KIM ON:

Assim que o James saiu do quarto. Peguei o livro que estava na mesinha ao meu lado, e comecei a ler. O Logan tinha trazido para mim, mas como eu acordei daquele jeito por causa do pesadelo, ela nem tivera a oportunidade de me entregar em mãos. Logo que ele saiu, eu avistei uma coisa retangular embrulhada em um papel de presente, peguei na mão avaliando o que poderia ser. Então retirei o papel, e me surpreendi. Era um livro de romance, que eu nunca tinha ouvido falar. Então percebi que era um lançamento.

Na hora, eu não sabia bem que tinha me dado ele, mas então eu abri o livro e vi algo escrito na contra capa:

“Kim. Um passarinho me contou que você adora livros desse tipo. Então não resisti e comprei esse para você, espero que goste. P.S: Guarde com muito carinho na sua coleção. E considere ele um presente de ‘bem vinda de volta’ – Logan”

Passei a mão sobre a caligrafia, ele tinha uma letra muito bonita para quem seria um médico. Talvez ele não quisesse usar a escrita quase indecifrável que os médicos tinham. Mas como ele sabia que eu adorava ler livros? E que eu tinha uma coleção em casa? Eu nunca mostrei meus livros a ele, por que eu nunca deixei os amigos do meu irmão entrar no meu quarto. O Carlos entrou uma vez e começou a gozar da minha cara por que eu tinha um estante com bonecas, mas eu tinha apenas 12 anos naquela época. Talvez o Kendall tenha dito algo sobre eu gostar de ler livros. Isso não importava também.

Quando comecei a ler o livro, o Kendall apareceu no quarto dizendo que ia embora. Então minha mãe apareceu logo atrás falando que iria dormir comigo. Era 3º noite dela ali, não sei mais quanto tempo ela aguentaria. Minha mãe tinha largado o emprego logo depois do acidente, e minha família estava vivendo só com o dinheiro do meu pai que estava trabalhando noite e dia para pagar as contas. O Kendall não tinha arranjado um emprego porque passava o resto do dia sempre do hospital comigo, mas agora eu disse que ele poderia arrumar um, queria que ele pudesse ajudar também nas despesas, era o que ele queria. Assim que eu saísse do hospital, tentaria arrumar um serviço também, eu já tinha dado muito prejuízo, não consigo imaginar o quanto que eles gastaram comigo nesse tempo todo.

KENDALL ON:

Quando cheguei em casa, ela estava vazia. Meu pai chegou muito tarde e foi direto dormir, eu sei que ele estava trabalhando o dia todo pra pagar as contas. Eu me sentia como um filho desleixado que só gastava e não botava dinheiro na casa. Mas agora tudo ia mudar, a Kim estava quase voltando pra casa, e então eu começaria meu estágio na faculdade sossegado. Ficava imaginando como eu teria tempo de visitá-la no hospital, estudando de manhã e trabalhando a tarde toda. Sorte que eu não preciso mais me preocupar com isso. Não precisarei mais ficar o tempo todo naquele hospital, minha maninha estava prestes a ganhar alta.

Acordei de manhã e fui pra aula, no meio dia passei no hospital para ver como a Kim estava. O Carlos e a Maggie estavam lá. Ficamos conversando um pouco, a Kim se divertiu muito com as besteiras que o Carlos dizia, eu gostava de ver minha irmã feliz desse jeito. Assim que os foram embora, eu sentei na cadeira do acompanhante.

- Então maninho como você está? – disse a Kim quebrando o silêncio.

- Eu tô bem... – respondi – E você?

- Também. Mas sabe o que me deixaria muito feliz?

- O que? – perguntei curioso.

- Se você me arranjasse uma cunhada.

- Ahh Kim, essa história de novo? – suspirei. Ela vivia me falando sobre isso, que eu precisava viver minha vida, arranjar uma namorada e ser feliz. Mas eu já era feliz do jeito que eu estava.

- Claro, até você mudar de idéia – ela fez uma pausa – por que você não vai dar uma volta pelo corredor?

- Você tá querendo se ver livre de mim é? – perguntei rindo

- De jeito nenhum – protestou ela - Só acho que você deveria... ir visitar uma paciente que quebrou a perna – ela estava falando da Liz.

- Não, eu não vou voltar lá. O que ela vai pensar de mim?

- Que você é um cara lindo que tá afim dela, oras.

- E quem disse que eu tô afim?

- Eu sei que você tá pensando nela desde ontem. E não adianta negar, eu te conheço muito bem. – Realmente ela me conhecia muito bem mesmo.

- Tá bom, eu vou dar uma volta no corredor, tomar um café. Mas eu não vou ao quarto dela ok?

- Se você prefere assim – respondeu ela com as mãos para alto como se tivesse se rendendo – Ahh. Traz um café pra mim?

- Claro – respondi já levantando, quando eu estava na porta me virei para ela – Espera você não pode tomar café... te trago uma foto do copo, pode ser? - disse rindo

- Não valeu – respondeu ela fazendo careta e eu ri.

Sai do quarto e fui até a máquina de café. Quando eu estava voltando, vi uma moça saindo do quarto 201. Ela era nova e lembrava muito a Liz, talvez fosse irmã dela. A moça foi em direção a lanchonete, ela deveria demorar um pouco. Então parei bem na frente da porta tentando tomar coragem para abri-la.