Perfectly Wrong escrita por Juliiet, Nana


Capítulo 22
Difícil


Notas iniciais do capítulo

Heeey, desculpem a demora!
Esse capítulo tá um saco, maaaaaaaaaas eu precisava escrever essa parte chata e blablabla, não me odeiem. Também sei que demorei, mas a faculdade tá passando por aquela fase do semestre em que fica tenso e começam as provas e trabalhos e a vida começa a perder o sentido D:
GENTE, VOCÊS SÃO LINDOS, MUITO OBRIGADA POR TODOS OS COMENTÁRIOS DO CAP PASSADO. Eu to respondendo ainda, já respondi 2 páginas (e são 8! lindos vocês *.*) e vou ver se consigo responder todos antes de postar o próximo :)))
Muito obrigada também pras meninas que recomendaram *.*
— Daylighter
— Annie
— da_ni_ribeiro
— Gijoca
— Valentina M
— Elizabeth Darcy
— Candance
— letpgenaro
—Celly Siilva
Vocês são as pessoas mais lindas da terra, muito obrigada mesmo *.*
IMPORTANTE: Gente, meu email pirou quando eu tava mandando o bônus pra vocês, então eu pedi lá no grupo pra quem tivesse recebido me avisar. Se você não recebeu, me avisa que eu vou mandar de novo, ok?
Boa leitura :)



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Apertei o cinto da minha poltrona. Eu odiava voar sozinha. Com alguém ao meu lado para conversar, pelo menos eu ficava distraída do fato mais importante...

Eu odiava voar. Ponto.

Não importava que eu fosse uma jovem razoavelmente inteligente de 23 anos que havia frequentado uma excelente universidade. Eu nunca iria entender a lógica que permitia que um avião que pesava toneladas ganhasse os céus.

Se fosse natural sair voando por aí, eu teria nascido com asas.

Mas eu não podia negar que era conveniente poder atravessar milhas e milhas em apenas algumas horas. E era exatamente disso que eu precisava. Colocar o maior espaço entre mim e Nova York.

Bom, pensei durante a decolagem, pelo menos o meu nervosismo por voar me impedia de pensar do que eu estava fugindo. Quer dizer, quase. E quando a aeronave se estabilizou a trinta mil pés do chão – se é que eu podia considerar aquilo estável – apenas uma pequena parte da minha mente se preocupava com todos os acidentes possíveis – e alguns nem tão possíveis assim – enquanto a maior parte repassava as últimas doze horas da minha vida como um filme atrás dos meus olhos.

Um filme bem ruim, para ser honesta.

Eu chorei depois que Asher me beijou. Não imediatamente, eu não ia me permitir ser tão patética. Primeiro saí da escada de incêndio e atravessei a multidão que abarrotava a sala – um cara beliscou minha bunda e eu chutei as bolas dele sem fazer alarde – para me trancar no meu quarto. Coloquei meus fones com o volume no máximo, fazendo meus ouvidos arderem e minha cabeça doer. Peguei uma caixa em meu armário onde eu guardava o antigo jogo de talheres que eu comprara quando me mudei com Erin – Asher tinha talheres decentes o suficiente, então eu nunca usava os meus. Peguei um garfo e o limpei com álcool em gel e um lenço de papel – as lágrimas silenciosas já riscando meu rosto.

Finalmente, sentei-me no chão com as costas apoiadas na cama e peguei a caixa com a torta. Ver o glacê cor de rosa e os pequenos morangos vermelhos intercalados por fatias de maçã em meia lua me fez soltar um soluço abafado. Asher nem gostava de doces. E mais um fluxo de lágrimas escorreu por meu rosto até o queixo, pingando em minhas mãos trêmulas.

Comi a torta. E chorei.

Eu não estava chorando porque Asher me beijou e depois me largou sozinha. Nem era o fato de que ele estava provavelmente trocando saliva – e outros fluidos, eca – com alguma outra mulher por aí, e que os meus foram apenas outros lábios para ele.

Mesmo que isso fosse o bastante para abalar a autoestima de uma garota.

Não que eu fosse feia ou mesmo comum. Eu sabia que era bonita.

E também sabia que beleza nunca seria o suficiente para Asher Lockwood.

Inferno, não era o suficiente para mim.

Também não era culpa por ter traído James de novo. Não no início, pelo menos. Eu nem consegui lembrar do meu namorado naquele momento e, de certa maneira, um beijo deveria parecer pálido em comparação com o que eu havia feito antes. Eu não me deitei com Asher. Eu não achava que estava grávida dele.

E, principalmente, ele não era casado.

Mas, contrariando tudo o que era lógico, aquele único beijo me pareceu – quando eu finalmente consegui pensar nisso – uma falta maior. A culpa, porém, não me consumiu de imediato. E não havia sido a razão das minhas lágrimas.

Eu estava chorando por finalmente ser obrigada a encarar uma verdade que tentava ignorar há muito tempo.

Eu não estava mais apaixonada por James Clarke.

Se eu realmente o amasse, ficaria triste pelo tempo que passávamos separados e ansiosa para vê-lo de novo. Mas eu ficava aliviada longe dele e tensa ao seu lado. Se eu ainda o amasse, não entraria em pânico com a possibilidade de passar o resto da vida com ele e me angustiaria por não conseguir lembrar da última vez em que tínhamos ido pra cama.

E, mais do que todo o resto, se eu amasse James, não teria sentido cada um dos meus ossos derreter com o beijo de Asher. Há tanto tempo eu não me entregava tão completamente a um beijo que havia até esquecido que podia ser como foi. Intenso, quente, um assalto em meus sentidos. Um beijo que havia enfraquecido minhas pernas, acelerado meu coração, nublado minha mente e destruído todas as minhas bem moldadas barreiras. E que conseguiu me fazer esquecer que estava numa escada de incêndio enquanto uma festa rolava no apartamento e que os lábios nos meus pertenciam a ninguém menos que Asher Lockwood.

Asher Lockwood. O baixinho promíscuo com quem eu, por acaso, dividia o aluguel.

Não, eu não estava apaixonada por ele.

Pelo menos achava que não.

Esperava que não.

Mas estava mais atraída por ele do que imaginava, mais do que era saudável estar. E isso significava que eu não amava mais meu James, meu namorado desde o colégio. E eu já sabia disso há algum tempo; Asher só me fez encarar a verdade.

Não é uma boa razão para amar alguém.

Não, não era.

E por isso eu não o amava. Não como antes, não de verdade. Eu queria amá-lo. Queria porque eu gostava muito dele. Eu o conhecia, eu sabia o que esperar dele. Não havia nada desafiador sobre minha relação com James, nada imprevisível. Não era apenas porque estávamos há muito tempo juntos, embora isso contribuísse, mas sim porque estávamos os dois lutando por algo que já havia morrido apenas porque era o que todos esperavam de nós.

Era o que nós esperávamos de nós mesmos.

E eu queria amá-lo porque ele havia sido o único homem que eu amei. O único que eu sabia amar. Só que agora não sabia mais.

E por isso que, assim que terminei de passar mal depois de ter comido aquela maldita torta inteira, eu arrumei uma pequena mala e fui para o aeroporto antes do céu clarear completamente. Para minha sorte, a festa havia acabado e apenas alguns gatos pingados haviam restado, jogados pelo sofá e pelo chão, dormindo ou em coma alcóolico, eu realmente não queria saber. Apenas fiquei feliz por não ter visto Asher. Eu não saberia o que dizer.

Eu não saberia o que fazer quando o visse. Tinha medo de que acabasse perdendo a cabeça e beijando-o de novo.

Ou qualquer outra coisa igualmente estúpida.

E por isso era bom que eu estivesse indo para bem longe de Nova York.

Porque era longe de Asher Lockwood que eu queria ficar.

...

– Querida, que surpresa! Não esperávamos você tão cedo!

Mamãe me apertou num abraço de morte no momento em que abriu a porta e me viu parada na soleira. Seus braços roliços pareciam a ponto de quebrar meu pescoço enquanto ela me puxava para baixo para distribuir beijos por todo o meu rosto.

– Oi, mãe – consegui dizer, embora meu rosto ainda estivesse esmagado entre suas mãos.

– Por que você não avisou que estava vindo? Seu pai a teria buscado no aeroporto – falou em tom de reprimenda e então se virou para gritar na direção do corredor. – Brice, sua filha está aqui! – e voltando-se para mim de novo, pediu, largando meu pescoço e se afastando alguns passos. – Deixe-me olhar para você, minha filha, faz muito tempo que não a vejo.

Então eu tirei meu cachecol e casaco, abri os braços e dei uma voltinha, apenas para vê-la sorrir. Eu adorava fazer minha mãe sorrir. Ela era a criatura mais doce da face da terra. Havia engordado um pouco desde a última vez que eu a tinha visto, mas ela sempre havia sido meio cheinha. E baixinha. Eu herdara dela apenas os cabelos muito lisos e loiros – e sempre me ressentira por não ter aqueles lindos olhos verdes dela.

– Oh, Max, você está linda – ela disse, com lágrimas nos olhos, puxando-me para mais um abraço de urso. – Mas está muito magra – comentou, apertando o osso do meu quadril e aproveitando para me puxar para dentro. – Aposto que anda pulando algumas refeições, não é, mocinha?

Ri e puxei minha pequena mala de rodinhas para dentro. Se ela soubesse o tamanho da torta que eu devorara na noite anterior, ficaria preocupada mais com uma possível diabetes do que com meu peso.

Assim que a porta foi fechada, meu pai apareceu pelo corredor, provavelmente saído do seu escritório. Eu tinha muito mais dele que da minha mãe. Ele era esbelto e alto, como eu, com olhos castanhos pálidos e cabelos castanho avermelhados que já começavam a ficar brancos. O formato do meu rosto e a curva das sobrancelhas, o tamanho dos olhos e o sorriso também eram herdados dele.

Larguei minha mala, minha bolsa e meu casaco e corri para abraçá-lo.

– Princesa – ele disse enquanto me abraçava apertado, sua barba fazendo cócegas em minha bochecha. – Senti sua falta.

Meu pai podia ser menos efusivo que minha mãe, mas eu sabia pelo tom de sua voz o quanto ele estava feliz em me ver. Eu era a filha única de um casal feliz que se amava muito, existiam poucas coisas que eles gostavam mais do que quando eu finalmente ia visitá-los.

Eu os amava enlouquecidamente. Nunca podia ter pedido por pais melhores.

– Brice, onde estão suas muletas? – mamãe perguntou com as mãos nos quadris largos. – Você quer que seu pé sare algum dia, homem? Max, esse seu pai é um teimoso...

Eu sorri e puxei mamãe para meu abraço com o papai. Meu coração parecia mais leve só de tê-los por perto.

– Amo vocês – falei.

– Oh, nós também amamos você, querida – mamãe falou com carinho. – Mas seu pai ainda precisa pegar as muletas.

– Pam, você é muito insistente – papai reclamou. – Deixe-me pelo menos dar as boas vindas a Max.

Mamãe rolou os olhos e soltou-se do nosso abraço, indo até minha mala, provavelmente para levá-la para meu antigo quarto.

– Então faça isso sentado! – mandou e papai imediatamente se sentou em sua poltrona preferida, a marrom que ficava perto da lareira.

Não pude controlar uma gargalhada enquanto mamãe sumia pelo corredor.

– Ela tem dado muitos problemas? – perguntei a ele depois que achei seguro.

– O nome do meio da sua mãe é Problema, o que mais você poderia esperar?

Sentei-me no banquinho para os pés que ficava ali do lado e ouvi a longa história sobre como ele havia quebrado a perna de verdade. Não havia sido por causa de uma telha solta no telhado, como mamãe dissera, mas porque ele havia se metido em uma briga com o nosso vizinho, Dave, que tentara passar a mão na bunda da mamãe na igreja. Aí no meio da confusão, papai acabou tropeçando nas muletas da Sra. Jones e quebrou o pé.

Minha barriga já doía enquanto eu me apoiava no braço da poltrona de papai para rir. Era bem a cara do papai se meter em uma briga na igreja para defender a honra da mamãe. Como eu pude passar tanto tempo sem os dois? Eu definitivamente deveria visitá-los com mais frequência ou perderia todas as histórias de família divertidas. Céus, eu sentia falta até daquele sotaque do qual já havia quase me livrado.

Certo, eu tinha uma razão para não visitar meus pais regularmente. Porque ir vê-los significava ir ver James. E sua mãe.

Eu podia não amar mais James como antes, mas eu ainda o amava de algum jeito e me importava com ele – e duvidava que isso algum dia fosse mudar. Mas a mãe dele...bom, dizer que eu odiava a Sra. Clarke seria um pouco indelicado.

E absolutamente correto.

E só de pensar em vê-la normalmente me fazia adiar qualquer viagem a Parsons.

– Por que você não vai trocar de roupa e descansar um pouco, querida? – papai perguntou, percebendo o quanto eu estava cansada. Nem todo o meu pote de corretivo da MAC seria capaz de esconder minhas olheiras. – Sua mãe está provavelmente trocando os lençóis do seu quarto agora. Posso pedir para ela fazer um lanche para você depois.

Levantei-me e neguei com a cabeça.

– Não precisa, eu almocei no voo – era mentira, mas depois da torta da noite anterior, eu ainda não estava preparada para ingerir nada sólido. – Mas eu vou dormir um pouco, sim. Vocês me chamam para o jantar?

Papai assentiu e mamãe apareceu na sala naquele momento, avisando que já havia trocado os lençóis da minha cama. Agradeci e dei um beijo em sua testa, pegando minha bolsa - mamãe já havia guardado meu casaco e cachecol no armário – antes de ir para o meu antigo quarto.

Ele continuava exatamente como era em meus anos de adolescente. Cor de rosa, com a cama de ferro com dossel e cortinas esvoaçantes e meu painel com fotos da escola. Também havia uma poltrona de veludo e uma mesa de estudos, cheia com agendas e papeizinhos com recados dos meus amigos do ensino médio. Deixei minha bolsa de mão na poltrona e me aproximei das fotos coladas no painel na parede. Sorri, passando meus dedos por algumas. Erin e eu comendo um sanduiche de maionese nojento na cantina, meu primeiro ensaio das líderes de torcida, James me beijando depois do último jogo da temporada (eles haviam ganhado), a viagem da turma para uma reserva (quando fui picada por uma abelha e tive uma reação alérgica e tiveram que me levar pro hospital), Erin, suas irmãs e eu numa festa do pijama em casa, James e eu sendo coroados Rei e Rainha do baile.

Meu sorriso morreu. James estava lindo naquela foto. Seu sorriso era radiante, quase tão brilhante como o meu, que certamente parecia a garota mais feliz do mundo ao seu lado.

Quando havia perdido aquele brilho que me aquecia ao olhar para ele? Quando James deixara de ser o centro do meu mundo?

Eu não podia dizer exatamente quando, mas sabia que havia sido antes mesmo de ter me envolvido com Kenneth. Droga, eu sabia disso. Eu tinha que saber. Eu o traí com meu professor! Eu tinha que saber que não o amava mais...mas achei que havia sido apenas minha sede por aventura, por novidade.

E não era nada disso.

Afastei-me da parede e resolvi abrir meu velho armário, mais para ter outra coisa para fazer e não ficar recordando o passado. Acabei achando o antigo casaco de futebol de James e o peguei. Tirei minhas botas e meus jeans grossos e coloquei calças de flanela e o casaco. Era grande o suficiente para eu precisar dobrar as mangas umas cinco vezes para poder usar as mãos. Peguei minha bolsa e me deitei na cama, embaixo das grossas cobertas. Procurei a garrafinha de água meio cheia que eu havia comprado no aeroporto e tomei um longo gole, para depois deixá-la vazia na minha mesa de cabeceira.

Só então percebi que não havia ligado meu celular desde que aterrissara. Tirei-o da bolsa e o liguei.

– O quê?... – murmurei, estupefata, ao perceber que havia umas quinze ligações de Asher e mais ou menos o mesmo número de mensagens de texto.

Consistiam numa variação criativa de “onde diabos está você?”

Qual era o problema daquele cara?

Não era da conta dele onde eu estava. Nada na minha vida interessava a Asher Lockwood e ele era a última pessoa para quem eu devia explicações.

E eu voltara para casa para fugir dele.

Só não imaginava que seria difícil deitar na minha cama e perceber, pela primeira vez em meses, que ele não estaria do outro lado da sala ou assistindo algum dos seus documentários estúpidos esparramado no sofá.

Eu não imaginava que seria difícil deixá-lo. E que eu sentiria sua falta.

E eu sentia.

Pensei em ligar ou responder suas mensagens, mas percebi que queria muito fazer isso. Queria ouvir sua voz, queria saber se ele estava preocupado comigo – o que era ridículo. Ele provavelmente só queria alguém para limpar a bagunça da festa. Então ignorei tudo e voltei a desligar o telefone.

E não imaginei que aquele pequeno gesto fosse, como tudo o que envolvia Asher ultimamente, tão difícil.


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Notas finais do capítulo

Me perdoem se tiver erros, eu quis postar o mais rápido possível, então avisem qualquer coisa,ok?
Obrigada por tudo, gente