Lipa... escrita por Duda, kiks


Capítulo 1
Prólogo! - Entre carnes e peixes!


Notas iniciais do capítulo

Bom. Espero que gostem.
Por isso não vou perder muito tempo nas notas.
Boa leitura!



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POV LIPA

Acordar com o despertador já é horrível, pois ficar ouvindo aquele barulho irritante saindo celular fora já me põe mal humorada. Mas acordar com Charlie, me gritando do outro lado da linha é mil vezes pior.

E ainda é mais ruim quando ela me acorda uma hora antes do normal de eu despertar, ainda por cima numa segunda feira, tendo em conta que domingo é dia sagrado de curtição. Mas enfim, tive que ter um pouco de paciência, não fosse ela um dos únicos seres que me atura todo o dia.

Quando me vi livre dessa melga chata, a quem eu chamo de melhor amiga corri pro banheiro. Fiz minha higiene pessoal matinal, me vesti, passei rapidamente pela cozinha pra pegar alguma coisa da mesa de café da manhã que Vilma ainda não tinha arrumado e depois saí, tendo em conta que se não acelerasse o passo chegaria no minino 5 minutos mais tarde nas aulas, não é que esse fosse problema pois aturar a professora de Matemática logo de manhã, não é uma grande forma de dar inicio á semana.

Botei os fones nos ouvidos e liguei o musica, pondo num volume médio. O Adam como sempre, acordando de mais um sono e se esticando que nem um lorde me acompanhou até ao final da rua, sempre a meu lado, exibindo seus olhos azulados dignos de um felino ( e preguiçoso), mas isso todo o gato era. Como eu detestaria ter vida de garo, passar meu dia na cesta ronronando e vendo as moscas passando na frente de meus olhos, que aborrecido, hein!

Olhei para a casa dos Fishman e afinal não era a única que me atrasaria. Iván também se estava despedindo de casa nesse mesmo instante, também com a companhia de sua gata. A mais feia gata de Miami e arredores, a mais rabugenta e a mais dona de seu nariz, sempre se queixo erguido se achando a rainha de toda a cidade, com certeza foi aprendendo com o dono, que era exatamente igual a ela.

Iván era o garoto mais convencido á face da Terra. Era uma pobre alma, nascida numa família rica, que o mimou o quanto pode. Eu até ficava enjoada em pensar que um dia eu e ele fomos melhores amigos, mas enfim, momentos pra nunca mais lembrar em minha vida.

_ Tá atrasada Thrussell! – ele me obrigou a parar naquele momento. Não que fosse necessário mas seu comentariozinho sórdido teria volta. Eu não era de me calar e quando o assunto era eu e ele, quem levava a melhor teria que ser sempre eu. Era sempre eu!

_ E você perdeu o relógio, mané?

Mal falei isso, dois grunhidos se ouviram vindo do chão e Adam e a bola de pelo branca rolaram rua fora, assanhando o dente um ao outro. Um carro se aproximou e em uníssono eu e Iván gritamos:

_ Adam!

_ Abigail! - pois esse era o nome da coisa peluda.

O carro passou e eu apenas fechei o olho pra não assistir á morte de meu gato. Abri o olho com cuidado e me surpreendi percebendo que apesar do carro ter passados a coisa peçonhenta de Iván ainda tinha suas garras assanhadas cravadas em Adam.

_ Mantenha essa bola gorda de pelo, longe de Adam! – falei quando finalmente separamos os dois gatos.

_ Mantenha esse mostrengo assombrado longe de Abigail. – Iván falou pegando na gata e cuspindo logo depois na cara de Adam – Coisa nojenta. Gato insuportável.

Levou a princesinha té dentro de casa e eu vi o estado físico de Adam.

_ Nossa, aquela gata assassina acabou com você meu pequeno! Coisa assanhada!

Quando cheguei na escola o dono da assombração da bola de pelo, também chegou no mesmo instante. E quando chegamos na sala ouvimos logo sermão.

_ Desculpe o atraso, não volta a acontecer. – falei entrando na sala e me dirigindo até minha mesa, perseguida por Iván que falou exatamente a mesma coisa e fez o mesmo que eu.

_ E eu posso saber a que se deve esse atraso? Por meu relógio já passaram vinte minutos. – acabei por me manter de pé e virar para a professora com cabelo espetado, como quem leva choque elétrico.

_ A gata dessa coisa aqui, atacou meu gato.

_ Ah, tá se achando. Aqui o felino é seu gato. Ele não sabe ao menos ter um pouco de cortesia com as gatas, é como a dona.

_ Não tenho que agradar a ninguém!

E o lance terminou com os dois sentados nas cadeiras da sala do diretor, ainda brigando sobre quem atacou quem!

_ Desculpa sua gata é que não tem escrúpulos.

_ Seu gato é um fedorento.

E o papo entre nós só terminou quando o diretor interrompeu.

_ Já terminou a briga ou ainda vão continuar brigando por gatos?

_ Acha mesmo? – falamos ao mesmo tempo. Ai como esse garoto me estava irritando mais uma frase igualzinha á minha e quem se tornava em gata assanhada era eu, transformando seu rosto que nem corpo de tigre, cheio de marcas de sangue!

_ Chega! Estão os dois de castigo! Cantina já! Não sabem se comportar como pessoas cívicas, eu ensino.

Não adiantou retorquir o que quer que mais fosse, se não as coisas atingiriam outro grau.

_ Tá contente? – Ele perguntou enquanto eu lavava prato e ele limpava.

_ Tudo isso é por sua culpa, seu idiota!

_ Aqui a única estupida é você! – chega. Tava na hora desse bonequinho de porcelana ver a Lipa zangada.

Enchi um recipiente qualquer que me apareceu na frente com água e a despejei na cabeça de Iván.

_ Ups, Virou! – me fiz de sínica, abrindo o maior sorriso de cachorrinho pedindo osso.

_ Bom quando terminarem isso, tem essas caixas pra levar pra área de congelados.

Ah, fala sério! E eu achando que os pratos era tudo o que a gente tinha que fazer.

Estava quase deixando cair no chão a caixa de sei lá que carne que eu carregava na mão. Era pesada, meu deus!

_ Vai andar ou precisa um empurrãozinho? - A coisa com cérebro de ervilha e que nesse momento tinha sei rico cabelo todo encharcado falou.

_ Cala a boca. Não tenho tanta força como você!

_ Nossa, admitindo ser inferior a minha pessoa, Thrussell. Estamos num bom caminho!

Ah, como eu pude dar parte fraca. Não tinha resposta por isso apenas deixei a caixa encontrar o chão e me virei pra trás encontrando um sorriso sarcástico e otário. Sorri de volta e dei um valente de um soco na caixa que Iván segurava, fazendo ela cair.

_ Parece que não tem assim tanta força, Fishman! Trate mas é de limpar toda a borrada, olha só pro chão? – a caixa que ele carregava acabou virando todos os peixes que carregava no piso e parecia que eu e ele estávamos separados por uma muralha de peixes grandes e gordos pretos e todos do mesmo género, e só de imaginar que eu os comeria depois, ãhn…

_ Onde você aprendeu a ser desse jeito? Foi com sua mãe? Ah, esqueci ela morreu, e por sua culpa! Porque tinha que nascer, hein! Poupava a morte dele e fazia um favor pra mim e pro mundo.

Ele agarrou a caixa que antes era eu que carregava e caminhou até ao congelador, me deixando sem palavras no corredor.

Mas quem esse menino pensa que é?

Entrei também no congelador e encostei ele numa estante das muitas que por lá haviam carregadas de carne , peixe, legumes e quanta coisa mais.

_ Você pode falar de quem você quiser. Me pode chamar os nomes que quiser, mas de minha mãe, nem uma palavra, entendeu? Nem uma! – Tinha meu braço pressionando seu peito e meu dedo indicador boiando na frente de seus olhos.

O larguei e me dirigi á saída. Não olhando mais pro rosto daquela coisa que cresceu comigo e que partilhou a mesma Babá! Levei a mão no puxador e… Que legal! Trancados.

Como eu pude esquecer que congeladores só abrem por fora? Forcei o trinco umas quanta vezes e nada. Estávamos definitivamente trancados no gelo. Não no Pólo Norte, Não no Pólo Sul, sim no Pólo da escola.

Depois de muitas tentativas falhadas socando a porta, acabei desistindo. Será que nessa prisão a que todos vivem chamando de escola não tem ninguém que nos ouça chamando e suplicando?

_ Então já desistiu de mandar a porta abaixo? – Iván permanecia encostado a uma caixa qualquer, não vendo qualquer problema.

_ Fishman, a gente está trancada num congelador, a menos de 15 graus negativos, no mínimo aguentaremos 4 horas aqui fechados e depois viramos iceberg! – ele me encarou expressando pela primeira vez um pouco de pânico.

_ Tem frio? – ele perguntou testando minha forma física.

_ Não! - eu estava morrendo de frio, mal sentia os braços, mas tinha que falar que estava ótima se não para alem de ter que segurar a onda numa geladeira, mil vezes maior que a que o pai tem na cozinha, teria que aturar uma melga, me enchendo o saco e se sujeitando a levar com uma perna de vaca, ou porco na focinheira.

Ele começou saltando, como o professor de educação física sempre nos obrigava e eu me ri.

_ O anta, se você continuar saltando vai perder mais rapidamente as calorias que tem armazenadas no corpo e ainda pra mais exige inalar muito ar e seus pulmões á temperatura que a gente tá em pouco menos de uns minutos viram uns flocos de gelo e você tomba mais rapidamente.

_ Selvagem! Olha só não é você que me vem dar umas classes de sobrevivência entendeu? – não me senti minimamente intimidada, esse foi o jeito que ele arranjou pra não ficar calado.

E as quatro horas estavam passando rápido demais. Quase não sentia meus ossos, não tinha força e meus lábios tremelicavam tanto que estava perdendo muito calor pela boca.

Estava sentada no chão encostada a um canto, tentando me mexer o menos possível enquanto via Iván com um moletom e com um casaco todo aconchegado e quente. O inverso de mim. Apenas tinha uma regata e um short minúsculo. Acho que ele percebeu meu olhar e com um tom gozador refez a pergunta.

_ Está com frio, Thrussell?

_ Não. E para com esse seu questionário permanente, seu triste – como eu estava mentindo.

Temia não aguentar muito mais tempo, mas tinha que ser forte e mostrar para aquele monte de ar, apenas com músculo que eu estava me segurando e aguentando entre carnes e peixes, futuros almoços da cantina. Só me massacrava era por ter que morrer compartilhando o mesmo espaço com Fishman, podia ser com todas as pessoas existentes nesse mundo ( tá bom com quase todas), mas agora com ele, isso só podia ser castigo! E num é que isso era mesmo castigo!

_ Ainda bem, pois eu não tenciono tirar meu casaco pra você vesti-lo. – como ele era ignorante e otário, será que não tinha noção que me dando ou não a droga do casaco morreria na mesma?

_ Porque não cala a boca, em vez de falar besteira? Você quando abre ela, ou entre mosca, ou sei merda! Ainda não entendeu?

E de novo tudo ficou silencioso. Sentia meus pulmões falharem, me dando vontade de tossir. Minhas mãos mal tinham força pra se mexerem, meus pés já não assentavam no chão, minha barriga estava dura, e meu cabelo quase congelado. Minha ponta do nariz estava ardendo e meus lábios, pareciam já não existir. Minha roupa estava completamente gelada.

_ E então? Já tá com frio?

Ignorei o comentário fútil dele e num ultimo esforço me levantei, com a intenção de dar mais umas quantas fortes pancadas na porta, pedindo por ajuda.

Pus um pé na frente do outro e acabei por cair sem forças na chão. Iván correu até mim, que já via tudo o que me rodeava bailando e colonizado.

Ele me levantou pelas costas e me deu uns quantos tapas no rosto, sacou seu casaco e o encaixou em mim. Me abraçou contra seu peito, tentando me aquecer, mas eu já não tinha força, meu corpo parecia mais que desligado de minha pessoa e a ultima coisa que lembro de ouvir foi:

_ Não adormece, Lipa! A gente vai sair dessa.…


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Notas finais do capítulo

O que acharam do primeiro capitulo?
Se leu, porque não deixa review com uma opinião? Não custa nada!
Beijão e até ao próximo trecho!