I Never Can Say Goodbye escrita por Juliane Bee


Capítulo 60
You have to get lost before you find yourself.


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas e meninos!!! Se tiver algum boy que leia I Never Can Say Goodbye, please, se manifeste hahaha
Gente, vou começar esse capitulo contando que estou me cagando. Domingo é meu vestibular, e vocês sabem que sou meio traumatizada desde que não passei na UFSM, e sei lá, to com medo. De não passar, de não ser boa o bastante, de não conseguir seguir em frente. Sabe, eu sou sim parecida com a Anna. Ela não consegue seguir com a vida por que está presa ao passado, e eu também sou assim. Parece que estou perdendo tempo - sei que sou nova ainda, mas queria estar lá, poxa! Faculdade é outra coisa, novas experiencias, novos amigos.. eu me sinto deslocada. É dificil falar sobre mim, por isso gosto de escrever sobre outras pessoas. Como vocês são minhas amigas mais fiéis, queria compartilhar isso com vocês. Eu to com medo.
Thah sua linda, eu amei o review em I Knew, e vou te responder logo, só preciso achar as palavras certas :)
Amanda minha colega de estado hahah Eu vi a mensagem, mas por conta da UEPG ainda não consegui responder. To c h o c a d a com essas curiosidades sobre voces duas hahah Nossa!
MUITO OBRIGADA PELOS REVIEWS NO CAPITULO PASSADO! EU AMEI FALAR COM VOCES, E VAMOS DIALOGAR NESSE CAPITULO TAMBÉM.
VAMOS GLORIFICAR A DEUS, PORQUE FINALMENTE A ANNA SE LIGOU PARA VIDA. SIM.
É REAL. A ANNA SE LIGOU!
~aleluiaaaa!!! Hahaha
Nesse capitulo teremos muitos diálogos, vou logo avisando, e Chloe - trouxe ela de volta por voce, Amanda, a história dela terá um rumo - será essencial para o futuro da fic. Eu queria ter uma irmã assim, viu?!
Espero sinceramente que gostem, e que deixem um comentário falando se está bom, não tá, me xingando kkk e pela primeira vez - acho - NÃO TEREMOS MÚSICA. SIM. TAMBÉM ESTOU SEM ACREDITAR ATÉ AGORA.
Vou parar de falar, sério.
Uma boa leitura!!!
Espero que gostem,
Bjss
PS: POR FAVOR, ME DESEJEM SORTE!



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– Você sabe que não é bem assim, eu vou te esperar aqui..

– Sempre. - o fitei. - Eu sei disso, sempre soube.

E eu também, pensei em falar, mas ainda não era hora.

Preciso resolver algumas coisas antes, e tomar de volta as rédias da minha vida.

As vezes são as escolhas erradas que nos levam para o caminho certo.

(...)

P.O.V Anna

– Você foi muito bem, Anna. - uma enfermeira que estava presente no quarto sorriu gentilmente - Sei que deve estar cansada, mas é só um exame de sangue. Logo você estará em casa, fique certa disso.

Assenti ainda deitada.

Fiquei encarando o teto creme por alguns minutos tentando não pensar na agulha que estava prestes a me furar. Minha mão direita continuava latejando, e a sensação de ardência não passava de jeito nenhum. Meus dois braços estavam picados, e manchas roxas ainda da outra vez não tinham cicatrizado.

– Talvez não doa tanto se eu não falar é só uma picadinha. - Ela voltou a sorrir. Pela aparência não tinha mais do que vinte e cinco anos, e por um minuto pensei que a conhecia de algum outro lugar. Escola, talvez? Claro. - Pronto, agora vou te deixar descansar em paz. - ela me fitou - Foi bom te ver de novo, Anna. Você está progredindo muito bem, parabéns. - colocou um algodão no lugar em que a agulha tinha me furado.

– Obrigada. - sorri sem graça.

O que eu deveria dizer?

Odeio essas situações.

Eu não lembro dela, e muito menos dos outros enfermeiros que me atenderam durante esses anos de coma. Ainda é muito estranho ter que fingir que os conheço, mesmo sabendo que não lembro de nada.

A enfermeira anotou algumas coisas na ficha, e então a colocou do lado da cama.

Ela me acompanhou por um bom tempo, não sei dizer quanto já que não vi relógio algum, mas pela minha fome creio que a manhã inteira, e parte da tarde. Fiz diversos exames, por isso jejuei. O último foi esse de sangue, então meu corpo precisava de comida.

Urgentemente.

– Daqui a pouco vamos trazer um lanche para você. Fique bem, Anna. - se despediu.

Notei seu brinco (vulgo piercing) na orelha quando ela virou o rosto, o que me fez lembrar de hoje cedo. Um dos médicos que me atendeu, pouco antes de realizar uma tomografia, perguntou sério:

– Você tem algum piercing, brinco, presilha, corrente, ou qualquer objeto metálico presente na cabeça, pescoço, ou boca?

– Não. - respondi confusa.

– É normal entre os jovens, mas pode interferir nesse exame. - assenti.

Eu não sou o que você pode chamar de jovem normal, pensei comigo.

Eu nunca tinha cogitado a possibilidade de colocar um piercing. Talvez tivesse colocado um durante a pré-adolescencia, não sei.

Nunca vou saber a resposta de muitas perguntas, sempre vou ficar no: e se...

Virei para um dos lados da cama descansando os olhos lentamente. Tinha medo de dormir e perceber que continuava sonhando, mesmo depois de ter uma prova de que isso é real. Eu senti calor, senti o toque DELE.

– Com licença.. - batidas na porta me fizeram remexer na cama - Posso desfrutar da sua excelentíssima companhia? - Chloe sorriu.

Assenti confirmando. Notei que carregava uma bandeja com comida em suas mãos.

– Roubei de uma das enfermeiras. - colocou-a na cama, me abraçando levemente. - Que belo susto a senhora nos deu, D. Anna.

– Você sabe que não quis fazer isso de proposito, Chloe. - ela soltou o ar.

– Me senti tão culpada, não percebi que voce estava passando mal ao telefone, eu só.. - a encarei intrigada.

– Telefone?

– Você não lembra, verdade. - balançou a cabeça.

– O que conversamos? Sei que passei mal sábado a noite depois do jogo de basquete. Pelo que me falaram eu desmaiei em um pub, e estava lá com Fred, Lauren, Lilá..

– Leo. - sorriu.

– Porque tenho a impressão de que falamos sobre ele ao telefone? - sua risada saiu cantada.

– Anna, eu vi voce nascer. Conheço seu jeito como ninguém, e sei quando está mentindo ou escondendo algo. - peguei uma das bolachas da bandeja tentando não fita-la - Você sabe sobre o que falamos, Anna! Olha para mim - suas bochechas estavam vermelhas, mas ela sempre está irritada, então era normal - Sou sua irmã mais velha, e comigo não tem esse papo de te poupar. Sei que tudo que voce passou foi difícil, mas isso ficou para trás. Não entendo essa sua necessidade de querer voltar no tempo - a olhei incrédula - Sim, estou sendo egoísta, mas é a verdade. - ela sentou na cama empurrando a bandeja para longe - Você não deve nada a ninguém, a não ser a voce mesma. Anna, você precisa se perder antes de se encontrar.

– Eu.. ahn.. - franzi o cenho. Ela tinha razão.

– Essa tem sido minha reação nos últimos meses. - sorriu - Não sei o que pretende, só sei que preciso te alertar. Você é minha irmã, e não quero que quebre a cara como eu. - fitou o chão - Olha quanto tempo eu perdi com o Ryan por falta de comunicação. Eu!? - disse chocada - Eu estudei comunicação, caramba.

– Como estão as coisas com ele? - estiquei minha mão para pegar uma bolacha, e também para fugir do assunto.

– É complicado, sabe. - Sim. Na verdade eu sei bem. - Toda minha vida está longe daqui, e não consigo mais conciliar meu trabalho a distancia. Minha chefe me deu esses meses de férias, mas não posso mais adiar minha volta. Eu amo o que faço, e posso dizer com propriedade que sou uma das melhores - sorriu modesta -, mas também amo Ryan. - seu olhar se iluminou - Eu gosto de ficar aqui com vocês, em família, mas sinto falta de ter um lugar só para mim. Realmente não sei o que fazer, não quero abandonar uma das duas coisas que mais amo na vida, meu trabalho, e vocês.

– Ryan - sorri.

– Ele está terminando a faculdade, e será um bom médico, mas não sei se conseguiria viver aqui sendo parcialmente feliz. - peguei em sua mão.

– E eu achando que minha vida amorosa era difícil.. - ela riu fraca.

– A sua é muito simples, apenas três letras. - ergueu uma sobrancelha - Leo.

– Nós não temos mais nada, sabe disso. - balancei a cabeça contrariada.

– Voces definitivamente TEM alguma coisa! - levantou da cama, observando o quarto - Ele ainda não foi pra casa, sabia disso?

– O que? Não, quer dizer.. - Leo não precisava fazer isso.

– Ele não saiu de perto de voce por um segundo, e quando papai e mamãe escolheram o outro acompanhante, é óbvio que seria ele. Eu e Charles concordamos na hora, Anna, ele te salvou. Se não fosse pelos primeiros socorros, talvez voce pudesse ter alguma sequela.

– Ninguém tinha me falado isso antes.. eu.. - minha cabeça começou a doer, era muita informação.

– Eu não queria falar demais, mas minha boca grande.. - se aproximou - tá tudo bem?

– Eu to um pouco cansada, só. - acabei de acordar de um coma, mas tá tranquilo. Continue depositando informações na minha cabeça, irmã.

– Não estou dizendo isso para que voce fique com uma divida eterna com ele, só acho que voce tinha que saber. O que ele fez foi gentil.. - continuei fitando o nada - Bom, vou te deixar dormir um pouco, mas só dormir. Okay? - assenti - Eu só queria que voce soubesse o quanto ele se sacrificou por voce. - pegou a bandeja colocando fora do meu alcance - E o seu namorado? Já veio te ver?

– Eu não sabia que o Leo tinha uma advogada de defesa. - Ela voltou a rir.

– Só faço o que acho justo, e toda informação é importante. Coisa de jornalista. - abriu a porta - Ate breve, irmã.

Tchau, sussurrei já virando para o lado.

Quando dei por mim já estava dormindo.

****

– Nossa, essas bolachas aqui são muito melhores do que aquela coisa que eles chamam de lanche da tarde. - abri os olhos devagar, tentando reconhecer a voz.

– Alissa? - mesmo minha visão estando embaçada consegui identifica-la.

– Olha só, a Bela Adormecida acordou. - sorriu já sentando na cama.

– Como voce está? - Me ajeitei melhor com os travesseiros.

– Eu é quem deveria perguntar isso, não acha? - riu divertida.

– Como chegou aqui?

– Estar morrendo tem suas vantagens.- deu de ombros.

– Sobre minha pergunta anterior, não precisa responder. Você tá ótima! - minha cabeça ainda doeu um pouquinho enquanto eu ria.

– É bom te ver assim, fiquei preocupada quando te vi naquela cama. - fitou o chão.

– Ei - peguei em sua mão - Vamos sair dessa, eu e você. - ela assentiu.

– Achei ela! - Nós duas viramos em direção a porta - Você tem que parar de fugir assim, Alissa.

– Ah, Leo. Sem sermão, ok? - Ela voltou a me encarar bufando.

Ele aproveitou a chance e entrou no quarto, rindo da situação.

Continuava com a mesma roupa que o vi horas atrás, ele não saiu do meu "lado".

– Todo mundo estava procurando por voce. - encarou a garota - Desde que nos vimos ontem voce não voltou para o quarto, por que? - ela balançou a cabeça.

– Ta tudo bem. - sorri para ela, que estava visivelmente nervosa.

– É por causa da sua saída, não é? - ela fitou Leo.

– Como assim? - o encarei pela primeira vez.

Seu olhar era gentil, e as palavras de Chloe voltaram a minha mente.

– Essa é minha última semana no hospital, sexta feira posso voltar para casa. - sorriu fraca.

– Isso é maravilhoso, Ali! - ainda não entendia o por que dela estar tão chateada com isso.

– Não tem porque voce ter medo. - ele afagou as costas dela - No começo vai ser difícil, mas sua família vai te ajudar na adaptação. É só ter paciência.

– É fácil falar quando se tem uma vida fora daqui. - ela revirou os olhos - Eu nunca vivi fora desse hospital, e não sei como é ficar curada. Sempre tive recaídas, mas dessa vez foi diferente. Eu to bem, e agora posso ir para casa. Mas.. eu não sei mais se aquela é minha casa. - soltei o ar.

– Eu te entendo perfeitamente. - afaguei a mão miúda dela - Quando acordei, foi como se tivesse dormido por algumas horas, e não anos. No começo foi difícil, mas me acostumei com meu quarto, minha casa.. é só voce procurar alguma coisa que te faça se sentir em casa. No meu caso eram minhas fotografias, elas me lembram memórias boas. - a garota em minha frente continuou olhando para o nada pensativa.

– Eu não tenho amigos fora daqui, não sei como vai ser.

– Voce tem a mim, aos garotos, os médicos bacanas que te atendem há anos..

– E a mim. - sorri - Sempre que precisar estarei aqui, e sim, eu te entendo. Vai ser muito complicado, e a vontade de desistir é grande, mas não o faça. Aproveite essa chance, quer dizer, olha tudo que voce vai poder fazer agora. - o rosto dela se iluminou.

– Qual é sua maior vontade, a primeira coisa que quer fazer ao sair daqui? - Leo disse.

– Ver o mar. - Uma coisa tão simples, preciosa.

– Então faremos isso, eu te levo para ver o mar na sexta. Fechado? - ele estendeu a mão.

– Anna, voce vem com a gente, né? - os dois me encararam.

– Eu não perderia por nada. - Sorri.

– Isso se a senhorita for liberada pela sua médica.

– Mais conhecida como sua mãe. - ele riu - Acho que ela vai me dar essa força, nem que eu tenho que fugir desse hospital.

– De fugitiva já basta a Alissa, não é? - ela fez uma careta.

– Obrigada, Anna. - me abraçou.

– Ta tudo bem, viu?! Você é forte, vai dar tudo certo. - nossos olhares se cruzaram, e notei um meio sorriso em seus lábios.

– O que? - sussurrei.

– Nada.. - balançou a cabeça.

Não consegui manter contato visual, então desviei o olhar.

Era forte demais.

Magnético demais.

E ele sabe disso.

Idiota.

– Acho que é a minha vez de visitar minha paciente. - Olivia abriu a porta do quarto encarando os dois - Entendo que vocês se preocupam com a Anna - olhou especificamente para o filho - mas ela precisa descansar. Alissa, por favor, não suma mais assim. Ok? - sorriu tentando não parecer tão dura.

– Ela não vai mais fazer isso, Dra.Valdez. - Leo sorriu - E pode deixar que estamos indo embora, não precisa expulsar a gente. Vamos, Ali. - a mãe revirou os olhos.

– Te vejo em breve, né? - assenti me despedindo dela.

– Pode ter certeza que não vai se livrar tão cedo de mim. - ela sorriu se afastando.

– Leo - assim que chamei seu nome ele virou rapidamente - Vá para casa, tá legal? Eu não quero que voce fique plantado nesse hospital por minha causa. Estou bem, não é, Olivia? - a encarei.

– É verdade, filho. - continuou segurando a porta - E voce está fedendo, me desculpe.

– Mãe?! - franziu o cenho saindo do quarto.

Ri sem graça encarando minhas mãos.

Ainda é surreal pensar que ele não saiu do meu lado durante essas longas horas de espera.

– É muito bom te ver assim, Anna. - ela se aproximou.

– Estou melhor mesmo, obrigada por tudo.

– Não falo sobre isso, - balançou a cabeça - é muito gratificante para uma mãe ver o filho feliz - sorriu - e nitidamente ele fica desse jeito quando está com voce.

– Eu também gosto de.. ahn.. ficar com ele, me sinto mais leve. - desviei o olhar.

Não queria ter essa conversa agora, muito menos com a minha ex - quem sabe futura - sogra.

– A recuperação é muito mais rápida quando estamos bem, e foi exatamente isso que aconteceu com voce. Creio que posso falar com voce sobre seu caso, não é nada do que eu já não tenha falado com seus pais, mas acha que está preparada?

– Pode falar. - falei desconfiada. Tinha alguma coisa errada.

– Bom, voce teve um progresso gigantesco nas últimas horas, mas o certo seria que nem tivesse desmaiado. O que passou, passou, porém precisamos continuar acompanhando seu caso. - assenti prestando atenção - Você teve um ataque de panico, Anna. E nós precisamos descobrir a causa do problema, para trabalharmos com a solução. - eu não sabia disso, muito menos o porque de ter sentido um - Recomendo que continue indo na psicóloga, e que descubra um hobby, uma terapia. - ela agora falava com as mãos - O que voce gosta de fazer?

– Ahn.. - tentei voltar no tempo e pensar no que eu era boa.

Nada.

– Eu gostei muito de visitar as crianças aquele dia, será que posso considerar isso uma terapia? - unica coisa que fiz nos últimos tempos com prazer, e que no final do dia me fez dormir com a cabeça limpa - Eu esqueci completamente dos meus problemas, só queria ajuda-los. - fiquei em silencio - É isso.

– Que lindo, Anna. - soltou o ar - Foi meu filho quem te trouxe, não foi?

– Sim, Olivia. Seu filho já fez tanto por mim, eu não sei nem como agradece-lo o suficiente, ou voce. - a fitei.

– Continue fazendo ele sorrir, estaremos quites para sempre. - seu olhar se iluminou.

Na teoria parecia tão fácil, mas na prática não é bem assim.

Eu mais o magoei do que o fiz sorrir, não é justo.

****

Depois de passar rapidamente por todos os canais da televisão, encarar a noite escura pela janela, e contar quantas vezes o aparelho conectado a mim apitava por minuto, eu estava entediada.

Se eu pelo menos tivesse um livro da escola para adiantar o conteúdo. Na verdade ele seria muito útil, já que ano que vem vou estuda-lo novamente, porque não começar agora?

– Anna? - Um frestinha da porta foi aberta.

– Entra.. - falei ainda desconfiada, não tinha identificado a voz - Will.

Sorri ao ve-lo. Não tinha sentido saudades dele até o momento em que o vi. Memórias de um sonho voltaram em flashes, e lembrei que esperava que fosse Leo me abraçando, e não ele.

– Ouch.. - levei as mãos a cabeça. Poderia muito bem usar a desculpa de que estava me sentido cansada, mas não é a verdade. Parte de mim se sente culpada por ter sonhado com outra cara que não é meu namorado.

Mas não era outro cara.

Estamos falando do Leo.

– Ei, tá tudo bem? - suas mãos frias tocaram meu braço. Elas sempre foram desse jeito?

– Sim, é só.. deixa pra lá. - fitei seus olhos azuis. Olheiras contrastavam com seu rosto branco, e parecia que ele tinha sido internado, e não eu.

– Desculpe ter demorado para te ver, é que eu.. - ficou em silencio por alguns instantes - Seus pais escolheram o Leo para ser o outro acompanhante, e não tive outra escolha se não esperar o horario de visitas. - sorriu fraco - mesmo sabendo que não sou uma visita, e sim seu namorado. - beijou minha testa.

Me senti uma idiota comparando a diferença entre as reações do meu corpo quando ele me toca, e quando Leo o faz. Por que eu estava fazendo isso?

– Anna? - parecia confuso.

– Eu ainda estou meio drogue pelos remédios, desculpa. - menti descaradamente.

– Tudo bem - deu de ombros.

Will continuou parado ao meu lado na cama como se quisesse falar alguma coisa, mas não o fez. Ele parecia estar desconfortável com a situação, o que me deixou do mesmo jeito. Por que não tínhamos assunto? Sobre o que mesmo nós conversamos quando estamos juntos?

Sobre o passado.

Nunca falamos sobre o agora, e muito menos sobre o futuro. É como se tentássemos resgatar alguma coisa que ficou lá atrás, mas não é possível.

Chloe tem razão, o que eu estou fazendo com a minha vida?

– Will, voce ficou direto no hospital? - me encarou surpreso com a pergunta - É só uma curiosidade mesmo, ninguém me disse quem esteve aqui. - ri fraca tentando disfarçar a seriedade daquela pergunta. Pelo menos para mim.

– Não, eu acabei indo.. - não ouvi mais nada.

"Ele não saiu de perto de voce por um segundo, e quando papai e mamãe escolheram o outro acompanhante, é óbvio que seria ele."

"Se não fosse pelos primeiros socorros, talvez voce pudesse ter alguma sequela."

Eu cometi um erro terrível.

– Will, - o interrompi - Será que voce pode me deixar um pouco sozinha? - ele franziu o cenho - Eu estou com uma dor de cabeça forte.. - não estava mentindo dessa vez.

– Claro, tudo certo. - voltou a acariciar meu rosto - Fique bem, Anna. - sorriu fraco.

Assim que ele se dirigiu a porta, escutamos tres batidas de leve. Ele me encarou, e confirmei que abrisse.

– Lilá - os dois se encararam, ninguém disse nada - e voce quem é? - Will falou sério, encarando o garoto que estava ao lado dela.

*****

"Eu não sei como vim parar aqui.

Como eu acabei desse jeito? Pensei que todos nós tivéssemos direito a um tribunal na hora do juízo final, mas estava enganada. Agora sei disso. Por que eu tenho que viver assim, presa nessa situação? Porque justo ele? Achei estupidamente que quando me mudasse todos os meus problemas ficariam, mas não. Eles continuam me assombrando, e dessa vez de uma maneira muito pior. Eu preciso de ajuda, e ele não pode me deixar. Se ele me esquecer, eu deixo de existir.

Eu preciso literalmente dele para viver."

HAUNTED


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram??
Não esqueçam de dar o joinha que me ajuda pra caralho! (Não, não sou o Luba haha mas seu comentário me ajuda muito a crescer como escritora :)
Uma ótima semana,
Até breve,
Besitos,
Ju.