Perfectly Wrong escrita por Juliiet, Nana


Capítulo 36
Sobre esposas e intervenções


Notas iniciais do capítulo

Gente, o nome desse cap ta triste, um dia eu vou mudar isso, mas por hoje vai ficar esse mesmo huasheua
SEGUNDO CAPÍTULO DO MÊS, o apocalipse se aproxima, estou sentindo.
Espero que vocês gostem :)



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Acordei sentindo-me completamente exausta, dolorida e feliz. As cortinas do quarto de Asher estavam abertas, mas a luz que vinha de fora era tão fraca que não machucava meus olhos recém abertos. Como ainda era inverno, a luz do dia não durava muito, então não me preocupei com a hora, era provavelmente cedo, e, de qualquer jeito, eu estava pensando em passar a noite ali. Virei-me na cama, procurando pelo corpo que devia estar ao lado do meu, não para uma repetição do que havia acontecido mais cedo – eu ainda estava muito machucada para isso – mas para simplesmente me aconchegar naquele abraço que sempre tinha cheiro de canela e, ultimamente, de cigarros.

Mas Asher não estava lá.

Espreguicei-me antes de me apoiar nos cotovelos e olhar ao redor. O quarto estava vazio, mas, pela porta entreaberta, um fio de luz que vinha da sala se infiltrava no aposento. Levantei-me cuidadosamente, sentindo cada músculo em meu corpo protestar. Fui até o armário de Asher – que estava um caos apocalíptico, como sempre – e peguei um suéter surrado e uma de suas boxer briefs, esperando com fervor que ele tivesse se lembrado de lavá-las antes de jogá-las na gaveta.

Arrastei-me até a porta e a abri, encostando-me nela. Esperava ver Asher jogado no sofá, assistindo TV, comendo alguma porcaria natural nojenta na cozinha ou até mesmo na janela com seus binóculos e cigarros. Mas não. Ele estava tentando colocar a camisa que tinha usado antes, embaixo do seu suéter, que estava apenas um pouquinho amassada por ter sido jogada no chão mais cedo.

Ele já havia vestido os jeans e aquelas botas que já tinham visto dias melhores. Mas, na verdade, as botas eram a única coisa que parecia realmente pertencer a ele, já que o Asher que eu conhecia nunca usaria jeans tão limpos. Seriam novos?

– Vem cá – falei, assustando-o, já que ele não tinha me visto. Andei até ele e ajeitei a camisa em seu corpo, fazendo-o soltar o ar entre os dentes. – O que foi?

Ele me presenteou com seu sorriso mais malicioso e disse:

– Uma gatinha me arranhou essa tarde. Agora minhas costas estão ardendo.

Bufei, dando um soco em seu ombro.

– Gatinha? – repeti, incrédula. – Mais respeito, querido, eu estou mais para uma pantera.

Isso só o fez rir alto enquanto pegava o seu suéter do sofá e o vestia, balançando o cabelo depois. Aliás, o cabelo dele estava mais comprido do que eu já o havia deixado ficar. Eu meio que gostava.

– E não é como se eu tivesse saído intacta desse combate – falei, reclinando-me no sofá sem parar de fitá-lo. Asher era simplesmente um prazer para os olhos. Principalmente para os meus. – Vou ficar surpresa se eu conseguir andar amanhã.

Ele continuou com aquele sorriso que derretia alguns dos meus órgãos e veio até mim, levantando meu queixo para me beijar, apenas um longo toque de lábios que, odiava ter de confessar, fazia meu coração perder algumas batidas.

– Bom – sussurrou contra minha boca. – Eu espero mesmo que você fique dolorida. E marcada. E lembre de mim a cada segundo. Porque eu sei que é o que vai acontecer comigo.

Sorri ainda contra os lábios dele e forcei-o a abri-los para me beijar dessa vez.

Mas logo ele se afastou e voltou a se arrumar. Foi até o espelho e tentou domar o cabelo que eu – e depois o sono – havia bagunçado. E foi aí que eu pensei que era estranho. Por que ele estava se arrumando?

– Vai para algum lugar? – perguntei, franzindo o cenho.

Ele nem se deu ao trabalho de encontrar meus olhos pelo reflexo do espelho quando respondeu:

– Bem, sim, tenho o jantar na casa de Vivian hoje.

O jantar na casa da avó. E então eu lembrei do que a irmã de Asher havia dito no dia que veio aqui.

– Não era um almoço? – pelo menos era isso que eu lembrava de ter ouvido Georgie dizer.

Asher rolou os olhos.

– Era, mas você não conhece Vivian. Juro, é capaz de eu chegar lá e ter um quarteto de cordas para tocar durante o jantar.

Levantei-me rapidamente, esquecendo qualquer dor em meus músculos.

– É, tem razão, eu não conheço sua avó – falei, em uma voz doce tão falsa que Asher parou o que estava fazendo para se virar para mim. – E pelo jeito que as coisas vão, acho que não vou conhecer nunca.

Dei as costas para ele e peguei minhas roupas e bolsa, que ainda estavam espalhadas pelo chão. Fiquei especialmente furiosa ao achar minha meia calça destruída. O que não teria importância dois minutos antes agora estava a ponto de me fazer cuspir fogo.

A maior parte das minhas coisas ainda estava no meu quarto antigo. Entrar ali e bater a porta atrás de mim me fez lembrar que aquela não era mais a minha casa, que eu precisava limpar aquele quarto e levar minhas coisas para meu novo lar. Mas, mesmo com todas as minhas negativas, talvez algo dentro de mim ainda esperasse voltar.

Eu tinha medo e era por isso que eu me recusei a voltar todas as vezes em que Asher pediu. Mas eu queria. Ainda sentia que aquele apartamento era parte de mim e que eu poderia voltar sempre que quisesse.

Bom, era hora de acabar com essa idiotice.

Peguei meu celular na bolsa. JJ atendeu no mesmo momento em que Asher abriu a porta do quarto – sem bater.

– JJ, você pode me fazer um favor? – perguntei. – Eu preciso levar o resto das minhas coisas para o apartamento da Cherry.

Eu mal ouvi a voz dele antes que Asher desse dois passos e arrancasse o celular de mim, desligando-o e jogando-o na cama.

– Qual é o seu problema?! – ele gritou, parecendo confuso, irritado e machucado ao mesmo tempo.

Quando não tinha direito nenhum de se sentir assim. Quando eram os sentimentos que pertenciam a mim naquela situação.

– Agora mesmo? – falei, escondendo o quanto estava machucada numa máscara de escárnio. – Você. Agora, se me der licença, eu vou me vestir e ir embora.

Asher parecia chocado com minhas palavras, mas em vez de sair, ele se aproximou e me segurou pelos braços, seus dedos apertando minha pele.

– Max, o que aconteceu? – ele perguntou, parecendo meio desesperado. – Estávamos bem há um segundo e de repente você ficou assim. O que eu fiz?

Respirei fundo e tentei me acalmar.

– Não é nada – falei e nem consegui convencer a mim mesma. – Eu só quero ir embora.

– Não até você me falar o que está acontecendo.

– Ah, então você vai arriscar chegar atraso ao jantar da vovó? – perguntei, sarcasmo pingando da minha língua.

Ele me soltou como se eu tivesse virado uma brasa e o queimado.

– Então é sobre isso? – sua voz era calma, suave, mas eu podia ver que ele estava começando a se irritar também.

E ele não tinha o direito de se irritar! Eu era a única que podia começar a jogar as coisas para o alto ali!

Afastei-me dele e fui até o armário, procurando por uma roupa confortável. Acabei pegando um jeans e um moletom qualquer, jogando-os em cima da cama, o tempo todo dizendo, sem olhar para Asher:

– Você não querer me apresentar para a sua família é uma coisa, uma coisa que eu posso entender – era uma mentira gritante, eu não podia, eu queria que ele me levasse para conhecer sua família, queria que fizesse algo, qualquer coisa, que indicasse que isso não era apenas um passatempo para ele. Palavras não bastavam. Não com ele. – Mas isso que você faz...

Ele novamente se aproximou e me puxou pelo braço para olhá-lo, soltando-me imediatamente depois, como se não conseguisse me tocar por muito tempo. A veia em seu pescoço pulsava tanto que parecia que ia pular para fora da pele e me atacar.

– O que eu faço? – perguntou entredentes, quase um grunhido. – O que eu faço que te deixa desse jeito? Se não é sobre eu te levar para esse maldito jantar, é sobre o quê?

É sobre esse maldito jantar!, eu quis gritar, é sobre você não me levar para conhecer sua família! É sobre eu nem saber que você tinha uma até sua irmã praticamente invadir o seu apartamento!

Controlei-me para não dizer nada disso, mas Asher começou a insistir, segurou meu rosto quando tentei olhar para baixo e eu acabei soltando:

– É sobre eu não ter ideia de quem você é!

Dei as costas para ele e continuei:

– Eu não sei nada sobre a sua família, sobre sua irmã, sobre sua sobrinha. E seus pais? Estão vivos, mortos? E essa sua avó, por que você não gosta dela? Quem são seus amigos?

Parei e tentei respirar fundo, controlando a vontade súbita de chorar.

– Você trabalha? – voltei a perguntar, minha voz falhando. – Se não, vive de quê? Como você paga o aluguel?

– Eu não pago aluguel.

Isso me fez virar para vê-lo. Seu rosto estava calmo, controlado, embora eu não acreditasse nem por um segundo que ele se sentia assim. Ele estava se escondendo de mim...

Do mesmo jeito que eu me escondia dele. Sua máscara era uma cópia da minha.

Perceber isso me deixou meio sem ar.

– Você não paga aluguel? – me forcei a perguntar, já que não queria começar minhas análises mentais naquele momento.

Asher balançou a cabeça, seu cabelo quase tocando os ombros.

– O apartamento é meu. Era da minha mãe e agora é meu.

Por algum motivo, saber disso me deu mais vontade de chorar. Eu havia morado ali por meses sem saber disso. Era só mais uma prova de que eu não sabia nada do homem por quem estava apaixonada.

– E o que mais eu devo esperar? – perguntei, usando o sarcasmo como defesa. – Uma esposa batendo na porta a qualquer momento?

Todo o sangue no rosto de Asher pareceu evaporar subitamente. Ele ficou mais pálido do que eu imaginava ser possível em alguém que ainda estava respirando. Ele até pareceu parar de respirar por um momento, olhando-me com tanta culpa nos olhos que eu senti como um golpe.

Uma esposa.

De repente até o cheiro dele no meu corpo parecia machucar. Sem pensar duas vezes, tirei o moletom dele que vestia, seguido de sua cueca, sem me importar com minha nudez. Vesti rapidamente os jeans e o moletom que havia jogado em cima da cama e peguei meus velhos tênis de corrida, os primeiros calçados que vi que não eram meus scarpins dolorosos.

– Max... – ouvi a voz antes de sentir sua mão tocar meu ombro.

Levantei-me como se ele tivesse derramado ácido em mim, fugindo do seu toque como nunca imaginei que faria.

– Não me toca – sussurrei, porque se falasse mais alto ia começar a gritar. E se começasse a gritar, não sabia se conseguiria parar.

– Max, não é assim – até sua voz soava culpada, mas ele não voltou a me tocar e se afastou.

– Então quer dizer que eu não tenho que me preocupar em ter sua esposa aparecendo aqui e me chamando de vagabunda? – retruquei, ainda sem conseguir encará-lo.

Ele respirou fundo, eu podia ouvir o ar saindo pesadamente dos seus pulmões.

– Não, Max. Eu não sou casado.

Virei-me para ele, tentando não dar muitas esperanças a mim mesma. Apenas queria ver seus olhos, saber se ele estava mentindo ou não.

– Não? – minha voz era fraca. Eu já estava completamente vestida e com minha bolsa na mão, pronta para sair, mas algo me dizia que eu precisava ficar até o fim daquilo.

Embora tudo o que eu quisesse fazer era fugir.

Os olhos cinzentos de Asher pareciam me perfurar, marcar minha pele. Ele deu um passo em minha direção e parou, sua expressão não mais tão calma como ele parecia querer.

– Não.

Apertei a alça da minha bolsa entre os dedos.

– Então? – pressionei.

Ele lambeu os lábios, passou as mãos pelo cabelo e desviou o olhar. Naquele momento, mais do que em qualquer outro, parecia querer estar em qualquer lugar do mundo que não fosse ali. Mas eu esperei. Eu esperei porque não apenas merecia uma resposta; eu sabia que, se fosse embora, não teria forças para perguntar de novo.

– Eu... – ele começou depois do que me pareceu uma espera interminável. – Eu fui casado, Max.

Naquele momento eu percebi que tinha alcançado meu limite. Eu não conseguia mais falar, ouvir, sequer pensar. Eu não queria pensar. Era como se eu tivesse perdido a consciência sem desmaiar. Passei por Asher, soltando-me dele no momento em que tentou me tocar. Corri até a porta e nem me importei em fechá-la atrás de mim.

Sair daquele apartamento foi como aprender a respirar de novo. Doeu, mas me fez sair daquele pequeno transe em que eu estava. Ignorei o elevador e fui até as escadas. Não saberia dizer depois como consegui chegar até o térreo sem cair, já que as desci numa velocidade absurda.

Assim que saí do prédio vi JJ parado ali na frente, uma expressão preocupada em seu rosto.

– A sua ligação me assustou, Max, eu – e antes que pudesse terminar de falar, eu me joguei nele, soluçando.

Ele apenas me abraçou apertado, acariciou meu cabelo e não disse nada.

E durante o tempo todo, eu podia sentir olhos cinzentos me observando da janela. Mas ele não veio atrás de mim.

...

– Você pretende ficar aí até quando, Max? – a voz de Cherry veio pela porta fechada. Eu não respondi, do mesmo jeito que não tinha respondido JJ e Erin. – Ryan está aqui e acho que JJ precisa de ajuda. Ele já quebrou dois copos só porque não consegue tirar os olhos do cara.

Encostei o rosto na pedra fria da banheira e fechei os olhos, tentando apagar qualquer coisa que viesse de fora, inclusive a voz de Cherry.

Ela iria embora, eventualmente.

Eu já havia perdido a noção do tempo que já havia passado naquele banheiro, sentada no chão, com as costas apoiadas na banheira. Eu não queria me levantar, eu não queria encarar ninguém, não queria pensar em nada.

Mas isso já não era possível. Não pensar. Eu não estava dessensibilizada mais. Pelo contrário, tudo doía. Meu corpo, minha cabeça, meu peito. Cada respiração parecia rasgar algo dentro de mim e eu só conseguia me achar patética por isso. E não fazia nada para não ser.

Asher havia sido casado. Casado.

Eu precisava reconhecer minhas próprias fraquezas. Meus próprios limites. Eu não confiava em Asher. Talvez nunca conseguisse e, se fosse assim, não havia futuro para nós dois. No entanto, isso era algo com o que eu podia trabalhar. Eu podia tentar. Eu queria tentar.

Asher ter sido casado não era algo que eu pudesse aguentar.

Sim, eu podia ser ridícula, insegura, egoísta. Mas só de pensar que Asher, o meu Asher, aquele cara irresponsável, inquieto e descuidado já havia amado tanto uma mulher a ponto de se casar com ela...

Eu não conseguia pensar num jeito de superar isso.

Não era culpa dele, ele tinha todo o direito de ter um passado, assim como eu tinha. Mas não ter me contado sobre isso só fazia acumular a falta de segurança que eu tinha nele. Em nós.

Talvez fosse melhor nem tentar. Talvez essa fosse a pior dor que eu pudesse aguentar e qualquer coisa maior que isso me deixaria em pedaços. Talvez eu devesse simplesmente desistir.

Era tentador. Tentador demais.

– Max? – a voz de Erin soou pela porta. – Max, por favor, abre a porta.

Ignorei-a, ou tentei, mas ela não ia desistir facilmente dessa vez. Ouvi quando ela sentou no chão e encostou a cabeça na porta. Também ouvi seu suspiro profundo e um murmúrio que era algo como “grávidas não deveriam precisar sentar no chão”.

– Você pode pelo menos vir aqui? – perguntou. – Pode chegar perto de mim?

Algo na voz dela me fez arrastar meu corpo pesado até a porta. Encostei-me nela como suspeitava que Erin estava encostada. E era quase como se pudesse senti-la mesmo através da madeira.

– Eu sei que não sou a melhor amiga do mundo – ela começou, sua voz abafada, mas clara. – Sei que faço tudo ser sobre mim, sei que te forço a assistir minha série preferida todas as vezes em que abrimos o netflix. E sei que te abandonei quando você precisava de mim.

Eu queria falar alguma coisa, mas nada me vinha à cabeça. Eu queria negar, queria dizer que não, mas a verdade era que...eu amava Erin, mas sim, eu sentia que ela havia me abandonado. Subido um degrau na escada que eu ainda não estava preparada para subir.

Eu não queria me sentir assim, mas não conseguia evitar.

– Você sempre foi tão mais forte que eu – ela continuou. – Você parece sempre tão calma, tão certa, tão...intocável. Eu sei que não é assim, sei que você é complicada e bagunçada e confusa. Mas sempre consegue passar por cima de tudo e por isso eu nunca me preocupo com você. Porque eu sei que, mesmo quando algo parece impossível, você vai conseguir. Sempre foi assim, desde que estávamos no colégio. E eu não sei o que aconteceu com você e Asher, mas...eu sei que você pode passar por isso.

Minha boca estava seca. Passei a língua por meus lábios, molhados apenas por lágrimas, e sussurrei, tão baixo que não sabia se Erin seria capaz de ouvir:

– É difícil.

Aparentemente ela ouviu, porque respondeu:

– Eu sei. Mas quando as coisas parecerem difíceis, se lembre do último ano da faculdade. Sem lembre do Kenneth, aquele filho da puta. Já houve algo tão difícil quando aquilo?

O silêncio pareceu se prolongar por muito tempo antes que eu pudesse responder.

– Não.

– Então você sobrevive. Eu estou aqui por você. Eu te amo, Max.

Coloquei a mão aberta na porta e era quase como se eu pudesse sentir a mão da minha melhor amiga na minha.

– Eu te amo, Erin.

...

Duas horas depois, eu estava limpa – havia ficado no banheiro por horas só limpando o chão com a minha bunda mesmo, o banho demorou para acontecer –, vestida decentemente para os padrões de quase todo mundo – JJ nunca me perdoava por usar moletom, mesmo em casa – e com uma cara quase passável.

Fui até a sala onde Cherry, Erin, JJ e Ryan, a crush impossível do meu amigo, estavam. Os quatro estavam no sofá jogando Mario Kart no Wii, que era do JJ com certeza, já que eu sabia que Cherry não tinha um daqueles em casa.

Definitivamente uma cena que eu não esperava ver em nenhum ponto da vida.

– Mas você é uma lesma mesmo! – Erin estava dizendo para Ryan, já que aparentemente eles eram da mesma equipe. – Sexto lugar?! Você acha que está aonde? Num desfile? Isso é uma corrida!

– Alguém pode por favor calar a boca dessa mulher? – JJ falou, sem tirar os olhos da tela. – Ela está me desconcentrando.

– Ela? – Cherry provocou. – Tem certeza de que é ela?

– Eu enfio esse controle na sua boca se você disser mais alguma coisa.

Ryan tirou os olhos castanhos da tela por um segundo para olhar para os meus amigos com desaprovação.

– Vocês sempre fazem tanto barulho?

Ele era realmente bonito, com o cabelo curto da exata cor dos seus olhos e aquela pele bronzeada maravilhosa. Como alguém conseguia aquele bronzeado no meio de janeiro era o que eu queria saber.

– Experimente dar álcool para eles – falei, fazendo todos pularem de susto e se virarem para trás. – Sua audição nunca vai ser a mesma.

Erin foi a primeira a sorrir.

– Olha quem fala, eu não fui a louca descontrolada que não conseguia parar de rir que quase vomitou no vestíbulo ontem.

– O quê? – Cherry perguntou e eu já podia ver a bronca que cairia sobre mim quando ela soubesse o quão perto JJ e eu estivemos de sujar a porta dela com o conteúdo dos nossos estômagos. – Vocês vomitaram na minha casa?

E então começou uma discussão em que JJ e eu tentamos nos defender dizendo que nós não chegamos a sujar nada, mas Cherry já tinha colocado na cabeça que havíamos feito uma orgia no apartamento dela e nem tivemos a decência de avisá-la.

– Como se você fosse querer participar – JJ soltou, fazendo-me quase engasgar com a própria saliva de tanto rir.

Cherry deu de ombros.

– Eu já estou grávida mesmo, não é como se desse pra ficar pior.

Erin deu um empurrão de lado nela, já que as duas estavam próximas.

– Ei! A gravidez é uma benção!

Ryan escolheu aquele momento para dizer:

– Mas não era você que estava reclamando de gases, do tesão interminável e que mal podia esperar para esse alien sair de você?

Erin lançou o seu olhar mais maligno na direção do pobre homem e eu quase senti pena dele, mas aí lembrei que ele era o motivo para meu amigo estar na merda.

– Quem chamou esse cara aqui mesmo? – perguntou num tom gelado.

– A Max precisava de uma intervenção – JJ explicou, dando de ombros. – Quanto mais gente melhor.

Eu sorri e meu coração se encheu de algo que era quente e confortante. E eu queria abraçar todos eles.

Em vez disso eu disse:

– Me deem um controle. Vou mostrar a vocês como é que se joga.

E, naquele momento, rodeada por meus amigos e por um Ryan meio deslocado, eu senti que não importava se as coisas ficassem bem ou não, eu seria forte como Erin achava que eu era. Forte o bastante para tentar. E não desistir.


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Notas finais do capítulo

Eu não revisei ele porque queria postar logo e to saindo de casa D: então se vocês virem alguma coisa errada, me avisem. Eu vou revisar direitinho quando voltar.
Sejam legais e comentem! Btw, no último capítulo eu perguntei se alguém morava no Rio, porque eu moro no Rio heuasehuha só falta ter alguém da UFRJ, aí eu morro