JAMES ON:

Sábado a tarde, e eu jogado no sofá. Fiquei pensando em como minha vida tinha mudado nesses dois anos, e todas as idiotices que eu fiz. Eu não tinha nada para me orgulhar, exceto por ter passado na faculdade de música - que era meu sonho - e ter começado meu estágio novo - fazia uma semana que estava trabalhando - Tirando isso, minha vida era completamente horrível. Consegui perder não uma, mas duas garotas que gostavam de mim. Sim, duas. Assim que a Kim descobriu a verdade sobre tudo que eu fiz nesses dois anos, eu resolvi contar tudo para a Joana também. Contei que a Kim tinha acordado que eu tinha ido visitá-la no hospital, tudo... e então começamos a brigar muito por causa disso. Ela me disse que não conseguia mais confiar em mim depois de tudo isso, então terminamos. Na verdade, ela terminou comigo. Jogando o nosso anel de namoro no chão e batendo a porta com força quando saiu aqui da minha casa. Já fazia umas 3 semanas que não estávamos mais juntos. Eu estava novamente solteiro, sem ninguém ao meu lado. E acho que vou permanecer assim por um tempo, não quero que mais nenhuma garota sofra por minha causa.

A campainha tocou, nem me movi do sofá. Devia ser aquele pessoal que vem vender produtos nas casas. A campainha tocou de novo, e várias vezes agora. Resolvi atender, senão a pessoa ia acabar quebrando ela. Quando abri a porta, me deparei com a última pessoa que eu achei que viria até minha casa agora.

- Kim? – perguntei sem saber se aquilo era um sonho ou não. Ela estava diferente. Usando roupas pretas, com o cabelo liso e amarrado... e ela pintou as pontas do cabelo de rosa?

- Preciso falar com você – ela estava ofegante, e segurava uma bicicleta – Posso entrar?

- Claro – respondi dando passagem a ela – Pode colocar a bic.. – antes que eu terminasse de falar ela jogou a bicicleta na grama mesmo e entrou.

- Sua mãe está em casa? – ela perguntou olhando na direção da sala.

- Não, ela foi fazer compras – respondi – Aconteceu alguma coisa? Ah... vamos sentar – disse apontando para a sala.

- Não precisa. O assunto vai ser rápido - ela respondeu. Estávamos parados entre a porta de entrada e a sala. Kim se apoiou nas costas do sofá – Eu me lembrei de tudo.

- Tudo o que? - perguntei

- Da noite do acidente – ela fez uma pausa – Lembrei da briga que tivemos, e porque tivemos ela.

- Kim... – tentei falar. O que ela lembrava não era a história real.

- Eu não acredito que você fez aquilo comigo! – ela me interrompeu – Como você teve a coragem de me trair com aquela... loira oxigenada?

- Ela deu em cima de mim! – respondi quase gritando. Porque era tão difícil de acreditar que eu estava sendo sincero? – Ela chegou do nada e começou a conversar comigo, eu disse que tinha namorada, mas ela nem se importou. Eu te falei isso naquele dia e...

- Eu sei. Eu lembrei disso também. – ela me interrompeu de novo – A questão é... por que eu deveria acreditar em você, depois das mentiras que você já disse?

- Não sei – disse de cabeça baixa – Eu sei que é difícil de acreditar, mas... eu estou falando a verdade. Kim, eu te amava muito. Nunca iria te trair com uma outra garota, não importa quem fosse ela.

- Eu não acredito em você - ela disse, nessa hora eu vejo uma lágrima brotar em seu olho – Se você não tivesse feito isso, eu não teria saído daquele jeito do bar, e.. não teria sofrido o acidente. A culpa é toda sua.

- Se eu pudesse voltar atrás, eu nunca teria te levado naquele lugar.

- Você não pode voltar ao tempo. Ninguém pode. Mas... se eu pudesse, eu NUNCA teria namorado você. Porque a única coisa que você fez, foi acabar com a minha vida.

- Kim, não fala assim... eu não fiz nada disso de propósito – dei um passo na direção dela, mas ela se afastou.

- Não chega perto de mim. Eu te odeio, e acho que nunca vou consegui te perdoar por isso.

- Você pode não me perdoar por tudo que eu fiz quando você estava em coma. Mas na noite do acidente, eu não dei bola para aquela garota. Eu juro, pela minha vida.

- Não jure. Você pode cair morto agora. – ela andou na direção da porta, segurou a maçaneta e olhou de volta para mim – Me arrependo do dia que te conheci – então ela saiu, batendo a porta com força.

Sentei no chão, apoiado na parede e comecei a chorar. O que foi que eu fiz? Eu perdi a única garota que eu amei de verdade na vida, nunca mais vou ter a Kim de volta. Eu estraguei tudo.

Foi por isso que eu não contei ao Kendall e aos outros sobre o motivo da briga. Porque eles também não iriam acreditar que foi a garota que deu em cima de mim, e não o contrário. Eu nunca tinha visto ela antes, e também nunca mais vi. Mas, se eu visse ela de novo, eu a reconheceria. E era isso que eu ia tentar fazer, encontrar ela e mostrar que eu estou falando a verdade.

LOGAN ON:

Já era quase de noite, e estava indo para a casa do Kendall. A desculpa era “vamos jogar vídeo game?” quando na verdade eu só queria ver a Kim. Eu nem consigo acreditar que estamos finalmente juntos. Era como se ela me completasse, de uma forma que eu nem sei explicar direito.

Eu estava apenas a algumas quadras da rua onde os Knight moravam, quando vejo alguém ao longe andando de bicicleta. Já era tarde, a rua estava escura e fazia um pouco de frio. Conforme fui me aproximando, consegui ver que era uma garota que estava pedalando. Espera... é a Kim. Mas o que ela está fazendo essa hora na rua, e de bicicleta?

- Kim! Kim! – gritei. Mas ela estava a direita do meu carro e nem sequer olhou na minha direção.

Acelerei e passei por ela, assim que estava bem a frente, parei o carro e desci. Fui para a calçada e fiquei esperando ela passar por ali. Quando ela me viu, parou a bicicleta imediatamente jogando ela no chão sem se importar aonde e veio na minha direção. Kim me abraçou forte e começou a chorar.

- O que aconteceu? Por que você tá chorando amor? – ela não me respondeu só me abraçou mais forte ainda. Sentamos no meio fio e eu peguei uma garrafa de água que sempre levava comigo no carro. Assim que ela tomou um pouco de água, ficou mais calma. Ela respirava com dificuldade e seu rosto estava vermelho e inchado de tanto chorar. Coloquei a mão no seu ombro e percebi que ela estava tremendo. Tirei minha jaqueta e coloquei sobre ela.

- Por favor, me fala o que aconteceu – pedi

- Eu me lembrei da briga que eu tive com o James na noite do acidente – ela disse encarando o chão. A tal briga que ninguém sabia ao certo o que tinha acontecido.

- Você quer falar sobre isso? Sobre o que você lembrou? – perguntei. Ela me olhou e assentiu. Então me contou tudo. Eu não consigo acreditar que o James fez isso com ela, como ele pode? Fiquei revoltado, se eu o visse na minha frente agora, eu juro que dava um soco naquela cara perfeitinha dele. – Vem, vou te levar para casa – disse.

- Eu não quero ir pra casa Loggie – ela disse segurando firme minha mão – O que eu vou dizer para o meu irmão?

- A verdade – respondi – Ele precisa saber Kim. – Ela assentiu e entrou no carro. Custei um pouco para conseguir colocar a bicicleta no banco de trás, ela ficou meio torta, mas consegui fechar a porta do carro. – Já tinha aquele arranhão na bicicleta né?

- Que arranhão? – ela olhou nervosa para a bicicleta analisando se achava algo.

- To brincando – respondi e ela riu – Era só para você rir um poucinho e funcionou. Mas se eu realmente tivesse arranhado ela, o Kendall ia me matar.

- Ia nada, ele nem usa mais essa bicicleta. Nem sei como o pneu dela estava cheio – ela disse sorrindo.

Não falamos mais nada durante o caminho. Ela colocou a cabeça próxima ao vidro e ficou encarando a rua deserta. Liguei o som baixinho em uma estação de rádio qualquer. Estacionei o carro na frente da casa dela e entramos. O Kendall deu um pulo do sofá quando nos viu, e abraçou a Kim.

- Onde você foi? Eu estava tão preocupado com você. – Ela não respondeu nada. Sentamos no sofá, a Kim em um, eu e o Kendall no outro. – Qual dos dois vai me contar o que aconteceu? – disse o Kendall olhando para nós. Olhei para a Kim, e ela fez sinal que eu contasse.

- Encontrei a Kim andando de bicicleta sozinha na rua. Então a trouxe para cá.

- Bicicleta a essa hora? Kim, onde você estava com a cabeça? – ela não respondeu – Você teve sorte que foi o Logan que te encontrou e não um maluco pervertido.

- Eu sei. Me desculpa – ela falou baixinho.

- Liguei para a Maggie e ela disse que tinha te deixado em casa a mais de uma hora atrás. Liguei várias vezes para o seu celular, e só dava caixa postal.

- Deixei o celular no quarto.

-Afinal onde você foi?

- Na casa do James – ela disse sem olhar para o Kendall.

- O que? – Kendall ficou nervoso e alterou o seu tom de voz – Eu não acredito que ele pediu para você ir lá!

- Ele não pediu. Fui porque quis – Antes que o Kendall falasse algo, ela continuou – Eu lembrei da briga que tivemos na noite do acidente. Então fui lá tomar satisfações.

- Como assim você lembrou da briga? – Ela respirou fundo e contou exatamente o que tinha me dito. Kendall ficou mais nervoso do que estava e reparei que ele cerrou o punho pronto para bater em alguma coisa, ou alguém.

- Não quero mais falar sobre isso, tá bom? – ela se levantou e ligou a TV, estava passando o filme “A Proposta”. Então ela voltou para o sofá e se deitou para assistir o filme.

 Assim que o filme acabou, reparei que o Kendall tinha cochilado e de boca aberta, haha. A Kim também tinha pegado no sono, me levantei com cuidado do sofá para não acordar o Kendall e peguei a Kim no colo. Ela deu uma espiadinha com um olho e sorriu quando me viu, colocando os braços em volta do meu pescoço. Não sabia que era tão difícil carregar uma garota escada a cima, cheguei no topo me sentindo exausto. A levei até o seu quarto, e a coloquei sobre a cama.

- Você está se sentindo melhor agora? - perguntei

- Mas ou menos – ela respondeu – Me sinto tão sozinha ultimamente. Parece que todo mundo está dando as costas para mim.

- Ei, não fala isso. Você não está sozinha, estou aqui com você.

- Mas... até quando? Uma hora você também vai se cansar de mim e vai me deixar.

- Eu nunca vou te deixar. E sabe por que? – ela fez que não – Porque eu te amo. Vou estar sempre ao seu lado, nos bons e maus momentos. Nunca vou te abandonar.

- Awn – ela disse toda melancólica. – Logan... eu te amo. – Me aproximei dela e lhe dei um selinho.

- Agora tenta dormir, tá bom? – ela assentiu e fechou os olhos. Fiquei segurando sua mão enquanto com a outra eu acariciava os seus cabelos que agora estavam soltos. Ela logo adormeceu, sai do quarto sem fazer barulho e desci. Quando voltei para a sala o Kendall já estava acordando.

- Cadê a Kim? – disse ele se espreguiçando.

- Levei para o quarto.

- Muito obrigado Logan – ele disse colocando a mão no meu ombro – Você é o meu melhor amigo mesmo.

- Deixa só o Carlos escutar isso – disse e acabamos rindo

- Eu não tenho palavras para agradecer o que você está fazendo por mim e pela minha irmã. – ele disse sério olhando para mim.

- Não precisa agradecer. Amigos servem para isso, para ajudar os outros – respondi – Bom é melhor eu indo, já está ficando tarde. E segunda eu começo no estágio da faculdade.

- Ah, é mesmo. O meu só começa semana que vem. Vou ser auxiliar de um técnico de beisebol mirim. – ele disse orgulhoso – E você?

- Vou trabalhar no hospital da cidade, na parte do necrotério.

- Ver gente morta? – Ele fez uma careta – Não sei como você consegue.

- Depois de fazer várias aulas de anatomia, você acaba se acostumando com aquele defunto na sua frente. – sorri – E o Carlos começa na semana que vem também né?

- Aham. Vai trabalhar em um restaurante de comida tailandesa. Já estou até vendo o prejuízo que ele vai causar.

- Ele não comeria durante o expediente – Kendall fez uma cara de “você ter certeza?” – Mas, tratando do nanico não podemos duvidar de nada - Acabei rindo, se o Carlos escutasse isso, estávamos ferrados.

Kendall me acompanhou até o carro. E por sorte ele viu a bicicleta, eu já tinha me esquecido dela. Tiramos a bicicleta lá de dentro, me despedi dele e liguei o carro. Durante o caminho eu fiquei pensando: Como o James pode trair a Kim? Ela não merecia isso. Na verdade, ninguém merece passar por isso. Acho que a traição é o pior sentimento que alguém pode passar quando o assunto é amor. Mas eu, nunca faria isso com a Kim, nunca mesmo. Porque eu a amo muito e só quero ela do meu lado.