Perfectly Wrong escrita por Juliiet, Nana


Capítulo 19
Vá embora. Fique.


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu não tenho muito tempo. Estou usando o computador da minha rommie (eu já contei pra vocês que estou morando com uma amiga? Pois é, eu consegui me mudar e agora moro num apartamento super fofo com essa doida...mas não se preocupem, ela não vai me matar durante o sono...eu acho) porque minha internet chegou ontem, mas meu computador morreu. E é isso D: chorem. Enfim, esse capítulo aqui tá pronto já faz alguns séculos, mas eu tive que viajar pra São Paulo e meu irmão teve que fazer uma cirurgia no coração e quando eu cheguei aqui no Rio não tinha internet ainda...enfim, estou postando só agora :(
Muito obrigada a hollyrune, MaryLu, Meri Chan, mafeverdeen e Teddie, pelas lindas recomendações



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Quando Erin entrou no salão, ao som de Here and Now, eu realmente pensei que fosse chorar. E eu nunca fui do tipo que chora em casamentos. E quando Erin escolhera aquela música, eu fui a primeira a dizer que era brega.

Não estava achando nada brega naquele momento.

Erin e Mitch decidiram não se casar na igreja, então a celebração seria ali mesmo no The Prince George Ballroom, que parecia um lugar de contos de fadas. A decoração era toda azul, branca e vermelha. Os arranjos de mesa me fizeram ofegar de tão lindos, com rosas vermelhas e pequenos caules “congelados”. O tema do casamento deles, se é que havia um tema, era a estação em que estávamos. Inverno.

Outra coisa que eu havia achado brega. E agora estava aprendendo que eu não sabia nada sobre casamentos, porque tudo o que eu achei que seria horrível, fez com que o momento se tornasse ainda mais lindo. Ou talvez fosse apenas por causa do sorriso e dos olhos cheios de lágrimas de Erin. Se eu tinha alguma dúvida de que ela seria feliz, de que estava fazendo a coisa certa, elas terminaram ali – quando minha melhor amiga atravessou o salão segurando o braço do seu pai, parecendo uma princesa.

E eu percebi que ela não via nada daquilo. Não via seu casamento de cem mil dólares, não via seus quinhentos convidados. Não via nem seu pai, que estava ao seu lado. Erin via apenas Mitch, que também estava muito elegante, esperando-a. Os olhos dele trancados nos dela, tão brilhantes, tão certos, que eu precisei desviar o olhar. Era um momento só deles e o mundo ao redor havia desaparecido. Todos os convidados podiam fugir que eles não notariam.

Então o amor é assim.

Balancei a cabeça quando o pensamento cruzou minha mente. Eu sabia o que era o amor. Eu amava.

Eu amava.

Erin esticou o braço e Mitch pegou delicadamente sua mão bem no momento da música em que dizia “here and now, I promise to love faithfully”. Seus olhos, os dela castanhos, os dele azuis, perdidos um no outro. Eu respirei fundo enquanto meus próprios olhos coçavam e sorri para os dois, embora duvidasse que eles fossem notar minha presença mesmo que eu tirasse a roupa.

E enquanto a cerimônia prosseguia e os dois trocavam os votos, meus olhos iam deles para a entrada sem parar. Ali, parada perto de tanto amor e compromisso, eu me sentia absurdamente sozinha. O sorriso pregado em meu rosto era triste e resignado e minhas mãos – que seguravam o buquê de rosas de Erin – tremiam um pouquinho.

Eu percebi que Asher não iria aparecer no momento em que Erin entrou no salão.

Sim, ele não estava lá. E nem me ligou ou atendeu minhas ligações.

Simplesmente me deixou lá, pateticamente esperando por ele.

Eu era realmente estúpida.

– Antes de você aparecer na minha vida – Mitch ia lendo seus votos, suas mãos tremendo mais que as minhas, hesitando em olhar para o papel amassado em sua mão apenas para não perder a visão de sua linda noiva – eu achava que era feliz. Eu tinha um trabalho que adorava, amigos que estavam sempre comigo, eu tinha uma vida boa. Mas agora eu vejo que eu era como um homem que viveu durante toda a vida embaixo da terra. Eu era feliz porque aquela era a única felicidade que eu conhecia.

“Mas quando você entrou correndo naquele restaurante, com seu cabelo balançando como um véu atrás de você, e me disse “sai da frente, otário” quando eu só fiquei parado na entrada, encarando-a, foi como se, de repente, um buraco fosse feito no pequeno mundo embaixo da terra. E, finalmente, eu pude ver o céu. E ele não era apenas lindo. Para um homem que viveu sempre embaixo da terra, o céu era algo que ele nem sabia que precisava. Mas que, quando finalmente pode vê-lo, nunca mais conseguiu desviar os olhos”.

“E Erin Louise Price, eu não consigo tirar os olhos de você. Porque você é o meu céu”.

Ok, eu definitivamente era do tipo que chorava em casamentos. Ou talvez fosse apenas aquele casamento, aquelas pessoas, aquele momento.

Era como se o mundo tivesse parado por um instante. E, naqueles segundos, vislumbrei uma felicidade com a qual eu tinha até medo de sonhar. Senti-me como uma alma condenada a quem permitiram ver o paraíso através de uma janela embaçada, antes de precisar voltar ao purgatório.

Ou isso ou eu realmente precisava considerar antidepressivos.

– Foi lindo, não foi? E tão romântico...você viu esses arranjos? Se papai não me der um casamento tão bom quanto esse, cabeças vão rolar.

Minha vontade era dizer “Zoey, seu pai pagou apenas metade desse casamento, Erin e Mitch pagaram o resto; você não tem nem um namorado, preocupe-se com suas provas de meio de semestre, por favor”. Mas a culpa não era da garota se eu era uma criatura depressiva e amarga. Zoey era ótima e eu gostava muito dela, só não estava no clima para bater papo e só não tinha ido embora ainda porque a noiva era minha melhor amiga.

– E você e James? – perguntou, arrumando o topo do seu vestido tomara-que-caia cor de rosa. – Já marcaram o casamento de vocês?

Risquei o pensamento anterior. Eu odiava aquela garota. Por que Erin foi me colocar na mesma mesa que ela?

– Não, não é algo certo ainda – consegui dizer com a voz quase agradável. – Nós nem estamos noivos.

Zoey era realmente muito animada – lembrei do adjetivo usado por James para descrevê-la – e quase parecia quicar na cadeira a cada palavra minha.

– Mesmo assim, você tem a maior sorte – foi dizendo enquanto eu tomava um gole de vinho e considerava a possibilidade de me afogar nele. – James deve ser o cara mais gato do país! Todas as garotas da faculdade ficam babando por ele, mas ele não dá a menor atenção para elas, porque só pensa em você. E ele é tão gentil! E inteligente! Ele prometeu me ajudar com algumas matérias e tudo...

Zoey não parava de falar e eu já estava começando a mudar meus planos. Em vez de me afogar em vinho, eu talvez quebrasse meu copo na cabeça dela. Só não tinha certeza se isso a faria calar a boca...

O resto do jantar foi ainda mais desagradável. O lugar do meu outro lado foi ocupado por Tara Cotton, uma antiga colega de escola. Ela era do mesmo ano que Erin e as duas se formaram juntas. E ela me detestava. Aparentemente, antes de Erin me conhecer, o posto de melhor amiga era dela.

Oh, ela era toda sorrisos para mim. Chamava-me de “querida”, dizia o quanto todos na cidade sentiam minha falta e que nós deveríamos nos encontrar quando eu voltasse para casa para o dia de Ação de Graças – porque é claro que eu iria para casa para o dia de Ação de Graças, certo?

Mas quem tinha mestrado em lidar com falsidade como eu, podia sentir o desprezo em cada palavra dela. Por trás de toda aquela máscara de afabilidade, eu sabia que Tara adoraria ver o garçom derramar vinho tinto no meu vestido.

E foi presa entre a pessoa mais falsa do mundo e a garota recém saída da adolescência com uma paixonite pelo meu namorado (James é tão legal! Ele me emprestou seu estetoscópio porque eu esqueci o meu no primeiro dia de aula. Você é tão sortuda por namorar um cara como ele...) que eu passei as duas horas seguintes, forçando sorrisos e preenchendo silêncios com palavras educadas. Não, eu não me afoguei em vinho nem quebrei meu copo na cabeça de ninguém, mas a tentação foi grande. Foi particularmente difícil me controlar quando, logo após a sobremesa, Tara parou de falar sobre as últimas fofocas de Parsons e perguntou:

– E como vai o nosso querido James? Percebi que ele não está aqui...

Isso não deixava de ser uma fofoca de Parsons, mesmo que eu não morasse mais lá. Até porque eu tinha certeza de que Tara não esperaria nem a festa acabar para espalhar para quem quisesse ouvir tudo o que conseguisse arrancar de mim.

– Ele está meio ocupado com as provas da faculdade – expliquei, meio contrariada.

– Hm...problemas no paraíso?

Não me dei ao trabalho de responder, apenas abri meu sorriso mais falso, joguei meu guardanapo na mesa e me levantei, dando a desculpa de ir ao banheiro.

Na verdade, eu iria era procurar Erin e Mitch, dar meus parabéns mais uma vez e me desculpar por ir embora cedo. Eu só sabia que não aguentaria ficar mais um segundo ali.

Mas quando eu os encontrei, Erin estava tirando fotos com a família e me puxou para aparecer nelas. Ela parecia tão feliz, tão completa, tão...iluminada. Então, quando ela se virou para mim – quase sem me ver; seus olhos estavam sempre procurando Mitch pelo salão –o que eu queria falar com ela, tudo o que eu consegui dizer foi:

– Você viu o JJ?

Ela me apontou a direção em que achava que ele estava e eu fui, pegando duas taças de champanhe de um garçom no caminho. Encontrei JJ encostado numa parede meio escondida perto do banheiro. Encostei-me na parede ao seu lado e nós dois soltamos um suspiro simultâneo.

– Qual o seu motivo para parecer miserável? – perguntei, oferecendo uma taça para ele e começando a bebericar a minha.

Ele bebeu um pouco e bagunçou os cabelos castanhos que estavam sem o gel habitual e caíam em seus olhos.

– A doida que pegou o buquê não parou de me lançar olhares maliciosos durante todo o jantar – falou, num tom de desgosto. – E eu tenho certeza de que ele acariciou minha perna por baixo da mesa pelo menos duas vezes. Quer dizer, ou foi ela ou foi a avó da Erin. Eu sinceramente prefiro acreditar que nossa amiga não tem uma avó de 85 anos tarada...

Eu ri, mas foi um riso curto. Morreu segundos depois de começar.

– E você? – perguntou, olhando-me pela primeira vez desde que eu me encostara ao seu lado. – Qual a sua desculpa para parecer como se alguém tivesse atropelado o seu gato?

O gato não é meu... eu pensei. Mas o que disse foi:

– Tara Cotton, uma antiga colega de escola, ficou me alfinetando o jantar inteiro. E a irmã mais nova da Erin não calava a boca um segundo. E as duas parece que combinaram para me lembrar do James – terminei com um suspiro.

Ficamos calados por alguns minutos, curtindo nosso momento miserável com champanhe. Minha mãe diria que não teria como alguém se sentir miserável com champanhe, mas ela não estava ali.

E eu percebi que sentia falta dela.

– Max, posso perguntar uma coisa? – JJ falou de repente.

Dei de ombros.

Ele apoiou sua taça vazia no aparador que havia ali do lado, onde havia mais um daqueles arranjos lindos dos quais Zoey não conseguia parar de falar.

– James é o seu namorado. E você o ama – falou.

– Isso não é uma pergunta – eu retruquei.

– Eu sei.

Eu sorri, mas eu sabia que não era um bom sorriso. Não chegou aos meus olhos.

– Não pergunte – pedi. Eu não queria saber a resposta. Eu não queria dizer a resposta. – Vamos dançar?

Ele deu de ombros e me ofereceu a mão. Larguei minha taça ao lado da dele e deixei-o me conduzir.

Cheguei em casa depois das quatro da manhã. O Sr. Price fez questão de me levar, porque, segundo ele, uma jovem como eu não deveria andar de táxi por Manhattan tão tarde. Eu estava cansada demais para discutir com ele, então apenas assenti.

Depois de me despedir e entrar no prédio, ignorei o elevador e resolvi subir as escadas até o sexto andar. Não tirei os saltos, a dor das tiras mutilando meus pés era uma boa distração. Cheguei rápido demais no meu andar e fiquei por alguns minutos segurando as chaves, antes de abrir a porta.

Em nenhum momento eu pensei que algo poderia ter acontecido com Asher. Nunca passou pela minha cabeça a possibilidade de que ele pudesse ter escorregado no banho, batido a cabeça e estivesse morrendo ou algo assim. Eu sabia que, se ele não havia aparecido, era simplesmente por não ter querido ir.

E eu estava certa.

Quando abri a porta, o lugar estava totalmente escuro. Tateei à procura do interruptor e acendi as luzes. Asher estava sentado no sofá, vestindo o smoking que havia alugado para ir ao casamento, com os botões abertos, a gravata jogada no chão, a cabeça para trás, apoiada no encosto. Em uma das mãos, havia um copo com um resto de uísque. Seus olhos estavam fechados.

Fechei a porta atrás de mim e tranquei-a. Coloquei minha bolsa no balcão. Tirei os sapatos e, por algum motivo, não os coloquei na minha sapateira. Larguei-os de qualquer jeito no chão da sala. Asher abriu os olhos e os direcionou imediatamente para mim. O cinza deles era o mais escuro que eu já havia visto, e a parte branca estava meio avermelhada. Seus cabelos eram uma confusão, como se ele – ou mais provavelmente, outra pessoa – tivesse passado as mãos pelos fios de maneira selvagem.

– Max... – sua voz era baixa, meio rouca.

Eu o olhava e tinha vontade de chorar.

– Por quê? – foi o que eu perguntei, odiando a vulnerabilidade na minha voz. – Eu te esperei.

O copo escorregou de sua mão e caiu no tapete, sujando-o de uísque. Eu nem me importei. Ele se levantou e deu um passo na minha direção. Eu dei um passo para trás e ele parou, estático.

– Eu não pude – respondeu simplesmente. – Apareceu uma coisa.

Eu ri, mas era um riso ainda mais amargo do que aquele com JJ no casamento. Morreu no momento em que saiu.

– Uma gostosa pra você conquistar? – perguntei com ironia, arqueando uma sobrancelha e cruzando os braços.

A mudança foi assombrosa e espontânea. De quase sonolento e passivo, Asher ficou furioso. Ele não mexeu um músculo, não se moveu um centímetro. Mas a mudança era clara em seus olhos.

– É isso que você pensa de mim, não é? – falou, o tom gelado e debochado. – Que eu vivo apenas para a próxima conquista e não me importo com nada. É isso, certo?

Eu dei um passo para frente, ainda mais furiosa por ele estar furioso. Afinal, ele não tinha direito nenhum de estar com raiva. Eu que havia ficado esperando-o por horas. Eu que havia tido esperanças de que ele apareceria para ficar ao meu lado. Eu que havia entrado sozinha no casamento da minha melhor amiga porque ele me prometera ir e não aparecera. E tudo o que eu recebia como resposta era um “apareceu uma coisa”? E agora ele ficava com raiva? Como se eu tivesse dito alguma mentira...

– Você nunca me mostrou outra coisa desde que eu vim morar aqui, Lockwood – respondi, afastando um fio que havia se soltado do meu coque com violência. – Você não se importa com ninguém além de si mesmo e daquele gato estúpido. Você não tem respeito por ninguém. Nem por si próprio. Você é a criatura mais promíscua do planeta – antes que eu percebesse, eu já havia me aproximado mais dois passos dele. Minha voz havia se elevado, então eu a transformei num sussurro antes de continuar. – Você acha que a vida é uma eterna orgia. Não tem um trabalho nem algo que o dignifique em nenhuma maneira. Você é patético. Eu tenho nojo de você.

Ele ficou calado por um longo momento, mas seus olhos nunca perderam a fúria que parecia consumi-los. Se um céu cinzento antes de uma nevasca pudesse queimar, ele estaria no olhar que agora era dirigido a mim.

Asher se aproximou ainda mais de mim e, dessa vez, eu não me movi. Seus passos, lentos e pesados, o haviam deixado a poucos centímetros de mim. De repente, eu me dei conta de que a barra do meu vestido quase tocava seus pés e eu podia quase contar os cílios que enfeitavam seus olhos.

– Se eu te incomodo tanto – murmurou, a voz baixa parecendo tentar contar toda a sua raiva. – Você pode ir embora.

Foi como um tapa na cara. Cada palavra me atingindo dolorosamente. Eu não tinha visto aquilo chegando e não sabia o que dizer.

Meu orgulho escolheu por mim:

– Talvez eu vá – retruquei, levantando o queixo em desafio.

E então eu descobri que realmente não devia ter feito isso.

Foi como se o muro de uma represa fosse derrubado pela força das águas e agora elas corriam livremente, inundando tudo ao redor. Asher foi até meu quarto em passos longos e rápidos, ligou a luz e entrou. Fui atrás dele e o vi abrindo meu guarda roupa e pegando tudo o que suas mãos grandes podiam segurar, apenas para jogar minhas roupas no chão. Eu nem me mexi, eu não podia fazer nada. Não é que eu não pudesse impedi-lo, embora eu realmente duvidasse que pudesse. Mas eu simplesmente estava chocada demais para me mover.

Aquilo continuou por alguns minutos e mais da metade das minhas coisas estavam espalhadas pelo chão antes que ele terminasse. O ar saía por sua boca em grandes lufadas, seu peito subia e descia rapidamente com a velocidade das suas respirações, seu cabelo estava mais desgrenhado que nunca.

Ele finalmente se virou para mim e disse:

– Se você quer tanto, vá embora.

Eu não disse nada, apenas continuei olhando-o quase assustada.

– Fora! – gritou.

Eu não sabia dizer se havia sido o grito ou o jeito como ele me olhava, mas meus olhos subitamente encheram de água. E eu continuei parada estupidamente na porta do quarto, com um vestido de dois mil dólares e um penteado desfeito, prestes a chorar.

– Você sabe que eu não tenho para onde ir – consegui murmurar e apenas uma lágrima riscou meu rosto.

Asher pareceu se acalmar rapidamente com minhas palavras. Seus olhos ficaram um pouquinho mais suaves, embora o aço derretido de suas íris ainda parecessem como uma tempestade prestes a cair sobre mim. Ele andou até mim lentamente, a camisa solta nos lados do seu corpo, seu tórax e abdômen nus sob meu olhar.

Ele chegou quase tão perto quanto antes, mas dessa vez levou as duas mãos até meus cabelos. Aturdida, o senti tirar cada grampo e desfazer minhas tranças, até que meus fios caíssem muito lisos até quase tocarem meus ombros.

– Você não tem para onde ir? – ele perguntou, a voz quase calma.

Fiz que não com a cabeça, mas bem de leve, para não fazer meus fios escaparem de seus dedos.

E afinal, para onde eu poderia ir? Para a casa da Erin e do Mitch? Eles haviam acabado de se casar, que tipo de pessoa eu seria se simplesmente invadisse? JJ morava num cubículo menor que meu quarto e eu não tinha outros amigos íntimos o suficiente para me abrigar. E onde eu encontraria um lugar para ficar às cinco da manhã?

– Então fique – ele sussurrou e eu senti que seus dedos apertavam meus cabelos com força. Ele não os puxara, apenas segurava bem apertado. Eu sabia que, se ele puxasse meus cabelos enquanto os apertava daquele jeito, teria grande chance de eles saírem da minha cabeça e acabarem entre seus dedos. Era quase uma demonstração de força. Era quase como Asher estivesse me mostrando o que poderia fazer, se quisesse.

Mas ele não queria. Logo em seguida, suas mãos eram suaves e quase carinhosas, as pontas dos dedos roçando levemente meu pescoço.

– Mas nunca mais fale assim comigo – foi dizendo, aproximando-se ainda mais, até que eu podia sentir o tecido de sua blusa aberta em meu braço. – Você não sabe nada sobre mim.

Eu assenti, ainda perplexa demais para entender o que estava acontecendo e com o que eu estava concordando. Asher estava próximo o bastante para me beijar e, do jeito como seus olhos continuavam perdendo o rumo dos meus para se fixarem em meus lábios, eu realmente achei que ele fosse fazer isso.

O sangue corria rápido e quente em minhas veias, e minha respiração era tão incerta quanto a dele. Era quase como se eu quisesse que ele me beijasse.

Mas ele não me beijou. Ele me soltou do mesmo jeito súbito com que me segurara e saiu do quarto. E do apartamento.


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Notas finais do capítulo

Gente, alguns já devem ter percebido que eu estou respondendo aos reviews, né? Aos pouquinhos, mas estou. Mas eu quero que vocês me ajudem, se tem alguém aqui que nunca recebeu uma resposta, me avise (pode ser no review desse capítulo) que eu vou tentar dar prioridade pra quem nunca teve um review respondido. É que eu tenho realmente pouco tempo :(
Ah, a Nana voltou! E ela me trouxe um livro PERFEITOOOO que eu já devorei :3
Beijos e até a próxima :**