Perfectly Wrong escrita por Juliiet, Nana


Capítulo 33
A personificação da maldade


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu sei que faz um milhão de anos que eu não posto. Eu avisei, porém, no meu perfil, que ia demorar pra atualizar minhas histórias por causa da faculdade. Infelizmente, levou mais tempo do que eu imaginei pra voltar pra cá depois que eu fiquei de férias, mas isso já foi falta de inspiração mesmo. Eu ainda não to me sentindo muito inspirada :( por isso mesmo o capítulo não é dos melhores, mas não achei tão ruim também. Espero que gostem.
E um agradecimento especial a Lady Starlight e a Ferkally por terem me feito ir ao céu e voltar com suas recomendações *.*
Também quero agradecer uma leitora a quem eu acho que só respondi uma vez, mas que vem lendo todas as minhas histórias numa velocidade impressionante, a Fanfics Sagas, muito obrigada mesmo por todo o seu tempo e seu carinho nos comentários. Pretendo responder sua MP assim que puder :3
Mais uma vez, desculpem pela demora :(



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/360597/chapter/33

Eu mal tive tempo de reparar em algo mais sobre a mulher quando uma menininha que parecia não ter nem dez anos, com cabelos pretos muito lisos e olhos puxados saiu de trás dela e correu até se jogar em Asher, gritando:

– Papai, papai!

Eu imediatamente esqueci que estava vestida só com calcinha e sutiã. Nem mesmo percebi que a menina não era em nada parecida com Asher – mas não acho que teria importado, porque não significava coisa alguma. Eu só conseguia ver o sorriso da menina que ia de orelha a orelha enquanto ela abraçava Asher pelos quadris e o rosto pálido e espantado do próprio enquanto a fitava.

Felizmente, a primeira reação que eu tive foi raiva assassina. Se eu tivesse algum objeto afiado na mão, não sei se teria o autocontrole para não enfiá-lo entre os olhos daquele patife, mas isso não me impediu de extravasar meu ódio de outra maneira.

O alarme do micro-ondas soou e eu, mais rápido do que pensei ser possível, abri-o e não exatamente tirei os pratos de comida lá de dentro, mas joguei seu conteúdo- quente como estava – na cabeça do desgraçado.

A menina que o abraçava, prevendo meu movimento, teve o bom senso de largá-lo e se afastar, ou provavelmente teria sido atingida também, e manchado seu lindo mini sobretudo vermelho e suas botas brancas. Ela voltou para perto da mulher, que ainda estava na porta, olhando estupefata para a cena.

E que cena. Os pedaços de frango e molho vermelho escorrendo pelo peito nu de Asher até chegar a barra da sua calça, sujando todo o tecido. Seu cabelo era a maior bagunça, com mechas completamente ensopadas que pingavam em seu rosto. O chão também não havia escapado e os dois pratos nos quais ele tinha colocado a comida momentos antes agora jaziam quebrados aos seus pés.

Mas o pior era o seu olhar assassino. E o mais surpreendente de tudo era que ele não era dirigido a mim, mas para a bonita mulher na porta e à criança encapetada que parecia estar se divertindo.

O que diabos estava acontecendo ali?

...

Eu estava tão puta com Asher que minha vontade era jogar o prato de comida na cabeça dele e enfiar curry em seus olhos. Oh, espere, eu já tinha feito isso. Exceto pela parte do curry nos olhos – o que não era uma má ideia. E pelo jeito que ele me fitava, o sentimento era mútuo, embora eu não tivesse ideia de qual motivo ele teria para querer separar minha cabeça do corpo. Exceto pelo fato de eu ter jogado comida quente nele.

Mas meu motivo era de longe muito mais válido.

Por que raios aquele desgraçado nunca me contou que tinha uma família?

Agora ali estava eu, tentando forçar um sorriso para sua irmã – ou seria meia irmã? – e sua filhinha que me olhava atravessado, depois do papel de palhaça a que tinha me submetido bancando a namorada louca, obcecada e ciumenta.

O que havia me feito lembrar de uma coisa importante que eu estava deixando passar mesmo que todo mundo ao meu redor estivesse subitamente ficando grávida. Eu sempre detestei crianças. Sim, era algo terrível para se admitir, eu tinha noção disso. E também não era como se elas tivessem culpa – embora a sobrinha de Asher aparentemente fosse a personificação da maldade –, mas eu realmente não tinha o menor jeito com elas. Não sabia o que falar ou o que fazer, então normalmente não fazia nada e os pequenos projetos de gente ficavam apenas me encarando e provavelmente pensando que eu era um fracasso de mulher.

Não que nós estivéssemos nessa fase do relacionamento, mas seria bom dar uma dica a Asher de que eu não iria seguir a moda de Erin e Cherry. Não tão cedo. Provavelmente nunca.

Tentei limpar minha mente desses pensamentos e pensar no que Georgina – ou Georgie, como me pedira para lhe chamar – estava dizendo. Ela estava falando comigo.

– Desculpe – eu falei, tentando não soar tão idiota, o que não era a coisa mais fácil do mundo já que eu estava vestindo apenas um roupão do Asher por cima da minha roupa de baixo enquanto encarava a família do meu namorado. Boa, Max. – Eu me distraí. O que você disse?

Georgie sorriu. Merda, ela era linda. E parecia ter dinheiro para distribuir na fila do seguro-desemprego, pelo jeito como seu cabelo parecia ter acabado de passar pelas mãos do melhor cabelereiro da cidade, pelo jeito como seu rosto estava perfeitamente maquiado e como suas roupas gritavam design exclusivo.

Eu podia me dar ao luxo de me achar bonita também, eu sabia que era, mas talvez por eu ter sido pega num estado de semi nudez, com o cabelo arrepiado e sem maquiagem enquanto Georgie exalava frescor e elegância havia me deixado com um sentimento de desvantagem. Para não mencionar o fato de eu ter caído como uma idiota na brincadeira maliciosa da sua filha endiabrada e ter tido um ataque de loucura momentânea na frente dela (aparentemente era algo que ela fazia sempre que via o tio com alguma mulher, coisinha simpática). Não que eu estivesse querendo competir com a irmã dele, nada disso. Ela era a irmã dele, porra.

Eu não entendia nem o que estava passando pela minha cabeça.

– Tudo bem – ela disse, ainda sorrindo e colocando uma mecha dos seus sedosos cabelos castanhos atrás da orelha. – Eu perguntei se você é a namorada que bateu o telefone na minha cara mês passado.

Do que essa doida estava falando...?

Puta merda.

– Oi, eu estou procurando pelo Ash – disse uma bonita e desconhecida voz feminina. – Ele está? É a Georgie.

Aquela era a tal Georgie? E o que eu tinha dito mesmo?

Algo sobre ser a namorada de Asher e para ela não ligar mais.

Não era a toa que ele estava me fuzilando com os olhos, que agora estavam limpos de comida, assim como o resto do seu rosto, já que ele o tinha lavado na pia e o esfregado com um pano de prato qualquer. Seu cabelo e boa parte do seu torso ainda exibiam restos de comida, no entanto, já que o pano de prato não operava milagres. O chão também ainda estava uma desgraça e, mesmo que tivéssemos passado para a sala, eu precisava confessar que não conseguia me desligar totalmente dele.

Será que eu poderia adiar as amabilidades para poder limpá-lo sem parecer uma maluca?

– Ah, então... me desculpe por isso – tentei forçar um sorriso sem graça enquanto sentia minhas bochechas queimando. – Eu estava meio irritada com o Asher naquele dia e não pensei no que estava dizendo... – ótima explicação, Max, onde está seu Oscar?

Eu achava que a situação não podia ficar pior, mas aí a pequenininha – que aparentemente não ia nem um pouco com a minha cara e queria me ver ainda mais na merda – soltou:

– Mas você é mesmo namorada dele?

Certo, como responder a isso?

Eu já teria problemas com essa pergunta antes de saber que Asher havia escondido tanto sobre ele de mim e sem toda a coisa de jogar comida nele...depois disso, então, eu não tinha ideia do que dizer. Nós éramos namorados mesmo sem nunca ter realmente dito a palavra em voz alta? Eu achava que sim, pelo menos que estávamos a caminho disso, embora fosse algo recente e novo no nosso relacionamento. Mas ele iria continuar querendo ser meu namorado depois de eu praticamente o ter queimado com curry?

E mais importante ainda, eu iria querer continuar com ele sabendo que ele escondeu algo tão importante de mim, tipo, uma família?

Eu devia ter imaginado que Asher não tinha saído de um ovo.

Felizmente, eu não tive que pensar numa resposta porque ele mesmo respondeu por mim, o que teria me deixado irritada em qualquer outro momento, mas não naquele:

– Sim, Ren, ela é minha namorada.

O seu olhar severo em minha direção dizia que eu era uma namorada encrencada, mas ele não tinha nenhum direito de ficar irritado. Dificilmente um pouquinho de comida no cabelo era pior do que esconder algo tão grande. Principalmente quando eu tinha contado quase todos os meus segredos para ele.

Ren arregalou os olhos e parecia incapaz de fechar a boca.

– Sério? – perguntou quando finalmente foi capaz de falar. – Mas a mamãe disse que você nunca tem namoradas, só –

Nesse momento, Georgie rapidamente tapou a boca da filha com uma mão – com unhas perfeitas, eu não pude deixar de notar – e deu um sorriso amarelo, puxando-a para perto de si.

– Não importa o que eu disse, Ren – falou, sem tirar a mão da boca da filha, que estava obviamente aborrecida com a interrupção e tentava se livrar. – Seu tio obviamente mudou de ideia agora.

Asher parecia extremamente irritado agora, então, quando ele se aproximou de mim e passou um braço por minha cintura, eu não reclamei. Mas aí percebi que sua mão ainda não estava completamente limpa e sujaria o roupão, então tentei me afastar, mas ele não deixou, e começou a apertar minha cintura com firmeza, manchando o tecido de vermelho – propositalmente, o bandido.

Aquilo era quase demais para mim, mas tentei controlar minha maluquice. Eu ainda queria entender aquela dinâmica entre meu – recém adquirido – namorado e sua irmã e sobrinha.

– Exato – Asher concordou, com voz séria. – E por isso mesmo você podia se lembrar de bater na porta de agora em diante, ao invés de entrar desse jeito.

Georgie obviamente não gostou das palavras de Asher, tanto que nem pareceu notar quando Ren se soltou e lhe lançou um olhar feio.

– Sem problemas – concordou, mas seu tom era frio. – Quando eu conseguir tirar da minha cabeça o que aconteceu no natal, talvez. E por causa dela, o que é pior.

Agora mesmo que eu estava perdida. De um momento para o outro parecia que havíamos passado de amabilidade desconfortável para uma mini guerra fria. E eu nem sabia de que lado estava ou porque me sentia subitamente atacada. Por acaso ela estava se referindo a mim quando praticamente cuspiu a palavra “dela”? Se sim, o que raios eu tinha feito? Eu nunca tivera nem contato com aquela mulher, tirando aqueles segundos no telefone, a meses atrás. Ela não podia estar chateada por causa daquilo, podia? Eu tinha me desculpado!

– O que aconteceu no natal não é assunto seu para discutir quando quiser, Georgina – a voz de Asher também tinha baixado vários graus e, embora ainda fosse, de certa forma, educada, não era nem um pouco convidativa. – E eu agradeceria se você não falasse sobre isso tão levianamente. Ao invés disso, por que não pensa no que Ren poderia ter surpreendido quando você entrou aqui como se o apartamento lhe pertencesse? Se vocês tivessem chegado algum tempo depois talvez tivessem visto mais do que minha namorada de lingerie. Tem certeza que seria algo apropriado para sua filha de sete anos?

Por um segundo, eu me esqueci de respirar e senti como se todo o sangue do meu corpo tivesse resolvido se alojar no meu rosto. Aquele cara não tinha vergonha nenhuma, não? Como ele podia falar tão diretamente e me embaraçar daquele jeito na frente da sua irmã? Sem falar na filha dela, que nem tinha idade para entender metade daquela conversa – ou pelo menos eu esperava que fosse assim.

– Ei! – não consegui me impedir de dizer, franzindo o cenho para ele, que me ignorou completamente.

– Não querendo ser grosseiro, você veio numa hora obviamente ruim – falou para a irmã, num tom menos severo dessa vez. – Eu ligo mais tarde para marcar alguma coisa, afinal, – ele então dirigiu seu olhar à sobrinha com um sorriso caloroso – eu ainda não sei o que Ren achou do seu presente de natal.

Isso fez a menininha sorrir com o brilho de mil estrelas e fez sua mãe rolar os olhos em desgosto.

– Eu amei o Sven, Asher! – ela radiou alegria na frase.

– Sven?

Georgina rolou os olhos mais uma vez.

– Eu não espero que você se mantenha atualizado com os novos filmes da Disney...

Asher acenou com a cabeça e não falou mais nada. Percebendo que era sua dica para sair, sua irmã pegou a filha pela mão e se encaminhou para a porta – que nunca foi fechada, para começo de conversa – sem parecer muito satisfeita.

– Bom, peço desculpas por invadir, Ren e eu só queríamos fazer uma visita surpresa, é só – falou, sua irritação sempre presente em sua voz. – Não esqueça do almoço com Vivian na semana que vem. E...bom, se você estiver pensando em ir acompanhado, talvez seja melhor prepará-la para a surpresa primeiro. Você não vai querer que a velha tenha um ataque do coração, não é? – e sem esperar que Asher respondesse, se virou para a filha. – Diga tchau, Ren, querida.

Ren, parecendo meio confusa, acenou com sua mãozinha enluvada, um gesto que até mesmo eu não pude deixar de achar fofo.

E depois disso, as duas foram embora.

...

A sensação que eu tinha era a de que tínhamos acabado de ser atingidos por um tornado. As duas foram quase tão subitamente quanto chegaram, como alguém que só aparece para jogar uma bomba no lugar e sair correndo depois.

Eu não tinha entendido nada.

Senti as mãos de Asher em meus ombros, afastando o roupão para tocar na minha pele. Eu podia sentir o cheiro de Curry em suas mãos, mas não me afastei, nem sabia bem por que. Sua voz veio bem próxima da minha orelha quando disse:

– Desculpe por isso.

O que me desarmou completamente.

Virei-me para olhá-lo, levando uma mão para passar por seu rosto, deixando uma mecha melecada de comida tocar meu dedo.

– Desculpe por isso – falei, tocando a tal mecha com um sorriso culpado.

Eu não estava feliz por ter Asher escondendo coisas de mim assim. Eu não confiava totalmente nele, não ainda. Mas antes eu não tinha realmente nenhum direito sobre ele que o fizesse pensar que devia me contar sobre sua família. Não tinha esse direito nem agora, mas não podia mentir para mim mesma e dizer que aquilo não havia me deixado chateada. E não mentiria para ele sobre como eu esperava que as coisas fossem de agora em diante. Não que ele fosse obrigado a me contar todos os seus segredos, mas...bom, eu queria fazer parte da vida dele. E se ele queria o mesmo, tinha que me permitir.

Mas não ficaria emburrada por causa disso, especialmente quando ele tinha obviamente pensado que devia se desculpar. O que só me fazia imaginar que seus pensamentos estivessem em sintonia com os meus.

E, é claro, eu tinha jogado comida nele. Não havia sido exatamente meu melhor momento. E ele nem parecia chateado.

– Eu não queria que você tivesse conhecido Georgie assim – falou, tirando-me dos meus pensamentos.

Mordi o lábio inferior, lembrando de como havia me sentido antagonizada na presença de sua irmã.

– Não acho que ela tenha gostado muito de mim – sussurrei.

Ele riu.

– Não é com você que Georgie tem um problema – disse, afastando o cabelo do meu rosto com delicadeza. – É comigo. E com o que eu estava me tornando.

Eu não entendia exatamente o que Asher quis dizer, mas assenti mesmo assim.

– Nas circunstâncias certas, ela é até uma boa pessoa – continuou, fazendo-me sorrir um pouco. – É minha melhor amiga.

Aproximei-me mais, quase esquecendo que ele ainda estava todo sujo, deixando minhas mãos encontrarem uma parte dos seus quadris que haviam escapado da comida.

– Então por que nunca me contou sobre ela? – perguntei, realmente curiosa. Afinal, Asher conhecia todo mundo que era importante para mim, mesmo que apenas por me ouvir falar deles.

Qual era o problema?

Asher suspirou e segurou meu rosto entre suas mãos, inclinando-se para beijar a ponta do meu nariz.

– Não vá enchendo essa cabecinha de teorias malucas, Max. Eu nunca contei sobre Georgie, e sobre Ren também, porque se falasse sobre elas, teria que eventualmente falar sobre Vivian. E tento evitar que as pessoas saibam que somos parentes.

Franzi o cenho.

– Quem é Vivian? E por que você não quer que as pessoas saibam que vocês são parentes?

– É minha avó. E é uma pessoa um pouco difícil. Definitivamente não é recomendada para pessoas que se assustam facilmente. Você se assusta facilmente, monstrinha?

Eu sorri e beijei seu queixo.

– Eu estou aqui com você. Acho que isso responde sua pergunta, não?

Ele sorriu e me beijou. Seus lábios estavam com gosto de curry, aliás, seu rosto todo cheirava a curry. Em outro momento, teria me incomodado, mas não agora. Eu mantive minhas mãos em seus quadris e permiti que sua língua brincasse com o contorno dos meus lábios, quente e úmida, antes de entreabri-los para encontrá-la com a minha. Suas mãos continuavam em meu rosto, seus polegares fazendo leves semicírculos em minha mandíbula. Foi um beijo suave e calmo, e ele logo se afastou de mim, para dizer uma simples palavra:

– Sim.

Avancei para beijá-lo de novo, mas ele me parou.

– Vamos tomar um banho e sair para comer alguma coisa – falou, dando-me um leve selinho. – Se eu bem me lembro, você estava faminta há uns vinte minutos, e depois que resolveu que nossa comida ficaria melhor no meu cabelo que no meu estômago, não temos mais nada para comer.

Eu ri e concordei.

– Tudo bem. Eu vou só limpar a cozinha primeiro...

– Não, você não vai. Você vai para o chuveiro comigo.

– Mas tem frango e molho pelo chão inteiro, eu só vou limpar rapidinho...

– Não, Maxine Hyde, você vai esquecer essa cozinha, tomar banho comigo e sair para comer algo. E vai deixar tudo exatamente como está – sua voz era absolutamente séria, seus olhos pareciam feitos de aço.

Coloquei as mãos nos meus próprios quadris e olhei feio para ele.

– Você não pode estar falando sério, Asher! Esse lugar vai encher de...de...baratas! Ou pior! Ratos! Ou pior...

– Jacarés? – completou zombeteiramente. – Eu realmente duvido que eles consigam chegar até o oitavo andar.

– Engraçadinho você – rolei os olhos. – Mas eu não saio dessa casa enquanto essa cozinha estiver desse jeito.

Asher sorriu como se eu não estivesse começando a ficar irritada e, antes que eu percebesse havia passado um braço por meus ombros e outro por meus joelhos, me tirando do chão, fazendo-me começar a me debater imediatamente e a mandá-lo me soltar.

– Felizmente, você não manda em nada aqui dentro, já que não mora comigo – soltou, como se estivesse comentando sobre o tempo. – E, aparentemente, nem quer morar comigo.

Suspirei, parando de lutar contra ele e deixando-o me levar para o banheiro.

– Asher – meu tom se suavizou. Eu não queria brigar com ele sobre isso, mas não voltaria atrás. Não podia. – Eu...

Ele me colocou no balcão – aquilo estava se tornando um hábito? – e se colocou entre meus joelhos, encostando um dedo em meus lábios para me fazer parar de falar.

– Não. Não quero falar disso agora. Quero falar disso quando estiver com você em um restaurante legal, depois de comer algo gostoso. Talvez se eu pelo menos alimentar você, tenha chance de ganhar essa discussão.

Eu sorri, mas fiz que não com a cabeça.

– Bom, você não pode me impedir de tentar.

Rolei os olhos, mas continuei sorrindo. E então disse contra seu dedo:

– Tudo bem, tudo bem...mas eu posso pelo menos jogar os restos de comida fora? Por favor? – tentei fazer uma cara meiga e juntei minhas mãos embaixo do meu queixo.

Por um instante, pensei que ele fosse ceder, mas então ele disse:

– Não – e separou minhas mãos para puxar o roupão por meus braços e logo depois tirar o resto da pouca roupa que me cobria.

O mais estranho é que, durante aquele banho, a cozinha suja não voltou à minha cabeça uma única vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se tiver algum erro, por favor, me avisem. Eu queria postar logo e talvez tenha deixado algo passar.
Eu senti muita saudade disso aqui, mas não vou passar mais tanto tempo sem aparecer. Esses dias ainda eu atualizo A100H.
Manchas vai ser mais complicado porque eu acabei de perceber que deixei o caderno com metade do capítulo no Rio de Janeiro e só volto pra lá em fevereiro. Mas vou ver se consigo reescrever o que já tinha escrito...acho difícil, mas vou tentar.
Beijos!