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Assim que ela entrou naquele táxi que eu parei para pensar no que havia acontecido. Eu não consigo entender como eu não tinha percebido isso antes. Ela estava agindo estranha comigo depois daquele noite que eu levei o soco. Mas achei que era só por causa do beijo, não que ela estava gostando de mim. Peguei meu carro e fui para a casa.

Nem consegui dormir direto naquela noite. No outro dia, tive que disfarçar para o Kendall e o Carlos não perceberem que eu estava no mundo da lua. Por sorte, eu iria na casa dela a noite, por que iríamos jogar vídeo-game. Assim eu poderia falar com a Kim.

Na segunda a noite, fui na casa do Kendall. Mas ele disse que a Kim estava com dor de cabeça e não ia sair do quarto. Então tive que me conformar, ela não queria falar comigo. Na quarta, fomos de novo na casa dele. A maioria das vezes que combinávamos de jogar vídeo game, era sempre na casa do Kendall. Na minha casa era ruim, porque minha mãe reclamava do barulho. E na casa do Carlos... era porque ele não convidava mesmo. Afinal, ele adorava fazer bagunça na casa dos outros, mas na dele... nem pensar.

Estávamos jogando vídeo game na sala. O Carlos gritando que nem um louco

– Eu vou ganhar de você dessa vez – disse o Carlos atento olhando para a TV.

– Ahh, não vai não! – respondeu o Kendall.

Como só tinha dois controles, um sempre tinha que ficar esperando. No caso, eu jogaria com aquele que ganhasse. Fiquei sentado no sofá só esperando chegar a minha vez. Olhei para a cozinha que estava no escuro. Quando olhei para a escada, vi alguém descendo. Era a Kim. Quando ela me viu, subiu as escadas novamente. Sai do sofá e fui atrás dela.

– Aonde você vai cara? Você é o próximo! – gritou o Carlos

– Ahh, já volto! Podem continuar sem mim – disse já subindo as escadas em dois em dois degraus, e consegui segurar a porta antes que ela fechasse.

– Por que você tá me evitando? – perguntei

– Eu não estou te evitando – ela respondeu. Olhei para ela. Kim estava descalço, com um short jeans curtíssimo, uma blusa preta de ombro caído e os cabelos molhados que formavam cachos nas pontas.

– É claro que tá – Ela tentou fechar a porta, mas segurei filme – Primeiro, você diz aquelas coisas para mim no estacionamento e vai embora. Segundo, “fingiu” estar com dor de cabeça naquele outro dia. E terceiro... foi só você me ver agora para voltar correndo ao quarto

– Eu não estava “fingindo”. Eu estava com dor de cabeça mesmo naquele dia, tá? – ela rebateu – E... voltei para o quarto porque esqueci uma coisa.

– Que coisa?

– Uma coisa ali no... ahh, eu não te devo satisfações – ela disse.

– Tá. Mas... eu preciso falar com você agora. Por favor! – ela revirou os olhos e soltou a porta.

– 5 minutos - disse ela. Entrei no quarto, e fechei a porta. Ela ficou me olhando esperando que eu começasse a falar.

– Kim, preciso te confessar uma coisa.. – eu nem sei como eu ia dizer isso a ela, mas eu precisava – eu também gosto de você – disse encarando o chão.

– Como é que é? – ela perguntou. Respirei fundo e olhei para ela.

– Eu sempre gostei de você. Sofri muito no tempo que você estava no hospital, mas eu nunca desisti de esperar você acordar, eu sabia que esse dia ia chegar, nem que eu tivesse que esperar por muito mais tempo.

– Não... não pode ser – ela disse – você não pode gostar de mim. Você gostar de outra garota.

– O que? De onde você tirou isso? – perguntei incrédulo.

– Eu... escutei o Carlos e o Kendall falando sobre isso outro dia aqui em casa. Eu sei, não se deve escutar atrás da porta. Mas foi sem querer.

– E o que você escutou?

– Ah, o Kendall disse ao Carlos que você tinha confessado que gostava de uma garota, mas não tinha chances com ela. Porque ela gostava de outro cara.

– É você – respondi

– Claro que não. Eu não gosto de outro cara

– Eu falei isso ao Kendall quando você ainda estava no hospital. E naquele tempo, você ainda gostava do James. Achei que talvez, você o perdoasse.- disse de cabeça baixa

– Por que você não me disse isso antes então?

– Antes quando? – disse levantando a cabeça de novo – Você namorava o James, e era feliz com ele. Não podia estragar tudo. E desde que você saiu do hospital, eu penso em te contar isso. Mas você mudou tanto depois que soube de tudo... que eu nem sabia mais como te falar isso. – Ela ficou imóvel me olhando, sem reação alguma.

– Então, você sempre gostou de mim?

– Sim. Antes mesmo de você conhecer o James – disse – Mas eu não disse nada, porque achei que nunca teria chances com você. Afinal... eu era o amigo do seu irmão mais velho, achei que o Kendall nunca me apoiaria. Só que então ele apareceu – me referi ao James – e o Kendall concordou numa boa.

– Eu não acredito que nunca percebi isso – ela disse enquanto andava pelo quarto.

– Kim... – disse indo na direção dela. Ela olhou para mim, e eu segurei sua mão – Eu te amo.

Ela sorriu para mim meia sem jeito. Passei a outra mão no seu cabelo, colocando uma mecha para atrás da orelha. Ela olhou bem nos meus olhos, e nos aproximamos mais. Então nos beijamos.

Nesse momento, nada mais importava. Eu não sei como eu tive coragem de contar tudo isso a ela, mas fico contente de ter conseguido. Ainda estávamos nos beijando, quando alguém bate na porta.

– Kim, abre a porta! – era a Sra.Knight. Ferrou! A Kim olhou para mim sem saber o que fazer. Se ela me pegasse ali no quarto, nem sei o que ia poderia acontecer.

– Já vou – gritou a Kim – Se esconde em algum lugar – ela sussurrou. Olhei em volta, mas não tinha a onde ir. Então ela apontou para debaixo da cama. Me senti em um daqueles filmes, a onde o amante se esconde para o marido corno não pegar. Só que no meu caso, eu estava fugindo da mão dela. Fui para de baixo da cama. E fiquei lá, rezando para que ela não percebesse nada.

Vi os pés da Kim indo em direção a porta e vejo um raio de luz.

– Que foi? – a Kim pergunta

– Já disse para você não se trancar nesse quarto! Anda, desce. Fica conversando com os garotos lá na sala. Você só fica trancada nesse quarto – escutei a Sra. Knight falando, mas não consegui vê-la.

– Já to indo – disse a Kim – só vou... secar meu cabelo. - Então ela fechou a porta novamente. Depois veio na direção da cama e bateu em um dos pés – já pode sair.

Sai com muito esforço. A cama dela era muito baixa. Não dava nem para respirar direito ali em baixo.Levantei e olhei para ela.

– Desce que daqui a pouco eu já vou – disse ela abrindo a porta com cuidado e espiando para ver se vinha alguém. Concordei e desci as escadas tremendo.