Perfectly Wrong escrita por Juliiet, Nana


Capítulo 7
Ciumento ou paranoico?


Notas iniciais do capítulo

OIE, GEMTIIIIII, VOLTEI DOS MORTOOOOS O/
A minha demora é TOTALMENTE CULPA DA MINHA FACULDADE e esse fim de semestre, que foi do capeta, e acabou comigo :( Só agora fiquei de férias e vim correndo escrever esse cap pra vocês :3
Um beijo pra Elô Antunes, pra Jessie Leevin, pro meu pai, pra minha mãe e pra Xuxa...mentira, só pras duas lindas mesmo, que fizeram recomendações para essa humilde história :DDDDDDD
Espero que gostem :*



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– É sério, não é nada do que você está pensando, eu juro.

Estava dando voltas pela sala enquanto falava ao celular, ainda vestida só com minha blusa enorme e passando os dedos freneticamente pelos cabelos.

Parte de mim estava concentrada em fazer o homem do outro lado da linha acreditar em mim e parte estava concentrada em me impedir de cometer um brutal assassinato. Eu estava dividida, mas conversar pelo celular estava me distraindo do meu provável futuro criminoso e isso era bom. O estado de Nova York tem pena de morte? Como era possível que eu não soubesse? Iria perguntar pro...google depois.

– Então como ele conseguiu seu celular? – perguntou a voz neutra através do aparelho. – E que história foi aquela de “a gostosa do Kansas está babando no meu travesseiro”? O que você estava fazendo no travesseiro dele, por Deus?

Suspirei. Qualquer coisa que eu dissesse ia soar como uma desculpa, mas eu precisava tentar mesmo assim. Afinal, eu não tinha feito nada de errado...não conscientemente, pelo menos.

– Mitch, eu já disse – soltei, soando tão cansada como me sentia. – Asher chegou em casa bêbado ontem e vomitou no meu quarto. Então eu fui dormir no quarto dele e o fiz dormir no chão, mas quando acordei, eu estava no chão ao lado dele e realmente não tenho ideia de como fui parar lá.

Eu quase podia ver Mitch franzindo o cenho e fitando o vazio com reprovação. Ele nunca gostou do meu colega de quarto e, apesar de nunca ter sido muito insistente com isso, eu sabia que ele desaprovava o fato de eu viver com o Asher e mentir para James. Ele gostava do meu namorado e, se os dois vivessem no mesmo estado, com certeza seriam amigos.

– Max, eu acredito em você – Mitch disse, mas sua voz soava cautelosa. – Mas eu não confio no Lockwood. Eu o conheço há anos e o cara não presta. Eu não posso lhe dizer o que fazer, mas... –

– É isso aí, Mitch, você não pode me dizer o que fazer – o interrompi, sentindo o início de uma dor de cabeça surgir. – Eu adoro você e o considero um dos meus amigos mais íntimos, mas eu já sou bem grandinha e posso cuidar da minha própria vida.

Assim que as palavras saíram da minha boca, eu percebi que estava sendo a maior vadia.

Droga.

– Desculpa, eu só – comecei, mas a voz suave e neutra demais do outro lado da linha cortou minhas palavras.

– Não, Max, você está certa. Você sabe cuidar de si mesma e ninguém pode lhe dizer o que fazer. Eu só liguei mesmo porque Erin estava desesperada essa manhã por notícias suas. Você disse que ia ligar quando chegasse em casa e ela só percebeu que você não tinha ligado quando acordou. Você sabe que ela anda meio distraída esses dias...

Eu o tinha magoado. Boa, Max.

Assenti, mas percebi que ele não podia ver e disse:

– Sim, claro. Foi culpa minha, eu cheguei tão cansada que esqueci de ligar para ela. Onde ela está?

– No banheiro. Enjoo matinal. Eu acabei de chegar em casa e ela só teve tempo de me dizer para ligar para você e, se você não tivesse sido estuprada ou assassinada, então ela ia te matar. Depois disso ela correu pro banheiro.

Esfreguei meus olhos, tão frustrada que era cansativo. Eu realmente precisava de café.

– Diz pra ela que eu estou viva e inteira, e ela pode vir me matar quando quiser, mas só depois que eu ingerir minha dose diária de cafeína.

Ele riu e um pouco da tensão que havia se formado entre nós se desfez.

– Vou me certificar de que você tenha tempo para tomar seu café antes de permitir que ela saia à sua caça.

Eu sorri e me despedi. Ele tinha que ajudar a futura esposa a colocar todo o conteúdo do estômago para fora e eu tinha que me impedir de atirar Asher Lockwood pela janela.

Suspirei e me joguei no sofá. Eu tinha que fazer uma limpeza minuciosa no meu quarto e talvez isso me distraísse do ódio que eu estava sentindo. O que aquele idiota tinha na cabeça para atender o meu celular e falar aquelas merdas? E se fosse o James na linha? Oh Deus, eu estaria muito ferrada.

– Como vai o Reed? – uma voz disse atrás de mim. – Faz tempo que eu não falo com ele.

Quase pulei do sofá para encarar o filho do capeta, que me olhava inocentemente com aqueles olhos cinzentos. Ele tinha vestido calças de moletom pretas folgadas, que pareciam se equilibrar precariamente em seus quadris. O ar de outono era pesado e gelado, e as janelas estavam abertas como sempre. Eu estava quase congelando dentro da minha camisa, mas Asher parecia inacreditavelmente confortável sem nada cobrindo a parte de cima do seu corpo.

Eu não consegui me segurar e joguei uma das almofadas do sofá nele. O ataque foi tão patético que ele riu e me fez ficar com mais ódio. Fui até a estante e comecei a arrancar todos aqueles pesados livros de arquitetura e a tacá-los naquele ser enviado diretamente das profundezas do tártaro para destruir minha vida.

– Ei! Para que essa violência? – perguntou genuinamente surpreso enquanto desviava de uma cópia de Arquitetura na Itália, de um tal de Ludwig Heydenreich.

Eu parei, ainda com um livro na mão, e o encarei, incapaz de acreditar no cara. Ele estava falando sério ou só brincando comigo?

– Você ainda pergunta? – disse, aproximando-me dele com passos pesados. – Além do que é óbvio e recorrente, você simplesmente destruiu a sala de estar, chegou bêbado ontem à noite e vomitou no meu quarto – a cada palavra, eu apertava mais a mão que estava segurando o livro, até o ponto em que eu sabia que a capa ia ficar com a marca das minhas unhas. – Depois disso, você teve a audácia de dormir sem roupa, mesmo que eu estivesse no seu quarto. E de manhã, eu magicamente apareço no chão com você, seu sem vergonha de merda! E você atendeu meu celular! E você deu a entender que algo havia acontecido entre nós!

Eu já estava tão no limite que simplesmente atirei o livro nele com toda a força. Daquela distância, ele não conseguiu desviar e o volume pesado e de capa dura o atingiu bem no peito pálido, fazendo-o cobrir o local atingido com as mãos, ofegar e soltar um palavrão.

– Algo que nunca, nunca, nunca vai acontecer entre nós! Não enquanto eu estiver em pleno uso das minhas faculdades mentais! – gritei.

Ele levantou o rosto, que tinha abaixado quando o livro o atingiu e olhou para mim com os olhos irritados, meio cobertos pelos espessos cílios negros.

– Terminou? – foi só o que ele disse, o que me fez soltar um grunhido de frustração nem um pouco elegante.

– Você não tem a menor noção das coisas, não é? E se tivesse sido o meu namorado na linha? Você realmente destruiria um namoro sólido de quase sete anos só porque ficou com vontade de tirar uma com a minha cara?

Eu sabia que brigar com o cara enquanto eu estava vestindo só uma camisa que dizia Max’s Kansas City não era muito digno, mas era o melhor que eu podia fazer. Pelo menos ele – do seu modo – estava tão seminu quanto eu. Bom, mas a verdade era que esse fato não me ajudava muito, pelo contrário.

Os músculos abdominais daquele maldito eram ligeiramente distrativos.

– Se o seu namoro é sólido como você acha, nada do que eu possa dizer seria capaz de acabar com ele, Max – Asher respondeu e só então eu percebi que ele estava realmente puto.

Sua voz era calma e neutra como se estivéssemos conversando sobre o tempo, mas uma certa inflexão no modo como ele havia dito meu nome o entregava. Como se ele estivesse se segurando para não me xingar.

Ou algo assim.

Infelizmente, as palavras dele faziam sentido, mais do que eu gostaria de admitir. Mas ninguém que está de fora consegue realmente saber como são as coisas entre um casal. James era ciumento e eu era mentirosa. Nós funcionávamos desse jeito e ninguém, muito menos o cara que nunca teve um relacionamento decente na vida, podia ficar criticando.

– James é ciumento – eu respondi em tom de desculpa, e me odiando por isso. – Então eu tento evitar esse tipo de brincadeira.

– Ciumento ou paranoico? – ele inquiriu, aproximando-se tanto de mim que nossos narizes quase se tocaram.

– Não que você tenha como saber, mas quando você gosta de alguém, é normal sentir ciúme.

– Eu não sou ciumento.

– Você me odeia.

Ele piscou, parecendo perplexo, antes de se afastar e soltar uma risada. Sua risada era cheia, de boca aberta e me irritava mais do que me deixava com vontade de acompanhá-lo.

Fiquei calada enquanto ele ria, demonstrando toda a minha contrariedade com meu silêncio e meu olhar reprovador – ou isso eu achava. Ele parecia achar minha expressão engraçada, pois mesmo quando parou de rir, manteve um sorriso torto nos lábios.

– Você é a pessoa mais absurda que eu conheço, Dorothy Gale.

Qual era o problema do cara? Asher só me chamava de Dorothy quando estava feliz ou satisfeito comigo. Não era minha ideia de um bom apelido – eu odiava apelidos – mas era melhor do que monstrinho.

Rolei os olhos e decidi que não iria mais perder tempo com aquele doido que trocava de humor como trocada de mulher, então girei nos meus calcanhares e fui com passos rápidos para o meu quarto.

E só quando eu cheguei lá, percebi que a resposta de Asher para a minha afirmação não foi exatamente uma negativa.

Ótimo para mim. Eu o odiava também.


...


Eu precisei sair do quarto minutos depois para poder suprir minha necessidade por cafeína. Asher não estava em nenhum lugar à vista, mas seus livros estavam de volta à estante. O com o pênis desenhado na capa havia sumido. Fui direto para a cozinha e, enquanto a água esquentava, tirei a geleia de amora da geladeira e peguei o pacote com pão de forma. Sentei no banco alto na frente do balcão e cortei as bordas do pão cuidadosamente. Meu café ficou pronto e eu comecei a me sentir novamente uma pessoa enquanto o tomava. Lockwood escolheu esse momento para sair do banheiro só de toalha. Eu fiz o meu melhor para ignorá-lo e ele me devolveu na mesma moeda, passando por mim, direto para o seu quarto.

Eu estava com a boca cheia de pão com geleia de amora quando ele saiu do quarto, dez minutos depois, vestido com jeans tão lavados que eram quase brancos, suéter azul escuro com uma camisa cinza por baixo. Usava as botas de couro que eram parte permanente do seu guarda roupa, mas tirando isso, estava quase vestido para uma ocasião mais formal. Claro, era domingo e ele sempre saía assim no domingo. Para onde? Não é da sua conta monstrinho. Que horas você volta? A hora que eu quiser.

Depois do primeiro mês, eu simplesmente desisti de tentar saber. Se o cara queria ter os seus mistérios, eu é que não ia perder meu tempo com eles.

– Estou saindo – ele disse, parando ao meu lado e começando a comer as bordas cortadas do meu pão.

Eu dei de ombros. Por que mesmo que eu me interessaria em saber disso?

Ah é, eu não me interessava.

– Tchau, Max – disse, olhando para mim enquanto esperava uma resposta.

Ele que mofasse e apodrecesse até seus ossos virarem pó, eu não iria nem olhar na cara do desgraçado, porque se o fizesse, eu poderia acabar no corredor da morte.

A pena de morte no estado de Nova York havia sido considerada inconstitucional, mas nunca se sabe.

O google é definitivamente uma das maravilhas modernas.

Ele terminou de comer minhas bordas e pegou suas chaves em cima do balcão, indo embora logo depois. Eu ainda fiquei ali mais um pouco, saboreando meu café e a tão amada solidão por algum tempo. Depois coloquei minha xícara e meu prato na lava-louças e fui limpar meu quarto.

Maratona de Twin Peaks e limpar meu quarto. Meu final de semana era sempre empolgante.


...



Eu podia até reclamar, mas arrumar meu quarto havia me feito relaxar. Sim, bizarro e estranho, mas eu relaxava não só com a limpeza, mas com o ato de limpar. Depois que terminei e o ambiente cheirava a flores do campo – do tipo que vem numa garrafa, não do tipo de verdade – eu fui tomar um banho demorado na banheira. Como Lockwood estava fora, eu não corria o risco de ser interrompida e podia realmente aproveitar a água quente e meus sais de banho. Só saí da banheira quando a água esfriou, e me sentia revigorada. Vesti calças de flanela xadrez, blusa de malha de mangas compridas e meias antiderrapantes, e pedi um yakissoba de legumes pelo telefone. Já tinha me esparramado no sofá com minha manta quentinha, pronta para descobrir o que estava passando no Telecine Cult, quando meu celular tocou.

– Oi, amor – disse ao atender, largando o controle remoto.

– Tudo bem, querida? – James perguntou.

– Sim, e com você? – perguntei de volta automaticamente.

Ele então começou a me contar sobre a faculdade e suas provas do bimestre, para as quais ele estava estudando muito. Na escola, James nunca tinha sido muito de estudar, mas ele realmente se esforçava na faculdade. No início, eu costumava ficar irritada com isso, porque achava que ele dava mais atenção à medicina do que a mim. Mas com o tempo, eu entendi que era algo importante para ele, pelo qual ele precisava fazer sacrifícios. E então isso se tornou o que eu mais admirava nele.

– E como está sendo o seu domingo? – perguntou e meus pensamentos voaram imediatamente para o momento em que eu acordei nos braços do Asher.

– Normal – consegui dizer. – Eu pedi comida chinesa e estou jogada no sofá. Acho que vou assistir um filme.

Eu não podia ver, mas apostava todos os meus livros da Ann Radcliffe que ele estava sorrindo. Eu o conhecia bem demais para saber que ele ficava satisfeito em saber que eu passaria o dia em casa.

Ciumento ou paranoico?

Balancei a cabeça quando a voz do Lockwood soou dentro dela. Droga, o idiota não sabia de nada. James podia ser paranoico o quanto quisesse, afinal, ele tinha motivos para isso.

A campainha tocou e eu disse:

– James, tenho que desligar, minha comida chegou.

– Tudo bem – ele respondeu. – Eu te amo.

– Eu também – respondi, me levantando e indo até a porta.

Já estava quase desligando, quando a voz de James me fez parar:

– Depois eu mando o horário do meu voo pra você.

– O quê? – consegui soltar sem gritar.

– Daqui a duas semanas é nosso aniversário, meu bem. Você realmente achou que eu não iria te visitar?

Max, ferrada?

Nem um pouco.



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Notas finais do capítulo

Heey, eu provavelmente não vou demorar com o próximo cap porque agora sou uma mulher livre, mas não vou dar uma data exata pra postar porque eu NÃO AGUENTO MAIS PRAZOOOOS D:
Hey, pessoas, tudo bem? Eu tenho uma pergunta, só pela vontade de perguntar (?) Vocês colocam fotos de vocês ou fotos aleatórias no avatar do nyah?
Bom, gente, beijoooos, até mais :*