptuno, Júpiter ou do Papai Noel! Não iremos matá-los até que o chefe chegue aqui.

Percy deu um passo para trás. Neptuno? Júpiter? Que se dane Roma, ele ia resgatar Annabeth até na China se fosse preciso. Antes que Percy ou Thalia dissessem algo, os monstros atacaram, foi impossível lutar, eles até conseguiram vaporizar alguns, mas foram imobilizados. Percy apagou com um golpe forte na cabeça e quando acordou estava em um armazém abandonado, amordaçado em uma cadeira, seu estômago doía, ele mal sentia seu corpo e sua cabeça latejava. Ele não viu ninguém, apenas a extensão do lugar a sua frente, mas ouvia respirações ofegantes e pessoas se mexendo, mas não de um jeito ameaçador, era quase como se elas também estivessem presas.

– Tem alguém aí? – ele disse com dor na voz.

Ninguém respondeu, provavelmente porque deveriam estar com a boca coberta. Percy viu umas silhuetas indo na direção dele e logo os três semideuses estavam perto. Gastón estava à esquerda, o “chefe” era um moleque de uns quinze anos, era quase osso e parecia um nerd daqueles que vivem dentro do quarto enfiado no computador, só tira dez e vai pra faculdade virgem, exatamente como os estereótipos de filmes. E o outro garoto parecia familiar para Percy, ele tinha cabelos negros, olhos azuis e até parecia com o heroico filho de Poseidon; havia algo no rosto do rapaz que era evidente: ele não queria estar ali. Percy olhou para a mão do garoto, havia uma pulseira estilo masculina com o pingente de foice. Aquele tinha que ser o “namorado” de Sunny, Nicholas.

– Perseus Jackson... você irritou muita gente verão passado. – disse o “líder”.

– E você tá precisando comer. – Percy respondeu com a voz rouca.

– Hilário, Jackson. – ele disse sério. – Sabe, eu lembro quando Luke me falou de você pela primeira vez... aquele idiota gostava mesmo de você, parecia até que era seu irmão mais velho.

De certa forma, aquilo foi agradável para Percy. Saber que Luke o considerava um irmão.

– Corta logo o melodrama Nate. – disse Gastón.

– E eu achei que não tinha mais como ser traído. – Percy continuou sarcástico.

– Lamento Percy, você e seus amigos são legais, é sério. Mas... Nate é filho de Hebe e sabe como é né, ele tem o poder de rejuvenescer as pessoas. Na verdade, eu odeio Cronos e sempre apoiei os Olimpianos, é sério. Mas Nate me ofereceu algo melhor que dracmas: juventude. Não aguento mais ser velho e ficar cansado do nada na hora que os monstros estão me perseguindo. – justificou Gastón. – Lamento mesmo.

– Sim, sim, sim, bela história Gas, agora vá chamar meus amigos, sim? Perseus Jackson merece pagar pela derrota do Senhor do Tempo. – disse Nate.

– E o que pretende fazer hein? Me matar? Vá em frente, não tenho medo de Hades. – Percy grunhiu.

Nate riu, Nicholas se encolheu com a risada do “chefe”, nem parecia que era mais velho que o menino.

– Te matar? Por que tártaros eu faria isso? Não Jackson, a vingança do Senhor do Tempo é algo pior do que a morte. – ele disse rindo de um jeito estranho. – Nick, vire o “herói” para que ele possa ver os amigos, sim.

Nicholas obedeceu e virou Percy, o filho de Poseidon notou que o rapaz estava tremendo, provavelmente de medo. Percy então viu Clarisse, Nico e Thalia pendurados de cabeça para baixo com as bocas tampadas, os três se debatendo.

– Não. – Percy disse num sussurro.

– Lamento. – Nicholas disse no ouvido dele e então voltou para o lado de Nate.

– O que achou que a vingança do Senhor do Tempo seria hein? Claro que o próprio tempo em si! – Nate sorriu. – Você verá seus amigos morrem de uma forma lenta, dolorosa e que o único culpado será o tempo. Depois que eles estiverem mortos, iremos ver sua namoradinha ok?!

– O QUE VOCÊ FEZ COM ELA?! – Percy gritou.

– Por enquanto nada. Mas já ouviu falar na tortura “Burro Espanhol”? Pois bem, é o que faremos com Annabeth. – Nate sorriu triunfante.

(Nota: não procure imagens dessa tortura ao menos que você tenha o estômago REALMENTE forte. Foi uma tortura muito usada na idade média para com as mulheres e as imagens podem ser chocantes).

– Burro o que? Somos gregos! – Percy disse sem entender que esse era o nome da tortura.

– Cara, Lola não estava brincando quando disse que você era burro! – Nate riu. – Até mais Jackson, curta seus amigos morrendo. Nick cuide do nosso querido “herói”.

Percy ouviu Nate e Gastón se distanciando. Thalia parecia que queria dizer alguma coisa, Nico parecia que queria ir ao banheiro e Clarisse como sempre estava com MUITA raiva.

– Desculpa gente, eu vou nos tirar daqui. – Percy falou.

Os três olharam para Percy com olhares mortíferos e depois fizeram olhares de surpresa ao ver quem estava vindo à direção deles, Percy tentou se virar, mas não conseguiu. Ele achou ter ouvido barulho de luta, mas só sentiu alguém cortando as cordas de suas mãos, ele virou e era Calipso. O semideus nunca ficou tão feliz em ver a deusa, tanto que a abraçou, Nicholas não pareceu que ia impedir nada.

– Calipso... como... como chegou aqui? – Percy perguntou desamarrando as cordas de suas pernas.

– Quando seu pégaso voltou, aquela menina ruiva disse que você estava em apuros, seu cavalo alado me trouxe até aqui, está esperando lá fora com alguns amigos. – Calipso sorriu.

Percy nunca ficou tão feliz por saber que Blackjack estava perto.

– Nicholas... você... – Percy tentou dizer.

– Eu nunca quis me juntar, mas quando eu soube do acidente da van e da virose, eu procurei os contatos do meu irmão, sabia que os campistas que Quíron mandasse iam precisar de ajuda. – ele disse ajudando a soltar os demais.

– Obrigado. – Percy sorriu.

– Agradeça quando estiver no acampamento. – Nicholas respondeu.

– Calipso, ajude Nicholas a levar Clarisse, Nico e Thalia até Blackjack e voem para Nova Iorque. – disse Percy.

– Nem vem, não abandono uma luta. – Clarisse disse quase vomitando.

– Vocês passaram horas de cabeça pra baixo, é melhor irem pro acampamento ou pegarem néctar ou ambrósia, nenhum de vocês está em condições de nada agora. – Nicholas orientou.

– Di Immortales... como você sabe disso? – Thalia perguntou também quase vomitando.

– Atena me reconheceu mês passado. – Nicholas deu de ombro.

– Você deve ser o segundo filho de Atena que não me odeia. – disse Percy.

– Por que eu iria te odiar? Você salvou o Olimpo cara. – Nicholas sorriu.

– Valeu... vai dizer isso pro resto do chalé seis. – Percy exclamou.

– Qual é gente, nós conseguimos lutar. – Nico disse mal se mantendo de pé.

– Nico, não há discussão ou argumentos. – Percy ordenou. – Vocês vão voltar AGORA para os EUA.

– Por quê? – Thalia segurou o vômito.

– Porque aquele lunático está atrás das pessoas que eu amo! Não vou poder proteger todos vocês. – Percy finalizou.

– Que fofo Jackson. – Clarisse zombou. – Depois dessa linda declaração só resta agora comprar as alianças!

Percy gostava de Clarisse, mas na maioria das vezes (como agora) ela o irritava.

– É Clarisse, eu amo você! Apesar de você ser uma valentona metida à rainha do mundo e muito chata, você é minha amiga. Amo Thalia e não tô nem ai pro que Ártemis diga. Ela é minha prima, é minha amiga, uma excelente pessoa e tem um caráter imenso. E daí que o Nico é irritante de vez em quando? Ele é como um irmão para mim. É o primo mais infantil, maluco e legal que eu tenho. – Percy explodiu. – E é por isso que eu não vou deixar vocês virem comigo atrás de Annabeth. Eu não posso perder meus amigos!

Clarisse, Thalia e Nico ficaram sem saber o que falar. Nicholas e Calipso os levaram até onde estava Blackjack e seus amigos. O “cunhado” havia dito o local onde estavam mantendo Annabeth, Percy não ligava se ia morrer, contanto que salvasse todos que ele amava.