Capítulo 17 – Formatura

Cheguei em casa depois de uma chata prova de inglês e minha mãe me chamou para conversar, eu já esperava por isso. No inicio da semana eu havia comentado com ela e com meu pai sobre a carta que recebi, dizendo que era uma oportunidade única e tals. Eles não curtiram muito, mas disseram que estudariam a ideia e então conversaríamos.

Entrei no meu quarto e os dois estavam lá. Me sentei na cama ao lado da minha mãe e meu pai pegou uma cadeira se sentando a nossa frente.

– Bom, nós pensamos bastante no que você falou. E queremos que você entenda nosso lado – minha mãe começou – Já é muito difícil para nós aceitar que vocês estão grandes e que vão para a faculdade, morar sozinhos e tomar conta da própria vida. Mas sabendo que vocês seis estariam juntos me tranquilizava de alguma forma. Você entende? – eu concordei com a cabeça.

– Bella, o que sua mãe quer dizer é que para nós, é difícil imaginar você indo para uma cidade tão grande quanto Nova York sozinha. Sabemos que você é responsável e que, de alguma forma, você ficaria bem. Mas isso não nos impede de ficar preocupados.

– Eu entendo vocês, mas logo eu já vou fazer dezenove anos, já sou maior de idade. E eu não posso perder essa oportunidade e... – minha mãe me cortou.

– Nós sabemos, querida, por isso queremos fazer um acordo. – Eu os olhei curiosa.

– As aulas na faculdade só começam depois das férias de verão – meu pai falou – Mas a NYU programa uma semana, antes do verão, para os calouros conhecerem o campus, entenderem como tudo funciona. – Ele deu uma pausa olhando para minha mãe que sorria concordando – Nós pensamos em deixar você ir nessa semana, seria como um teste, e então decidiríamos se você vai ou não estudar lá. O que acha?

– Uau, eu acho incrível!! Quero dizer passar uma semana em Nova York sozinha, vai ser demais! – eles me encararam e eu sorri amarelo – Vai ser demais conhecer a universidade!! – corrigi e eles riram.

Tivemos um momento de abraço em grupo, e então eles saíram do quarto. Lembrei-me que tinha esquecido de perguntar algo, coloquei meu corpo para fora da porta, eles ainda estavam no corredor, então eu perguntei:

– E quando será a viagem?

– Bom, sabíamos que você iria adorar a ideia então já marcamos tudo. Será logo depois da formatura. – Minha mãe respondeu sorrindo e voltou a fazer seu caminho. Eu fiquei parada por um tempo na porta do meu quarto, me sentia estranha, acho que não esperava que a viagem fosse tão cedo, quero dizer, a formatura já é semana que vem.

– Belinha, você vai viajar? – saio do meu transe e me deparo com meu irmão e Rose. Acho que eles haviam ouvido parte da conversa. Respirei fundo, uma hora eles teriam que saber.

– Sim, eu vou passar uma semana em Nova York para conhecer o campus da NYU. – falei tudo de uma vez. Emmet pareceu confuso e Rose me olhava séria.

– Mas, Maninha, por que você vai ir conhecer o campus dessa faculdade, sendo que você vai estudar em Dartmouth, com a gente? – Não respondi nada, e quando ele percebeu o sorriso em seu rosto se desfez.

– Você vai contar para os Cullen? – Rose me perguntou.

– Eu não sei ainda, é complicado... – E realmente era, eu e Edward mau nos falávamos e por causa disso eu acabei me afastando um pouco da Alice. Eu ainda a amava como uma irmã, mas não éramos tão grudadas quanto antes. Essa é a pior parte de tudo.

A pequena conversa que tive com eles acabou ali. Era óbvio que eles estavam chateados, mas eu tinha tomado uma decisão e, sinceramente, não sei se eu conseguiria voltar atrás.

A semana foi passando, e eu fiquei dividida, por um lado estava super animada com minha viagem, mas, por outro, eu me sentia péssima. Era como se eu tivesse traído meus amigos. Na verdade, foram essas as palavras que a Alice me disse quando eu lhe contei meus planos.

Acho que talvez ela estivesse certa. A gente sempre sonhou em ir juntos para a mesma faculdade e eu simplesmente decidi mudar as coisas. Eu queria muito falar com ela, e com todos, era horrível ver seus olhares para mim todo dia e eu nunca conseguia achar um assunto neutro e seguro para conversávamos.

Resumindo, essa semana inteira eu fiquei estudando para as provas, evitando falar com meus melhores amigos e me sentindo horrível por isso. O clima estava tão frio que as meninas nem me chamaram para ir com elas quando foram comprar as roupas para a formatura. E eu fiquei em casa.

Ouvi um barulho de carro estacionando e fui até a janela, elas chegaram cheias de sacolas, rindo animadas. Voltei a desabar na cama, mas agora meu rosto estava cheio de lágrimas. Por que tudo tinha de ser tão complicado?

E ainda tinha ele. Se eu mal falava com os outros, imagine com ele. Vários olhares foram trocados, mas eu nunca conseguia decifrá-los. Ele sabia sobre minha decisão, provavelmente contaram para ele. Mas deve estar achando bom, afinal, ele queria esquecer tudo, não é mesmo? Comigo longe e ele solteiro será bem mais fácil.

Droga! Por que eu ainda me importo? Eu odeio tanto amá-lo!

Fiquei perdida em meus dilemas e sentimentos confusos até cair no sono. Acabei acordando com minha mãe me sacudindo e, em seguida, abrindo a minha janela, deixando o sol entrar e, praticamente, me cegar.

– Querida! Vamos acordar! Sei que hoje é sábado, mas é o dia da sua formatura! E já passou do meio-dia – quando ela terminou a frase que eu me liguei, me sentei em um átimo. – Oh, meu bem, a ficha está caindo, não é mesmo?- Ela me abraçou – Vocês cresceram tão rápido! – Juro que vi ela limpando uma lágrima – Bom, vou deixá-la se arrumar, sua beca está na cadeira. – Ela veio beijar minha testa. – Bom dia, Bella, ou melhor, boa tarde.

– Bom dia mãe. – Falei logo em seguida bocejando.

Assim que ela saiu do quarto eu corri para o banheiro para tomar banho. O problema foi quando cheguei ao meu closet, eu não fazia ideia do que vestir! Depois de experimentar praticamente todas as roupas, optei por um vestido azul sem alças que a Alice havia me dado de aniversário e eu ainda não tinha usado, seria uma forma de agradá-la.

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Provavelmente ela não o veria na colação, só depois na festa para os formandos. Sinceramente, não estava com o menor ânimo para ir à essa festa, mas era necessário. Afinal eu sairia amanhã cedo com destino a Nova York, e não queria ir com esse clima tenso. Estava na hora de começar a agir! Ou pelo menos tentar.

Sequei meus cabelos deixando-os soltos com algumas ondas nas pontas. Fiz o meu melhor na hora de me maquiar, sem exagerar muito, e ao olhar-me no espelho, gostei do resultado. Vesti minha beca e com minha bolsa e meu chapéu em mãos desci as escadas.

Meus pais e Emm já estavam sentados na mesa almoçando e logo eu os acompanhei.

– Bom, eu já vou indo! – Meu irmão iniciou.

– Espera, Emm, será que eu poderia ir junto? Eu queria er... conversar. – falei um pouco hesitante. Ele pensou por alguns instantes e então me respondeu.

– Claro, Bells, claro. – Eu sorri – Vamos lá.

Entramos em seu jipe, eu, obviamente, precisei de ajuda para subir com os saltos que eu usava. Esperei ele engatar com o carro para falar.

– Emm, eu queria falar algumas coisas para você, queria que você entendesse minhas ações. E, relaxa, não farei um super monólogo, nem nada. – Esperei que ele falasse algo, mas seus olhos continuaram fixos na rua, então eu continuei. – Desculpe por quebrar o combinado que nós tínhamos, mas, eu não achei que seria aceita na NYU, e muito menos que... bem... –

– Que você e Edward brigassem – Ele me interrompeu completando minha frase e então continuou – Bells, eu sou seu irmão e te conheço muito bem. Lógico que fiquei chateado por você não ir com a gente, mas, sinceramente, eu te amo e quero o melhor para você. Mesmo que o melhor seja você ir para longe, um lugar onde eu não poderei te defender, mas eu respeito suas escolhas. – Eu sorri para meu irmão.

– Obrigada Emm!

– Maaaaas.... isso não me impede de achar ridículo você ir para outra faculdade só para fugir do Cullen – Eu iria interrompê-lo, mas ele me impediu – Eu sei que algo sério deve ter acontecido, e, sinceramente, eu não quero saber. – Fiquei em silencio pensando no que dizer – Eeee...chegamos!

Olhei a janela e realmente já estávamos na escola. Descemos do carro em silencio, mas quando ficamos lado a lado, não me aguentei e agarrei forte o pescoço do meu irmão o abraçando forte.

– Eu também te amo ursão! E obrigada por tudo! – Sussurrei em seu ouvido.

Já estava quase chorando quando nos separamos. Fomos em direção à fila de alunos. Não avistei nenhum de nossos amigos, e nem procuramos, pois já estava quase na hora de começar.

A cerimônia foi longa, mas também muito bonita. Recebemos o diploma, houveram as homenagens e discursos. E quando encerrou já me via em lágrimas, pois é a escola acabou, de vez. Junto com todos os formandos joguei meu chapéu de formatura para o alto.

Eu e Emmet fomos ao encontro de nossos amigos, no caminho recebemos diversos parabéns uns até de pessoas que eu nunca vi na vida, mas eu educadamente agradecia e desejava o mesmo.

Eu sabia que todos estavam chateados comigo, mas fui a mais educada e sincera possível quando desejei parabéns a todos eles. Quando Rose viu um dos braços de Emm ao redor dos meus ombros, interpretou que estava tudo bem entre nós, sem magoas nem nada, e então me lançou seu sorriso sincero que foi alegremente retribuído por mim.

Encontramos nossos pais e depois de muitas felicitações resolvemos ir a uma lanchonete que sempre íamos quando crianças. Em um momento que todos conversavam animados eu parei e em silencio observei o rosto de cada um deles, eu queria guardar na memória todos os detalhes. Não é como se eu nunca mais fosse vê-los, mas não será a mesma coisa de vê-los todos os dias.

De repente meu olhar cruzou com o de Edward, durou apenas alguns segundos, mas eu logo desviei o olhar corando um pouco ao perceber que tinha sido pega o observando.

Nossos pais foram embora e nós fomos para a festa que teria. Novamente fui com o Emm, mas dessa vez Rose nos acompanhava. No caminho ela repetiu as palavras de meu irmão ao dizer que se importava com a minha felicidade, mas mesmo assim iria sentir muito a minha falta. E eu não pude deixar de concordar, morreria de saudades dela também. Minha cunhada disse também que a Alice estava bem chateada e que talvez seria melhor eu conversar com ela.

Quando chegamos percebi que eu ainda usava minha beca, então logo a tirei deixando-a no carro do meu irmão. Entramos na festa e a decoração estava incrível. Bexigas com as cores da escola, lanternas, luzes e velas por todos os lados, e o DJ realmente era muito bom.

Fiquei um pouco com Rose e Emm, mas logo fui dar uma volta evitando ficar de vela a noite inteira. Cumprimentei alguns de meus colegas, dancei com outros, e desejei parabéns pela formatura também.

Estava em um lado do salão e do outro observei a Alice parada, sozinha, me olhando. Meus olhos ficaram um pouco marejados, não sei o porquê direito, mas caminhei até ela abraçando-a. A baixinha, para minha felicidade, retribuiu meu abraço.

– Você está tentando me comprar usando esse vestido? – Ela perguntou quando nos separamos levantando uma sobrancelha. Eu concordei com a cabeça.

– Me desculpe, Allie! – falei olhando em seus olhos – Eu odeio que nossa última semana na escola tenha sido dessa maneira, e desculpa ter te magoado, mas essa viagem e essa universidade, elas são realmente importantes para mim.

– Eu sei disso – Ela disse com um meio sorriso – Eu devia ter te apoiado, mas fui egoísta, como sempre. – Rimos juntas e nos abraçamos de novo.

Caminhávamos em direção à pista de dança onde Jazz estava, quando ela diz:

–Ai que tudo, minha melhor amiga vai morar em Nova York!!!! – Ela pulava ao meu lado e eu sorri sabendo que ela havia voltado a ser a Alice de sempre.

Ficamos um bom tempo dançando, Rose e Emm também haviam se juntado a nós. O único que eu não vi foi Edward, mas evitei pensar muito no assunto, afinal ele era solteiro agora, nada o impedia de passar o rodo na festa.

Droga! Eu havia prometido para mim mesma que pararia de pensar tanto nele assim, se ele quer ficar com alguém, que fique, não é problema meu! Ou talvez era? Estava ficando louca em meio aos meus pensamentos então decidi ir pegar uma bebida.

Terminava de me servi com um dos ponches do local e então quem eu encontro? Se você disse Edward você acertou! Ele me deu um meio sorriso e eu correspondi o cumprimentando. Continuei apoiada a mesa com meu copo, esperando ele sair, mas ele não o fez. Na verdade, ele também se apoiou na mesa ao meu lado.

Ficamos em silencio por alguns minutos, eu acho que nenhum de nós sabia direito o que dizer. Mas foi ele o primeiro a falar algo.

– Esse DJ é bom, né? – ok, realmente o clima era estranho.

– É sim.... – comentei e logo dei mais um gole em minha bebida.

– Você ta gostando da festa? – perguntou depois de mais um curto silencio entre nós.

– Acho que sim, esse ponche é muito bom... – falei olhando para minha bebida, e então em um impulso perguntei – E você, está gostando de ser o Edward livre de novo? – Provoquei e ele ficou pensativo por alguns segundos, fazendo com que eu me arrependesse de ter perguntado.

– Não sei, eu acho que perdi a prática... – falou pensativo. Eu não consegui encará-lo.

– Você podia aproveitar o momento, há muitas garotas que passaram o colegial inteiro sonhando em ficar com você e, bom, hoje é a ultima esperança delas... – onde será que foi parar meu filtro? Eu tenho que parar de falar tudo que penso, droga!

– É... talvez.... – o silencio havia voltado. Ficamos uns minutos assim e eu não ousei falar de novo para não soltar mais algum comentário ciumento. Então ele o quebrou. – Soube que você vai para Nova York amanha, para conhecer o campus... – Eu concordei com a cabeça, quanto menos eu falasse era melhor, não? – E o cara que você está apaixonada, o que ele achou disso?

“Não sei, você que me diz.” – respondi mentalmente, mas obviamente não podia falar isso, então tentei ser sincera.

– Eu não sei direito, acho que o que eu sinto não é correspondido então... talvez seja melhor, você sabe, eu me afastar. – ele concordou pensativo. Droga essa conversa estava me matando, precisava sair dali o mais rápido possível.

– Olha Bella, antes de você ir, eu queria pedir desculpa, você sabe, pela nossa discussão aquele dia e tals. – Foi ele tocar no assunto que as lembranças da nossa “conversa” ecoaram em minha mente, eu realmente precisava sair dali, eu sentia meu coração ser moído em meu peito. Respirei fundo respondendo à ele o mais calma possível.

– Não tem problema Edward, o que importa é que agora as duas Bellas estarão partindo amanha. – fui um pouco irônica com a minha fala, segurei minhas lágrimas com toda força, eu realmente precisava sair dali. – Adeus, Edward.

Deixei meu copo na mesa ao seu lado e fui embora sem esperar uma resposta. Não procurei nenhum dos meus amigos, simplesmente sai e peguei o primeiro taxi que vi na minha frente e fui para casa.

Cheguei em casa relativamente cedo, eram meia-noite e quinze, meus pais ainda estavam acordados na sala, eu disse que queria descansar antes da viagem, já que meu voo era as sete da manhã.

Me joguei na minha cama com o vestido mesmo querendo adormecer o mais rápido possível, ignorando as lágrimas que insistiam em cair dos meus olhos e as imagens do Edward “se divertindo” na festa.

Em minha cabeça desejava a felicidade de todos os meus amigos e suplicava pela minha. Com esses apensamentos fui tomada pela inconsciência.