–Jill, dorme aqui?

–Tá bom - Ela se jogou na minha cama - Boa noite, Lilá. Pensa bem no que eu te disse, ok?

–Boa noite, Jill. E pode deixar, pode deixar...

(...)

P.O.V Elizabeth

Acordei cedo, não consegui dormir direito. Estava pensativa demais, e isso não era bom.

Notei um bilhete na geladeira.

"Sra. Robb ligou, eles vão dar uma festinha de recepção para Anna. Se você acha que deve ir, vá.

Fique bem, maninha.

Te amo, Jill."

Que legal, pra começar bem o dia. Olhei meu celular, nenhuma mensagem. Will está em uma competição de natação, e quem mais me mandaria uma mensagem? Minha melhor amiga que me odeia porque eu namoro o amor da vida dela?

Acho que não.

Passei uma mensagem para Will. Ele ficou de me encontrar lá, mas sua mãe já havia comentado sobre isso. É, parece que todos os vizinhos vão estar lá.

Subi para escolher uma roupa. Coloquei uma blusa rosa bebe, e uma saia de cintura alta degrade que combinava com meus saltos. Não podia me destacar demais, hoje o dia era dela.

Olhei para o relógio na penteadeira, e percebi que estava atrasada.

Perfeito.

Sai correndo de casa, e logo cheguei. É, somos todos vizinhos. Eu moro a três quadras de Anna, e a cinco de Will.

Notei muitos carros estacionados do lado de fora, provavelmente a casa estaria cheia. Entrei, e tive a prova. Tinha muita gente, e para um claustrofóbico aquele era seu pior pesadelo.

Fiquei estática, fazia um bom tempo que não entrava ali. As fotos da família Robb na parede, o sofá vermelho, tudo continuava igual. As pessoas também eram as mesmas, nossos vizinhos, e meus colegas. Até alguns professores estavam ali.

–Que bom que você veio, Lilá. - Chloe me cumprimentou.

–Eu não poderia deixar de vir. - Respondi sincera.

–Ela chegou, o carro está estacionado. - Falou mais alto avisando os outros.

Todos ficaram em silencio, apenas o barulho das chaves na maçaneta.

–Surpresa! -Todos gritaram quando Anna abriu a porta.

Ela ficou meio assustada, mas continuava muito bonita.

Notei que todos foram cumprimenta-la, eu até queria ir, mas me senti uma intrusa. Resolvi ir até a mesa das bebidas - não, sem alcool.

Optei por um chá.

Sentei em um banquinho perto do sofá, e senti meu bolso vibrar. Se estivesse com toque não escutaria nada, devido ao tamanho barulho.

"Estou chegando!

Te encontro daqui a pouco.

Beijos,

Seu namorado lindo e gostoso.

–Will"

Então ele estava chegando. Como seria a reação de Anna? O que eu falaria com ela? Que assuntos? Fiquei brincando com a colher dentro da xícara que nem vi Leo se aproximar.

–Elizabeth Grant em silencio? - Divertido como sempre.

–Oi, Leo - O abracei.

Anna e Will nunca gostaram dele, mas eu não, sempre o achei divertido e original. Ele sempre foi legal com todo mundo, mas desde que o conheço, tem uma rixa com Will. Não sei porque, os dois até que seriam bons amigos.

–Aconteceu alguma coisa, Lilá? - fitei o chão.

–É que, não sei. Faz tanto tempo que eu não venho aqui. Não é a mesma coisa de antes, e ao mesmo tempo..

–Parece que ela nunca foi embora. - Falamos juntos.

–É. - era tão natural falar com ele.

–Ela tá lá em cima, caso você queira subir, sabe.

–Eu vou lá, daqui a pouco, mas vou. - o encarei, ele definitivamente é uma pessoa legal - Obrigada, Capitão. Qual é o time? WildCats! Qual é o time? WildCats! - Eu ri, mas ele só revirou os olhos.

–Lilá, não sou o Troy Bolton, e isso não é High School Musical. Cantar é coisa do seu "namoradinho". Aliás, cade ele?

–Não sei, ele já deve ter chegado. Vou procurar por ele antes que voce faça mais comentários sobre ele. - me levantei - Tchau, Leo.

Andei pela casa e nada, fui até a cozinha, banheiro, varanda. Perguntei para alguns colegas, e eles falaram que viram ele subindo. Ah, deve ter ido usar o banheiro lá de cima.

Subi as escadas, e vi a porta do quarto de Anna entreaberta. Escutei risos, e me aproximei.

Will estava lá - sentado na cama -, e os pareciam melhores amigos como antes, ou até mais.

Eles formavam um belo casal.

O jeito que eles se olhavam, é uma coisa que não tem como explicar. Aquilo me embrulhou o estomago, a vontade de vomitar era gigante.

–É, parece que você achou ele. - Leo falou atrás de mim.

Não conseguia mais ficar ali, era demais para mim.

Sai correndo.

–Lilá! Espera! - Escutei Leo me chamando.

Não era ele que eu queria que me chamasse.

Passei rápido pelas pessoas, e sai porta afora. Eu estava correndo como uma louca, mas os problemas pareciam não desaparecer. Parei só quando cheguei na minha casa, me deitei na grama e fiz o que queria fazer a muito tempo.

Chorar.

–Hey, Lilá. Tá tudo bem? - Ele estava ali?

–Você veio atrás de mim?

–Sim, eu vi como você ficou quando viu os dois. - ele sentou ao meu lado na grama.

–Eu sei que não era para tanto, mas você não tem noção do que eu senti quando vi os dois juntos daquele jeito. Você não vai entender..

–Eu entendo sim, entendo muito bem - o fitei. Do que ele estava falando? - Eu amo a Anna, sempre amei, e sempre vou amar.

– O que? - Acho que falei alto demais, e minha reação provocou um sorriso em seu rosto.

–Sim, desde pequeno. Antes dela conhecer o Will, até mesmo voce, nós eramos melhores amigos.

–Eu não sabia, ela nunca me disse nada. Eu pensei que ela te odiasse, e que você odiasse ela. - fiquei confusa.

–Não, eu nunca, nem por um segundo, conseguiria odiá-la. Você não tem noção do quanto eu gosto dela. - ele sorriu.

–Você nunca disse nada. Por que?

–Como se fosse possível falar alguma coisa quando se tem o "Sr.perfeito" perto.

–Eu sei que a Anna gosta dele, e me doi por dentro, doi muito, mas eu sei que ele também sente algo por ela. - limpei meu rosto - Eu amo tanto o Will, Leo.

–E eu amo a Anna. Mas parece que nenhum de nós dois pode ter o que quer, não é? - Nós rimos.

–É mesmo. Sabe aquela frase "Quem ama liberta" ? - Ele assentiu - É, estou pensando seriamente nisso. Mesmo que não seja o que eu quero, eu quero o melhor pra ele. O melhor para nós.

–Faça isso! - ele riu sarcástico - E termine como eu, sozinho no final - Ela me abraçou.

–Pobrezinho, até parece que não está rodeado de garotas.

Todo mundo sabe que as garotas da escola, das veteranas as calouras, arrastam uma asa para ele. Leo é muito bonito, não tem como negar, mas nunca disse nada para Will, claro.

–Mas elas não são a Anna. - sorri, que coisa linda de se ouvir, e que inveja ao mesmo tempo.

–Sabe, Leo, você sempre foi legal comigo e tudo mais. Se fosse em outra ocasião, você seria o cara perfeito. - Ele fez uma careta de surpreso.

–Obrigado, digo o mesmo Lilá.

–Pena que você não é perfeito para mim. - Me levantei tirando a grama da roupa.

–Ah, para. As garotas me amam! Como não amar esses músculos aqui? - Ele levantou fazendo pose.

–Já te falei que tenho medo de caras fortes?

–Logo se vê, olha quem você namora.

–Não assim! - Dei um tapa de leve em seu ombro.

–Ah, não. Você não me bateu! Agora você vai sofrer a fúria do cara bombado aqui. - Ele começou a fazer cócegas em mim, e não suporto cócegas.

–Obrigada, Leo. - o encarei de verdade - Você tem uma amiga aqui, saiba disso.

–Digo o mesmo, Lilá. - ele sorriu.

E que belo sorriso.

–Pelo menos podemos sofrer juntos, não é?

Nós eramos iguais, ambos não correspondidos.

Leo ficou ali, do meu lado, sem falar nada.

E era isso que eu precisava ouvir.

O silencio.

Infelizmente ele foi quebrado pela chegada de Will.

–O que você tá fazendo aqui? - Ele gritou já se dirigindo a Leo.

–Eu acompanhei sua namorada até em casa, já que você estava ocupado demais para isso - Leo respondeu o fuzilando com os olhos.

–O que você disse? - Ele o puxou pela blusa.

–Ei, ei, ei! - Eu intervi - Parem com isso! - encarei Leo - Leo, nós conversamos outro dia de novo, muito obrigada. - O abracei de leve, sentindo o olhar de Will sobre mim - Por tudo.

Ele assentiu contrariado, mas saiu andando de lá.

–Elizabeth, por que diabos esse cara tava aqui? - Will perguntou indignado.

–Nós estávamos conversando, ele me acompanhou até em casa.

–Porque você não me esperou? - ele franziu o cenho.

–Eu achei que você talvez pudesse estar ocupado - O encarei.

–Não.. era só você ter me esperado.

–Will, eu vi que você estava com a Anna. - Ele fitou o chão.

Nem ele sabia o que sentia por ela, mas de uma coisa eu sabia, era forte o suficiente para desestabilizar nossa relação.

–Lilá, sobre isso.. - balançou a cabeça.

–Não, tudo bem. - sorri fraca - Nós conversamos sobre isso amanhã.

–Lilá, não pense nada, não aconteceu nada.

–Eu sei, eu sei. - Falei me aproximando e dando um beijo em sua bochecha - Tchau, Will.

Entrei em minha casa, e fechei a porta.

De nada adiantaria discutir a relação no meio da rua. Eles não tinham culpa, nem ele, nem Anna. O destinho pregou uma peça neles, que infelizmente não puderam viver essa história. É como se eu fosse a atriz substituta que tanto ensaiou para a peça de teatro, só que na estréia a atriz principal fosse atuar.

Eu roubei o lugar dela, eu estou namorando com o amor da vida dela. Eu que sou um empecilho para eles viverem essa historia. Mas isso não vai continuar assim, eles ganharam uma segunda chace.

Mas e quanto ao amor?

Da minha parte ele vai durar até o meu ultimo suspiro.

What about love?

What about us 'til the end?

What about love?

You cut my wings, now I am falling..

What about love?