KENDALL ON:

 Eu ainda não estava acreditando. Minha irmãzinha, finamente acordou. Ah, esperava tanto por esse momento. E eu fui o primeiro que ela viu, isso me recompensou por não tê-la visto mexer a mão. Ela estava tão confusa, sabia que isso seria difícil. Mas estávamos aqui com ela, tudo daria certo.

O doutor nos mandou sair do quarto, a Kim precisava descansar, ela tinha recebido muitas noticias de uma vez. O Dr.Fields foi o primeiro a sair do quarto, disse que tinha que olhar outro paciente. Meus pais se despediram dela, e saíram também. Quando eu estava na porta, ela me chamou:

- Kendall – olhei em sua direção, abri um sorriso.

- Fala maninha.

- Cadê o James? Ele está aí fora? – E agora, o que eu iria dizer a ela? Eu não podia simplesmente dizer “Kim, o James não ta nem aí pra você. Ele vem no máximo 3 vezes no mês aqui, e tem até outra namorada”. Não, eu não podia fazer isso com ela.... não era eu que tinha que contar isso a ela.

- Não, ele não está – fiz uma pausa – Não disse ainda para ele que você acordou.

- Então tá esperando o que? – ela disse colocando as mãos na cintura, como se estivesse mandando em mim – Liga para ele, já! Eu quero ver o meu namorado! – Assenti e sai do quarto, eu teria que ligar para ele. Ah, se o James não viesse aqui eu matava ele.

 Procurei o número dele no meu celular, e liguei.. o telefone tocou tocou, só que me faltava ele não atender...

~Ligação On~

- Alooooo? – disse uma voz no outro lado da linha

- É o Kendall. - disse sério

-Ah, e aí cara? – disse ele com uma voz nada animada. As últimas vezes que ele veio aqui, nós brigamos. Ele só sabia me dizer que ela poderia nunca mais acordar. E que ele tinha feito bem de seguir a vida dele, e blá, blá, blá...

- Eu nem deveria estar de ligando, porque você não merece saber disso. Mas.. eu tenho noticias sobre a Kim.

- Ahh, é? – perguntou ele meio confuso – O que foi? Ela se mexeu, ou alguma coisa do tipo?

- Melhor... ela acordou – ouve um silêncio do outro lado da linha, por um minuto achei que ele tinha desligado – James? Ta aí?

- Hã? To sim... é que você me pegou de surpresa. Espera, você ta falando sério, ou isso é uma pegadinha?

-Claro que é sério! Você acha que eu ia brincar sobre isso?  - respondi bravo

-Tá desculpa... – disse ele, talvez ele tivesse mesmo se arrependido de ter dito isso.

- Olha, eu só te liguei mesmo, por que a Kim quer te ver.

- Ela quer me ver? Sério? Ah, então ela não perdeu a memória e ainda por cima me perdoou...

- Eu não sei o que você fez para ela aquele dia. Mas te garanto que ela não lembra disso. Ela estava toda feliz querendo te ver. E ela não lembra da noite do acidente

-Ahh – disse ele então – Então, eu tô indo aí? Ok?

- Ok... – falei por fim – mas vem sozinho tá? – ele sabia de quem eu tava falando.

- É claro, pode deixar. Tchau

- Tchau – desliguei o telefone

~Ligação Off~

 Fui até o bebedouro, e tomei um pouco de água.. olhei para o relógio, ia dar 10 horas. Fiquei ali por um tempo, até que o James finalmente apareceu. Ele me encarou, mas logo abriu um sorriso.

- Posso vê-la? – ele perguntou quando chegou perto onde eu estava.

- Pode – respondi, dando de ombros... eu fui andando pelo corredor e ele veio atrás de mim. Paramos bem na frente da porta dela, olhei para ele mais uma vez. O James aparecia muito nervoso, e com razão, só queria ver qual seria a desculpa que ele ia arrumar. Dei uma batidinha na porta, e entrei. Quando ela me viu, abriu um sorriso.

- Oi maninho!

- Oi! – respondi sorrindo de volta – Tem alguém aqui que quer te ver – ela tentou levantar um pouco a cabeça, para ver quem era, e quando o James apareceu ela deu um sorriso maravilhoso, e seus olhos brilharam.

- James, meu amor! Que saudades de você – Ele respirou fundo e entrou no quarto, e então eu sai. Era melhor eles terem essas conversa a sós.

JAMES ON:

Eu estava muito nervoso. E se ela lembrasse da nossa briga, mas fingisse que não apenas para me testar? Calma James, vai ficar tudo bem. Olhei para o meu dedo, para me certificar que tinha realmente tirado o anel da mão, e ele não estava lá. Uffa!

- Chegar mais perto... nossa você ta tão diferente – Ela ficou me olhando, como se nunca tivesse me visto antes.

- Como você está? – disse me sentando na beirada da sua cama, e dando lhe um beijo no rosto.

- Melhor agora que você está aqui comigo. – ela fez uma pausa – Ahh, eu nem acredito que fiquei quase 2 anos aqui. Como você ficou sem mim? Sentiu muitas saudades? – E agora? O que eu ia dizer? Respirei fundo, e tive que mentir.

-  Estava morrendo de saudade de você, meu amor. Eu sabia que você ia acordar um dia, eu te esperei – Porque eu disse isso? Não era verdade, bom, um pouco era.. eu esperei que ela acordada por 1 ano, mas depois de tudo que eu escutei nesse hospital... Sabia que cada dia que passava, diminuía as chances dela acordar. Então nesses 11 meses, eu quase não aparecia aqui, apenas quando a Joana, minha nova namorada, não sai comigo. Ela não gostava que eu viesse aqui, mas eu não podia culpá-la, afinal fui eu mesmo que disse, que não tava nem ai para a Kim.

- Ahh que bom! – disse ela, me tirando dos meus pensamentos. Ela estava tão feliz em meu ver, e eu aqui enganando ela desse jeito. Eu não podia fazer isso, ela não tinha culpa de nada, nem do acidente e nem da nossa briga, A culpa era toda minha. E ela merecia ser feliz. Eu iria contar a verdade para ela, mas não agora... esperaria ela sair do hospital.

Ficamos conversando por mais um tempo. Ela me perguntou tudo que eu tinha feito na ausência dela, e pediu para situações engraçadas que eu tinha visto no hospital. Tive que puxar pela memória, fazia um tempão eu não ficava lá uma noite inteira, apenas no começo. Então me lembrei da história de um menino que tinha fugido do quarto, com a perna quebrada e foi aparecer só no outro dia, dormindo no meio dos brinquedos, na área de lazer do hospital. Meu telefone tocou, era a Joana, eu não podia atender agora.

- Quem era? - perguntou a Kim super curiosa.

-Ah, nada de mais. É só um amigo meu da faculdade, depois eu ligo para ele.

- Quero conhecer seus novos amigos.. mas afinal, que curso você ta fazendo? Música?

- Sim, acertou na mosca! – ela riu, eu sempre quis ser cantor, então a faculdade de música estava me ajudando a realizar esse sonho.

- Preciso ir – disse me levantando, mas ela segurou minha mão, o que fez eu olhar para ela.

- Fica mais um pouco, por favor – ela me olhou fazendo beicinho.

-Desculpa gatinha, mas eu realmente preciso ir, e você tem que descansar.

- Você me chamou de “gatinha”? – ela falou rindo. Putz, eu nunca tinha chamado ela assim. Na verdade, chamava a Joana desse jeito – Até que eu gostei... gatinho. Haha – Ela riu, isso foi bom. Fui salvo pelo gongo dessa vez, mas eu não sei se teria tanta sorte da próxima.