Christine POV

Não demorou muito para meu celular começar a tocar. Atendi correndo, é claro. Talvez algum amigo meu estivesse naquele museu. Ou alguém da família. Coincidências acontecem, não é? Fiquei aliviada por ouvir a voz do Tony do outro lado. Ele estava na casa dele há vinte minutos, não pode ter estado no museu.

- Chris? - ele perguntou.

- Sim, Tony?

- Você já soube do museu?

- Já, já sim. Aconteceu alguma coisa? Tinha alguém lá?

- O Happy - tinha alguma coisa na voz dele que eu nunca tinha ouvido antes... acho quer era algo perto do desespero. - Ele estava lá.

- O quê? Ah, meu Deus, ele morreu? - Mas que pergunta idiota, Christine, é claro que ele morreu, pensei.

- Não, ele... ele não morreu. Mas está em coma profundo.

- Nossa, eu... eu sinto muito por ele... você quer alguma coisa? Quer que eu te ajude ou sei lá?

- Na verdade, eu queria perguntar se você... não iria ao hospital comigo. Pepper está ocupada e...

- Mas é claro que vou, claro que vou. Vou só colocar uma roupa decente e já estou indo pra sua casa. Uns trinta minutos, tudo bem?

- Tudo bem. Eu vou estar esperando.

Ele desligou e eu fui para o meu quarto pegar uma roupa. Peguei um vestido que ia até o joelho, um sobretudo por cima e a sandália que eu já estava usando. Depois de me trocar, dirigi o mais rápido possível até a casa de Tony. Ele já me esperava do lado de fora e, como eu suspeitava, estava um tanto quanto desesperado. Eu nunca o tinha visto desse jeito. Afinal, ele é um super-herói, eles não podem ficar desesperados, não é?

- Ah, finalmente você chegou - ele me deu um abraço, mas não me soltou em seguida, como costumava fazer. É, ele definitivamente não estava bem.

- É, cheguei. Desculpa a demora. Ér... ta tudo bem, Tony?

- O quê? Ah, claro - ele me soltou. - Bom... vamos?

- É, vamos - concordei com a cabeça.

*****

Chegando ao hospital, ele entrou no quarto onde Happy se encontrava e eu apenas fiquei do lado de fora, sentada em uma cadeira. Nem sequer conhecia o cara, não vou ficar lá atrapalhando o único momento emotivo do Tony desde que eu o conheci. E eu não falo de começar a trabalhar com ele, eu falo de vê-lo na TV pela primeira vez, quando essa coisa toda de Homem de Ferro começou. Ele não demorou tanto quanto eu esperava lá dentro. Na verdade, foi até bem rápido. E não falou absolutamente nada até sairmos do hospital e eu puxar assunto.

- E então... vamos voltar agora?

- É, acho que sim... eu tenho que olhar uma coisa.

- Então vamos lá.

Tony POV

- J.A.R.V.I.S, mostre os locais onde houveram explosões nos últimos meses - logo um mapa holográfico dos Estados Unidos apareceu e Christine, que tinha insistido em ficar (essa garota me adora, só pode), ficou boquiaberta.

- Só duas das explosões atingiram três mil graus. A do museu hoje. E essa de algum lugar no interior do Tennessee.

- Trace um plano de voo até esse lugar, J.A.R.V.I.S.

- Você pretende ir lá?

- Eu não só pretendo, como vou. Ouvi dizer que essas explosões já estão sendo consideradas como ataques terroristas. Mas essas duas, elas atingiram 3.000°. Não é fácil atingir essa temperatura. Eu tenho que descobrir quem está fazendo isso.

- Por que você não pede ajuda, Tony? Sabe, eu estava em Nova York quando tudo aquilo aconteceu.

- Por favor, não toque nesse assunto.

- Ah, me desculpe. Mas... por que não pede ajuda?

- Porque eu sou perfeitamente capaz de fazer isso sozinho, não preciso da ajuda de ninguém.

- E porque seu amigo foi atingido. Eu entendi.

- Entendeu o quê?

- Você não está fazendo isso simplesmente por ser herói e ter que salvar o país de uma ameaça. É uma vingança pessoal.

- Sim, é uma vingança pessoal. Algum problema com isso?

- Problema? - ela riu. - É a primeira vez que eu te vejo demonstrar algum sentimento por alguém, Tony. Eu já estava convencida de que não te chamavam de Homem de Ferro só pela armadura.

- Vou levar isso como um elogio. Afinal, você vai me ajudar ou não?

- Claro que vou. Mesmo você me menosprezando e não reconhecendo minha inteligência, eu ainda trabalho pra você, não é?

- Por quê?

- Porque eu ainda te acho um gênio que pode me ensinar muita coisa. E, bem, nós somos quase parceiros agora.

- Se você pensa que eu vou te deixar usar aquela armadura e sair comigo salvando o mundo por aí, tira essa ideia da cabeça.

- É, eu realmente não pretendo usar aquela - ela disse, dando de ombros. - Estou trabalhando em uma nova.

- Você não é minha parceira.

- Tudo bem, então eu vou ser obrigada a agir sozinha.

- Quando virem você vão pensar que sou eu.

- A não ser que as pessoas questionem sua masculinidade, acho que não vão cometer esse erro. Minha armadura é modelo feminino.

- Você é insuportável.

- Você também.

- Não tem que ir pra casa, não?

- Tenho. E ainda tenho que terminar a parte de hoje do meu novo projeto.

- Você não dorme?

- Aprendi com um grande gênio que dormir não é necessário.

- Quem foi o idiota que disse isso?

- Você, Stark. Bom, eu to saindo. Até amanhã.

- Vai lá, miniatura de gente.

Ela saiu, mas eu continuei no laboratório, analisando os fatos. Que tipo de bomba chegaria a três mil graus? Eu realmente não faço ideia. Uma bomba dessas tem que ser bem grande, como entrariam, com ela no museu? Não tem como. Mas... e quando a bomba não é uma bomba?