Perfectly Wrong escrita por Juliiet, Nana


Capítulo 25
Mr. Myiagi


Notas iniciais do capítulo

EU VOU RESPONDER AOS COMENTÁRIOS NO FERIADO.
Ou melhor, vou tentar.
Mas é que não queria demorar tanto entre um capítulo e outro e vocês tem que admitir que eu não ando demorando aqui em PW (Manchas é outra história, mas, pra quem lê, eu já comecei o capítulo de lá, ok? Não me apedrejem).
O capítulo não é o mais legal, mas espero que gostem. O próximo vai ser um pouco tenso...
Capítulo especialmente dedicado pra Mariluckner e Anjo de Vidro, por terem recomendado a história



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JJ não morava muito longe e, quando finalmente consegui um táxi para me levar para lá, já estava mais do que recomposta. O caminho até lá foi rápido e logo eu estava batendo na porta do meu melhor amigo.

– E aí, sem teto? – cumprimentou-me assim que abriu a porta, usando uma calça de pijama de listras e uma regata branca. – Sinta-se a vontade. Mi casa es su casa.

Consegui sorrir enquanto entrei com minhas coisas, que JJ disse que eu podia deixar pela sala mesmo. O apartamento dele era ridiculamente pequeno, com uma sala/cozinha, um banheiro e um quarto. Mas ele tinha um sofá e era o que bastava para mim no momento.

Depois de tentar organizar minhas coisas num cantinho da sala, tudo o que eu queria era me enrolar com uma manta naquele sofá e assistir a Charada, com a Audrey Hepburn e o Cary Grant. Mas JJ tinha outros planos.

– Pode levantar essa bunda daí – falou quando eu me joguei no sofá e lhe comuniquei meus planos. – Eu entendo que você está na merda, mas eu não vou permitir que vire um vegetal na minha casa. Nós vamos sair.

Uma coisa em JJ pelo qual eu era grata, era que ele não ficava insistindo quando sabia que eu não queria conversar. Não era como Erin, para quem eu tinha a total obrigação de contar cada detalhe da minha vida e para quem eu provavelmente contaria se ela não estivesse nesse exato momento em algum lugar longínquo da América do Sul.

Eu havia dito rapidamente a JJ pelo telefone que Asher e eu havíamos brigado e ele havia me expulsado do apartamento. E eu precisava de um lugar para ficar. Pronto, mais nada. Ele sabia que, se eu quisesse conversar sobre o assunto, eu já o teria feito. Então, ele não perguntou nada.

Mas se tinha uma coisa que ele tinha em comum com Erin – pelo menos a Erin solteira – era adorar uma festa e nunca, nunca aceitar minha recusa em comparecer em qualquer lugar apertado, com música barulhenta, pouca luz e corpos suados movendo-se ao ritmo da melodia.

– Não, JJ, não quero ir – falei, com a cabeça enterrada numa almofada.

– Se é por causa do seu namorado, não se preocupe, ele não vai saber e...

Cortei-o na mesma hora, levantando meu rosto da almofada, mas me recusando a olhar em eu seus olhos.

– James e eu terminamos.

Depois de alguns segundos de silêncio, eu finalmente me virei para fitar meu amigo que, pude perceber, estava sem o costumeiro gel no cabelo, que caía em seus olhos. Olhos que me escrutinavam com verdadeiro choque.

– Você...e James... – foi falando bem devagar, como se estivesse dando tempo para o seu cérebro assimilar. – Terminaram?

Não falei nada. Apenas assenti.

JJ ficou mais alguns momentos calado antes de, quase literalmente, explodir:

– Então por que raios você e o Asher brigaram?!

Arregalei os olhos, espantada por ouvi-lo gritar tão veementemente, como se fosse realmente uma coisa que não fizesse sentido. Eu estava esperando pelo menos que ele se solidarizasse e dissesse um formal “oh, sinto muito, Max” ou algo assim.

Mas não estava esperando por aquele ataque.

– Brigamos porque o Lockwood é um idiota, babaca, imoral, cafajeste e cretino! – gritei de volta.

– E você está apaixonada por ele – JJ retrucou simplesmente, sem elevar a voz dessa vez.

E foi o que bastou para que eu começasse a chorar.

Eu não queria chorar. Eu havia prometido a mim mesma que não iria chorar. Asher Lockwood não merecia nem uma das minhas lágrimas. Ele não merecia nada do que eu, sem querer, deixara-o ter. E eu sabia disso. Eu tinha consciência de que era boa demais para um cara como ele e que ele nunca me valorizaria, nem em mil anos, nem por um dia.

Ele perdera muita coisa me mandando embora, eu tentava dizer a mim mesma. O único problema era que isso não era exatamente um consolo, já que ele não sabia o que perdera. E, se soubesse, não se importaria.

– Não! – gritei entre as lágrimas, tentando impedi-las de cair e falhando, mesmo quando JJ se aproximou do sofá e se ajoelhou na minha frente. – Eu não estou apaixonada por ele! Eu não posso estar apaixonada por ele!

JJ levantou meu rosto com delicadeza, secando as lágrimas em minhas bochechas inutilmente, pois elas continuavam a cair.

– Por quê? – perguntou com voz suave.

Eu o encarei sem acreditar.

– Por quê?! – grasnei. – Por quê?! – e então comecei a falar como se tudo dependesse de convencer JJ de que eu não amava aquele desgraçado. Como se, se eu conseguisse convencê-lo, aquilo deixaria de ser verdade. – Asher Lockwood é o pior tipo de todos, com uma beleza quase obscena e uma moral muito duvidosa. O tipo de cara que você nunca poderia levar para casa e apresentar para os seus pais. O tipo que vai te deixar louca na primeira oportunidade. Que é um atraso na vida de qualquer mulher, que te irrita até a morte, mas dá um jeito de você sempre precisar dele. O cara vive em festas com seus amigos idiotas e mulheres fáceis, e bebe demais. É um maldito fracassado. Mas é o fracassado com o sorriso torto mais irresistível de Manhattan...

Eu pude ver, mesmo entre soluços, que não convencera JJ. Merda, eu não tinha convencido nem a mim mesma.

– ...e eu estou apaixonada por ele – terminei, enfiando o rosto nas mãos e chorando ainda mais forte.

JJ se sentou no sofá e me puxou para ele. Acabei com o rosto enterrado em sua regata e chorei até que o tecido ficou molhado. Mas não me importei. Eu precisava ser segurada, eu precisava de um abraço amigo. Até JJ sussurrar docemente no meu ouvido, dizendo que tudo ficaria bem, eu não havia percebido o quanto eu precisava que alguém me dissesse isso. Mesmo que fosse mentira.

Tudo ficaria bem. E mesmo que só naquele instante, eu acreditei.

...

– Isso é realmente necessário? – perguntei, aparecendo na porta do quarto de JJ quando ele dava a última ajeitada em seu cabelo cheio de gel.

Ele me espiou pelo espelho em que estava se arrumando e soltou um assobio longo, virando-se em seguida para me encarar melhor.

– Puta merda, mulher – falou com voz apreciativa. – Se eu não fosse gay, você me teria no chão com esse vestido.

Rolei os olhos, apoiando as mãos nos quadris.

– Nem se aproxime do chão, eu não estou usando calcinha – avisei.

JJ fez uma careta como se perguntasse “por que diabos você não tá usando nada por baixo disso aí?”

– É que essa coisa é tão apertada que todas as minhas calcinhas marcam – reclamei, empurrando-o para me analisar no espelho. – Eu mal consigo respirar aqui dentro.

E não era para menos, já que eu estava usando um vestido de Cherry. Sim, Cherry Hart, minha chefe. E quando perguntei por que JJ tinha um vestido de Cherry em sua casa, ele só respondeu que ele a havia resgatado num bar um dia desses e seu vestido tinha estado numa situação lastimável – eu imaginava que ela tivesse vomitado nele – e então JJ havia oferecido roupas dele emprestadas para que ela fosse para casa e o vestido ficara ali esquecido.

Eu nem sabia se estava mais chocada pelo fato de JJ ter resgatado Cherry e não tê-la largado para morrer afogada no próprio vômito ou por ele realmente ter lavado o vestido.

E JJ havia me obrigado a experimentá-lo, mesmo sabendo que Cherry era pelo menos vinte centímetros mais baixa que eu e vários quilos mais magra. Aquela roupa devia ser meio ousada em Cherry e em mim havia ficado escandalosamente indecente. Eu não era tão curvilínea quanto Erin, por exemplo, mas não era a tábua reta da minha chefe, e todas as minhas curvas sutis não ficavam tão sutis naquele vestido. Era um tubinho preto que mal chegava ao meio das minhas coxas, apertado como se eu tivesse sido embalada a vácuo e tomara que caia.

Eu tinha por regra nunca usar tomara que caias.

E se eles realmente caíssem?

Mas eu não tinha que me preocupar com isso naquele vestido. A desgraça era tão justa que eu nem tinha certeza de como sairia dali.

– Eu não posso usar isso, JJ – argumentei, virando-me para ele. – Em primeiro lugar, Cherry vai estar lá e provavelmente não vai gostar de me ver usando sua roupa. E em segundo lugar, eu estou com medo de ser presa por atentado ao pudor.

JJ riu e balançou a cabeça, sem responder nada, e saiu do quarto, indo até minhas coisas. Eu me encostei na porta enquanto o via remexer descuidadamente minha mala, procurando por algo. Meus dentes estavam apertados, mas eu não ia brigar com o cara que estava me dando um teto, então deixei-o bagunçar tudo. Finalmente, ele achou o que procurava.

– Eu não sei o que vai ser pior – comentei, vendo-o levantar com o par de scarpins prateados. – Se me confundirem com um travesti ou com uma prostituta.

JJ veio até mim e me entregou os sapatos, com um sorriso divertido no rosto.

– Como você mesma disse, esse vestido é muito justo – falou com ar maroto. – Dá pra ver de longe que você é toda mulher.

Grunhi e soquei o braço dele, sentando-me no sofá para colocar os sapatos com saltos de quinze centímetros. Fazia muito tempo que eu não me vestia como uma dançarina de cabaré e beirava a vulgaridade. Ok, eu não estava sendo sincera, aquele vestido não beirava a vulgaridade, ele já tinha passado aquela linha há muito tempo.

– Mas Max, qual é a graça de ser mulher se você não pode se vestir como uma trabalhadora de esquina de vez em quando? – JJ perguntou quando eu expus meu comentário.

Rolei os olhos, mas não podia deixar de me perguntar se ele não tinha razão. Eu era solteira agora, eu podia andar parecendo uma vagabunda o quanto eu quisesse e não tinha ninguém – ninguém – que dissesse que eu não podia. Minha autoestima estava tão no chão que talvez fosse divertido ver a reação dos homens àquele vestido. Talvez me sentir desejável não fosse tão ruim, embora até então eu só tivesse reclamado da insistência de JJ em me levar àquela festa.

Tudo bem, eu meio que sabia que tinha que ir – eu não havia lembrado daquela maldita festa até meu amigo mencionar – mas tinha planejado inventar uma pneumonia ou alguma coisa para justificar minha falta para Cherry.

Mas talvez eu realmente devesse ir.

A festa era em homenagem ao meu fotógrafo favorito. A galeria faria uma exposição com o último trabalho dele em janeiro e Cherry tinha resolvido fazer uma pequena reunião para apresentá-lo para todo mundo. E por pequena reunião, eu meio que esperava metade da cidade. Minha chefe sempre foi meio exagerada – mas dava as melhores festas. Ela era a única que não parecia se divertir nelas...

– Não exagera muito na maquiagem – JJ aconselhou. – Esse vestido já chama a atenção demais.

Olhei feio para ele enquanto passava o batom rosa claro.

– De quem foi a ideia desse maldito vestido mesmo? – perguntei com ironia.

– Max, você está gostosa. Aceite e seja feliz.

– Tem certeza de que a Cherry não vai se incomodar por eu estar usando o vestido dela? – perguntei meio temerosa. Cherry era meio irritadiça e eu que não queria provocá-la.

JJ arqueou uma sobrancelha.

– Você prefere ir até o apartamento do Asher para pegar um vestido de noite? – perguntou.

Gemi, negando com a cabeça. A maior parte das minhas roupas – e isso incluía todos os meus vestidos de festa – ainda estavam lá. Eu só havia levado para a casa de JJ uma mala com as roupas que eu pensei que usaria durante a semana. Eu não tinha como tirar todo o meu guarda roupa do apartamento de Asher em um único dia e, para piorar, ainda não tinha um lugar fixo para morar.

Eu devia estar debruçada sobre os classificados do jornal, não me arrumando para uma maldita festa.

– Anda logo, Max – JJ me apressou e eu suspirei, terminando minha maquiagem leve e penteando meus cabelos.

Eu não tinha nenhuma bolsa para levar, então apenas enfiei minha identidade e meu cartão de crédito no decote do vestido enquanto JJ me lançava outro daqueles olhares que dizia que eu era estranha.

Finalmente saímos do apartamento dele e lutamos para pegar um táxi. Se eu ainda estivesse morando com Asher, eu trocaria de sapatos e iria andando para a galeria, mas JJ morava um pouco mais longe do trabalho.

E eu tinha que enfiar na cabeça de uma vez que eu não morava mais com Asher. E nem voltaria a morar. E, se eu fosse um pouquinho mais esperta, pararia de pensar nele e rezaria para nunca vê-lo de novo.

Eu não era muito esperta mesmo.

Quando finalmente chegamos, o local estava lotado. Fiquei feliz ao perceber que a moda hoje em dia permitia que muitas mulheres se vestissem de maneira tão ousada quanto eu. Então eu passei a não me sentir tão desconfortável com o vestido de Cherry. Pelo menos até a própria aparecer na nossa frente, usando um lindo vestido branco meio transparente, com a parte de trás quase arrastando no chão. Ela me lançou um olhar confuso e meio irritado, mas JJ pigarreou, chamando a atenção dela e os dois tiveram uma estranha troca de olhares.

– Vocês estão atrasados – foi só o que ela disse, embora ainda me fitasse meio irritada. – Eu pensei que você iria querer conhecer o Sr. Hawk, Max.

– Eu quero! – disse imediatamente, já me sentindo meio ansiosa.

O cara era uma lenda. Ele era o motivo pelo qual eu havia ido para a NYU, em primeiro lugar. Eu sabia que para ser fotógrafa, eu não necessariamente precisava fazer faculdade, mas eu gostava de estudar e era maluca por arte. E eu sabia que Christopher Hawk tinha estudado na NYU. E ele era meu ídolo.

Cherry rolou os olhos e falou:

– Então vem comigo.

Mal conseguindo conter a animação, eu acenei para JJ e fui atrás da minha chefe. Seus bonitos cabelos ruivos estavam presos num coque cheio de tranças e, por um minuto, eu senti falta das minhas longas mechas.

E lembrando do meu cabelo comprido, eu lembrava automaticamente da razão que eu tivera para picotá-lo, que me fazia pensar novamente no último cara em que eu devia estar pensando.

E, por alguma razão, desde o minuto em que eu saíra da casa de Asher, eu só o imaginava beijando aquela pequena beldade britânica.

– Max. Max! – Cherry me tirou de minhas divagações e estava me olhando feio. – Este aqui é o Sr. Hawk.

Finalmente me desliguei totalmente dos pensamentos inúteis na minha cabeça e fitei o homem que Cherry me apresentava. Eu sabia como ele se parecia, claro. Eu praticamente havia decorado todo o artigo da Wikipédia sobre ele. Christopher tinha trinta e um anos e, apesar de também fotografar para algumas revistas de moda, sua verdadeira paixão eram as fotografias de rua. Ele também era muito bonito, embora parecesse mais velho e mais charmoso pessoalmente, com os cabelos um pouco mais escuros que os meus, cortados bem curtos, pele bronzeada e olhos verdes.

Ele imediatamente sorriu para mim e estendeu-me sua mão.

– É um prazer, Max...

– Hyde – completei rapidamente, percebendo que Cherry era uma merda para apresentar as pessoas.

Depois de apertar sua mão, fiquei apenas olhando-o com o que eu supunha que fosse adoração. Eu nem sabia o que dizer pro cara, mas minha chefe fez uma tentativa para me salvar do embaraço.

– A Max é uma grande fã sua, Sr. Hawk – ela disse e depois se desculpou, porque precisava verificar o estoque de champanhe.

Eu continuei sorrindo para o cara, feito uma idiota, mas pelo menos ele estava sorrindo de volta para mim. E não parecia ser aquele sorriso meio tenso do tipo “essa mulher é louca, como faço para escapar sem ela perceber?”. Era mais um sorriso do tipo “gostei de conhecer você”.

– Então você está familiarizada com o meu trabalho – assumiu.

Meu sorriso ficou ainda mais largo.

– Familiarizada? – minha voz estava cheia de animação. – Eu sei tudo sobre você, Sr. Hawk!

Ele riu e, nesse momento, um garçom passou com uma bandeja cheia de taças de champanhe. Christopher pegou duas e me ofereceu uma, que eu aceitei com um agradecimento.

– Então eu estou em desvantagem, Srta. Hyde, porque eu não sei nada sobre você – falou, depois de um gole. – A não ser que você tem olhos lindos e parece apreciar meu trabalho. E, por favor, me chame de Christopher.

Tomei metade da minha taça de uma vez, quase engasgando. Eu estava realmente conversando com o cara que havia mudado o rumo da minha vida. Eu mal podia acreditar.

E ele ainda dissera que eu tinha lindos olhos. Tudo bem que parecia que ele estava me cantando, mas também podia ser apenas o cara tentando ser simpático.

– Só se você me chamar de Max – me peguei dizendo.

...

– Fala a verdade – JJ pediu enquanto pescava as chaves no bolso para abrir a porta de seu apartamento. – Não foi tão ruim, não é?

Rolei os olhos, mas estava sorrindo.

– Não, não foi – respondi. – Exceto pelos meus pés esfolados. Abre logo isso que eu preciso tirar esses saltos.

– Por que você não os tira logo? Nós já estamos no corredor.

– Uma verdadeira dama nunca tira os sapatos antes de chegar em casa – falei, levantando o queixo.

JJ arqueou uma sobrancelha.

– Mesmo se eles estiverem a ponto de precisar de amputação? – perguntou.

– Abre essa porta de uma vez! – pedi, empurrando seu ombro.

– E você não está parecendo muito uma dama com esse vestido... – murmurou e eu o fitei com raiva. Eu não tinha escolhido aquele vestido.

Ele abriu e eu entrei apressada, praticamente me jogando no sofá e arrancando os scarpins assassinos dos pés.

A situação me lembrou da última vez que eu havia machucado meus pés por causa dos sapatos e tentei apagar a imagem de um brincalhão Asher me chamando de “amada rainha” e reclamando por eu não deixar ele me carregar para o quarto enquanto não lavasse as mãos.

Qual era o meu problema? Por que eu não conseguia tirar aquele homem da cabeça? Eu era algum tipo de masoquista? Eu tinha talento para gostar de quem não gostava de mim e desprezar quem me amava.

Talvez eu merecesse aquela dor. E eu não estava me referindo aos meus pés.

Eles não estavam tão machucados como daquela vez, então eu resolvi que não precisaria enfaixá-los. Eu só queria cair na cama – ou melhor, no sofá – e dormir.

– Aquele fotógrafo ficou caidinho por você – JJ comentou enquanto ia até a geladeira para pegar um copo de água.

– Não fala besteira – respondi, massageando meus pés doloridos.

Ele bebeu um grande gole e me fitou com seriedade.

– Sério, Max, você não pode dizer que não notou o jeito como ele olhava pra você. Eu sabia que esse vestido era uma boa ideia.

Fingi que não ouvi seu comentário sobre Christopher e perguntei algo que havia me incomodado a noite inteira.

– E qual é o seu lance com a Cherry? Vocês parecem cheios de segredos...

JJ colocou o copo no lava louças e deu de ombros.

– Eu só a estou ajudando com um problema.

– Que problema?

JJ veio até o sofá e se sentou ao meu lado, colocando o braço em cima dos olhos.

– Não posso contar. Não é meu segredo.

Arqueei uma sobrancelha em descrença. Quando vi que ele não falaria mais, bati em seu braço.

– Ah, qual é, nem pra mim? – perguntei.

Ele tirou o braço do rosto para me olhar e respondeu:

– Nem pra você.

Controlei a vontade que tive de mandar a língua para ele e cruzei os braços, fazendo-o rir. Ele bagunçou meu cabelo como se eu fosse um cachorrinho e falou:

– Eu prefiro falar sobre como você capturou o coração do tal do Hawk. Ouvi até a Cherry falando que vocês vão ter um encontro...

– É um almoço de negócios! – protestei.

JJ não falou nada, mas me olhou como se não acreditasse. Depois, levantou e foi em direção ao seu quarto, só parando para me desejar boa noite e dizer:

– Max, só lembra de uma coisa, ok? Agora você é solteira. Pode fazer o que quiser. Com quem quiser.

Ótimo, agora o JJ estava dando uma de Mr. Miyagi

Quando ele fechou a porta eu me esforcei para sair daquele vestido apertado e fiquei ponderando sobre o que ele dissera. Sim, Christopher realmente parecera interessado em mim e, quando me convidou para almoçar com ele no dia seguinte, para conversarmos sobre minhas aspirações em relação à fotografia, eu pude perceber que havia mais naquele convite. E o havia aceitado mesmo assim.

Era a primeira vez em anos que eu não me sentia culpada por aceitar a atenção de outro homem. Como JJ dissera, eu era livre. Finalmente, eu era livre. Eu não precisaria me enterrar em mentiras e me controlar se sentisse atração por alguém.

Eu podia fazer o que quisesse e com quem quisesse.

Só havia o problema.

O quem que eu queria fazer mil coisas era um idiota.


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Notas finais do capítulo

Se tiver algum erro, por favor, me avisem.
É isso aí, pipoquinhas, até o próximo (:
Beijooos