Perfectly Wrong escrita por Juliiet, Nana


Capítulo 32
Bolha rompida


Notas iniciais do capítulo

OOOOOOOOOOI gente bonita, tudo bem?
Tem alguém acordado aí? Não? Ok, sou só eu haha.
Alerta sobre o capítulo: ele continua meio diabético, ME PROCESSEM, mas é que esses dois passaram tanto tempo separados que eu PRECISAVA escrever coisas fofas ou entraria em abstinência. Anyway, são lembranças pra aquecer vocês depois que eu jogar uma bomba e ferrar com tudo :)
Vocês são os melhores leitores do mundo, muito obrigada por todos os reviews e pela paciência com a minha demora :3
Espero que gostem, boa leitura :3



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Tomei um gole do meu café e procurei a bacia de pipoca no sofá, mas minha mão acabou encontrando a de Asher no caminho. Ele segurou-a por um momento, riscando contornos imaginários na minha pele com seu polegar, fazendo-me fechar os olhos mesmo que estivéssemos assistindo um dos meus filmes preferidos.

Voltei a abrir os olhos quando ele soltou minha mão para continuar comendo pipoca, e fiz o mesmo, colocando tantas na boca que eu mal conseguia fechá-la. Eu podia sentir que ele estava rindo da minha forma nada educada de comer, mas não me importava. Se havia algo que eu achava confortável em nosso relacionamento era o fato de, por ter começado do jeito que havia começado, nenhum dos dois sequer tentava impressionar o outro. Sempre havíamos sido nós mesmos, para melhor ou pior, e não havia razão para levantar fachadas agora. Eu sabia que Asher era desocupado, bagunceiro, não lavava o cabelo e pensava em sexo vinte horas por dia. E ele sabia que eu era obcecada por limpeza, filmes e doces, além de ligeiramente controladora e frustrada.

E parecia que nos queríamos mesmo assim.

Talvez por isso eu tinha a esperança de que ele podia me fazer feliz, porque me conhecia mais que qualquer outro homem, e exatamente por isso eu começava a ver mais por trás de cada uma de suas ações. Quantas vezes eu vira Asher Lockwood sair do seu caminho para fazer algo especial para alguma mulher? Já era um bônus quando ele conseguia lembrar seus nomes.

E mesmo assim, eu me sentia especial com ele.

– O que diabos essa mulher está dizendo? – Asher perguntou enquanto passava distraidamente o dedo pela minha nuca.

Suspirei com o carinho, deixando meu café na beira do sofá e colocando minha mão casualmente em sua coxa. Eu nem precisava olhar para o filme para dizer as palavras que eu já sabia de cor:

Meu amor, meu tudo. Quando você ler esta carta, verá o quanto o mundo pode ser bonito. Eu nunca me senti mais linda como quando vista por suas mãos, amor. Meu amor. – fechei os olhos de novo, aproveitando o conforto do seu toque, sentindo o impulso incontrolável de viver aquele momento para sempre. De nunca sair daquela bolha. – Procure-me com suas mãos e orelhas. Eu sou feliz por ter conhecido o maior de todos os amores. O mais puro. O verdadeiro amor é cego. Para sempre. Marie.

Senti seus lábios em minha sobrancelha, depois na ponta do meu nariz, e por fim, nos meus lábios. Foram apenas toques, mas me faziam com que parar de sorrir que nem boba fosse impossível. Ele me puxou até me encaixar entre suas pernas, fazendo-me apoiar as costas em seu peito.

– Uau – disse, beijando meu pescoço. – Linda e inteligente. Eu não sabia que você era fluente em holandês – seu tom brincalhão descontraiu o ambiente, fazendo-me rir baixinho.

– Eu não sou – falei.

– Então como sabia o que ela estava falando?

– Eu li a legenda, Cérebro.

Ele ficou quieto por um segundo e um pensamento horrível riscou minha mente.

– Não me diga que... – não ousei terminar a frase.

Asher passou os braços por meu corpo, escondendo o rosto na curva do meu pescoço.

– Eu não estava prestando atenção...e eu realmente odeio filme legendados.

Soltei-me dele apenas para pegar uma das almofadas do sofá e bater nele com ela. Aquele cara não podia estar falando sério. Quer dizer que havia passado as últimas duas horas vendo um filme do qual não entendeu uma palavra?

– Você pelo menos sabe do que o filme se tratava? – perguntei, segurando a almofada em posição de ataque, apenas esperando por sua resposta. Os créditos do filme em questão haviam começado a subir pela tela.

Eu tentava permanecer séria, mas um sorriso foi se formando involuntariamente em meus lábios ao ver o olhar divertido nos olhos de Asher.

– Bibliotecários? – fez de sua resposta uma pergunta, que obviamente era a errada, e eu o acertei com a almofada por isso.

– O que eu vou fazer com você? – perguntei rindo, intercalando as palavras com os golpes, até que ele segurou minha mão e arrancou minha arma de mim, jogando-a longe.

Aproveitando a vantagem, imobilizou meus braços e voltou a me puxar para seu peito, sussurrando com os lábios colados na minha nuca:

– Tenho ótimas ideias para a minha punição – soprou levemente atrás da minha orelha, fazendo-me tremer. – E todas envolvem você nua na minha cama. Bom, quase todas. Também pensei numa com você nua no balcão da cozinha. Ou no banheiro. Na mesa da sala de jantar. Na escada de incêndio...

Virei-me e o beijei, sem conter o sorriso.

Eu disse que ele pensava em sexo o tempo todo.

– Então, no fim, você só me quer nua em algum lugar, não é? – ri.

Ele assentiu:

– Eu disse que você era inteligente.

Eu não sabia se ria, me irritava ou o beijava. Mas Asher decidiu por mim, tocando meus lábios com os seus e subindo suas mãos para partes mais macias do meu corpo. Abri a boca e me permiti sentir o calor da sua língua, levantando uma das mãos para passar em seu cabelo, puxando-o mais para mim. Suas mãos agora tinham vagado até o botão dos meus jeans, soltando-o com facilidade e deslizando para dentro.

Eu já estava começando a me sentir mole e quente, capturada no sopro de prazer para onde o toque de Asher parecia sempre me levar. Meus olhos já estavam fechados e eu tentei me virar no sofá para conseguir ficar totalmente de frente para ele.

O que se provou uma péssima ideia, já que um líquido quente respingou nas minhas pernas. Pulei do sofá com um grito de susto, só para perceber que eu tinha sido estúpida o suficiente para deixar meu café no sofá – logo depois que Asher o havia esquentado no micro-ondas pela terceira vez – e ele agora estava todo em cima de mim, eu podia senti-lo mesmo através da calça.

– Me ajuda a tirar isso! – gritei, baixando rapidamente os jeans e sentando na mesa de centro, para que Asher pudesse puxá-lo das minhas pernas.

Ele deu seu sorrisinho malicioso.

– Agora sim você está falando a minha língua.

Mandei-o enfiar um certo vegetal num certo orifício do seu corpo, já que eu estava irritada e com a pele ardendo, mas isso só o fez soltar uma gargalhada. Tirou completamente minha calça e se ajoelhou no chão a minha frente, segurando uma das minhas pernas em suas mãos e beijando o lugar machucado com delicadeza, só para fazer o mesmo com a outra perna depois.

Minha raiva se dissolveu no ar.

Asher se levantou e me ofereceu sua mão, que rapidamente aceitei, deixando-o me puxar para fora da mesa. Suas mãos foram para a minha cintura e ele me puxou para fora do chão, forçando-me a passar minhas pernas por seus quadris para manter o equilíbrio.

– Acho que vamos começar pelo banheiro, então – disse, beijando meu queixo.

Eu ri, balançando a cabeça, como se realmente não soubesse o que fazer com ele.

Mas é claro que concordei.

...

Eu não tinha ideia de que horas eram. O sol já estava baixo no céu e a luz que espiava pelas janelas do quarto era fria e fraca. Não estava frio ali dentro, no entanto, e o aquecedor nem estava ligado. Minha cabeça estava apoiada sobre o peito de Asher, que acariciava meus cabelos e não vestia nada além do lençol enrolado em seus quadris e pernas. Eu mesma vestia meu conjunto de sutiã e calcinha pretos, mais básico que sensual, mas o homem que me tinha em seus braços pareceu gostar bastante dele. Eu tinha me “vestido” há alguns minutos, porque Asher se recusava a fechar as cortinas e eu realmente não queria dar um show para os vizinhos – mais do que nós dois já tínhamos dado, de qualquer jeito.

Tudo bem que a janela do quarto dele ficava num ângulo difícil para as pessoas conseguirem espiar. Mas então eu fiquei imaginando todas as loucuras que o cara nu na cama e eu já tínhamos feito para espreitar os outros e percebi que, se alguém realmente quisesse, conseguiria ver todos os nossos movimentos.

O mundo estava cheio de gente doida.

Asher começou a passar um dedo suavemente pelo meu braço, para cima e para baixo, mal me tocando, mas mesmo aquele pequeno carinho fazia meu corpo doer. Apesar de já ter amado antes, e de já ter sentido tesão antes, era algo novo sentir as duas coisas de maneira tão intensa, ao mesmo tempo, quase como se fossem o complemento um do outro. Meu coração se aquecia ao amar Asher. Meu corpo doía de desejo por ele.

Senti seus lábios no topo da minha cabeça.

– Perdemos a hora do almoço – ele disse de repente, sua voz um pouco rouca.

Eu soltei um risinho sem som, mas não me dei ao trabalho de olhar para cima para ver seu rosto, apenas abracei-o com minha perna e me aconcheguei mais em seu abraço, minha mão acariciando os poucos pelos que ele tinha no peito.

– Se você me der mais cinco minutinhos pra descansar, eu posso fazer algo para nós – comentei de olhos fechados, sentindo-me deliciosamente exausta.

O banheiro havia sido apenas o começo. Asher era incansável. Não que eu estivesse reclamando.

O dedo que afagava meu braço se tornou uma mão, que mudou para a minha cintura, apertando-me mais contra ele.

– Não se incomode – sussurrou em meu cabelo. – Eu vou pedir alguma coisa pelo telefone.

Estava tão cansada que não resisti. Eu não gostava de cozinhar mesmo. Ele depositou um beijo na minha pálpebra fechada e deu um jeito de se desenrolar de mim para sair da cama, cobrindo-me com o lençol depois. – Bahn Mi Cary Ga?

– Com muito curry – consegui articular antes de abraçar o travesseiro e adormecer.

Acordei quase imediatamente, ou pelo menos com essa sensação. Mas quando procurei por meu celular no meio da cama, percebi que cochilado por mais de uma hora. Levantei-me, sentindo minha pele meio pegajosa e uma leve dor nos músculos. Deus, eu precisava de um banho desesperadamente.

Mas resolvi primeiro procurar por Asher, achando estranho que ele não tivesse me acordado para comer. Enrolei-me no lençol, por frio e não pudor – o cara já tinha me visto pelada, dá um tempo – e fui até a sala. A primeira coisa que fiz foi olhar para cima e sorrir como uma boba. Eu ainda não conseguia acreditar que Asher havia enchido sua casa de balões para mim. Podia parecer idiota – e até brega –, mas aquecia coisas dentro de mim saber que ele havia se preocupado em fazer algo como aquilo só pra me deixar feliz. Que ele se importava o bastante para prestar atenção ao que eu falava o suficiente para lembrar daquele detalhe.

Eu não conhecia aquele lado de Asher. Mas precisava reconhecer que, embora eu tenha ficado atraída pelo canalha com calças justas e casaco de couro, foram os momentos em que ele foi gentil e cuidadoso que fizeram com que eu me apaixonasse.

Desviei o olhar do teto e percebi as caixas de comida do Pho Bang intocadas no balcão, mas não havia sinal de Asher pelo aposento. Passei pelo sofá e estava quase me dirigindo ao meu antigo quarto quando percebi a silhueta de alguém com o canto dos olhos. Parei. Asher estava do lado de fora da janela, na escada de incêndio, de costas para mim, fumando um cigarro. Ele vestia calças de flanela, meias, chinelos e um moletom surrado – como a maioria das suas roupas. Havia parado de nevar, mas agora era visível que a neve se acumulava sobre tudo, inclusive sobre os degraus da escada, e devia estar congelante lá fora.

Sem pensar muito sobre minha roupa inapropriada para o clima – ou eu deveria dizer, falta de roupa? – eu fui até lá e abri a janela atrás dele, que se virou, alarmado, mas relaxou ao me ver.

– Por que você não me acordou? – perguntei, começando a tremer ao colocar meus pés no chão frio.

Antes de responder, Asher apagou o que restava do seu cigarro e me puxou para o seu colo, envolvendo-me melhor com o lençol e colocando meus pés na curva do seu joelho para esquentá-los.

– Eu precisava pensar um pouco – respondeu, mas não estava olhando para mim.

Eu não sabia o que dizer, não tinha ideia sobre o que se passava na cabeça dele, então fiquei calado por um momento, absorvendo o calor do seu corpo e inalando o seu cheiro que agora se misturava com o do cigarro.

Não era desagradável.

– Achei que você tivesse parado de fumar – disse, eventualmente. Eu havia implicado com aquele hábito dele desde o primeiro dia e, em menos de um mês, eu já não o via com um cigarro entre os lábios.

Ele riu, provavelmente se lembrando da mesma coisa.

– Você me proibiu de fumar dentro do apartamento, sargento – respondeu com um sorriso, finalmente olhando para baixo, para mim. – Mas eu não parei, não.

– Devia – eu retruquei, sorrindo também.

– Ah, dá um tempo, eu já parei de beber. Preciso pelo menos de um vício. Claro que o gosto da sua excitação é bem viciante, mas seria meio difícil de explicar para as pessoas porque eu estou descendo em você na pausa para o cigarro.

Seu sorriso era o mais malicioso possível e eu não consegui me controlar, senti o sangue subindo pelas minhas bochechas, deixando-me queimando de mortificação.

– Asher! – guinchei, dando um tapa forte no ombro dele. – Você não tem vergonha na cara?

Ele balançou a cabeça, sem nunca perder o sorriso.

– Nenhuma.

Não me dei ao trabalho de oferecer uma resposta, me dedicando apenas a tentar fazer meu rosto voltar à cor normal. Asher também não disse mais nada e só então eu percebi que ele havia dito algo que deveria chamar minha atenção de cara.

– Você parou de beber? – o choque em minha voz era facilmente perceptível. – Mas você adora beber.

Ele assentiu.

– Exatamente por isso, Max – sussurrou, segurando-me um pouco mais forte em seus braços. – Eu estava indo rapidamente por um caminho perigoso. Estava começando a achar que iria encontrar a solução para os meus problemas no fundo de um copo. Foi...foi assustador perceber o quanto eu cheguei perto.

Absorver a verdade em suas palavras e fazer conexões com as coisas que já havia presenciado também estavam me deixando assustada. Ele estava certo e eu nem havia percebido o perigo que se aproximava. Abracei-o mais forte de volta e beijei a linha da sua mandíbula, tentando dizer sem palavras que eu estaria ali para ele em qualquer situação.

– E eu percebi que queria ser uma pessoa melhor – continuou, seus olhos cinzentos eram tão profundos que não pareciam reais. – Por você.

Eu queria me esfregar naquelas palavras, respirá-las, me afogar nelas. Mas o monstro verde da insegurança levantou sua cabeça dentro de mim, não me deixando acreditar totalmente no que ele dizia.

Se eu era tão importante para ele, por que ele havia me expulsado de casa? Por que havia desfilado na minha frente com aquela inglesinha? Não que ele não tivesse desfilado na minha frente com mil mulheres antes, mas eu sempre havia notado uma certa desconexão da sua parte, como se, mesmo com uma mulher linda ao seu lado, ele não estivesse realmente ali.

Com a tal da Seren não parecia ser assim. Ele parecia genuinamente confortável com ela, agindo como se os dois se conhecessem há anos. Como se ele gostasse dela.

E isso me deixava apreensiva.

– Asher... – comecei, incerta de como traduzir o que estava sentindo sem me expor demais. Eu sabia que era algo meio mesquinho esperar que ele desnudasse seus sentimentos para mim quando eu mesma estava relutante em fazê-lo, mas era assustador. Agora que eu provara um pouco do que era estar com Asher, e não só sexualmente, eu sabia que sua indiferença me destruiria. – Eu...

– O quê? – perguntou quando eu não continuei, começando a acariciar suavemente a lateral do meu pescoço com um dedo.

– Por que você me expulsou de casa?

Ele enrijeceu, seu dedo congelando em minha pele. Eu podia ver claramente que ele não queria ter aquela conversa. Ele havia fugido dela durante os dois dias em que havíamos ficado naquela bolha, vivendo o agora e sem falar sobre os nossos problemas.

Talvez fosse porque a maioria dos relacionamentos normais começava sem tantos obstáculos.

Bem, era pretensão demais chamar nosso relacionamento de normal.

– Tudo bem – eu comecei, derrotada, tentando me levantar do seu colo, mas as mãos de Asher passaram por minha cintura como correntes, prendendo-me a ele.

– Eu estava tão puto – ele falou, virando-me de costas para ele, para que eu não pudesse ver seu rosto, que estava apoiado em meu ombro. – Eu havia finalmente beijado você. E não foi como na maioria das vezes que eu imaginei, já que você não furou meu olho com um sapato de salto agulha pelo atrevimento. Não, você correspondeu – uma de suas mãos escorregou entre os lençóis, indo parar em meu estômago. Tremi pela surpresa, já que sua mão estava gelada. Ele não me acariciava, apenas deixou-a ali, parada, como se ainda estivesse experimentando o direito que tinha de me tocar. Quase como se me testasse para ver até onde eu o deixaria ir.

Ele perdia seu tempo. Por mim, podia enfiar sua mão em minha calcinha e me fazer vir ali mesmo, onde qualquer pessoa podia ver.

Talvez Asher fosse mesmo uma má influência, se eu estava começando a ser tão desavergonhada quanto ele.

– Você envolveu meus ombros com seus braços – continuou, beijando a ponta da minha orelha. Seus lábios estavam frios por estar ali fora, mas então ele deixou sua respiração quente fazer um traço de fogo por minha pele. – Me recebeu como se ali fosse meu lugar. Quase não parecia como nosso primeiro beijo, talvez porque eu a tenha beijado mil vezes em minhas fantasias.

Meu estômago estremeceu com suas palavras, eu havia pensado exatamente a mesma coisa durante aquele beijo. Que não parecia o primeiro. Fechei os olhos por um segundo e tentei imaginar quais seriam suas fantasias. E desde quando eu havia começado a fazer parte delas.

– E então você foi embora. Sem dizer nada, sem avisar. Apenas foi – soltou um suspiro cansado e enterrou o rosto na curva do meu pescoço. – Eu fiquei louco atrás de você, Max. Eu não sabia para onde você teria ido, seus amigos não sabiam onde você estava e você não atendia ao celular. Eu fiquei com medo de ter fodido tudo entre nós com aquele beijo. Me corroí com a culpa e só não bebi até a inconsciência porque tinha que estar acordado para receber notícias suas.

Agora eu era a que a culpa corroía. No meu desespero para fugir, para encaixar meu mundinho perfeito de volta em sua órbita, eu pouco havia me importado com Asher ou com o que ele pensaria ao acordar de manhã e não me ver ali.

Comecei a ensaiar uma desculpa, mas ele não me deu chance de dizê-la.

– E então aquele seu amigo do trabalho... –

Dessa vez fui eu quem o interrompeu:

– Você já o beijou, pode muito bem chamá-lo pelo nome – tentei deixar o clima mais leve.

Ele riu e apertou a ponta do meu nariz com a mão que não estava em minha barriga.

– Espertinha. Eu gostaria que você não ficasse me lembrando disso, obrigado.

Eu ri e beijei a palma da sua mão. O sorriso não havia sumido totalmente do seu rosto quando ele prosseguiu:

– Bom, JJ – falou o nome do meu amigo com um olhar significativo para mim – finalmente me disse que você havia ido para casa passar o Dia de Ação de Graças com seus pais e o seu namorado, que você resolveu voltar antes para aproveitar mais um pouco seu tempo com eles.

Agora seu sorriso havia se extinguido completamente.

– Foi um golpe saber que o beijo pelo qual eu havia ansiado tanto não havia significado nada para você.

Ajeitei-me melhor em seu colo para ficar com o rosto no mesmo nível que o dele. O movimento fez sua mão escorregar da minha barriga para o interior da minha coxa. Ele não a moveu de lá.

– Significou, Asher – sussurrei, beijando o lóbulo da sua orelha em seguida.

Ele assentiu.

– Agora eu sei – beijou levemente meus lábios. – Sei que isso não é desculpa para eu tê-la tratado do modo como tratei – seus olhos estavam absolutamente sinceros. E arrependidos. – Você não imagina o quanto eu quis chutar minha própria bunda depois que você foi embora. O quanto eu...o quanto eu machuquei a mim mesmo por saber que tinha infligido dor a você.

Eu sorri de leve.

– Não se preocupa mais com isso – falei, passando os braços pelo seu pescoço e me acomodando melhor em seu corpo. – Já passou.

Ficamos em silêncio por algum tempo e eu já estava prestes a pedir para entrarmos. Estava ficando mais frio a cada minuto e eu estava realmente com fome. Só de pensar no frango com curry me esperando no balcão, eu já começava a salivar.

– É verdade que ele a pediu em casamento? – Asher perguntou de repente, surpreendendo-me.

Eu não queria falar sobre aquilo, mas seria injusto não falar. Eu começara aquela conversa de qualquer jeito, então suspirei e assenti.

– E você disse não?

Assenti mais uma vez. Se eu não precisasse dizer uma palavra talvez fosse fácil.

– Por quê?

Como explicar algo que nem mesmo eu podia entender completamente? Como evitar dizer a ele a extensão dos meus sentimentos sem mentir? Eu não queria dizer que era porque tinha me apaixonado por ele, que havia caído duro e forte, que ele havia se tornado o protagonista dos meus anseios e fantasias. Ainda era cedo para isso.

E ele ainda não podia me dizer o mesmo.

Então optei por dizer algo que não era mentira. Mas que também não era toda a verdade.

– Porque eu senti mais em um beijo com você do que na cama com ele.

Ele ficou calado por dois segundos, antes de soltar, contrariado:

Vocês transaram?!

Eu só lancei um olhar sujo pra ele, que então levantou as duas mãos em sinal de rendição, embora ainda parecesse meio irritado.

– Tudo bem, não é da minha conta. Mas tudo o que você fizer a partir de agora é.

Eu soltei uma risadinha.

– Ah, é?

Ele sorriu também, assentindo.

– Se meu corpo é seu território agora – falou, agora usando as duas mãos para me tocar embaixo do lençol, fazendo-me estremecer. – Nada mais justo que o seu seja meu.

Virei-me em seu colo, passando uma perna de cada lado do seu corpo, ignorando o frio ou qualquer voyeur que por acaso estivesse assistindo – embora os maiores voyeurs fôssemos nós mesmos. Beijei-o sem me preocupar se estava ou não com mau hálito depois de ter dormido por uma hora e meia. Se eu estava, Asher não se importou. Suas mãos correram por minhas costas, apertaram minha cintura e desceram até minha bunda. Depois fizeram todo o caminho de novo. Enquanto isso, sua boca fazia-me suspirar internamente. Sua língua movendo-se contra a minha, seus dentes machucando meu lábio inferior enquanto eu me segurava em seus ombros. Logo uma de suas mãos subiu até minha nuca, o que já estava se tornando um hábito, e ele puxou meu rosto ainda mais para o dele, abandonando meus lábios e mordendo minha mandíbula com força. Gemi com a aspereza do seu toque, mas deliciando-me com ela ao mesmo tempo.

– Talvez devêssemos ir para dentro – ele sussurrou no meu ouvido, aproveitando para passar os dentes por meu lóbulo. – Vamos ser presos se eu fizer tudo o que quero com você aqui fora.

Eu ri, mas não podia concordar mais. Além disso, havia o frio, que só piorava agora que o sol começava a se esconder atrás dos prédios. E eu também precisava comer.

Asher me ajudou a voltar para dentro do calor do apartamento sem encostar meus pés descalços no chão sujo e gelado da escada de incêndio, entrando ele mesmo logo depois. Fechou a janela e puxou o lençol do meu corpo, deixando-me só com minha roupa de baixo, parecendo prestes a me atacar.

Eu ri e fugi do seu alcance, deixando-o ligeiramente surpreso.

– Se você quiser que eu me concentre em qualquer atividade que está passando por sua mente pervertida, vai precisar me alimentar – falei, arqueando uma sobrancelha para ele.

Ele riu, tirando o moletom pela cabeça e largando-o no sofá.

– É uma monstrinha mesmo – murmurou baixinho, mas não o bastante para que eu não conseguisse ouvir. – Mas tudo bem – falou alto e claro dessa vez, agindo exageradamente, como se estivesse fazendo um grande sacrifício, o que me fez rir ainda mais. – Vamos saciar essa sua fome. Depois vai ser a minha vez.

Ele se aproximou e me beijou mais uma vez, aproveitando para me colocar sentada no balcão gelado.

– Você fica aí – falou, colocando meu cabelo atrás da orelha. – E eu vou esquentar nossa comida.

Assenti, sem nunca parar de sorrir, ao vê-lo andar pela cozinha com naturalidade, seu torso magro, mas definido, descoberto para o meu olhar. Encostei-me na parede e apoiei um pé no balcão, deixando o outro balançando no ar. Eu não conseguia parar de admirar aquele homem. Seus cabelos escuros estavam totalmente fora de controle, o que provavelmente era culpa minha; e eu exultei ao ver marcas de dentes em seus ombros e pescoço, e de unhas em suas costas.

Eu as havia colocado lá.

Subitamente percebi que Asher estava falando comigo e que eu estivera tão distraída fitando seu corpo que nem tinha notado.

– E então? – insistiu, obviamente esperando uma resposta para sabe deus o quê.

– Desculpe, eu não ouvi o que você disse – falei, sentindo minhas bochechas ficarem ligeiramente coradas.

Ele colocou os dois pratos de frango com curry no micro-ondas e perguntou:

– Quando você vai mudar de volta?

Franzi o cenho.

– De volta para onde? – perguntei, ainda não prestando muita atenção na conversa, porque ele havia se virado de costas para mim para mexer no micro-ondas, brindando-me com a adorável visão do que era coberto por sua calça de flanela. – Do que você está falando?

Foi a vez dele de franzir o cenho, e dessa vez eu me obriguei a prestar atenção em suas palavras e não no seu corpo sexy.

– Eu quero saber quando você vai voltar para cá – explicou, olhando-me como se eu tivesse batido a cabeça. – Agora que estamos acertados, não há motivo para você continuar morando com sua chefe.

O quê?!

Antes que eu pudesse controlar meus pensamentos, eles saíram por minha boca:

– Asher, eu não pretendo voltar a morar aqui.

Sua expressão era indecifrável e, antes que algum de nós pudesse dizer qualquer coisa, o barulho de chaves na porta da frente chamou nossa atenção.

– Hey, Ash, surpresa! – falou uma linda mulher quando a porta foi aberta.

E foi aí que eu senti que a bolha em que estávamos vivendo finalmente se rompeu.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
QUEM SERÁ QUE CHEGOU? hauehuaheu
Enfim, deixem reviews e me digam o que estão achando.
Se acharam algum erro, é só me avisar.
Ah, o filme que eles estão assistindo no início é UM DOS FILMES MAIS LINDOS DO UNIVERSO, mas eu não vou dizer o nome porque tenho ciúmes HUAHEUASHEUAHE mas quem adivinhar, tudo bem :) anyway, eu que traduzi essa parte da cena, porque nunca achei ele com legendas em português, então quem conhece o filme, não me mate pela tradução meia boca da fala mais linda ever hahaha
Beijos e até o próximo :**
Ps: mais alguém está sofrendo abstinência de Outlander? D: