Capitulo 12 – Precisamos de uma folga

O natal foi há quatro dias e estava ficando um pouco entediada, o tempo bom estava indo embora e agora quase não dava para aproveitar o lago, claro que inventávamos um monte de modos de se divertir, mas só iríamos voltar dia dois e janeiro, depois do ano novo. Agora estou no meu quarto, tinha começado a ler um livro do John Green que Rose me deu de natal depois do almoço e até então estou aqui, quando ouço do outro lado da porta:

– Bella?

– Oi Edward, pode entrar! – gritei e então ele abriu a porta e sentou-se do meu lado na cama.

– E então, só no tédio? – perguntou e eu concordei, já fechando o livro e pondo na mesinha. – Ei, você sabe que dia é hoje?

– Er... dia 29?

– Exato! Há um mês, o seu melhor amigo louco e gostoso te pediu o mais louco dos favores! – Arqueei uma sobrancelha para ele que continuou – Hoje nós fazemos um mês de “namoro” – completou fazendo aspas com a mão e eu ri.

– Você me trouxe um presente? – perguntei divertida.

– Não. Mas eu tive uma ideia... como há um mês estamos fingindo para todos praticamente o tempo todo que estamos juntos... nós precisamos de uma folga, não acha?

– Claro, mas o que tem em mente? – perguntei me animando com a proposta.

– Bom, hoje também estava no tédio, então fui dar uma caminhada no centro da cidade e sabe o que eu encontrei? – neguei com a cabeça – Um boliche! Então eu pensei, por que não vamos ao boliche hoje, só nós dois, como nos velhos tempos, sem precisar fingir nada para ninguém? E é isso que estou propondo! O que acha?

– Adorei a ideia, mas eu ainda queria um presente! – ele me deu um soco leve no ombro.

– O seu presente será a minha incrível companhia, é claro! – falou convencido e eu revirei os olhos. – Beleza então, nós saímos daqui a uma hora, ok?

– Ok, mas já? - olhei no relógio do meu celular, não havia visto o tempo passar, já era quase sete horas. – Ah, entendi, beleza. – ri e então ele levantou me dando um beijo na testa e saiu.

Fui tomar banho e ficar pronta, coloquei uma calça jeans, uma blusa toda estampada que eu adoro, meu cardigã preto e um lenço que combinava com minha blusa, e nos pés coloquei o bom e velho all star.

Deixei meus cabelos soltos e me encontrei com Edward lá embaixo, nos despedimos de todos e tivermos que aturar os comentários maliciosos de nossos amigos.

– Hei cabeção, você sabe, não faça nada que eu não faria... – Emm tentou botar medo quando estávamos saindo, mas Edward apenas enrugou a testa concordando.

Entramos no volvo prata e fomos, o caminho foi curto. Entramos e nos direcionamos ao balcão para pedir os sapatos e uma pista.

– Desculpe senhor, mas estamos bem cheios hoje... não temos mais nenhuma pista vaga... – a moça nos informou e ficamos um pouco decepcionados.

– Ora, moça, eles podem jogar com a gente – uma senhora que estava sentada em um banco com outro senhor colocando os sapatos de boliche – depois de cinquenta anos juntos, não aguento ficar muito tempo a sós com ele – apontou para o marido que riu dela e lhe deu um beijo na bochecha.

– Bom, se os senhores não tiverem problema.... – a atendente virou para nós. Edward me olhou e eu respondi.

– Por mim tudo bem – sorri. Ele concordou e pegamos nossos sapatos nos sentando próximos ao casal.

– Eu sou Philip, mas podem me chamar de Phil – o senhor sorriu – E essa é minha esposa, Kate.

– Muito prazer – sorri – Eu sou Bella e ele é meu melhor amigo, Edward.

– Melhor amigo? Sei... – a senhora nos olhou desconfiada e eu ri sem graça.

– Kate! – Phil a repreendeu.

– Não tem problema, vamos jogar? – Edward falou animado.

Fomos em direção a nossa pista e, realmente, o lugar estava bem cheio.

– Por que não deixamos as coisas interessantes? –Kate começou – Vamos nos dividir em equipes, meninos e meninas, - deu uma piscadela para mim que retribui com um sorriso. – e quem perder... paga a pizza!

– Querida não se esqueça da torta – Phil falou – A torta daqui é divina!

– Bom, por mim tudo bem, o que acha Bella? – Edward me perguntou.

– Eu acho que você já deve ir abrindo sua carteira, porque com certeza já ganhamos! – sorri para ele e me aproximei de Kate.

– È disso que eu to falando, garota! – ela falou animada e demos um “high-five”.

Começamos a partida, eu não era das melhores, mas Kate era incrível, ela fazia vários strikes, e então me deu algumas dicas, e eu fui melhorando, eu acho. Os meninos também eram muito bons, graças a deus a mão de Edward já tinha melhorado bastante. Sempre que um time fazia um ponto fazíamos comemorações estúpidas, estava me divertindo muito.

O placar estava acirrado, só faltava uma jogada minha, e se eu acertasse todos os pinos venceríamos, se eu errasse os meninos ganhariam. Tinha pego a bola e estava me preparando para jogar, quando Edward se aproxima e passa seu braço ao redor de meus ombros.

– Então Bells, eu sei que pode ser muita pressão para você, já que o resultado do jogo está em suas mãos bem como nosso jantar, mas relaxa, vai ver você nem é tão desastrada quanto dizem... – zuou da minha cara e eu olhei bem fundo em seus olhos e falei sem som:

– Vai. Se. F*der. – dei um sorriso e ele voltou para seu lugar dando risada, eu mereço viu.

Respirei fundo, me lembrei de todas as dicas que Kate havia me dado, joguei a bola e então fechei os olhos, estava nervosa demais para ver.

– Uhuul! Isso aí garota! – ouvi Kate dizer e então abri os olhos e nem podia acreditar, todos os pinos estavam no chão. Corri para minha parceira a abraçando.

– Obrigada pelas dicas!! Eu nem acredito, nós vencemos!! – e então os meninos vieram nos cumprimentar e eu aproveitei para zuar um pouco da cara do Edward.

Devolvemos os sapatos e fomos no sentar em uma das mesas que tinham na lanchonete, pedimos pizza e conversávamos animadamente. A história deles parecia história de filme, se casaram com o primeiro amor e depois que envelhecem vêm toda semana no boliche para curtir como jovens.

– Mas e a história de vocês? Há quanto tempo estão juntos? – Kate perguntou sorrindo.

– Nós não somos um casal... Na verdade, somos melhores amigos desde os três anos de idade. – Edward respondeu.

– Oh querido, vocês são bonitos demais para ser tão tolinhos, a noite inteira que passei com vocês pude observar, vocês são como imãs, estão conectados, conversam pelo olhar e se sentem muito confortáveis na presença do outro. Sem falar do carinho que têm um pelo outro, que mesmo durante as brincadeiras e “zuações”, está presente. – ela sorriu nostalgicamente – Eu e Phil também fomos só “melhores amigos” uma vez, e vejam só no que resultou. – eles riram e nós sorrimos sem graça, era confuso o que ela nos disse, pois não estávamos fingindo nada essa noite.

– Veja só Kate, você os deixou sem graça... mas sei como compensar, vamos pedir sobremesa! – rimos de Phil.

A conversa acabou tomando outro rumo e quando a sobremesa chegou o casal a nossa frente vibrou, estava curiosa sobre essa incrível torta de chocolate de que tanto falavam. Coloquei o primeiro pedaço na boca, e meu deus, era muito bom! Acabei comendo muito rápido e comecei a tossir.

– O grande segredo dessa torta são as nozes... – Phil falou sorrindo – Menina, você está bem? – Eu ainda não tinha parado de tossir.

– Pera aí, Phil, você disse nozes? – Edward perguntou e ele concordou – Meu deus Bela, você está fervendo! – Ele começou a levantar e me puxou com ele – Temos que ir para o hospital, ela é alérgica a nozes!

– Ai meu deus! Vão indo na frente! Vamos fechar a conta e encontramos vocês lá! – Kate gritou e nós fomos, na verdade Edward foi já que eu me apoiava completamente nele.

Ele dirigiu muito rápido e quando chegamos ao hospital eu já não conseguia mais respirar. Ele falou alguma coisa com os enfermeiros e eu fui posta em uma maca e simplesmente apaguei.

Acordei meio grogue, o quarto era branco demais, fechei os olhos por conta da claridade e abri de novo me acostumando.

– Bella? Você está bem? – Edward estava ao meu lado, e parecia bem preocupado, sorri para ele.

– Estou sim... – olhei para meu braço e enruguei a testa para a agulha que lá se encontrava - Malditas nozes... – ele riu sem humor.

– Sim, malditas nozes... - ficamos um pouco em silencio e ele pegou minha mão – Tem certeza mesmo, que você está se sentindo bem?- eu concordei com a cabeça e apertei sua mão o tranquilizando. – Deus, fiquei tão preocupado, quando chegamos você não respirava e simplesmente apagou, do nada...-

– Hey, relaxa, está tudo bem – o cortei

– Nossos pais estão vindo, eu esperei o medico falar que você estava melhor para ligar, eles também estão bem preocupados... – sorri.

– Minha mãe deve estar morrendo de preocupação. – e pela primeira vez desde que acordei ele sorriu – Veja só, você está sorrindo – observei e ele sorriu mais ainda. – E Kate e Phil? Nem nos despedimos...

– Na verdade, eles estão aí fora... se quiser posso chamá-los, eles estão se sentindo mal, pois eles que a fizeram comer a torta – eu revirei os olhos, até parece que os culparia – Mas eu devia ter olhado antes se tinha ou não nozes...

– Por favor, né Edward? Não é culpa de ninguém... – apertei mais ainda sua mão – Você não pode ficar analisando tudo que eu como, nem eu que deveria faço, agora ficaremos mais atentos e pronto! Estamos bem, eu quase te matei com uma faca e depois vim parar no hospital, é o carma – ele riu sem humor e eu o acompanhei – Agora pode chamá-los – sorri e ele foi buscar nossos mais novos amigos.

O casal entrou, perguntou se eu estava bem e pediram desculpas, eu os tranquilizei dizendo que não precisavam se preocupar.

– Mas o rapaz quase teve um treco – Phil falou apontando para o Edward que começou a corar – Quase bateu em um enfermeiro para conseguir informações sobre você, ele tava bem preocupado! – eu sorri e juro, nunca vi o Edward tão vermelho, apertei sua mão que ainda estava junto a minha.

– Obrigada – falei e ele deu um sorriso sem graça.

– Queridos, adoraríamos ficar mais, mas temos que ir – Kate falou um pouco triste – Edward, você tem nosso telefone, qualquer coisa podem nos ligar, ok? – assentimos e ela veio nos abraçar e depois Phil fez o mesmo. – Juízo, crianças... ah, e por favor, eu quero ser convidada para o casamento de vocês, hein? – agora tanto eu quanto Edward estávamos vermelhos.

Um pouco depois nossos pais chegaram, na verdade, todo mundo veio. Eu lhes garanti que estava tudo bem, mas eu ainda teria que ficar uma noite para observação e todos quiseram ficar também.

No final, Carlisle e eu meu pai acharam melhor voltarmos para passar o ano novo em casa, afinal, já havia acontecido incidentes demais.