Perfectly Wrong escrita por Juliiet, Nana


Capítulo 20
Bônus


Notas iniciais do capítulo

Bom, em primeiro lugar, não me matem. Esse não é um capítulo novo nem é o bônus do Asher. Na verdade, esse bônus aqui é um presente de aniversário (atrasado) pra uma leitora muito fofa que eu tenho, a Madu Oms. Mas hoje eu fiquei sabendo que também é aniversário de outra leitora, que acabou de mandar uma recomendação perfeita pra PW (é hoje mesmo seu aniv, pessoa? Ou foi no dia que você mandou a recomendação e só chegou agora?), a Duda Peixoto. Então, amplio esse presente pra você também!
Se passa meses antes do ponto em que a história tá, aproximadamente seis meses antes, e mostra como a Max conheceu o Asher. Não foi nada muito extraordinário, mas eu realmente gostei de escrever.
Espero que gostem e por favor, NÃO ESQUEÇAM DE LER AS NOTAS FINAIS. Eu vou explicar como conseguir colocar as mãos (olhos) no bônus do Asher antes de todo mundo MWAHAHAHAHA
Enjoy



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– Mitch e eu decidimos nos casar.

O prato de macarrão com queijo quase escorregou das minhas mãos. Consegui equilibrá-lo novamente e o coloquei na nossa pequena mesa para dois, onde Erin Price – minha melhor amiga e colega de quarto – já estava sentada, brincando com seu próprio prato de macarrão.

– O quê? – finalmente consegui perguntar, sentando-me à sua frente.

Erin suspirou.

– Nossa, parece que eu acabei de anunciar que alguém morreu – mais um suspiro. – Eu o amo, Max. E ele me ama – falou, largando o garfo ao lado do prato quase intocado. – E tudo o que ele sempre quis foi uma família. E eu posso dar uma família a ele. Eu posso ser a família dele.

Foi minha vez de suspirar. Não era como se eu não esperasse que aquilo acontecesse um dia. Erin namorava Mitch Reed há pouco menos de um ano, mas eram tão obviamente apaixonados e comprometidos um com o outro que o fato de ela querer casar com ele não era exatamente surpresa. Nunca havia pensado em Erin como uma garota que almejava casar ou algo assim, mas se ela realmente ia fazer isso, era claro que seria com Mitch. Ela passava mais tempo na casa dele do que no nosso pequeno apartamento. Fazia todo o sentido.

E Mitch era perfeito para ela. Não por ser ele mesmo perfeito – e ele era o típico garoto americano com seus cabelos loiros e olhos azuis – mas por ele ser o que minha amiga precisava. Forte, calmo, não facilmente intimidado. Erin podia ser ela mesma com ele. Ou seja, ela podia ser grossa, rude, mal humorada e insuportável com ele – o que era mais do que ela podia dizer dos seus muitos ex-namorados.

E ela estava certa. Eles se amavam. E Mitch crescera num orfanato, era compreensível que desejasse uma família. Era ainda mais compreensível que minha melhor amiga quisesse ser essa família.

Eu compreendia. Mas doía mesmo assim.

Era como se eu fosse perder a pessoa mais constante na minha vida. Eu odiava mudanças, eu não queria mudar.

Queria que tudo sempre fosse do mesmo jeito.

– Parabéns, Erin – sorri e apertei suas mãos sobre a mesa, porque era isso o que uma melhor amiga deveria fazer.

Eu estava realmente feliz por ela. Estava triste era por mim.

Egoísta.

– Você sabe que vai ser a madrinha, não sabe? – perguntou, sorrindo e apertando minhas mãos de volta. Assenti e ela continuou, um pouco mais séria dessa vez. – E não se preocupe, Mitch e eu vamos te ajudar a encontrar uma nova colega de quarto ou um lugar mais barato pra ficar, ok?

Voltei a assentir e ela se levantou para me abraçar. Eu me levantei também e a abracei de volta.

– Sabe – foi dizendo, ainda abraçada a mim – outras amigas teriam dado gritinhos histéricos e pulinhos de alegria.

Ri e soltei meus braços dela.

– Ainda posso gritar – ofereci.

– Nem se atreva – lançou-me um olhar maligno antes de voltar a se sentar para comer. – Eu estou com uma dor de cabeça horrível. E quero me casar, não ser presa por afogar minha melhor amiga num prato de macarrão.

Voltei a rir, um pouco mais verdadeiramente dessa vez. E me sentei para comer pensando que certas coisas não mudavam nunca. E a delicadeza de Erin Price era uma dessas coisas.

Isso me fez sentir melhor.

...

Uma semana depois, eu estava espremida numa saia preta e apertadíssima, com uma blusa azul de mangas compridas e meio transparente, e equilibrada em scarpins pretos com salto 15, do lado de fora de um dos bares mais populares do Upper East Side (o que obviamente queria dizer que ele estava lotado). Erin estava ao meu lado, deslumbrante em um vestido dourado com tiras nas costas, esperando o namorado – noivo – atender o celular.

– Eu já estou aqui – praticamente latiu, mas parou abruptamente e tirou o celular da orelha, olhando-o horrorizada. – Acho que ele desligou na minha cara. Esse idiota teve a coragem de desligar na minha cara?!

Ela já estava ficando indócil e eu não sabia o que fazer para impedi-la de arrancar a cabeça do Mitch, que desceu de um táxi naquele mesmo segundo.

– Relaxa, amor – ele foi logo dizendo, com um meio sorriso. – Eu já estava chegando e achei que você gostaria de gritar comigo pessoalmente.

Ela se virou furiosa para ele.

– Pode ter certeza de que eu vou gritar – ameaçou, apertando as mãos nos quadris. – Eu não acredito que eu me arrumei toda para você me trazer nessa...espelunca!

Não era uma espelunca, mas também não era um lugar para o vestido sexy da Erin. Eu parecia um pouco mais apropriada, já que estava escuro e ninguém notaria que meus sapatos eram Jimmy Choo e minha blusa, Gucci. Eu era simplesmente a melhor para farejar liquidações.

Enquanto os dois discutiam – e eu tentava não prestar atenção já que eles tinham o péssimo hábito de compartilhar informações demais nessas brigas –, percebi que outros dois caras estavam saindo do mesmo táxi do qual Mitch saíra.

Um deles eu conhecia vagamente. Eu não conseguia lembrar seu primeiro nome por nada, mas sabia que seu sobrenome era Fox. Lembrava porque achava meio engraçado, já que ele tinha uma cara de raposa. Enfim, Fox não era um cara bonito, apesar de ter uma cabeleira ruiva invejável. Mas eu lembrava de ter gostado dele por ser engraçado e inteligente. Era amigo de Mitch, do jornal. Eu o conhecera numa festa do departamento deles, em que Erin me obrigara a ir. Meu sorriso saiu naturalmente para ele, que correspondeu, corando um pouco. Seus olhos brilhavam, um tom bonito de azul.

Então, movi meus olhos para o outro cara, que estava pagando o taxista. Primeiro o vi de costas e a primeira coisa que pensei sobre ele era que ele era baixinho. Eu parecia bem mais alta que ele com meus saltos. Mas ele tinha um cabelo legal, meio comprido – alcançava sua nuca – e bagunçado, tão pretos que pareciam pintados. Até porque sua pele era incrivelmente pálida, de uma maneira que não combinava muito com aquela cor de cabelo. E então ele virou e eu pude ver que, apesar de baixinho e pálido, o cara era lindo. O seu rosto, pelo menos. Ele era um pouco magro demais para o meu padrão de beleza masculina, mas seu rosto parecia esculpido por um artesão inspirado.

Não era um rosto bonito de uma maneira delicada. Não, tudo naquele rosto parecia avisar que o cara era problema. Ele nem precisava de um sinal que dissesse “fique longe”, aqueles olhos acinzentados e frios eram aviso suficiente. Mas eram o tipo de aviso que muitas garotas adorariam ignorar. Suas sobrancelhas eram grossas, seus cílios, espessos. A barba dele parecia ter uns dois dias, do tipo que, se você passasse a mão, arranharia. E o sorriso em seus lábios finos era devastador.

Para minha sorte, eu nunca fui facilmente devastada por sorrisos de garotos maus. Porque ele lançou um com toda a força em minha direção e eu apenas arqueei uma sobrancelha, mas internamente pensava que o cara era realmente bom. Seu sorriso fazia você imaginar imediatamente coisas obscenas, coisas que certamente nenhum estranho deveria fazer você pensar.

O estranho com rosto bonito acenou com a cabeça para Fox e Mitch. Fox acenou de volta, mas Mitch ainda estava muito entretido em sua briga com Erin. Ele passou por mim, seu corpo magro vestido em jeans surradíssimos, camiseta preta, jaqueta e botas de couro. Ele se vestia como um adolescente rebelde, mas parecia ser mais velho do que eu. Passou perto o suficiente para eu sentir o ar se agitar entre nós, mas sem tocar seu ombro no meu braço. Percebi que devíamos ter mais ou menos a mesma altura, ou talvez eu fosse um pouquinho mais alta. Com meus saltos, seu ombro não alcançava o meu.

– Agora nós vamos ficar aqui! – Erin quase gritou e fez minha atenção voltar a ela.

– Mas você acabou de dizer que queria ir embora! – argumentou Mitch.

– Sim, e você precisa fazer tudo o que eu mando? Onde está sua fibra?

Fox olhou para Erin e depois para mim. Eu apenas dei de ombros, eu sabia que minha amiga era caso de hospício. Já estava acostumada. E pelo visto também Mitch, porque ele apenas riu e puxou Erin para seus braços, dizendo:

– Você é louca, mulher – e beijou-a.

Claro que minha amiga derreteu no mesmo momento, passando seus braços longos pelo pescoço de Mitch e se entregando ao beijo como se entregava a tudo o que fazia. Completamente.

Desviei os olhos da cena e encontrei com os de Fox, que voltou a me dar um olhar questionador. Voltei a dar de ombros. Se eu fosse tentar entender aqueles dois, minha vida passaria e eu ainda não estaria perto de concluir esse objetivo.

Fox se aproximou de mim e perguntou:

– Isso significa que podemos entrar?

Sorri e assenti.

– Provavelmente.

Mitch finalmente veio me cumprimentar com um beijo na testa – já disse o quanto ele era fofo? – e acabamos entrando. O lugar não era tão ruim assim, parecia até bem limpo para um bar. Mas era escuro e estava lotado. Uma música que eu não conhecia tocava em uma jukebox em algum canto. Havia outros amigos de Mitch esperando por nós em uma mesa grande no canto. Fomos direto para lá e recebidos com escandalosas exclamações de afeto. Bom, pelo menos Erin e Mitch. Não que tenham me ignorado ou tratado mal, longe disso, mas eles eram os noivos. E aquela reunião era para eles.

Claro que não era a festa de noivado. A Sra. Price tinha praticamente ido às nuvens quando soube da notícia do casamento e estava organizando a maior festa de noivado que Parsons já tinha visto. Ela nunca pensou que sua filha mais "livre" – a palavra entre aspas, porque o que ela teria usado era "promíscua" – decidiria se casar com um "garoto tão bom" – novamente, palavras dela, mas dessa vez eu precisava concordar. Voaríamos para o Kansas na semana que vem. Então essa era meio que a comemoração entre os amigos de Mitch de Nova York, que não poderiam ir.

Bem a cara dele escolher um bar. Não porque ele fosse do tipo que bebia muito ou algo assim, ele era apenas avoado demais para perceber que esse não era um lugar exatamente apropriado. Mas eu não tinha do que reclamar, já que Erin – depois da fúria inicial – parecia estar feliz. E todos os amigos de Mitch eram bem gentis e divertidos. Fox – acabei lembrando que seu primeiro nome era Adam – ficou sentado ao meu lado o tempo todo, conversando sobre como ele fora indicado para o cargo de Mitch, agora que ele se "aposentara" da correspondência internacional.

– Tenho certeza que vai ser divertido viajar o mundo inteiro – comentei com uma nota de inveja na voz.

Ele riu.

– Com certeza. Mas honestamente, não creio ser muito o tipo que vai apreciar viver correndo de um lugar para o outro como o Reed fazia. Sempre ouvi de minha família que seria o cara que casaria no início dos vinte anos e viveria uma vida tranquila.

– Então vai aceitar esse emprego para provar que eles estão errados? – perguntei, curiosa.

A música acabou e a que começou em seguida era bem mais barulhenta, fazendo Adam precisar erguer a voz para que eu pudesse ouvi-lo.

– Ah, tenho certeza de que eles estão certos! Sou mesmo muito caseiro e não acho que vá passar muito tempo nesse cargo. Mas mesmo as pessoas mais calmas precisam de aventura em suas vidas, não acha? Vai ser algo para contar aos meus netos.

Pisquei, surpresa com o quanto suas palavras pareciam fazer sentido para mim. O que não condizia muito com minha personalidade e minha visão sobre o mundo. Sempre fui uma pessoa calma e sem muitos desejos de aventura. Me formar na faculdade e morar longe de casa eram a maior aventura que eu poderia conceber. Eu não achava que precisava de mais, embora entendesse o que ele queria dizer.

Ficamos calados e eu comecei a observar melhor o ambiente. Tinha percebido que o estranho que havia saído do carro com Adam e Mitch não estava em nossa mesa e procurava-o pelo bar. Não o vi, então resolvi perguntar ao meu companheiro de conversa.

– Aquele homem que saiu do táxi com você e Mitch mais cedo – comecei, voltando a captar a atenção dele. – Quem é?

Adam pareceu pensar um pouco na pergunta, como se não se lembrasse e então pareceu perceber de quem eu falava.

– Ah, o Lockwood? Ele é um velho amigo meu – respondeu.

Escondi a surpresa. O calmo e agradável Adam Fox não parecia o tipo de cara que teria como amigo um sujeito que parecia uma versão mais velha de John Bender, de O Clube dos Cinco. Tudo bem, ele não era parecido fisicamente com o personagem, mas parecia ter a mesma aura rebelde.

– E como vocês se conheceram? – perguntei, casualmente.

– Na faculdade – respondeu simplesmente.

Assenti, imaginando se o tal do Lockwood também trabalhava no The New York Times. Ele não parecia com nenhum jornalista que eu conhecia. Mas então eu pensei que nem todos os jornalistas eram tão bem sucedidos como Mitch e até Adam. Talvez ele fosse o cara que escrevia os obituários.

Depois de algumas cervejas, resolvi ir ao banheiro. Erin quis me acompanhar, mas ela parecia bêbada demais para se equilibrar nos saltos, então Mitch achou melhor ela tomar um copo d'água antes de tentar se levantar. Então eu fui sozinha. Passei pela multidão sem muita dificuldade, já que estava acostumada. Erin sempre me arrastou para todos os clubes e boates que conseguia. Eu realmente adorava dançar, então não fazia uma resistência muito grande. Sem falar que, se eu não a acompanhasse, passaria a noite inteira preocupada com o que a doida poderia aprontar depois de beber algumas tequilas.

Cheguei ao banheiro, lotado, como o esperado. Enfiei-me na fila de mulheres, atrás de uma garota de jeans apertados e uma blusa que só faltava deixar seu busto avantajado de fora. Nem era tão vulgar como eu fazia parecer, era apenas a minha inveja falando. Eu tinha o suficiente para não ser uma tábua, mas nunca seria tão bem formada como aquela garota e meu tipo de corpo realmente pedia por um busto um pouco maior.

Depois de algum tempo, consegui entrar no banheiro. Infelizmente, saí no mesmo segundo. A limpeza do estabelecimento aparentemente não se estendia até ali e eu comecei a passar o álcool em gel que tinha na bolsa por minhas mãos com quase violência. Não tinha tocado em nada ali, mas o ar já parecia poluído de alguma forma. Eu realmente detestava banheiros públicos.

Quando estava voltando para a mesa, disposta a esperar para fazer xixi em casa, acabei tropeçando nos saltos e esbarrando em alguém. Quando finalmente recuperei o equilíbrio, percebi que o cara que eu quase tinha derrubado era o tal Lockwood. Ele precisou levantar o queixo um pouquinho para fitar meu rosto, e não parecia muito contente por isso. Seus olhos pareciam negros na escuridão do bar, mas eu sabia que eram cinzentos.

– Desculpe-me – pedi, imediatamente.

Ele parou de franzir o cenho e se esforçou para me dar um sorriso.

– Tudo bem – deu de ombros. – Você é Max, não é?

Essa era nova. Eu não sabia nem o primeiro nome do cara e ele já me chamava por meu apelido?

– Sim, como você sabe?

Ele teve a decência de parecer embaraçado.

– Já ouvi falar de você.

Não era realmente impossível. Sendo amigo de Adam, que era amigo de Mitch, que era noivo da minha melhor amiga, talvez meu nome tenha vindo à tona em algum momento. Improvável, mas podia ter acontecido.

– Então você tem uma vantagem – comentei, sorrindo. – Eu nem sei seu nome.

Ok, eu estava flertando. Não costumava fazer isso com frequência, afinal, eu tinha um namorado. James era o homem da minha vida e eu o amava muito, mas de vez em quando eu não podia resistir a sorrir para um cara bonito. Especialmente se era um que eu provavelmente não veria de novo.

– Asher – ele me respondeu, alargando o sorriso e me estendendo a mão pálida e de dedos finos. – Asher Lockwood.

Ele bem que podia ter dito Bond, James Bond. Soou charmoso e perigoso, exatamente como o espião. Apertei sua mão, quente e meio suada, e perguntei:

– E o que você ouviu falar de mim?

Ele pareceu pensar um pouco sobre o que dizer. Seus cílios faziam sombras em seus olhos, fazendo-os parecer ainda mais escuros. Depois de um tempo quase delegante, ele finalmente respondeu:

– Ouvi o Reed comentando que você precisa de um novo lugar para ficar.

Suspirei. Eu realmente não queria falar sobre aquilo. Os aluguéis em Manhattan eram simplesmente astronômicos, eu estava perdida se não conseguisse encontrar ninguém para morar comigo e realmente precisasse me mudar. James estava quase me convencendo a voltar para Parsons.Eu já estou quase terminando a faculdade mesmo, você vai voltar depois que eu me formar de qualquer jeito, não é?Era verdade, mas só a ideia de ficar esperando-o como uma boa mulherzinha e largar minha vida e meu ótimo emprego aqui, me fazia pensar menos de mim mesma.

– Ou de uma nova colega de quarto – acrescentei, desanimada.

Novamente, ele ficou calado por um momento, como se estivesse considerando alguma coisa. E enquanto isso, fitava meus olhos com uma fixação desconfortável. De repente, eu não queria mais conversar com ele. Por um momento, parecera um cara até decente, mas algo na maneira como ele me encarava não era nada decente. Era um olhar escuro, obsceno, quase sombrio.

Estava prestes a pedir licença e voltar à minha mesa, quando ele falou:

– Eu posso ajudar você com isso.

Arregalei os olhos, esquecendo tudo o que sentira sobre seu olhar em mim.

– Sério?! – soltei, um pouco alto demais. Mas não tinha problema, a música abafou um pouco o quase desespero em minha voz.

Ele sorriu e bagunçou os cabelos, fazendo-me reparar em como seus fios pareciam macios, deslizando tão facilmente por seus dedos. Meus cabelos eram mais lisos que os dele, mas embaraçavam tanto que meus dedos nunca deslizariam daquele jeito. Podia também ser o fato de que meu cabelo chegava na cintura, enquanto o dele nem tocava os ombros.

Ele então me explicou que morava sozinho num apartamento na Broome Street, a mesma rua em que Erin e eu vivíamos. O amigo que morava com ele fora embora para o Canadá, então havia um quarto vazio há meses.

– Espera aí, você está me chamando para morar com você? – perguntei, perplexa. – Nós nem nos conhecemos!

– Meu nome é Asher, o seu é Max. Contanto que você pague a sua parte do aluguel, isso basta para mim – comentou, com um dar de ombros surpreendentemente casual.

Pensei por um momento, chocada até por estar considerando a possibilidade, mas considerando-a mesmo assim. Erin estava apenas esperando que eu arrumasse outro lugar ou outra colega de quarto para se mudar para o apartamento de Mitch. E eu sabia que não encontraria nada do tipo tão cedo, e estava só atrasando a vida da minha melhor amiga. Sem falar que, para estar convidando uma total estranha para morar com ele, Asher Lockwood devia estar tendo problemas em pagar um aluguel sozinho, coisa que eu também teria se fosse morar sozinha. Podíamos ajudar um ao outro, certo? Ele era um cara, sim, mas isso não significava nada. Eu havia dividido o quarto com um cara no alojamento da faculdade, no meu último ano.

Felizmente, James nunca ficou sabendo disso.

E esse era, de fato, o maior problema. Não que não houvessem outros, como o fato de aquele cara ser um assassino em potencial. Eu teria que conversar bastante com Adam Fox e Mitch sobre ele, se fosse realmente considerar aquilo. Mas o verdadeiro problema era meu namorado. James era o cara mais ciumento do mundo, sempre fora. Ele nunca aceitaria que eu fosse morar com um cara...

Mas e se ele não ficasse sabendo? Eu sempre contava a ele tudo o que realmente importava. Inclusive coisas que, pensei, destruiriam nosso relacionamento. Não destruiu, mas James ainda era ciumento. Mas coisas pequenas, que não significavam nada, eu preferia guardar para mim, para não fazê-lo se preocupar. Como quando dividi o alojamento da faculdade com um garoto. Não estava fazendo nada errado, mas sabia que James não gostaria, então omiti para evitar problemas.

E se eu pudesse fazer o mesmo agora?

Não era como se eu fosse passar muito tempo aqui mesmo, já que James estava realmente em seu último ano da faculdade...

Mas eu podia realmente morar com aquele cara? O mesmo cara que eu tinha considerado perigoso apenas momentos antes? E eu lembrava o que era morar com um cara. Eles eram sujos e desarrumados. Eu realmente conseguiria?

Ok, eu estava julgando o cara pela aparência e isso não era legal. E daí que seus jeans fossem velhos e suas botas, sujas? Ele podia ser limpo e organizado dentro de casa.

É, e também podia guardar os corpos mutilados de suas antigas colegas de apartamento dentro do armário.

– E aí, interessada? – perguntou, quando viu que eu não responderia tão cedo.

Para não ter que responder ainda, perguntei quanto seria a minha parte do aluguel. E quando ele respondeu, eu realmente pensei que meus olhos fossem saltar das órbitas. Era quase metade do que eu pagava no apartamento com Erin e nós só tínhamos um quarto!

De repente, a voz de Adam voltou à minha cabeça.

Mas mesmo as pessoas mais calmas precisam de aventura em suas vidas, não acha?

Talvez ele tivesse razão. Talvez até as pessoas calmas precisassem de aventura. E, olhando para o sorriso safado do homem a minha frente, eu pensei que, se morar com ele não fosse uma aventura, nada mais seria.

Talvez Asher Lockwood fosse minha última aventura.

Esse pensamento me fez apressar minha decisão. Era louco, era ridículo e positivamente estúpido. Eu conhecia o cara há vinte minutos e estava num bar. Eu não sabia nada sobre ele, exceto que era amigo de um amigo do noivo da minha melhor amiga. Isso realmente não dizia muita coisa. Mas talvez eu estivesse realmente desesperada. Talvez eu quisesse uma aventura.

– Quando posso me mudar?


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Notas finais do capítulo

Criaturas que fazem meu dia mais feliz, eu já escrevi o próximo bônus narrado pelo Asher. Pras pessoas que eu tinha prometido o último, POR FAVOR, me mandem seus emails (no review mesmo), mesmo se você já tiver me mandado antes. Eu sou muito esquecida e distraída, vou acabar esquecendo de alguém se precisar ficar caçando nas MP's ou reviews de caps passados. E pra quem quer receber o bônus e eu não tinha prometido da vez passada, é simples. É só me mandar um review e, no final dele, colocar o seu email. Mas tem que ser um comentário de verdade, ok? Apesar de eu gostar dos "amei", "continua" (porque é melhor do que ser fantasma), eu quero, dessa vez, realmente saber a opinião de vocês sobre o andamento da história.
Outra coisa, uma triste dessa vez, meu celular foi roubado, então tá sendo mais difícil eu responder aos reviews, porque eu respondia por ele :((( já que meu pc tá quebrado e eu estou usando o da minha roommie.
Última coisa, pra quem perguntou, o livro que a Nana me deu foi FANGIRL.
GENTE, QUE LIVRO PERFEITO, QUERO SIMON E BAZ PRA MIM, BEIJOS.